quarta-feira, 28 de janeiro de 2015

Einstein


Einstein, o revolucionário da ciência

“É a nós cientistas, que desencadeamos esta força prodigiosa, que compete dar a justificação dominante, transformando a energia atómica de tal maneira que fique ao serviço do bem da humanidade e não do seu aniquilamento” (Albert Einstein)
Albert Einstein, que nasceu a 14 de Março de 1879 em Ulm, na Alemanha, ao longo da sua vida mudou várias vezes de local e de país de residência.
De acordo com John e Mary Gribbi algum tempo depois de os seus pais terem decidido ir viver para Itália, em 1894, Albert Einstein renunciou à sua cidadania alemã e foi para Pavia. Segundo os autores mencionados, a “ânsia em deixar a Alemanha” era justificada pelo facto de que se “tivesse ficado até ter 17 anos, teria sido obrigado a cumprir o serviço militar”, o que não era aceite pelo jovem Albert, pois o mesmo era um pacifista “que detestava qualquer forma de disciplina ou autoridade”.
Depois de ter passado pela Suiça e por Praga, em 1914, Einstein regressa à Alemanha, mais propriamente a Berlim, onde permaneceu até 10 de Dezembro de 1932.
Com a chegada de Hitler ao poder na Alemanha, em Janeiro de 1930, o ódio dos nazis a Einstein que era pacifista e judeu fez-se sentir através da acusação de ser um agente comunista, de buscas à sua casa a que se seguiram a queima em público de livros de sua autoria.
Enquanto residiu em Zurique, Albert Einstein conviveu com o seu amigo Friedrich Adler, professor auxiliar de Física, filho de Vitor Adler que foi líder do partido social-democrata da Áustria. Foi com Friedrich Adler, lider da ala esquerda socialista, que Albert Einstein, segundo J. Shwartz e M. McGuinness, aprendeu “alguma coisa do socialismo revolucionário”.
Em 1923, Albert Einstein visitou a Catalunha com o objetivo de expor a sua teoria da relatividade, tendo a imprensa feito rasgados elogios, quer comparando-o com os grandes génios Galileu e Copérnico, quer considerando-o como o Newton do século XX.
Einstein fez questão em não abandonar Barcelona sem antes visitar a sede da central sindical anarco-sindicalista CNT onde foi recebido numa sala cheia de trabalhadores, tendo na altura feito elogios à classe trabalhadora, tendo chegado a afirmar que aqueles eram revolucionários das ruas enquanto ele era um revolucionário da ciência.
Ainda em 1923, Albert Einstein, que nunca visitou a União Soviética, foi um dos fundadores da Associação dos Amigos da Nova Rússia, tendo pertencido à sua comissão executiva.
O facto de fazer parte da mencionada associação não o coibiu de ter uma posição crítica em relação ao regime soviético. Assim, sobre Lenine escreveu: “venero nele o homem que dedicou toda a energia e se sacrificou pela realização de justiça social, mas não considero que o seu método seja adequado” e sobre a liberdade de expressão também escreveu: “Fora da Rússia; Lenine e Engels não são considerados pensadores científicos, pelo que ninguém pode estar interessado em refutá-los como tais. O mesmo não sucede na Rússia, mas ai ninguém pode arriscar-se a dizê-lo”.
Num artigo publicado numa revista norte-americana, em 1949, Einstein defendeu o socialismo tendo escrito a propósito que no capitalismo a concorrência sem limites levava a um “enorme desperdício de trabalho e à frustração da consciência social dos indivíduos” e que os problemas só poderiam ser superados “através do estabelecimento de uma economia socialista, acompanhada por um sistema educativo orientado para metas sociais.”
A 2 de Agosto de 1939, receando que os alemães fabricassem uma bomba atómica, Eistein assina uma carta que foi endereçada ao presidente dos Estados Unidos, F. Roosevelt, chamando a tenção para as implicações militares da energia atómica. Na sequência da carta foi implementado o projeto Manhattan que culminou com o lançamento da bomba atómica sobre Hiroshima e Nagasaki, em Agosto de 1945.
Afastado do projeto dada a “sua natureza inconformista e a sua bem arejada propensão para o socialismo”, Einstein arrependeu-se de ter assinado a carta e até ao fim da vida levantou a sua voz contra o uso da energia atómica para fins militares e em defesa da paz mundial.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30543, 28 de janeiro de 2015, p.18)

segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Einstein

Einstein


“Se se provar que a relatividade está certa, os alemães vão chamar-me alemão, os suíços vão chamar-me cidadão suíço e os franceses vão chamar-me grande cientista.
Se se provar que ela está errada, os Franceses vão chamar-me suíço, os suíços são chamar-me alemão e os alemães vão chamar-me judeu.” (Albert Einstein)

