tag:blogger.com,1999:blog-35968332011168959172024-03-18T00:48:51.895-07:00Pois alevá...Diário de um Professorbrahttp://www.blogger.com/profile/17116649461673540736noreply@blogger.comBlogger1489125tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-65414109272671010582024-03-18T00:48:00.000-07:002024-03-18T00:48:12.208-07:00Camarinha<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVY7nXnwDypEDiJhfb5gr4aRfuCYWIv1NFLQ1ypYzNuXXGgjeHNa_E6g0MXiAj36OwJ7bYnRBrcr3bQuwZRYKXT2KN9da0CFGQkEIcw9Bk4ODRsFuVdwGe69-bXobqE1zRYRq6_L2qsVd4hXWk8C0MN48HpOPK00MCaTPOxsbr7KhYPbVlhz0yeMz1mNM/s2592/Camarinha.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="1944" data-original-width="2592" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjVY7nXnwDypEDiJhfb5gr4aRfuCYWIv1NFLQ1ypYzNuXXGgjeHNa_E6g0MXiAj36OwJ7bYnRBrcr3bQuwZRYKXT2KN9da0CFGQkEIcw9Bk4ODRsFuVdwGe69-bXobqE1zRYRq6_L2qsVd4hXWk8C0MN48HpOPK00MCaTPOxsbr7KhYPbVlhz0yeMz1mNM/s600/Camarinha.jpg"/></a></div>
<br/>Camarinha<br/>
<br/>A camarinha ou camarinheira (Corema azoricum (P.Silva) Rivas Mart., Lousã, Fern. Prieto, E. Dias, J.C. Costa & C. Aguilar) é uma planta endémica dos Açores que existe nas seguintes ilhas: Faial, Pico, São Jorge e Graciosa. <br/>
<br/>Ruy Telles Palhinha (1966), que a classifica como Corema album ssp. azoricum, refere que a camarinha dos Açores se distingue da do continente português por possuir folhas menores e mais estreitas e levanta a hipótese de os frutos também serem menores.<br/>
<br/>A camarinha, que pertence à família Ericaceae, é um pequeno arbusto dioico, perenifólio que pode medir até 1 m de altura. Os caules, muito ramificados, são eretos. As folhas são lineares e obtusas. As flores masculinas apresentam pétalas de cor rosa-pálido que habitualmente não existem nas flores femininas. Os frutos são carnudos, brancos e aproximadamente esféricos.<br/>
<br/>A camarinha, que é uma espécie bastante rara, surge geralmente nas costas rochosas, arribas e escoadas lávicas em geral até aos 50 metros de altitude. Na Graciosa pode ser vista no centro da ilha, em cones de escórias.<br/>
<br/>Ao descrever a ilha de São Miguel, Gaspar Frutuoso refere-se à planta e ao local onde se encontrava nos seguintes termos:<br/>
<br/>“Da Várzea ou freguesia de S. Sebastião a quatro tiros de besta para loeste, está o pico de Marcos Lopes Anriques, que chamam das Camarinhas, por ter árvores desta fruta no seu cume; chama- se também pico das Ferrarias, porque no tempo passado, antes de ser descoberta esta ilha, sendo tão alto junto com o mar que o fazia alcantilado, arrebentou (como parece claramente a quem agora o vê) e lançou de si para a parte do mar uma ribeira de fogo, que se meteu tanto pelo mesmo mar, que ocupou dele grande espaço, ficando onde dantes era mar um espaçoso e largo cais de biscoutos, ao longo da costa, tanto como três tiros de besta, que tem de largura, e dois de compridão, entrando na água salgada; ficando esta ponta de pedra baixa e rasa.”<br/>
<br/>Gabriel d’Almeida, no seu “Dicionário Histórico-geográfico dos Açores”, publicado em 1893, descreve a camarinha do seguinte modo: “Fructo édulo, utilizado na ilha do Pico”.<br/>
<br/>O Pico das Camarinhas, localizado na freguesia dos Ginetes, ilha de São Miguel, deve o seu nome à presença, no passado, da mencionada planta. Segundo Carlos Pavão de Medeiros, em artigo publicado no jornal Correio dos Açores, a 20 de agosto de 1943, na altura a planta já era bastante rara, existindo apenas muito poucos exemplares.<br/>
<br/>Ainda de acordo com o mencionado autor, a camarinha “frutificava em Outubro, sendo o seu pequeno fruto, no dizer de algumas pessoas que o têm provado, muitíssimo saboroso e de agradável paladar”.<br/>
<br/>A 6 de outubro de 2006, no jornal “Tribuna das Ilhas”, Faria de Castro, a propósito da presença de camarinhas na ilha do Faial, depois de mencionar que era no sítio do Tesouro, na Fajã da Praia do Norte onde se localizava a maior concentração daquela planta, escreveu o seguinte:<br/>
<br/>“A camarinha é uma planta endémica com a qual se fazia um muito apreciado licor, referido mesmo nas Memórias dos Dabney…
Durante a minha meninice, muitas vezes apreciei o fruto daquela planta, pois a abundância era muita.
Infelizmente, devido à implantação das britadeiras, a Camarinha quase desapareceu o que trouxe grande preocupação à AZORICA.”<br/>
<br/>Em Portugal continental, no passado, entre Nazaré e Aveiro, os frutos da Corema album (L.) D. Don eram vendidos ao longo das estradas. As bagas eram usadas para o fabrico de licores e compotas e com fins medicinais.<br/>
<br/>Nos Açores para além do fabrico de licores, já mencionado, os frutos também eram usados no fabrico de compota, na ilha do Pico.<br/>
<br/>Teófilo Braga<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-15400148603600625182024-03-17T14:33:00.000-07:002024-03-17T14:33:05.490-07:00Passeio Ponta Gerça-Ribeira Quente<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtG-WWkcfkFXpqmOpLbyhPCyGbpZ_FTqOApzOmPOU9Wet0OzSAFjALJa35ZCl2eRNg7LSfmP0qLnARgdMj1Wo6UaDbAZO6-lRKfg6jff9LnVj7_0jKFEMBHV3GGSvpaYQgLCr4wqKkg0YpGBSFK08GmSWyMc8Nu9RDcJ3a_GJV1Ms832kxj6VsBNYqrRI/s1280/Caminho%20entre%20a%20Ponta%20da%20Lobeira%20e%20a%20Ribeira%20Quente%201%2011-8-20.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="1280" data-original-width="960" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgtG-WWkcfkFXpqmOpLbyhPCyGbpZ_FTqOApzOmPOU9Wet0OzSAFjALJa35ZCl2eRNg7LSfmP0qLnARgdMj1Wo6UaDbAZO6-lRKfg6jff9LnVj7_0jKFEMBHV3GGSvpaYQgLCr4wqKkg0YpGBSFK08GmSWyMc8Nu9RDcJ3a_GJV1Ms832kxj6VsBNYqrRI/s600/Caminho%20entre%20a%20Ponta%20da%20Lobeira%20e%20a%20Ribeira%20Quente%201%2011-8-20.jpg"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj02_CdSr8YpqdrJjkhVn4fV79LKOxMIPI6ZWGRFuhGeAMWWDn65XwJxEkb0I0LhYWAy2W509KBX_j9MU3viMN90zzCqC0Wef-xVuOjig0fBPrEDsPwiz-d-QYVwqR5mdbiinwJ8ej_HDjU25hDKixk2tO5i19qIiXJrY_56vITBhxEUmHN8kggs-UfxKg/s2268/Passeio%20pedestre%20Ponta%20Gar%C3%A7a-Ribeira%20Quente%206%20de%20setembro%20de%201987.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="1894" data-original-width="2268" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj02_CdSr8YpqdrJjkhVn4fV79LKOxMIPI6ZWGRFuhGeAMWWDn65XwJxEkb0I0LhYWAy2W509KBX_j9MU3viMN90zzCqC0Wef-xVuOjig0fBPrEDsPwiz-d-QYVwqR5mdbiinwJ8ej_HDjU25hDKixk2tO5i19qIiXJrY_56vITBhxEUmHN8kggs-UfxKg/s600/Passeio%20pedestre%20Ponta%20Gar%C3%A7a-Ribeira%20Quente%206%20de%20setembro%20de%201987.jpg"/></a></div>Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-58272682502406828032024-03-17T01:22:00.000-07:002024-03-17T01:22:48.064-07:00Pico Queimado<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4FEY9tKhCg2jI8ChYlrkEvMSWiAZoZQLXVBvzL8m8MKltBbJh0cJZ4zlquRtPLG4BhVWcUK6LtibrZYAUl-WWkYANksT6eNNLRSq0K031maZgaZH4ryAlkE9FfW8IFxc5srhAyy1p93OshMT6N60Xw46VUEVqWeC-EXnpefKdExjmj8g-Bs1bdxNcKWw/s2360/Passeio%20Pico%20Sapateiro%205%20de%20setembro%20de%201987.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="1040" data-original-width="2360" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj4FEY9tKhCg2jI8ChYlrkEvMSWiAZoZQLXVBvzL8m8MKltBbJh0cJZ4zlquRtPLG4BhVWcUK6LtibrZYAUl-WWkYANksT6eNNLRSq0K031maZgaZH4ryAlkE9FfW8IFxc5srhAyy1p93OshMT6N60Xw46VUEVqWeC-EXnpefKdExjmj8g-Bs1bdxNcKWw/s600/Passeio%20Pico%20Sapateiro%205%20de%20setembro%20de%201987.jpg"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKR9LF5iiDv4bS_BiOUX7hP3UEu4IwNH9WXXqVnDBGMEibKYZ3QwRD78kpmnuP6XEjfUb8nEvqHgtGShmFQajEfRTumV5W_m0a6AoQKdnAVG2PQun1VrjUtvj8HFEWM8zXQDOGVHZO8voWjQXzA9XYHp8XO9_WwqO_e4sgIF3ATwTWTycwcNHDWk5LmBc/s4320/Pico%20Queimado.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="3240" data-original-width="4320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKR9LF5iiDv4bS_BiOUX7hP3UEu4IwNH9WXXqVnDBGMEibKYZ3QwRD78kpmnuP6XEjfUb8nEvqHgtGShmFQajEfRTumV5W_m0a6AoQKdnAVG2PQun1VrjUtvj8HFEWM8zXQDOGVHZO8voWjQXzA9XYHp8XO9_WwqO_e4sgIF3ATwTWTycwcNHDWk5LmBc/s600/Pico%20Queimado.JPG"/></a></div>Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-89661209761527124952024-03-16T02:59:00.000-07:002024-03-16T02:59:21.689-07:00Banksia<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3qsCgpudeFWLYgTdP0wuJwU6sAEmb9QuI8a7z85E9DLSDLfUkufd0m8yk94kIjzZw2IhTZRoVzebJ336lIVROwR3F_du-n5vqsyuip0xxDyGy7qF0i0fHjGPRPY6Ar-iyN-_GUA06dOWaqaVUWmHXdi9a9R99bHYdyuniHwi4PxwSozvY4KUZEwFaM3I/s2048/Banksia%20integrifolia.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="2048" data-original-width="1536" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg3qsCgpudeFWLYgTdP0wuJwU6sAEmb9QuI8a7z85E9DLSDLfUkufd0m8yk94kIjzZw2IhTZRoVzebJ336lIVROwR3F_du-n5vqsyuip0xxDyGy7qF0i0fHjGPRPY6Ar-iyN-_GUA06dOWaqaVUWmHXdi9a9R99bHYdyuniHwi4PxwSozvY4KUZEwFaM3I/s600/Banksia%20integrifolia.JPG"/></a></div>
<br/>Banksia<br/>
<br/>A banksia, cigarrilha ou cigarrilheira (Banksia integrifolia L.) é uma espécie australiana pertencente à família Proteaceae que se adaptou bem nos Açores, encontrando-se já naturalizada em algumas ilhas, exceto na Terceira, no Pico e no Corvo.<br/>
<br/>Nos Açores, para além de aparecer em sebes, a banksia pode ser vista sobretudo nas zonas costeiras geralmente até aos 400 m de altitude.<br/>
<br/>A banksia é uma árvore de folha persistente que pode atingir 25 metros de altura, apresenta folhas verde-escuras por cima e brancas por baixo e flores cilíndricas que pela sua forma terão dado origem ao nome comum cigarrilheira por que é, também, conhecida nos Açores. O seu período de floração é de junho a outubro.<br/>
<br/>Na Austrália, a banksia é muito utilizada como planta ornamental, sendo muito comum em jardins e ruas. Também usada na estabilização de dunas.<br/>
<br/>Nos Açores, foi muito utilizada em sebes vivas por associar às vantagens das suas folhas persistentes o seu crescimento rápido e a sua resistência aos ventos provenientes do mar. Sobre este assunto, o engenheiro agrónomo Arlindo Cabral, escreveu, em 1953, que na ilha de São Miguel, juntamente com o incenso e a faia a banksia era uma das plantas mais usadas no abrigo de pomares.<br/>
<br/>Em 1985, José Norberto Brandão de Oliveira, num texto intitulado “Espécies vegetais usadas nos Açores na formação de sebes”, considera a banksia como a segunda espécie mais importante, depois do incenso (Pittosporum undulatum Vent.) na formação de sebes altas de proteção de frutícolas, referindo que é uma “espécie bastante resistente e de crescimento bastante rápido.”<br/>
<br/>Relativamente à sua propagação, Arlindo Cabral (1953) mencionou o seguinte: <br/>
<br/>“Pega com certa dificuldade, se não forem dedicados cuidados especiais à sua propagação. Devem ser escolhidas pequenas hastes, as quais deverão, segundo uns, apanhar uma unha de inserção no ramo a que pertencia e, segundo outros, ser cortada ao nível de um nó, para melhor enraizamento. Os raminhos escolhidos devem estar meio atempados e o comprimento das estacas deve regular por 0,2 m. Estas, podem ser dispostas em viveiro ou em lugar definitivo. Há, porém, quem afirme que pega mal por transplantação e se atrasa e que um excesso de estrume também dificulta o pegamento.”<br/>
<br/>No passado, nos Açores, a banksia também foi muito apreciada como planta ornamental, tendo existido, entre outros, no Jardim de Sebastião do Canto em Vila Franca do Campo, no Jardim José do Canto (existiam em 1856 e em 1868, havia banksias para oferta e permuta) e no Jardim António Borges (existiam em 1865).<br/>
<br/>Várias espécies do género Banksia foram assunto de diversas cartas trocadas entre José do Canto e o seu primo e amigo José Jácome Correia. Assim, numa carta enviada de Paris, datada de 24 de agosto de 1853, José do Canto escreveu o seguinte:<br/>
<br/>“As banksias mesmo forão duplicadas, e triplicadas e quasi todas não classificadas, mas não se encontrava nada, ou caríssimo, e tu tinhas-me dado a entender que sendo plantas boas que te não importava a repetição.<br/>
…
<br/>Se quisessem dar aqui em Pariz mil francos por uma dúzia de Banksias não as havia. Eu querendo algumas, tenho-as mandado vir d’Hamburgo, e Vienna d´Áustria, por um preço superior ao de Londres.”<br/>
<br/>Hoje, é possível encontrar banksias no Jardim do Palácio de Santana, em Ponta Delgada, na Quinta da Torre, nas Capelas, e na Mata do Dr. Fraga, na Maia.<br/>
<br/>Teófilo Braga <br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-36921266390026009192024-03-15T02:22:00.000-07:002024-03-15T02:22:09.518-07:00Passeio pedestre à Lagoa do Fogo<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC0WTihp9MKAxolg3WDpn74nlhcRqvifxhOuECv6iRc2rtjdqauF5EZR4SnkB7UIbXA0MppTuNHHny1P69wbZljZwguc2XKgfS0RIZ4YQyRB36cTRtq8H_911q1Z2qkE2VLKA3c6zN9JdaQ5ZtICol9lbBvGOy_PT-JbmUOlnwm6JM50Xggu6bZjIPYnw/s880/LAGOA%20DO%20FOGO%20-%2024%20E97.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="560" data-original-width="880" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgC0WTihp9MKAxolg3WDpn74nlhcRqvifxhOuECv6iRc2rtjdqauF5EZR4SnkB7UIbXA0MppTuNHHny1P69wbZljZwguc2XKgfS0RIZ4YQyRB36cTRtq8H_911q1Z2qkE2VLKA3c6zN9JdaQ5ZtICol9lbBvGOy_PT-JbmUOlnwm6JM50Xggu6bZjIPYnw/s600/LAGOA%20DO%20FOGO%20-%2024%20E97.jpg"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjG2MGxHf5xIvncjkHg_K9JrNanF0Rz1F-QON6F9ijCxotmuX_QyAcQaZhXLsIFUkLncIq_fLboBXxXAEsTmvtDrN-25SjhDEE9dnc30k4F0iqFrL5G5Pq1UZtZ9c1KIovBqy202jz7QzgzRximLGcs6NULr78limRhEuLCl0wNSNwE1UklID2usI6b_Yk/s2388/Passeio%20pedestre%20%20Lagoa%20do%20Fogo%204%20de%20setembro%20de%201987.jpg" style="display: block; 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padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="951" data-original-width="2427" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhEBIPZnqzP2C5xxmUcgNg0CodF5_E3bgBGevm_WdKlFg8TSkflOzNiqN3AUTEghkpBiU4Qr0yWnWhGO1o4ZB3fNxt1VDmw1AQ1iZksW3AACHcLmaB0gX_LqMs0-jpOBIsIfKyUOJ_eHrm-IKYRl3qWAuajE32Z-3nw9sYt2C53tLE-ked5oHb1dBJgFh0/s600/Passeio%20pedestre%20Faial%20da%20Terra%20%20%C3%81gua%20Retorta%2011%20de%20agosto%20de%201987%20b.jpg"/></a></div>Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-31617814211468624502024-03-10T03:09:00.000-07:002024-03-10T03:09:33.562-07:00Passeio à Lagoa do Congro e Pico da Lagoinha, em 1987<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh29YKnLAo2rL8O5gntQVE7cLW0HRckT4UAyW1jovCEjxMfZWM2-d6el22qF-oExc1lQR5NMkuVXNyRmVY2zrDDOq6x5bpMjcSRy9K9xEXJdSie4OQ8sxIOBzvWAzg3aeudJprGUZXVnywEzyzHeQomvp7qiivIEEJnURk8LjhuDbCNg0anpB5uX9CAy5w/s2048/Lagoa%20do%20Areeiro.JPG" style="display: block; 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padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="1200" data-original-width="1600" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhIumWbghWD85RwhqkLkJVXuwJfqQ5TQC7Lz76YT-_6n46pusDGhD0pAjNDql5_lryc2REBeChpI0TE7DPW3VW5LVmIqrWzRH-W1L7x2gSp183OxXYqV55TrPC5O0_ebdQn5WYyHhdMvMDs5i_VWg5lyrkeAt_YyFwGui4cR6paBTfeZf65Q8A49Izfstk/s600/Frangula%20azorica-29.06.02%20%28TB%29.jpg"/></a></div>
<br/>Sanguinho<br/>
<br/>O sanguinho (Frangula azorica Grubov) é uma espécie endémica dos Açores, pertencente à família Rhamnaceae, que é mais frequente nas ilhas Terceira, Pico e Flores e não existe em Santa Maria e na Graciosa.<br/>
<br/>O sanguinho é uma árvore caducifólia que pode atingir 10 m de altura, com folhas elípticas, acuminadas e pubescentes na página inferior. As flores, que podem ser vistas nos meses de abril, maio e junho, são amarelo-claras. Os frutos são carnudos, globosos e de cor vermelha a negra quando estão maduros.<br/>
<br/>Na sua obra Saudades da Terra, Gaspar Frutuoso por várias vezes se refere à planta e aos frutos do sanguinho.<br/>
<br/>Ao descrever Vila Franca do Campo, no capítulo XL do Livro IV, menciona o seguinte: “Vindo da vila, pelo caminho comum por dentro da terra, antes de chegar a São Lázaro, está a grota do Sanguinho, por ter ou haver tido ali algum, perto do mesmo caminho.”<br/>
<br/>No capítulo XLVIII, do livro IV, aquele cronista faz referência ao sabor dos frutos do sanguinho nos seguintes termos: <br/>
<br/>“As árvores, que aqui tornam a arrebentar, são faias, se Ihe não tiram a casca, uveiras, urzes, louros, tamujos, murtas e ginjas, cortando o tronco, que do pé lançam muitas e muito altas vergônteas, que são árvores agrestes, que dão um fruto tão grande e vermelho como ginjas, mas ao gosto são azedas, e o sanguinho dá outro fruto como cerejas, muito doce, que embebeda.”<br/>
<br/>Ao escrever sobre a ilha Terceira, no livro VI, Gaspar Frutuoso escreve o seguinte: “Da ilha das Flores vem madeira de cedro pera caixas e alguma de sanguinho, muitas lãs e enxergas, e pano feito da terra, branco e preto e de méscara …”<br/>
<br/>De acordo com Vieira, Moura e Silva (2020), a espécie é “dispersa a rara em ravinas, em florestas de Laurus, de Juniperus-Ilex e bosque de Juniperus (…) geralmente entre 500-700 m de altitude.”<br/>
<br/>Henry Drouet (1861) sobre o sanguinho escreveu o seguinte: “Linda árvore nativa, cuja madeira, dura e avermelhada, é utilizada por marceneiros.”<br/>
<br/>De acordo com Ramos (1871) o sanguinho é uma “bella arvore indígena, de cuja madeira, dura e avermelhada, fazem não pouco uso os marceneiros.”<br/>
<br/>Foi também ao sanguinho que os primeiros povoadores foram buscar o vermelho com que tingiam o seu vestuário.<br/>
<br/>A presença de sanguinhos deu o nome a algumas localidades ou sítios. Gaspar Frutuoso refere os sítios do Sanguinhal, do Sanguinheiro e do Sanguinho. Hoje, quem não conhece na ilha de São Miguel, o trilho pedestre do Sanguinho, na freguesia do Faial da Terra?<br/>
<br/>O sanguinho nos últimos anos passou a ser usada como espécie ornamental, podendo ser vista em alguns parques e jardins. Na ilha de São Miguel existe no Parque Terra Nostra, no Jardim Botânico José do Canto e no Parque pedagógico infantil Maria das Mercês Carreiro na freguesia do Pico da Pedra. <br/>
<br/>O sanguinho é também uma planta referida na poesia popular. Abaixo, transcrevo uma quadra citada pelo padre Ernesto Ferreira no seu livro “Ao espelho da tradição”, publicado em 1943:<br/>
<br/>São Martinho, meu patrão,<br/>
<br/>Feito de pau de sanguinho,<br/>
<br/>Consolai-me esta goela<br/>
<br/>C’uma pinguinha de vinho.<br/>
<br/>Teófilo Braga
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-39832662125147297302024-03-03T22:22:00.000-08:002024-03-03T22:22:07.000-08:00Passeio à Caldeira Velha, 6 de junho de 1987<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxcsCWFXitRIc-MggLOKZ1AKBdc9iyYPzZ4_PwNcmrogABIx6gBc4tTPLhDjHp3uARVet8Cl49_q-82ppTOQ9PQyTsYF74Ef7jCp-RdkTgtZaoPTDjGjdWZefQyO_WxNlJimx_tm04ciJwD3a8NXydqjJpJ3e3jnBrNXZLD5RGQV1p-cmABBX1dL2RVW4/s1530/Caldeira%20Velha1%2018-11-2002.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="1147" data-original-width="1530" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgxcsCWFXitRIc-MggLOKZ1AKBdc9iyYPzZ4_PwNcmrogABIx6gBc4tTPLhDjHp3uARVet8Cl49_q-82ppTOQ9PQyTsYF74Ef7jCp-RdkTgtZaoPTDjGjdWZefQyO_WxNlJimx_tm04ciJwD3a8NXydqjJpJ3e3jnBrNXZLD5RGQV1p-cmABBX1dL2RVW4/s600/Caldeira%20Velha1%2018-11-2002.jpg"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5cTJcj4qRbZ7RojIHLwpCw9Yz6KNmAARSjkUtzhNw1NDVcfBJI9fQdbPdcZetGmuvyBt6emcyl_Bm5lJgjCEQu2hFbIEho4x1z4yeSklaE92tw4bsMmrPrwT_D7qgUQ52YeaHrOmo_PB0rmRvDrFhO7xbf8_RUftqZlwEORUWO4GDMxqwlnDgmihT87U/s3263/Passeio%20%C3%A0%20Caldeira%20Velha%206%20de%20junhode%201987.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="3263" data-original-width="2481" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj5cTJcj4qRbZ7RojIHLwpCw9Yz6KNmAARSjkUtzhNw1NDVcfBJI9fQdbPdcZetGmuvyBt6emcyl_Bm5lJgjCEQu2hFbIEho4x1z4yeSklaE92tw4bsMmrPrwT_D7qgUQ52YeaHrOmo_PB0rmRvDrFhO7xbf8_RUftqZlwEORUWO4GDMxqwlnDgmihT87U/s600/Passeio%20%C3%A0%20Caldeira%20Velha%206%20de%20junhode%201987.jpg"/></a></div>Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-27886711303426288642024-03-03T02:44:00.000-08:002024-03-03T02:44:30.224-08:00Magnólia<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTYyyR7vFYdJWOPDgJ27XMzgVNF7pwRtNPYRXv545qRDWWhKz1qRrbOGhpP69AAnDumuRus08lXZP6USGu_HgXEMGHLSs0IZ4Giq4nWcx1vZlMtZ4yJYliQQ7Bv2MC8mon3MinAfGD_FsD8gPoDt3YazvjrdsgGk6_3pmSZpJ4v175dEJM654t0oPSTKE/s5664/Magn%C3%B3lia%20VFC%20.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="2752" data-original-width="5664" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEhTYyyR7vFYdJWOPDgJ27XMzgVNF7pwRtNPYRXv545qRDWWhKz1qRrbOGhpP69AAnDumuRus08lXZP6USGu_HgXEMGHLSs0IZ4Giq4nWcx1vZlMtZ4yJYliQQ7Bv2MC8mon3MinAfGD_FsD8gPoDt3YazvjrdsgGk6_3pmSZpJ4v175dEJM654t0oPSTKE/s600/Magn%C3%B3lia%20VFC%20.jpg"/></a></div>