Penso que não cometerei nenhum erro se escrever que a grande maioria das pessoas que sabe quem foi Albert Einstein associa o seu nome à Teoria da Relatividade ou à invenção da bomba atómica, sendo por alguns considerado o “pai” da mesma.
O físico alemão que mais tarde foi viver para os Estados Unidos da América, também é muito conhecido pela famosa fórmula E= mc2, que relaciona a massa com a energia.
O que poucos saberão é que o famoso cientista, prémio Nobel da Física, em 1921, recebeu o prémio por ter apresentado uma explicação para o efeito fotelétrico.
Em termos escolares, o efeito fotelétrico é ensinado e aprendido, hoje, no décimo ano de escolaridade e consiste na “emissão de eletrões, especialmente por metais, sob a ação da luz (radiação) ” (Dantas e Ramalho, 2007).
A tecnologia do efeito fotoelétrico tem grande aplicação, através das células fotelétricas, no funcionamento de câmaras de televisão, portas automáticas, óculos de visão noturna, alarmes, etc….
A teoria da relatividade, por seu turno, embora faça parte do programa do 12º ano de escolaridade, acaba por nunca ser lecionada já que o Ministério da Educação, não me recordo se já sob o reinado do homem que o queria implodir, decidiu que os conteúdos que deviam ser lecionados em sete segmentos de quarenta e cinco minutos passassem a ser lecionados em apenas quatro. Face a esta incompreensível redução, a opção das várias escolas tem a sido a de eliminar o último capítulo, “Física Moderna”, que inclui os seguintes subcapítulos: “Teoria da Relatividade”, “Introdução à Física Quântica” e “Núcleos Atómicos e radioatividade”.

Todos os interessados em saber um pouco mais sobre Einstein e a teoria da relatividade têm à sua disposição vários livros de divulgação, dos quais destacamos os seguintes:
- “O que é a relatividade?”, da autoria de L. Landau e de Y. Rumer , dois físicos da então União Soviética, editado pela Portugália, em 1965;
- “Subtil é o senhor: vida e pensamento de Albert Einstein”, de A. Pais, que para além de físico conviveu com Einstein, editado pela Gradiva, em 1993;
- “Einstein para principiantes”, de Joseph Schwartz e Michael Mc-Guinness, editado pelas Publicações Dom Quixote, em 1980;
- “Einstein em 90 minutos”, de John e Mary Gribbin, editado pela Editorial Inquérito, em 1997.
De igual modo recomenda-se a leitura de um número especial da National Geographic intitulado “Einstein – A teoria da relatividade, o espaço é uma questão de tempo” da responsabilidade de David Blanco Laserna, físico e escritor, que contém os seguintes cinco capítulos: “A revolução eletromagnética”; “Todo o movimento é relativo”; “As deformações do espaço-tempo”; “As escalas do mundo” e “O exílio interior”.
Uma faceta menos conhecida de Einstein é o de divulgador científico. Com efeito, para além das inúmeras palestras que dava, é coautor com Leopold Infeld do livro “A Evolução da Física”, publicado pela primeira vez nos Estados Unidos em 1938.
Em Portugal, há várias edições desta fabulosa obra que tem como finalidade principal dar a conhecer, aos leigos, as “ideias desde os primitivos conceitos até à Relatividade e aos Quanta”. Sobre o mesmo livro, na contracapa de uma edição da “Livros do Brasil- Lisboa”, não datada, podemos ler o seguinte:
“Este clássico da divulgação científica, divulgação que os “puristas” têm vindo, ao longo do tempo, a considerar como supérflua ou, até, impossível, foi, e continua a ser, um livro básico para a compreensão – a nível do grande público, evidentemente – da física moderna e, em particular, da teoria da relatividade”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30537, 21 de Janeiro de 2015, p.14)

sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Sujam o Verde


Verde, mas sujo

Depois de um longo período em que o ambiente, ou melhor a natureza, era uma preocupação de uns poucos que eram apodados pelos donos disto tudo de lunáticos, alguns problemas ambientais, nomeadamente catástrofes, como as de Seveso, Bophal ou Chernobil, fizeram com que crescesse o número de pessoas que se envolveram em movimentos criados para lutar pela defesa do ambiente e consequentemente por uma melhor qualidade de vida para todos os seres que com os humanos partilham a vida na Terra.
Para os mais esquecidos ou para quem nunca teve conhecimento, abaixo apresenta-se uma síntese do que foi cada uma das catástrofes.
A 10 de Julho de 1976, na cidade de Seveso, na Itália, uma instalação industrial libertou alguns quilos de uma dioxina que para além de contaminar os solos causou a morte direta de cerca de 3000 animais e fez com que outros 70 000 tivessem de ser abatidos para evitar a contaminação das cadeias alimentares. Além disso, desconhece-se se houve vítimas mortais humanas, mas sabe-se que no ano seguinte a taxa de defeitos congénitos aumentou mais de quarenta por cento.
Considerado como o mais grave desastre industrial ocorrido até hoje, a catástrofe de Bophal ocorreu a 3 de Dezembro de 1984 quando uma fábrica de pesticidas da Union Carbide, em Bhopal, na Índia, libertou 40 toneladas do gás isocianato metílico. Não se conhece exatamente a dimensão dos danos económicos e ambientais e o número de vítimas, mas Edward Goldsmith e Nicholas Hildyard estimaram o seguinte: pessoas mortas, entre 2 352 e 10 000; incapacitadas, 17 000 a 20 000, expostas, 200 000, evacuadas, 70 000.
A empresa, como é quase tradição, procurou fugir com o rabo à seringa, mas, segundo um relatório, o ocorrido deveu-se a “uma combinação de erros de gerência, equipamento mal concebido e má manutenção”.
Contrariando a propaganda da segurança infinita das centrais nucleares propalada pelos cientistas e dirigentes do capitalismo de estado russo, ou melhor soviético, a 26 de Abril de 1986, relativamente perto de Kiev, na Ucrânia, ocorreu um acidente numa central nuclear.
Como é habitual nestes casos onde as tecnologias são seguríssimas, nunca se saberá o número exato de vítimas, havendo uma previsão do professor John Gofman, da Universidade da Califórnia, que fala em mais de um milhão de vítimas.
Entre nós, não querendo ser alarmista, em breve vamos ter em funcionamento uma tecnologia também extra segura, que é a queima de resíduos para produção de energia elétrica que, pelo menos em parte do dia é desnecessária. Além disso, tem a vantagem de ser renovável, dizem eles, e verde, se pintarem as instalações de tal cor.
Verde também é a taxa que foi criada, pela Assembleia Legislativa Regional dos Açores, para penalizar o uso de sacos de plástico e que se traduzirá no saque de mais uns cobres a uma população que desinformada, deseducada, consumista e conformista irá pagar mais, em vez de mudar as suas atitudes e seus comportamentos. Se o que se pretende é reduzir até zero os sacos de plástico por que não se proíbe, de uma vez por todas ou gradualmente, o seu fabrico?
Verdes são também as taxas que vão inventando para sacar o máximo possível aos bolsos já depauperados de uma população que está exangue e exausta de tanto alimentar uma casta que se diz democrática, mas que não presta contas pela má gestão que levou o país à ruina.
Por que razão os nossos ambientalistas oficiais, defensores do aceite universalmente desenvolvimento sustentável que tanto gostam de louvar o princípio do poluidor- pagador, não alargam o conceito e criam o princípio do fazedor de dívida pública - pagador da mesma?
Se assim acontecesse, todos os políticos profissionais, ou afins, responsáveis por projetos megalómanos, inviáveis ou inúteis, todos os autarcas que derreteram as finanças das suas autarquias em obras de Santa Engrácia ou em aberrações de impossível manutenção, ficariam responsáveis, pessoalmente, pelo pagamento das dívidas que fizeram.
Só por si não era democracia a sério, mas era um bom começo.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30532, 14 de janeiro de 2015, p.17)