<br/>Magnólia<br/>
<br/>O género Magnolia deve-se a Charles Plumier, botânico francês que em fins do século XVII pretendeu homenagear Pierre Magnol (1638-1715), o qual, segundo alguns historiadores, foi o autor da primeira classificação das plantas em famílias. A denominação da espécie, grandiflora, deve-se ao tamanho das suas flores, que são as maiores do género.<br/>
<br/>O médico Pierre Magnol, que foi diretor do Jardim Botânico da Universidade de Montpellier, escreveu vários livros sobre plantas, sendo considerado o mais notável botânico da sua época.<br/>
<br/>A Magnólia (Magnolia grandiflora L.) é uma planta, que pertence à família Magnoliaceae, oriunda do Sueste dos Estados Unidos da América. Foi introduzida na Europa no século XVIII, podendo ser encontrada, hoje, em quase todo o mundo.<br/>
<br/>A magnólia é árvore que pode atingir cerca de 25 metros de altura, possui folhas coriáceas, elípticas ou oblongas, de um verde vivo na parte superior e avermelhadas na inferior. As suas grandes flores (20 a 25 cm de diâmetro) brancas, que são muito perfumadas, sendo muito apreciadas pelas abelhas, surgem de junho a setembro.<br/>
<br/>De acordo com Saraiva (2020), a magnólia é uma árvore de crescimento lento, começando a produzir flores ao fim de 12 a 20 anos. Sobre a sua longevidade escreveu que na Quinta do Alão, Casa de Recarei, Porto, há um exemplar datado de cerca de 1690. Pode durar assim, em condições favoráveis, mais de 300 anos.”<br/>
<br/>Sobre a presença da magnólia em São Miguel, sabe-se que, em 1856, foi plantada no Jardim José do Canto e, em 1865, já existia no Jardim António Borges.<br/>
<br/>A magnólia é uma bonita árvore ornamental, existindo em diversos jardins públicos e privados. A título de exemplo, destacamos alguns exemplares presentes no Jardim José do Canto, no Jardim Antero de Quental, em Vila Franca do Campo, na Escola Secundária das Laranjeiras, na Mata do Dr. Fraga, na Maia e no Parque Terra Nostra, nas Furnas.<br/>
<br/>Nos Açores, podemos encontrar outras espécies do género Magnolia, como a magnólia-chinesa ou magnólia-de-soulange , a carocha, a magnólia-estrela e a magnólia-yulan.<br/>
<br/>A magnólia-chinesa (Magnolia x soulangeana), um híbrido que foi criado, em 1820, pode ser encontrada em vários jardins particulares e públicos, como na Mata do Dr. Fraga, na Maia, no Jardim António Borges, no Jardim do Palácio de Santana, no Pinhal da Paz, no Parque Terra Nostra, etc. Em 1856 existia no Jardim José do Canto. Floresce nos meses de fevereiro, março e abril. <br/>
<br/>A carocha (Magnolia figo), originária da China, com flores pequenas muito aromáticas, usadas para perfumar quartos do Espírito Santo, pode ser encontrada no Jardim José do Canto, no Parque Terra Nostra e no Centro Experimental das Furnas, na Lagoa Seca. Floresce nos meses de março, abril e maio.<br/>
<br/>A magnólia-estrela (Magnolia stellata), originária do Japão, pode ser vista no Jardim do Palácio de Santana. Floresce nos meses de janeiro e fevereiro.<br/>
<br/>A magnólia-yulan (Magnolia denudata), originária da China, que pode ser encontrada em jardins particulares e em quintais, deve o sue nome ao facto de estar sem folhas quando está com flores. Floresce nos meses de janeiro e fevereiro.<br/>
<br/>Teófilo Braga <br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-83546078077322202342024-03-03T01:08:00.000-08:002024-03-03T01:27:53.036-08:00Entrevista ao Correio dos Açores
<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4aNAKysTOEzZG7jCwiugTzrtfDlRu36RIhA6Zigq7NpOwGhVpxMylLWy8AL3c4lNNXpjtYA1Rmuo9J_LHk3A3d_u2kR3ESVz84UBmM7kH65ED-OA_jV5TSnjIBo9gVTwn_A_CgiwAe3oWb8yApnZClwkPDrJC60LPok8dn3IloaX1P0551VzI40P1iY4/s2191/DSC00616.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="2191" data-original-width="1137" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEh4aNAKysTOEzZG7jCwiugTzrtfDlRu36RIhA6Zigq7NpOwGhVpxMylLWy8AL3c4lNNXpjtYA1Rmuo9J_LHk3A3d_u2kR3ESVz84UBmM7kH65ED-OA_jV5TSnjIBo9gVTwn_A_CgiwAe3oWb8yApnZClwkPDrJC60LPok8dn3IloaX1P0551VzI40P1iY4/s600/DSC00616.JPG"/></a></div>
<br/>FACE A FACE!... com o cidadão interventivo, com o ecologista e com o professor aposentado Teófilo Braga<br/>
<br/>1 – Descreva os dados que o identificam perante os leitores!<br/>
<br/>Natural da Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, onde nasci em 1957e residente no Pico da Pedra, desde 1983. Após passar à reforma em maio de 2023, tenho aprofundado o estudo das plantas associando a botânica à etnografia e à cultura popular açoriana, dedicado mais tempo à leitura e à investigação histórica e como não gosto de ficar pela teoria tenho investido uma parte significativa do meu tempo à plantação, num terreno que possuo em Vila Franca do Campo, de plantas ornamentais e fruteiras exóticas e espécies da flora nativa dos Açores.<br/>
<br/>2 – Fale-nos do seu percurso de vida no campo académico, profissional e social?<br/>
<br/>Estudei até à 4ª classe na Escola do 1º Ciclo da Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, passei pelo Externato de Vila Franca onde concluí o 5º ano (hoje 9º ano de escolaridade), frequentei o Liceu/Escola Secundária Antero de Quental, onde concluí o 7º ano (hoje 11º ano de escolaridade) e tirei o bacharelato em Ciências Físico-Químicas/Matemática no Instituto Universitário dos Açores. Mais tarde, frequentei o Instituto Superior de Educação e Trabalho onde concluí o Curso de Estudos Superiores Especializados em Administração Escolar (equiparado a licenciatura) e por fim, na Universidade dos Açores, tirei o Mestrado em Educação Ambiental.<br/>
<br/>A nível profissional fui professor durante 44 anos e 4 meses, tendo lecionado no 2º ciclo, no 3º ciclo e no ensino secundário em várias escolas, públicas e profissionais, da ilha Terceira e de São Miguel. Fui vice-presidente da Escola Secundária das Laranjeiras e Presidente da Comissão Executiva Provisória da Escola Secundária da Ribeira Grande.<br/>
<br/>Fora do ensino fui, durante um curto período de tempo Administrador-Delegado da ARENA- Agência Regional da Energia e Ambiente da Região Autónoma dos Açores.<br/>
<br/>No campo social, desde muito novo estou ligado ao associativismo ambiental, tendo sido um dos fundadores de uma associação ambiental na Terceira, o Grupo Luta Ecológica, também fui fundador e presidente da direção, durante longos anos, dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica e atualmente sou coordenador do núcleo dos Açores da IRIS- Associação Nacional de Ambiente, sendo também membro do seu Conselho Fiscal.<br/>
<br/>Na área do sindicalismo de professores, fui, na ilha Terceira, delegado sindical do SPRA- Sindicato dos Professores da Região Açores e fui, em São Miguel, membro dos Órgãos Sociais do SDPA- Sindicato Democrático dos Professores dos Açores.<br/>
<br/>Adepto das ideias sobre o cooperativismo de António Sérgio, estive ligado à Delegação de Ponta Delgada da Cooperativa Semente e fui presidente da direção da Cooperativa de Consumo do Pico da Pedra.<br/>
<br/>No que diz respeito ao associativismo docente, estive ligado ao Movimento da Escola Moderna, tendo feito parte da Comissão Coordenadora do Núcleo da Ilha de São Miguel.<br/>
<br/>3 – Que influencia tiveram os seus pais na sua formação académica?<br/>
<br/>Meus pais tinham apenas a antiga 4ª classe, mas tudo fizeram para que eu conseguisse estudar e tirar um curso superior, pois como eles anteviam viver da agricultura, para além de ser uma vida dura não tinha futuro, como se pode ver pelo estado em que estamos hoje., onde apenas a pecuária tem sobrevivido.<br/>
<br/>4 – Como se define a nível profissional?<br/>
<br/>Ao longo da minha vida profissional fui cumpridor e sempre procurei manter-me atualizado. Nunca tive horários, ou melhor para além de cumprir o meu horário semanal, sempre trabalhei para além do pedido. O ser professor para mim foi mais do que uma profissão. Fui um missionário.<br/>
<br/>5 – Quais as suas responsabilidades?<br/>
<br/>Hoje, apenas não tenho de cumprir um horário obrigatório. De resto as minhas responsabilidades mantém-se, agora mais em termos familiares.<br/>
<br/>6 – Como descreve o sentido de família no tempo de seus pais. Qual o sentido que ela tem hoje e que espaço lhe reserva?<br/>
<br/>Não vejo qualquer diferença entre o sentido de família no passado e no presente. Para mim, a família, sempre esteve em primeiro lugar, mesmo quando tinha deveres profissionais a cumprir.<br/>
<br/>6 – Que importância têm os amigos na sua vida?<br/>
<br/>
Por vezes os amigos são tão ou mais importantes que os familiares, pelo menos alguns.<br/>
<br/>Muito do que sei e do que sou também é fruto da minha aprendizagem com os amigos e da sua ajuda quando deles preciso. Esta ajuda não tem de ser material, por vezes uma ou duas palavras bastam.<br/>
<br/>7 – Para além da profissão que actividades gosta de desenvolver no seu dia-a-dia?<br/>
<br/>Hoje, reformado, faço com mais intensidade e com mais tempo disponível o que já fazia quando lecionava. <br/>
<br/>Leio muito, investigo sobre história local e sobre a resistência ao Estado Novo nos Açores.<br/>
<br/>Escrevo, depois de pesquisar, sobre tradições ligadas à terra e sobre as plantas que têm ajudado os humanos a viver no nosso arquipélago ao longo de séculos.<br/>
<br/>Trabalho na terra, onde tenho uma pequena produção de bananas e de outras frutas.<br/>
<br/>Sempre que sou convidado apoio alguns colegas em atividades escolares diversas, através de visitas guiadas ou de sessões onde apresento alguns temas ambientais.<br/>
<br/>8 – Que sonhos alimentou em criança?<br/>
<br/>Não me lembro de ter sonhos em criança. Pelo contrário, tinha “medos”, sendo um deles o de mais tarde ter de ir para a tropa e para a guerra colonial e por lá ficar, como aconteceu com dois jovens professores da minha escola primária e com um jovem da Ribeira Seca de Vila Franca que morava no Pico d’El Rei, na Ribeira Seca.<br/>
<br/>9 – O que mais o incomoda nos outros?<br/>
<br/>Sobretudo a hipocrisia e a mentira.<br/>
<br/>10 – Que características mais admira no sexo oposto? <br/>
<br/>Não distingo as características por sexo. Assim, admiro sobremaneira o respeito por opiniões diversas, a solidariedade e a sinceridade. <br/>
<br/>11 – Gosta de ler? Diga o nome de um livro de eleição?<br/>
<br/>Estou permanentemente a ler, por vezes mais do que um livro ao mesmo tempo, preferindo história recente, isto é, do Estado Novo até à atualidade, biografia e romance. Gosto de tudo o que escreveu Jorge Amado, Gabriel Garcia Marques e José Saramago. Como a pergunta é sobre o nome de um livro, indico e recomendo a leitura de “Os Velhos”, da minha colega da Escola Secundária das Laranjeiras, Paula de Sousa Lima.<br/>
<br/>12 – Como se relaciona com o manancial de informação, nomeadamente as notícias falsas, que inunda as redes sociais?<br/>
<br/>No mundo de hoje, não é fácil distinguir o que é falso do que é verdadeiro. Por isso, estou sempre de pé atrás e procuro sempre conhecer várias fontes. <br/>
<br/>Procuro seguir dois conselhos: Um atribuído a São Tomás de Aquino que terá dito: Cuidado com o homem de um só livro.” O outro de Santo Agostinho que recomendava o seguinte: “Oiçam o outro lado”<br/>
<br/>13 – Como lida com as novas tecnologias e que sectores devem a elas recorrer para melhorarem o respectivo rendimento?<br/>
<br/>Embora com mais ou menos dificuldade e por vezes forçado tive de aprender a trabalhar com os computadores e outras tecnologias para usá-las como recurso no meu lugar de trabalho e em casa.<br/>
<br/>Mas não se pense que, numa escola, pelo facto de se usar, por exemplo o “powerpoint” numa sala de aula estamos a alterar o modo de ensino/aprendizagem. <br/>
<br/>14 – A inteligência Artificial está no centro do debate e pode por em risco o ser humano. Até onde deve ir essa inovação? <br/>
<br/>Sinceramente não tenho lido muito sobre este assunto, mas com a inteligência artificial acontecerá o mesmo que com outras inovações, isto é, pode ser bem ou mal-usada.<br/>
<br/>Sobre este assunto cito o famoso Albert Einstein: “Porque é que esta magnífica tecnologia científica que nos facilita o trabalho e nos torna a vida mais fácil nos traz pouca felicidade? Porque não aprendemos a usá-la com juízo.”<br/>
<br/>15 – Costuma ler jornais?<br/>
<br/>Sim, todos os dias, sobretudo os da ilha de São Miguel.<br/>
<br/>16– Gosta de viajar? Que viagem mais gostou de fazer?<br/>
<br/>Sim, gosto muito. A viagem que mais gostei de fazer foi aos Estados Unidos da América, na década de 80 do século passado, onde pude ver a riqueza e a pobreza num país rico, onde vi como viviam os nossos emigrantes e visitei museus e parques maravilhosos. Uma curiosidade naquela altura os americanos já reciclavam as latas de bebidas.<br/>
17 – Quais são os seus gostos gastronómicos? E qual é o seu prato preferido?
<br/>Como sou vegetariano, vou apenas referir um prato que comi num conhecido e afamado restaurante de São Miguel, “Bife de seitan à Associação”.<br/>
<br/>Como sou guloso, menciono um arroz-doce que é feito cá em casa, sem ovos e sem leite de vaca. <br/>
<br/>18 – Que noticia gostaria de encontrar amanhã no jornal?<br/>
<br/>Que as guerras tinham acabado em todo o mundo e que os direitos humanos e de todos os seres vivos passariam a ser respeitados por todos os Estados, os ditatoriais e os que se dizem democráticos. Em suma, que na Terra vigoraria um novo regime mais justo, limpo e pacífico.<br/>
<br/>19 – Qual a máxima que o/a inspira?<br/>
<br/>Se me aflige ver pessoas que praticam o mal também me aflige a indiferença de alguns perante a sociedade em que vivem, não contribuindo para a melhorar, mesmo que seja apenas um bocadinho.<br/>
<br/>Assim, há duas frases que são inspiradoras:<br/>
<br/>“A guerra é um crime contra a humanidade. Estou determinado a não apoiar nenhuma guerra e a lutar pela abolição de todas as suas causas” (War Resisters’ International) <br/>
<br/>“Um dia seremos julgados também por aquilo que não dissemos” (Edward Murrow)<br/>
<br/>20 – Em que época histórica gostaria de ter vivido?<br/>
<br/>Nesta, pois apesar das desilusões que tenho com o rumo dos acontecimentos depois do golpe militar de 25 de Abril de 1974, penso que é melhor do que as anteriores.<br/>
<br/>21 – Enquanto ambientalista, está preocupado com o crescimento contínuo do turismo nos Açores e com os projetos de novos hotéis que estão já autorizados? Qual o limite que o ambiente impõe ao turismo?<br/>
<br/>Em primeiro lugar, não me considero ambientalista, pois o ambientalista acredita que a ciência e a técnica são capazes de resolver os problemas ambientais e eu acho que não, pois se fosse assim todos os problemas já estariam resolvidos. Mas não fico zangado quando sou tratado como tal. <br/>
<br/>Sobre o assunto, é claro que fico preocupado, pois o nosso território não cresce e nada deve ser feito que ponha em causa a qualidade do ambiente e consequentemente a qualidade de vida dos açorianos.<br/>
<br/>22 – O vulcanólogo João Carlos Nunes, a propósito do seu livro “Guia Prático da Geodiversidade dos Açores’, agora lançado, afirma que “precisamos estar atentos com, por exemplo, algumas áreas em termos turísticos para termos a certeza que as capacidades de carga não sejam excedidas. Estamos a começar a correr este risco? Pode explicar? <br/>
<br/>Estou perfeitamente de acordo com João Carlos Nunes com quem partilhei muitos anos de trabalho voluntário nos Amigos dos Açores.
Todos os espaços têm uma capacidade de carga que através de uma pesquisa na internet pode ser definida como “o número de indivíduos que um ambiente pode suportar, sem impactos negativos significativos para o organismo e o seu ambiente”.
Face ao exposto, urge calcular a capacidade de carga dos vários espaços e limitar ou mesmo impedir o seu acesso em caso de ultrapassagem. Não podemos matar a nossa galinha dos ovos de ouro.<br/>
<br/>23 – Os docentes dos Açores continuam a ter razões para queixas? Quais as principais?<br/>
<br/>Se é verdade que, ao contrário do que acontece no Continente português e do que queria uma antigo secretário regional com o pelouro da educação, os professores dos açores têm vindo a recuperar tempo de serviço congelado, não é menos verdade que os professores açorianos continuam mergulhados em burocracias que em nada contribuem para a melhoria da qualidade do ensino.<br/>
<br/>24 – Os professores só devem dar aulas ou também devem acompanhar os alunos no recreio?<br/>
<br/>Talvez a minha resposta seja desconcertante. Os professores não devem substituir o pessoal não docente, como os não docentes não substituem os professores.
O que afirmo com convicção é que os professores devem sair mais das salas de aula e dar mais aulas nos recreios, nos espaços ajardinados das escolas, nos espaços verdes próximos dos edifícios escolares e nas praças e ruas das freguesias, vilas e cidades, etc. <br/>
<br/>25 – Há quem diga que os professores já ganham demais e têm regalias suficientes. Como reage a quem pensa assim?<br/>
<br/>São opiniões e todas são respeitáveis. Mas, não concordo e acho que os factos demonstram que tal não é verdade, pois nas nossas escolas há falta de professores com habilitação profissional. <br/>
<br/>26 – Se desempenhasse um cargo governativo descreva uma das medidas que tomaria?<br/>
<br/>Implementava a política dos 3 R, no que diz respeito aos resíduos sólidos urbanos, o que nunca foi feito, pois do primeiro R ninguém se lembra: Reduzir.<br/>
<br/>27– Que analise faz à situação política regional?<br/>
<br/>Penso que a região está ingovernável, pois o crescimento de uma força política que tem por objetivo primeiro governar, passando por cima de todas as outras, impede a existência de acordos duradouros.<br/>
<br/>28– Foi um erro o PS/A ter anunciado que vai votar contra o programa do Governo? Quer explicar?<br/>
<br/>Não tenho qualquer interesse pela atividade partidária, mas não pondo em causa a decisão de qualquer partido, se fosse dirigente do PS/A, só anunciaria o voto contra depois de conhecer o documento em causa.<br/>
<br/>29 – Na ótica de cidadão eleitor, acredita que a coligação PSD/CDS/PPM com a mesma distribuição de pastas pelos três partidos, vai governar os Açores com o apoio do CHEGA isto quando José Pacheco afirma que só haverá Governo nos Açores com o CHEGA a uma dimensão superior ao CDS e ao PPM?<br/>
<br/>Ainda em relação à questão anterior, penso que o anúncio do PS foi para colocar a coligação nas mãos do CHEGA, que me parece não estar interessado em ir para o governo, pois se estivesse não exigia coisas impossíveis, como retirar de lá o CDS e o PPM, como já li.
Ao contrário dos pequenos partidos da antiga geringonça que no continente apenas exigiam algumas “migalhas” do PS, o CHEGA pretende ter o bolo todo na mão.