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

O metro



A propósito do anunciado desaparecimento do metro

No jornal Correio dos Açores, de 14 de Setembro de 1934, lemos um texto intitulado “O metro - unidade de comprimento - vai desaparecer”, onde o autor para além de se debruçar sobre a história daquela unidade de medida refere “que o sistema métrico não se generalizou no continente europeu até 1850”.
Antes de prosseguirmos, vamos tentar esclarecer o que se entende por sistema de unidades e por grandeza física.
De acordo com manuais escolares consultados, podemos denominar sistema de unidades “ao conjunto de unidades escolhidas para a totalidade das grandezas físicas”, sendo, por sua vez, grandeza física “toda a propriedade que é suscetível de ser medida e, portanto, de se lhe atribuir um valor numérico”. A título de exemplo, comprimento e massa são grandezas físicas, sendo unidades daquelas o metro e o quilograma.
De acordo com o Prof. Jorge Luiz Moretti de Souza, “a existência de um único sistema de unidades que internacionalmente permita um diálogo técnico uniforme onde se fale de dimensões sem recurso a conversões mais ou menos complexas, continua a ser um objetivo ainda não alcançado”.

O primeiro sistema de unidades surgiu no século XVIII, tendo após este surgido outros sempre tendo por critério a escolha para base dos mesmos “certas unidades que possam ser definidas sem necessidade de recorrer a quaisquer relações com outras unidades e que, tanto quanto possível, se possam concretizar em padrões”

Quando frequentamos as aulas de Física, na década de setenta do século passado, tanto no que hoje é denominado de terceiro ciclo como nos antigos sexto e sétimos anos (hoje, décimo e décimo primeiros anos do ensino secundário), ensinaram-nos que, entre outros, existiam dois sistemas de unidades o CGS (centímetro, grama e segundo) e o Sistema Internacional, que para a grandeza comprimento tem como unidade fundamental o metro (m), para a grandeza massa o quilograma (kg) e para a grandeza tempo o segundo (s).
Já há alguns anos, o sistema CGS deixou de merecer qualquer menção e o Sistema Internacional passou a ser o único a ser estudado, numa primeira fase de um modo sistemático, num capítulo denominado “Grandezas e Unidades Físicas” ou designado “Medições e Grandezas” e hoje as unidades são estudadas à medida que se vão ensinando conceitos e vão sendo abordadas as diferentes grandezas físicas.
No que diz respeito à unidade de comprimento, em 1791, a Assembleia Nacional de Franca decidiu que: “A fim de atingirmos a uniformidade de pesos e medidas, é necessário que estabeleçamos uma unidade natural e invariável de medida. O único meio de estendermos essa uniformidade para países estrangeiros e de comprometê-los com o uso de um novo sistema de medidas é escolher uma unidade que não tenha nada arbitrário ou peculiar à situação de uma pessoa no mundo. A Assembleia adota o comprimento de um quarto de um meridiano terrestre como a base para o novo sistema de medidas.”
O comprimento de um metro foi calculado com base nas medições do arco do meridiano que passa por Paris, realizadas entre Dunquerque e Barcelona, dividindo-se o comprimento do meridiano terrestre em quarenta milhões de partes iguais.
A partir da referida medição foi construído um protótipo com a forma de um X, feito de uma liga de platina e irídio que está depositado em Sevres, França, no Instituto Internacional de Pesos e Medidas.
Todos os países que aderiram à Convenção do Metro, em 1875, possuem cópias do padrão internacional, estando a portuguesa depositada no Instituto Geográfico e Cadastral de Lisboa.
Hoje, o metro não está relacionado com a medida do meridiano terrestre mas com “o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo durante um intervalo de tempo de 1/299.792.458 s”.

Ao contrário do que previu o Correio dos Açores, embora ainda não haja um sistema de unidades único, o metro não desapareceu e o Sistema Internacional de Unidades, criado em 1960, pela 11ª Conferência Geral de Pesos e Medidas, é usado, de acordo com o Prof. Jorge Luiz Moretti de Souza, na “maior parte de negócios e atividades técnicas em todo o mundo”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 30526, 7 de Janeiro de 2015, p.14)