Estou convencido que qualquer acordo parlamentar ou de governo com o CHEGA terá curta duração.<br/>
<br/>30 – A questão que se coloca é, em caso de nova crise política e novas eleições, os eleitores vão dar maioria absoluta à coligação PSD/CDS/PPM ou vão reforçar ainda mais a votação no CHEGA?<br/>
<br/>Não sou adivinho, mas as duas hipóteses são possíveis. O CHEGA continuará a crescer se os governos continuarem a governar mal, enquanto alguns governantes continuarem a estar envolvidos em alegados casos de favorecimento de amigos ou mesmo em práticas associadas à corrupção.<br/>
<br/>31– Quer acrescentar algo mais que considera importante no âmbito desta entrevista?<br/>
<br/>Desiludido com a política partidária, em que o objetivo máximo é conquistar o poder, para mim o caminho para alterar a sociedade é a participação cívica nas mais diversas organizações não governamentais. <br/>
<br/>Correio dos Açores, 18 de fevereiro de 2024<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-35350972448604739072024-03-03T00:45:00.000-08:002024-03-03T00:45:25.180-08:00Passeio Pedestre "Ferraria e Pico das Camarinhas"<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6SgbrzCs8bio1Coeq5C5ESTJTd4MiBERIJkz17nB-8MbVDOFtDSxVhT3Pq5634CXQJDTycQcpCbzn8BgmOfkkQwtB8Q2Y6oCBfnwJiVJLQWvk4SDdVuUzQf7F6vncXDj6oLrbTkTliZCHIAEwFOqOyxxDOqXRMgPZ6QSQMPLPCYwXoBr4Z8YtEh1vMNw/s2592/Ferraria.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="1944" data-original-width="2592" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEj6SgbrzCs8bio1Coeq5C5ESTJTd4MiBERIJkz17nB-8MbVDOFtDSxVhT3Pq5634CXQJDTycQcpCbzn8BgmOfkkQwtB8Q2Y6oCBfnwJiVJLQWvk4SDdVuUzQf7F6vncXDj6oLrbTkTliZCHIAEwFOqOyxxDOqXRMgPZ6QSQMPLPCYwXoBr4Z8YtEh1vMNw/s600/Ferraria.JPG"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3uyTN5ExSe8D-jrgHaCMRjKjrL7Q5PjcO-xKczYgS_jCavWOkDxpNIEWdwUqKZHmS-s14zuwR_UHN7hIOxjMAcDCWpeV0JtBZWL7vsXimsJYNY2T3albDeWBZWQBPSO8Bs88MC8dBV0YbrqRjkkdajITjtKuhQ9Rk1BKs_jg4PNE7AqZIwp1M-2mAYXM/s3185/Passeio%20Pedestre%20Pico%20das%20Camarinhas%20e%20Ferraria%2017%20de%20abril%20de%201987.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="3185" data-original-width="2186" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi3uyTN5ExSe8D-jrgHaCMRjKjrL7Q5PjcO-xKczYgS_jCavWOkDxpNIEWdwUqKZHmS-s14zuwR_UHN7hIOxjMAcDCWpeV0JtBZWL7vsXimsJYNY2T3albDeWBZWQBPSO8Bs88MC8dBV0YbrqRjkkdajITjtKuhQ9Rk1BKs_jg4PNE7AqZIwp1M-2mAYXM/s600/Passeio%20Pedestre%20Pico%20das%20Camarinhas%20e%20Ferraria%2017%20de%20abril%20de%201987.jpg"/></a></div>Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-62084452466493159362024-03-02T03:44:00.000-08:002024-03-02T03:44:25.804-08:00Sequoia <div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVD2PRVCY_LGcjYNjXlFMsEAOgnWCEeBRiZ1_TAm8nfMQQ5msuVYYuyUAyLRZ2XN9bapYYnc53L_c9dyNO1TQUUJzl1i-9TPKKLYlQ8OoBdLj-yNXC3ERaZ1mDrLKvUdZA_QZPDTW4H_vZjpvsuBS7GkVgM35DzzBCycSF6i3CKKQd4ArlN29EHX9La-w/s1600/Sequ%C3%B3ia%20sempervirens%202%207-7-2002.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="1600" data-original-width="1200" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgVD2PRVCY_LGcjYNjXlFMsEAOgnWCEeBRiZ1_TAm8nfMQQ5msuVYYuyUAyLRZ2XN9bapYYnc53L_c9dyNO1TQUUJzl1i-9TPKKLYlQ8OoBdLj-yNXC3ERaZ1mDrLKvUdZA_QZPDTW4H_vZjpvsuBS7GkVgM35DzzBCycSF6i3CKKQd4ArlN29EHX9La-w/s600/Sequ%C3%B3ia%20sempervirens%202%207-7-2002.jpg"/></a></div>
<br/>Sequoia <br/>
<br/>A sequoia (Sequoia sempervirens (D. Don) Endl.) é uma planta pertencente à família- Cupressaceae. É nativa da América do Norte (Califórnia e Oregão) e a partir de meados do século XIX começou a ser plantada na Europa.<br/>
<br/>Há muitas dúvidas acerca da etimologia do nome genérico Sequoia. Saraiva (2020) aceitou como sendo derivado de Seequayah nome de uma pessoa que inventou um alfabeto para a língua da sua tribo. Quanto à designação da espécie, sempervirens significa sempre verde.
<br/>
<br/>Não sendo possível afirmar que foi José do Canto quem introduziu a sequoia nos Açores, sabe-se que também foi apaixonado por espécies de grande porte. Sobre este assunto, Pedro Maurício (2007) escreveu:<br/>
<br/>“Tal como no Continente, também S. Miguel passa por uma vaga de delírio pelas árvores gigantes. Não há colecção botânica que se preze que não tenha uma sequóia: é a maior árvore do mundo e tem reputação de ser difícil de aclimatar. No Congresso de Horticultura de 1866 a que José do Canto assistiu em Londres, o professor Candolle de Genève apresentou uma comunicação sobre a medida recente e muito exacta do diâmetro duma das grandes sequóias da Califórnia. Pouco menos de cem anos depois, a sequóia de José do Canto nas Furnas é uma das árvores notáveis da Ilha.”<br/>
<br/>A sequoia é uma árvore de grande porte que pode viver muitos anos, por vezes mais de 200 anos, podendo atingir 100 metros de altura. O seu tronco é reto e os seus ramos são quase horizontais e encurvados para baixo. As folhas são perenes, estreitas e distribuídas em fileiras no ápice dos ramos. As flores, que surgem nos meses de janeiro e fevereiro, são muito pequenas e encontram-se agrupadas em pequenos cones. Os seus frutos têm a forma de um cone.<br/>
<br/>O Regente Florestal António Emiliano Costa, no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 17, relativo ao primeiro semestre de 1953, no seu texto “Árvore Notáveis de São Miguel”, refere-se à Sequoia da Mata-Jardim José do Canto nos seguintes termos: “A Sequoia sempervirens End. (Californian redwood) …é um belo exemplar local com 4,27 m de perímetro à altura do peito …”<br/>
<br/>Ainda no mesmo texto, o autor menciona o facto de esta espécie ter a vantagem de se desenvolver melhor do que a criptoméria pelo que podia ser usada na arborização de algumas zonas de São Miguel.<br/>
<br/>Sobre a sua madeira, António Emiliano Costa escreve que “é muito superior à da criptoméria, com a vantagem também de ser leve, é óptima para todos os géneros de construções e mesmo marcenaria, tomando um belo aspecto quando polida e envernizada”.<br/>
<br/>Sobre a multiplicação da sequoia, A. Emiliano Costa (1953) menciona que a sequoia pode reproduzir-se por sementes, embora a maioria sejam estéreis, ou por estacas, a partir de rebentos de toiça enraizados.<br/>
<br/>Nos Açores, a sequoia é utilizada com fins ornamentais, existindo em vários parques e jardins na ilha de São Miguel. Entre outros locais, de São Miguel é possível encontrar sequoias na Mata-Jardim José do Canto-Lagoa das Furnas, Parque Beatriz do Canto-Furnas, Parque Terra Nostra-Furnas, Jardim da Universidades-Ponta Delgada e Mata-ajardinada da Lagoa do Congro- Vila Franca do Campo.<br/>
<br/>A sequoia da Mata-Jardim José do Canto, nas margens da Lagoa das Furnas, que se encontra classificada (Despacho publicado no Diário do Governo, II Série, nº.238, de 14 de outubro de 1970) merece uma visita. Merece ser classificada como árvore de interesse público, segundo Raimundo Quintal (2019) um exemplar existente no Parque Dona Beatriz.<br/>
<br/>Teófilo Braga <br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-80077499428105249572024-02-25T22:47:00.000-08:002024-02-25T22:47:19.201-08:00Cipreste-dos-pântanos<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieLDN4ErmCFy1uzuTpxfxIrbyu9EA0imflhLNQ848p5h5SsIPsfrQ4MDI8rSxSdl-6PPtWBcWxS82Bx-cshhaQchH_atlZNS-f9D56FmKsOYDebjSwvlHYOhBzCAbgV7zabAo_5-pI_cg39EnOs1sU5I5wJPz9szAeyXIl6FzDVfCbp3VcakByhdpwjIo/s3888/Taxodium%20distichum-Lagoa%20das%20Furnas-04.03.2021%20%28MP%29-1b.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="3888" data-original-width="2592" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEieLDN4ErmCFy1uzuTpxfxIrbyu9EA0imflhLNQ848p5h5SsIPsfrQ4MDI8rSxSdl-6PPtWBcWxS82Bx-cshhaQchH_atlZNS-f9D56FmKsOYDebjSwvlHYOhBzCAbgV7zabAo_5-pI_cg39EnOs1sU5I5wJPz9szAeyXIl6FzDVfCbp3VcakByhdpwjIo/s600/Taxodium%20distichum-Lagoa%20das%20Furnas-04.03.2021%20%28MP%29-1b.JPG"/></a></div>
<br/>Cipreste-dos-pântanos<br/>
<br/>O cipreste-dos-pântanos ou cipreste-calvo (Taxodium distichum (L.) Rich) é uma planta, pertencente à família Cupressaceae, oriunda das regiões pantanosas do sudeste dos Estados Unidos da América.<br/>
<br/>O nome do género Taxodium deve-se à semelhança entre as folhas das suas duas espécies com as folhas dos teixos e o da espécie distichum deve-se ao facto das suas folhas estarem distribuídas em duas filas.<br/>
<br/>O cipreste-dos-pântanos é uma conífera caducifólia que na natureza pode atingir até 40 metros de altura, com copa piramidal e ramos horizontais. O seu tronco alarga-se na base e a sua casca é grossa e fibrosa de cor castanho-avermelhada. As suas folhas com 1 a 2 com de comprimento são em forma de agulha, com cor verde-claro na primavera, um pouco mais escuras no verão e vermelho-acastanhadas no outono. As suas flores, que surgem em março e abril, são de cor púrpura, encontrando-se as masculinas em cachos pendentes e as femininas espalhadas pela árvore.<br/>
<br/>Em solos inundados, o cipreste-dos-pântanos emite raízes aéreas modificadas que se denominam penumatóforos que têm a função de captar o oxigénio atmosférico e também contribuem para a sustentação das árvores. <br/>
<br/>É possível observarmos cipreste-dos-pântanos com penumatóforos no Parque Terra Nostra e nas margens da Lagoa das Furnas. No Jardim José do Canto, em Ponta Delgada, como o solo é bem drenado, o exemplar lá existente não os desenvolveu. <br/>
<br/>Para além dos locais referidos, encontram-se ciprestes-dos-pântanos no Parque Beatriz do Canto e na Mata-Jardim José do Canto, na margem sul da Lagoa das Furnas.<br/>
<br/>Raimundo Quintal, no seu texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, propôs que o exemplar existente no Parque Terra Nostra fosse classificado como de interesse público.<br/>
<br/>Introduzido na Europa em 1640, o cipreste-dos-pântanos terá, segundo António Saraiva (2020) sido introduzido em Portugal continental “provavelmente por Edmond Goeze, a partir de uma oferta de José do Canto.”<br/>
Ao contrário do que supôs António Saraiva (2020) que atribuiu a sua introdução nos Açores a José do Canto, através da leitura de um texto publicado no nº 18, de junho de 1849, de “O Agricultor Michaelense”, fica-se a saber que tal facto se deveu a Thomaz Anglin:
<br/>As primeiras árvores desta espécie conhecidas em São Miguel foram importadas da America pelo Sr. Thomaz Anglin, e a despeito d’uma longuíssima e tormentosa viagem, em que morreram outras interessantes plantas que aquelle memso Sr. trazia, vingaram estas, não se ressentindo das contrariedade do mar.Também por intervenção do Sr. Anglin foram introduzidas no anno de 1847 algumas sementes do mesmo cypreste, as quaes nasceram facilmente, e hão crescido rapidamente.<br/>
<br/>No que diz respeito à sua multiplicação, Saraiva (2020), menciona que a sua propagação se faz por sementes, que devem ser colocadas na terra no outono “ou estratificadas a 4º C durante 90 dias. As jovens plantas devem ficar em solo húmido, mas sem água à superfície.”<br/>
<br/>A sua madeira, sendo branda e leve, é fácil de trabalhar, sendo por isto usada na construção civil.<br/>
<br/>Saraiva (2020) destaca o valor paisagístico dada a cor das suas folhas e Quintal num texto intitulado “Ciprestes dos pântanos na Lagoa das Furnas” (2021) ao escrever que “Estas gimnospérmicas caducifólias são um espetáculo de cor!” corroboram o que em 1949 foi escrito em “O Agricultor Michaelense”:<br/>
<br/>“Esta árvore tão preconizada reúne ainda a propriedade de ser elegante no sue porte, e possuir uma folhagem dificilmente excedida em beleza, por nenhuma outra. Com especialidade na primavera quando as suas mimosas folhas começam a desabrochar, e o verde claro d’ellas principia de avultar por entre os ramos symetricos, e horizontaes, +e de encantador aspecto, e muito para ver.”<br/>
Teófilo BragaBragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-34585930785599542222024-02-24T00:18:00.000-08:002024-02-24T00:18:02.464-08:00Azevinho<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXzaojMZQOioLCt2K-7Xu6KVh2_PFpk7MUkVDq7perYUNx-5dcseQ-jvY5SO-A1OFjsO1ua0yo1nVg6L9WQq5yUG2ulcyyMpihxdUzIYe2NwvOAJ_9UfyF4mq1a4cXme8PvxHqNGo56hkft9n00xrP0X9BfxmDSH5pXKtXZL_TWi4m20IUz4860ShEnag/s2388/aze.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="2386" data-original-width="2388" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjXzaojMZQOioLCt2K-7Xu6KVh2_PFpk7MUkVDq7perYUNx-5dcseQ-jvY5SO-A1OFjsO1ua0yo1nVg6L9WQq5yUG2ulcyyMpihxdUzIYe2NwvOAJ_9UfyF4mq1a4cXme8PvxHqNGo56hkft9n00xrP0X9BfxmDSH5pXKtXZL_TWi4m20IUz4860ShEnag/s600/aze.jpg"/></a></div>
<br/>Azevinho<br/>
<br/>O azevinho (Ilex azorica Gand.) é uma árvore dioica perenifólia, da família Aquifoliaceae, endémica dos Açores, que apenas não ocorre na ilha Graciosa.<br/>
<br/>O azevinho é uma árvore que pode atingir 14 m de altura. As folhas são pequenas e de forma elíptica-oblonga, glabras, verde-brilhantes na página superior. As flores que surgem em março, abril e maio, são brancas e os frutos são bagas vermelhas, quando maduras. <br/>
<br/>L Silva, M. Martins, G. Maciel e M. Moura no livro “Flora Vascular dos Açores Prioridades em Conservação”, editado em 2009, afirmam que o azevinho aparece em “locais fortemente expostos, locais húmidos, ravinas, matos de montanha, florestas naturais …escoadas lávicas recentes com vegetação pioneira, margens de lagoas”.<br/>
<br/>O botânico sueco Erik Sjögren, em 2001, considerava esta espécie em perigo na ilha de Santra Maria e na ilha do Corvo, onde apenas um exemplar havia sido encontrado em 1978. Por sua vez, Rui Elias, no livro “Flora Nativa dos Açores, publicado em 2022, considera o azevinho mais raro em Santa Maria.<br/>
<br/>Gaspar Frutuoso, por diversas vezes menciona a presença de azevinhos em várias ilha dos Açores. Assim, ao descrever a ilha de Santa Maria, no capítulo IX, do livro III, das Saudades da Terra, escreve o seguinte: <br/>
<br/>Dá-se nela também toda a sorte de hortaliça, e muito boa, principalmente de Outono. Cria muito muitos azevinhos, ginjas, louros, tamujos e uveiras, que dão muitas uvas de serra e as melhores que há nestas ilhas todas.<br/>
<br/>No capítulo XLVIII, do livro IV, do livro mencionado, Frutuoso escreve sobre uma utilização do azevinho nos seguintes termos: <br/>
<br/>“…E onde alcançou e cobriu cinzeiro e pedra pomes, já agora cria uma erva que se chama solda, que se quer parecer com erva ussa, mas cresce mais alta e comprida, e é sempre verde, proveitoso pasto para o gado, além de o ser também a rama das árvores do mato, de pau branco e de outras, especialmente a do azevinho que é mais prestadia, a qual por ser alta Iha cortam os pastores, e outra rama de louro, que alcança o gado ao dente, por ser mais baixa, de que há maior quantidade e abundância; mas, a rama da ginja, de Março por diante, na serra e em terra de mato sombria, o faz ourinar sangue.”<br/>
<br/>Em 1871, Acúrcio Garcia Ramos, sobre o azevinho e a sua utilidade, escreveu o seguinte: <br/>
<br/>“É notável arbusto, ás vezes arborescente, por suas folhas duras, firmes, extremamente ondeadas, e por seus contornos espinhosos. A madeira é tão pesada, que vae ao fundo da água, e por isso mesmo tem muito apreço dos torneiros. Os ramos novos, muito flexíveis, servem para vassouras; e a segunda casca, ou liber, fornece aos passarinheiros um precioso visco. Há algumas variedades d’esta especie com folhas malhadas, que prestam um magnífico ornato aos jardins.”<br/>
<br/>Um relatório, datado de 1932, citado por Carreiro da Costa (1989), ao descrever a situação da flora na ilha do Pico, quase repete as informações de Garcia Ramos. Assim podemos ler o seguinte, sobre o azevinho: “arbusto de ornamento, de madeira muito pesada e que vai ao fundo da água, de grande apreço para as obras de torno”.<br/>
<br/>A azevinho também marca presença na toponímia açoriana. Assim, Gaspar Frutuoso refere o Pico do Azevinho, no Nordeste, ilha de São Miguel e o Arrebentão do Azevinho, na ilha de Santa Maria. Carreiro da Costa (1989) menciona, na ilha de São Jorge, a Fajã dos Azevinhos e o Salto do Azevinheiro.<br/>
<br/>Hoje, desconhecemos qualquer utilização do azevinho para além da ornamental, sobretudo em parques e jardins públicos e privados. Assim, fora do seu habitat natural, há azevinhos no Pinhal da Paz, no Jardim da Universidade dos Açores, no Jardim Botânico José do Canto, no Parque Terra Nostra, na Mata-Jardim José do Canto, nas margens da Lagoa das Furnas e na Mata do Dr. Fraga, na Maia.<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-90984797052987238192024-02-20T08:05:00.000-08:002024-02-20T08:05:28.434-08:00Alice Moderno, Fédora Miranda e a SMPA<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYXcOUd19l06C29ElsuIe_xRQ06OTAtDm9jqF9VaFIq9Zwd0Zdj_RxkC4NqtPbjr09-RizvBREOnEzbTJAWK3dCNrLOEtShKIgaClN4RikR89OjVNkQKog0oyyN_-qaTGe9Oo_tQNS0xZ-gZJxEgh-UzFwQuMW4uvFEDE2Ug933HqTSrGPQYs0YFowTyo/s3531/Fedora%20Miranda%20SMPA%20Revista%20os%20A%C3%A7ores%20n%C2%BA%205%20segunda%20s%C3%A9rie%20Maio%20de%201928.tif" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="3531" data-original-width="2513" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjYXcOUd19l06C29ElsuIe_xRQ06OTAtDm9jqF9VaFIq9Zwd0Zdj_RxkC4NqtPbjr09-RizvBREOnEzbTJAWK3dCNrLOEtShKIgaClN4RikR89OjVNkQKog0oyyN_-qaTGe9Oo_tQNS0xZ-gZJxEgh-UzFwQuMW4uvFEDE2Ug933HqTSrGPQYs0YFowTyo/s600/Fedora%20Miranda%20SMPA%20Revista%20os%20A%C3%A7ores%20n%C2%BA%205%20segunda%20s%C3%A9rie%20Maio%20de%201928.tif"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKV-LlHzhPwPw5RW0NPM-hBleavZ7_7QCm2dEybphOvWDlH7Ztk3T6iTwYfkra8ZFCugiYnWjMb4SyazRBzmhigcshk7FR22nMwq8r5Fbe_g7LiPh0cBee1irKe8Stnvss4gj-FyWpWb7PONpmwQraSh8FAGJxa8X95U289NGDeDtofaOvq3u6TzwyFz0/s960/Alice%20Moderno%2018%20de%20dezembro%20de%202017.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="960" data-original-width="678" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEiKV-LlHzhPwPw5RW0NPM-hBleavZ7_7QCm2dEybphOvWDlH7Ztk3T6iTwYfkra8ZFCugiYnWjMb4SyazRBzmhigcshk7FR22nMwq8r5Fbe_g7LiPh0cBee1irKe8Stnvss4gj-FyWpWb7PONpmwQraSh8FAGJxa8X95U289NGDeDtofaOvq3u6TzwyFz0/s600/Alice%20Moderno%2018%20de%20dezembro%20de%202017.jpg"/></a></div>
<br/>Alice Moderno, Fédora Miranda e a SMPA<br/>
<br/>Na sequência da morte de Alice Moderno a 20 de fevereiro de 1946, a SMPA-Sociedade Micaelense Protetora dos Animais foi forçada a procurar uma substituta, o que veio a acontecer quase um ano depois. <br/>
<br/>Foi Fédora Miranda, quem teve a honra de a substituir, tendo com a sua equipa implementado um conjunto de iniciativas dignas de registo.<br/>
<br/>Embora, longe de estar completa, decidimos publicar hoje, quando se registam 48 anos após a morte de Alice Moderno.<br/>
<br/>1947<br/>
<br/>A 9 de fevereiro de 1947, a eleição de Fédora Miranda foi saudada pelo jornal “Açores” nos seguintes termos: “Significa isto que o abnegado espírito de D. Alice Moderno continua a presidir aos destinos da nossa utilíssima instituição, inspirando, a cada passo, a generosa actividade dos seus membros.”<br/>
<br/>No mesmo jornal, Fédora Miranda comunicou a intensão da realização de uma exposição de animais, onde para além de serem atribuídos valiosos prémios, seriam louvadas as pessoas que haviam demonstrado carinho pelos animais. Na ocasião também referiu que a Junta Geral estava a ultimar os trabalhos para a construção do Hospital Alice Moderno.<br/>
<br/>A 14 de fevereiro de 1947, o jornal “Açores” publica uma reportagem sobre a Assembleia Geral da SMPA realizada no passado dia 11 daquele mês, onde foram eleitos os órgãos sociais daquela sociedade. Para além de Fédora Miranda, eleita presidente da direção, foram eleitos, entre outros, Manuel da Silva Carreiro, como presidente do Conselho Fiscal, Jacinto Inácio Silveira de Andrade Albuquerque Gago da Câmara, como presidente da Assembleia Geral, Lúcio Miranda, como vice-presidente da Assembleia Geral e Margarida Vitória Borges de Sousa Jácome Correia, como primeira pessoa da lista dos membros do Júri.<br/>
<br/>Na Assembleia Geral, Fédora Miranda, depois de ter afirmado que havia sido convidada em junho de 1946 para assumir a presidência da SMPA e que tinha receado por achar que podia “não reunir as qualidades necessárias para a [Alice Moderno] substituir, visto ser uma modesta dona de casa, vivendo apenas para o meu lar e para os meus filhos, afirmou que decidiu aceitar por ser sensível à “causa dos animais, nossos irmãos inferiores e nossos amigos leais e delicados.”<br/>
<br/>1948<br/>
<br/>De acordo com notícia publicada no “Açores”, de 14 de novembro de 1948, o Hospital Alice Moderno havia colhido uma cadela doente na Rua do Carvão. A cadela estava à disposição do dono que teria de pagar as despesas de tratamento. <br/>
<br/>1949<br/>
<br/>Segundo nota publicada no “Açores”, de 13 de novembro de 1949, a SMPA promoveu uma fiscalização, onde foram atuados, por transgressão às regras do uso do aguilhão, dois condutores naturais do concelho da Ribeira Grande.<br/>
<br/>1950<br/>
<br/>O pessoal do Hospital Alice Moderno, a pedido da PSP, recolheu na Rua do Mercado um cão que havia sido atropelado por uma caminheta de carga, anuncia o “Açores”, no dia 2 de abril. Mais informa que o mesmo ficaria no hospital à disposição do dono.<br/>
<br/>A 13 de maio de 1950, o “Açores” anuncia que a SMPA tem à sua guarda dois cães encontrados na ruas de Ponta Delgada e que aguarda o aparecimento dos respetivos donos.<br/>
<br/>A 18 de outubro de 1950, a SMPA anuncia, no “Açores”, que tem tomado medidas para evitar o excesso de carga e a crueldade para com os animais que transportam beterraba, que denunciou a morte de um cão por negligência e o ferimento de outro. Além disso a direção da Sociedade apelou para que os donos tirassem a licença camarária dos cães e chamou a atenção dos proprietários da carroças de carneiro para o facto de não ser permito transportar nas mesmas crianças após os 5 anos de idade e carga até 30 kg.<br/>
<br/>1951<br/>
<br/>Fédora Miranda, no dia 11 de junho de 1951, na sua qualidade de presidente da Sociedade Micaelense Protetora dos Animais presidiu ao júri de um concurso de cães, realizado no âmbito de uma Exposição/Concurso Pecuário.<br/>
<br/>1953<br/>
<br/>No dia 1 de março de 1953, a SMPA denunciou o facto de alguns proprietários de carneiros estarem a usá-los para transporte de adultos e de cargas superiores a trinta quilogramas, o que era proibido por postura municipal e punido com multa elevada.<br/>
<br/>1954<br/>
<br/>A 22 de agosto de 1954, o jornal “Açores” anuncia que Fédora Miranda, tendo-se ausentado em vilegiatura, todos os assuntos relativos à SMPA passavam a ser tratados como encarregado da secretaria Fernando Soares, na Rua da Vila Nova, 111.<br/>
<br/>20 de fevereiro de 2024<br/>
<br/>Teófilo Braga<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-79194870650978037252024-02-17T00:10:00.000-08:002024-02-17T00:10:17.134-08:00Uva-da-serra<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2_2jqACLWZyGSO7U1uE2v3hCJgDagC-cvcvkAlLBi4eoauWsdReXZqU-PPMKe4kapWmBsN2UkH_fFXilqizPk7ieWhA5eaGb9ROvvTI70l_xM1xLseo8ZotoM7JO2oEvLkEaeAYbm32byEwsIexn-a8v5snKu6wC8bYZpy-9oJFuWIhDF11Hs2L2-qi4/s1280/Uva%20da%20Serra%20Monte%20Escuro%20Lombadas%2013-9-2003.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="960" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEg2_2jqACLWZyGSO7U1uE2v3hCJgDagC-cvcvkAlLBi4eoauWsdReXZqU-PPMKe4kapWmBsN2UkH_fFXilqizPk7ieWhA5eaGb9ROvvTI70l_xM1xLseo8ZotoM7JO2oEvLkEaeAYbm32byEwsIexn-a8v5snKu6wC8bYZpy-9oJFuWIhDF11Hs2L2-qi4/s600/Uva%20da%20Serra%20Monte%20Escuro%20Lombadas%2013-9-2003.jpg"/></a></div>
<br/>Uva-da-serra<br/>
<br/>O cronista Gaspar Frutuoso por várias vezes mencionou a presença da uva-da-serra em várias ilhas dos Açores.<br/>
<br/>No capítulo II, do livro IV das Saudades da Terra, Frutuoso, ao escrever sobre uma mulher que andou fugida na ilha de São Miguel registou o seguinte:<br/>
<br/>“…se foi por um escalvado até uma ribeira da banda norte, onde depois a foram achar uns homens, que pelo mesmo caminho a buscaram, e achando-a muito disforme, negra e descorada, por lhe faltarem os mantimentos, e não comer senão alguma fruta da serra, que chamam romania, e por outro nome uvas de serra, de que em toda a parte desta ilha há muita quantidade, e lapas, junto do mar, ou algum outro marisco, à ribeira lhe puseram nome a ribeira da Mulher, como hoje em dia se chama.”<br/>
<br/>O mesmo autor quando tratou da ilha do Faial, no livro VI das Saudades da Terra, escreveu que a romania “dá umas uvas pretas como mortinhos que chamam uva-da-serra que muitas pessoas comem por terem o gosto acre e aprazível.”<br/>
<br/>A uva-da-serra, romania, uva-do-mato, uva-do-monte, uveira (Vaccinium cylindraceum Sm.) é um arbusto ou pequena árvore, da família Ericaceae, endémica dos Açores, existindo em todas as ilhas, exceto na Graciosa.<br/>
<br/>A uva-da-serra, é uma planta semicaducifólia que pode atingir 5 metros de altura, com folhas alongadas, serrilhadas e agudas na ponta, sendo verdes e tornando-se avermelhadas no outono. Apresenta as suas flores agrupadas em cachos de 10-20, cor-de-rosa ou brancas, sendo visíveis nos meses de maio, junho e julho. Os frutos são pseudo-bagas, primeiro verdes e depois negras quando maduras.<br/>
<br/>A uva-da-serra prefere locais húmidos e pouco expostos, preferencialmente entre os 300 e os 1300 m de altitude.<br/>
<br/>Em 1950, no BCRCAA, nº 11, o tenente-coronel José Agostinho já alçertava para a escassez da uva-da-serra nalgumas ilhas, nos seguintes termos: “Nas outras ilhas vai-se defendendo da perseguição do homem e das vacas, muito gulosas da sua folhagem (…) albergando-se em encostas inacessíveis das grotas, ou no interior dos matos pouco frequentados.”<br/>
<br/>Drouet (1861) escreveu que com os frutos se fazem geleias e que a madeira serve para o fabrico do carvão. Dez anos depois, Accurcio Garcia Ramos (1871) apenas referiu que a sua madeira era usada para o fabrico de carvão.<br/>
<br/>O Dr. Francisco Carreiro da Costa (1949) no número 10 do Boletim da Comissão Reguladora do Arquipélago dos Açores, depois de escrever que “os pastores recorrem a ela ainda nos nossos dias para lhe comerem os frutos, quando maduros, apesar de ácidos e adstringentes”, menciona o uso da uva da serra nos seguintes termos:<br/>
<br/>“Fruto silvestre que tem sido, no decorrer dos tempos, saboreado pelos pastores e gente pobre das nossas ilhas, ainda há pouco, por ocasião da última guerra, dele fizeram aguardente nalgumas ilhas, designadamente em São Jorge, onde o produto obtido em nada, ao que parece se mostrou inferior à aguardente que se tem feito, em São Miguel, de ananás, e, em quase todas as ilhas, de nêspera.<br/>
<br/>Em presença desta ocorrência de que se obtiveram os melhores resultados, perguntámos nós: Estará a romania, posto que silvestre, um fruto com algum futuro industrial e, por consequência, com vantagens económicas para as populações rurais açorianas?”<br/>
<br/>Sendo uma das plantas mais bonitas da flora endémica dos Açores, sobretudo no período de floração e no outono, seria de todo o interesse usá-la para fins ornamentais, em locais altos e húmidos.<br/>
<br/>Teófilo Braga<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-81259614677891907532024-02-15T06:31:00.000-08:002024-02-15T06:31:56.160-08:00Feto-real<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl9ULH8tOhV4eD-3LSa-xTC6tCpKVKkrpWIwKcwZjYvwUXNxdsQGDlr3Z2L4zkCYvtPQFPgBiokabx8qaypkWHkFxKwg_ggUQq80G07e82QaF7XlsTXCrLDk8nZ-OFkRnOcAsxZEAvuAjTbfnJQRQ6StZ9r55VTajviBHCXS8xz_qnkPgwv0MFY6067-8/s1280/Feto-real%20-%20Osmunda%20regalis%20L..jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="960" data-original-width="1280" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgl9ULH8tOhV4eD-3LSa-xTC6tCpKVKkrpWIwKcwZjYvwUXNxdsQGDlr3Z2L4zkCYvtPQFPgBiokabx8qaypkWHkFxKwg_ggUQq80G07e82QaF7XlsTXCrLDk8nZ-OFkRnOcAsxZEAvuAjTbfnJQRQ6StZ9r55VTajviBHCXS8xz_qnkPgwv0MFY6067-8/s600/Feto-real%20-%20Osmunda%20regalis%20L..jpg"/></a></div>
<br/>Feto-real<br/>
<br/>Embora alguns autores árabes e medievais europeus já tivessem escrito sobre o feto-real, o seu conhecimento científico não é recente, sendo a referência mais antiga a do médico e botânico alemão Valerius Cordus no seu livro “Historia Plantarum”.<br/>
<br/>O feto-real ou feto-de-flor (Osmunda regalis L.) é uma planta perene, pertencente à família Osmundaceae, nativa dos Açores que pode atingir 1,5 m de altura, com frondes largas verde-claras. Apresenta esporângios na extremidade das folhas férteis e os esporos são verdes.<br/>
<br/>O feto-real encontra-se espalhado por quase todo o mundo, em regiões temperadas e tropicais. Nos Açores existe em todas as ilhas, sendo, segundo Rui Elias (2022), raro em Santa Maria, muito raro na Graciosa e muito frequente nas Flores.<br/>
<br/>O feto-real prefere locais húmidos e abrigados, sendo comum nas margens de algumas lagoas como, por exemplo a Lagoa do Canário, na Serra Devassa, na ilha de São Miguel. Encontra-se, geralmente entre os 500 e os 1000 me de altitude.<br/>
<br/>Desconhece-se a partir de que continente o feto-real chegou aos Açores, nem como terá cá chegado. Poderá ter sido por ação do vento ou por intermédio das aves migratórias.<br/>
<br/>Sobre o feto-real, o Padre Ernesto Ferreira, no seu livro “A Alma do Povo Micaelense”, editado pela primeira vez em1927, escreveu o seguinte: <br/>
<br/>“O feito de Sam João (Em Portugal chamam-lhe feto real. É a espécie Osmunda regalis. Em Sam Miguel dizem geralmente feito em logar de féto.) também produz, na noite do austero Precursor, uma lindíssima flôr. Que ninguém jamais viu, mas que daria riquezas imensas a quem pudesse apanha-la. Consegui-lo-ia facilmente um padre indo, á meia-noite, paramentado como para celebrar missa.”<br/>
<br/>Em França, de acordo com o livro “Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais”, em alguns meios rurais era habitual encher os “colchões das camas de crianças débeis e dos doentes de reumatismo” com as frondes do feto-real.<br/>
<br/>Rosette Fernandes (1980), depois de afirmar que desconhecia o seu uso nos Açores, escreveu o seguinte:<br/>
<br/>“Em vários países da Europa é apreciada como planta ornamental e, mesta qualidade, várias formas têm sido obtidas por horticultores. Estes utilizam também muito o rizoma (juntamente com as bases envolventes das folhas velhas) para o cultivo de orquídeas, sendo tão procurada para esse fim que nalgumas localizadas já quase desapareceu. O rizoma, rico em amido, era outrora empregado para o engomamento (…). Finalmente, os médicos antigos usavam o rizoma em medicina e, segundo as várias aplicações indicadas (…) tais como tratamento de cólicas, “descentes”, obstruções do baço, feridas, contusões, «ruptures», «tachite» (raquitismo?), o remédio era quase panaceia universal.”<br/>
<br/>A maioria dos autores consultados não refere qualquer aproveitamento do feto-real nos Açores, contudo Yolanda Corsépius (1986) menciona o seu uso na medicina popular. Assim, segundo ela a planta possui as seguintes propriedades e indicações: “diurética-litíase renal e biliar; anti-inflamatória- contusões e equimoses.” A autora refere, ainda, que a planta é usada interna e externamente, sendo usado o rizoma seco.<br/>
<br/>Para o uso externo o modo de preparar é o seguinte: “50-60 g de água em decocção durante 15 min. Aplica-se em compressas.”<br/>
<br/>Embora já possa ser encontrado em vários jardins, como o Jardim José do Canto, em Ponta Delgada, esta planta merecia ser muito mais utilizada como ornamental nos Açores.<br/>
<br/>Teófilo Braga<br/>Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-33615980609369312592024-02-13T23:31:00.000-08:002024-02-13T23:31:18.360-08:00Açucena<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5AqStZvihMHf7-Ux-XeOjNJ87M7B_LhGpyOCenbAXq4U5XxXRcv2ZMXsyYcpRf0ziKt-lw4dv0Pujjqrz-3YpYKRuPkLIJCQvWuwPIDd6c1Pj6_MHVJIDVena-Ly5ILjoTSBfkWyrhFPuuk9zbAmWyLGAtmu_cihdAZR1O5WM7hw-XU3aJHzvfvnFw0/s1776/A%C3%A7ucena%2073%20flores%20ano%202000%20Jo%C3%A3o%20Paulo.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="1172" data-original-width="1776" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgm5AqStZvihMHf7-Ux-XeOjNJ87M7B_LhGpyOCenbAXq4U5XxXRcv2ZMXsyYcpRf0ziKt-lw4dv0Pujjqrz-3YpYKRuPkLIJCQvWuwPIDd6c1Pj6_MHVJIDVena-Ly5ILjoTSBfkWyrhFPuuk9zbAmWyLGAtmu_cihdAZR1O5WM7hw-XU3aJHzvfvnFw0/s600/A%C3%A7ucena%2073%20flores%20ano%202000%20Jo%C3%A3o%20Paulo.jpg"/></a></div>
<br/>Açucena<br/>
<br/>A açucena (Lilium longiflorum Thunb.) é uma planta pertencente à família Liliaceae, oriunda do Japão e de Taiwan, mas que desde há muitos anos passou a ser cultivada em várias partes do mundo, tendo chegado a Inglaterra, em 1819, através de Carl Peter Thunberg, explorador, naturalista e botânico sueco.<br/>
<br/>Tal como muitas outras plantas não podemos indicar com precisão a data nem o nome de quem introduziu a açucena nos Açores, mas a açucena já fazia parte das plantas existentes na primavera de 1856, no Jardim de José do Canto, em Ponta Delgada, que havia sido criado 10 anos antes.<br/>
<br/>A açucena é uma herbácea ereta que pode atingir de 40 cm a cerca de 1 metro de altura. Apresenta folhas verdes lanceoladas e brilhantes e flores grandes brancas em forma de trombeta que surgem no verão.<br/>
<br/>Também conhecida como lírio-japonês, devido à sua origem, a açucena é tal como a rosa uma das mais apreciadas plantas ornamentais, sendo cultivada em filas ao longo de caminhos, muros, paredes, etc. ou em maciços.<br/>
<br/>A açucena já foi cultivada, nos Açores, com fins económicos, como se pode depreender de um anúncio publicado no jornal “A Folha”, fundado e dirigido pela feminista e defensora dos Animais Alice Moderno:<br/>
<br/>AÇUCENAS<br/>
<br/>Alice Moderno encarrega-se de exportar<br/>
<br/>açucenas para New York.<br/>
<br/>Fornece todas as informações<br/>
<br/>Rua do Castilho nº 1<br/>
<br/>Ponta Delgada<br/>
<br/>De acordo com um texto publicado no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 10, publicado em 1949, da autoria do Dr. António da Silveira Vicente, professor do Liceu de Antero de Quental e produtor de açucenas, em São Miguel cultivavam-se duas variedades a “Formosum” e a “Harrisii”.<br/>
<br/>De acordo com a mesma fonte, a plantação de açucenas deve ocorrer na primeira quinzena de outubro, sendo os bolbos colocados a uma distância de 20 a 25 cm e a colheita deve ser feita no final de julho ou início de agosto.<br/>
<br/>A beleza das suas flores faz com que a açucena seja muito usada para ornamentação das casas de muitos açorianos e é a flor rainha na ornamentação em algumas festividades religiosas que ocorrem em todas as ilhas dos Açores.<br/>
<br/>Na minha infância e juventude, lembro-me sempre de ver no meu quintal e em algumas terras que meu pai cultivava, nomeadamente na Courela, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, pelo menos um rego de açucenas que serviam para ornamentar a casa de meus pais e de alguns familiares ou para oferecer aos mordomos do Espírito Santo.<br/>
<br/>A açucena é alvo da escrita de vários autores. Por assemelhar a várias quadras da cultura popular açoriana, transcrevo uma da brasileira, recolhida por João Simões Lopes Neto:<br/>
<br/>Açucena quando nasce,<br/>
<br/>Arrebenta pelo pé:<br/>
<br/>Assim arrebenta a língua<br/>
<br/>De quem diz o que não é.<br/>
<br/>Teófilo Braga<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-85300142323929941372024-02-12T07:14:00.000-08:002024-02-12T07:14:09.980-08:00Perrexil<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij4_QE9IOVCP6WaUXnh1ztClVvnnyjyzKTuKtIKqgy-2yJbgiz3rj1zRGjkao7cmr99PN9Tovr-Xu3k5BwOhJcHvs_JtEwhzPuQhMypJO1JOHqlQwEFTMQdne4X7u8JYeUQb-0iSd9vu2mdVRDWxWhg5jNHh-1nEWqCSUzjx5sKu0y6pZmRG7hgP_Cv38/s1280/perrexil%202%2029-7-2004.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="1280" data-original-width="960" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEij4_QE9IOVCP6WaUXnh1ztClVvnnyjyzKTuKtIKqgy-2yJbgiz3rj1zRGjkao7cmr99PN9Tovr-Xu3k5BwOhJcHvs_JtEwhzPuQhMypJO1JOHqlQwEFTMQdne4X7u8JYeUQb-0iSd9vu2mdVRDWxWhg5jNHh-1nEWqCSUzjx5sKu0y6pZmRG7hgP_Cv38/s600/perrexil%202%2029-7-2004.jpg"/></a></div>
<br/>Perrexil<br/>
<br/>O perrexil, perrexil-do-mar ou funcho-do- mar (Crithmum maritimum L.) é uma planta da família Apiaceae, nativa das costas do mar Mediterrâneo e do Atlântico europeu, das Canárias, da Madeira e dos Açores, existindo em todas as ilhas açorianas.<br/>
<br/>
O perrexil é uma planta herbácea de porte pequeno, podendo atingir 50 cm. E uma planta suculenta com folhas carnudas, lanceoladas e acinzentadas. As flores apresentam-se em umbelas terminais com pétalas verde-amareladas. Os frutos são ovoides amarelados.<br/>
<br/>O perrexil encontra-se preferencialmente em zonas supralitorais rochosas, geralmente até aos 20 m de altitude.<br/>
<br/>Utilizado desde os primeiros tempos do povoamento dos Açores, Gaspar Frutuoso no capítulo XLII do livro IV das Saudades da Terra, ao descrever o litoral da Lagoa, ilha de São Miguel, fez referência ao perrexil nos seguintes termos: <br/>
<br/>Deste lugar donde saíram os franceses a dois tiros de besta, correndo a costa direita, está uma pequena ponta que por ser alta se chama o Muimento, onde há muito perrexil; <br/>…
<br/>Indo dali para loeste, está o biscoutal grande, em comparação dos outros pequenos, seus vizinhos, que terá légua de comprido por aquela costa, toda de pedra de biscouto seco e raso, com o mar, sem rocha nenhuma alta, onde se acha muito perrexil, agradável e apetitoso manjar para enjoados e famintos no mar, e fartos e enfastiados na terra; e pela banda da terra, vinhas e pomares ornados com quintas e casas alvas, antre sua fresca verdura, com que fica todo aquele sítio muito aprazível à vista de quem o vê e muito mais deleitoso a quem o goza.<br/>
<br/>Durante as navegações já se conheciam as propriedades curativas do perrexil de modo que a planta era usada para combater o escorbuto.<br/>
<br/>De acordo com o médico Acúrcio Garcia Ramos, no seu livro “Noticia do Archipelago dos Açores e do que ha mais importante na sua história natural”, publicado em 1871, costumava “servir-se nas mesas em conserva de vinagre”.<br/>
<br/>Em 1884, António Borges do Canto Moniz, ao escrever sobre a flora e fauna da ilha Graciosa faz referência ao perrexil nos seguintes termos: “encontra-se grande abundância d’esta planta nas rochas e vinhas próximas do mar, e d’ella fazem os graciosenses apreciável conserva.”<br/>
<br/>Na página “Produtos Tradicionais Portugueses” da Direção-Geral de Agricultura e Desenvolvimento Rural, apresenta o modo de preparar o perrexil para uso na alimentação: <br/>
<br/>“Ingredientes utilizados: Perrexil; cebolinha; pimento vermelho; sal e vinagre.<br/>
<br/>Modo de preparação: Separar a flor da planta, deixando somente as folhas a reservar. Lavar as folhas, mergulhando-as em água por algum tempo para lhes retirar alguma sujidade e reservar. Descascar a cebolinha e reservar; cortar o pimento em tiras finas e reservar. Preparar os recipientes para conserva (frascos). Escorrer as folhas do excesso de água, e separá-las em pequenos galhos com três ou quatro folhas cada e reservar. Colocar os galhos dentro dos frascos, adicionar a cebolinha e o pimento vermelho, borrifar com um salpico de sal grosso. Encher os frascos com vinagre de vinho e fechar. O curtume está pronto a consumir quando a planta atingir a tonalidade verde azeitona, ou seja, um verde desmaiado, o que acontece entre os 15 e 30 dias, mínimo/máximo; retirar do recipiente e passar por água corrente.” (https://tradicional.dgadr.gov.pt/pt/)<br/>
<br/>O Dr. Oliveira Feijão, no livro “Medicina pelas Plantas” refere o uso das “folhas frescas em infuso ou cozimento…como diuréticas (gota, hidropisias, etc.)”.<br/>
<br/>Teófilo Braga<br/> Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-70980923761930253062024-02-10T05:31:00.000-08:002024-02-10T05:31:55.661-08:00Ginco<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM2EHDjpnxNmg855ozY69As7ZcwNkfXCPWP_w_PqLB8IE39OgxCcn1gm3XmalKEHwG-x2AncSoEX6VnjBIiZe27l7-5IsYo5xY3hYDjjJJ6NjZHVhlB7bhXbwCkqOxV-zMXHnrWihfOcmReioPeWerZ78MRhOahpAZdljf9iiq33Sob4cvgydBStfImwg/s3614/20230905_091646.jpg" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="3614" data-original-width="2752" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjM2EHDjpnxNmg855ozY69As7ZcwNkfXCPWP_w_PqLB8IE39OgxCcn1gm3XmalKEHwG-x2AncSoEX6VnjBIiZe27l7-5IsYo5xY3hYDjjJJ6NjZHVhlB7bhXbwCkqOxV-zMXHnrWihfOcmReioPeWerZ78MRhOahpAZdljf9iiq33Sob4cvgydBStfImwg/s600/20230905_091646.jpg"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOcZ9lcLN_czj7z9Na7VMhfDr7HNB26IRXXGlJ2dSzImrSDUfxD9wHnBRuiE_BbUhBJaj3kpOtODdbA0GGk5oXe7ZrRrp4Coovs6h0XxBt1PLlPAjp5HHQ6HnVUZdePvvRz8txfrzqcjNlQ6KT9uLpLj18y7JmNJ3iEDPU0CSPrgoR7W-BnrrMlOaScgg/s4320/ginco%201.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="3240" data-original-width="4320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEgOcZ9lcLN_czj7z9Na7VMhfDr7HNB26IRXXGlJ2dSzImrSDUfxD9wHnBRuiE_BbUhBJaj3kpOtODdbA0GGk5oXe7ZrRrp4Coovs6h0XxBt1PLlPAjp5HHQ6HnVUZdePvvRz8txfrzqcjNlQ6KT9uLpLj18y7JmNJ3iEDPU0CSPrgoR7W-BnrrMlOaScgg/s600/ginco%201.JPG"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi13wCKs50KyeDuN6nJpDNzGa5tTFxgimnj-q9BYG5U5JEjlRDy1AsKyy68s7jK-ucpvXxgP_6NuEkaK-aW7mwgIETPcX7utb1iThiObP0DRrypalqYKxxC8xa8Md7yFDnYtmcH938hTuiFe5xtVm7kcUp48fwrihWnGtST5K-Mx-R5oR7n_LWgsbOzWkE/s2592/Ginko%20Alamedas%20dos%20gincos.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="2592" data-original-width="1944" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi13wCKs50KyeDuN6nJpDNzGa5tTFxgimnj-q9BYG5U5JEjlRDy1AsKyy68s7jK-ucpvXxgP_6NuEkaK-aW7mwgIETPcX7utb1iThiObP0DRrypalqYKxxC8xa8Md7yFDnYtmcH938hTuiFe5xtVm7kcUp48fwrihWnGtST5K-Mx-R5oR7n_LWgsbOzWkE/s600/Ginko%20Alamedas%20dos%20gincos.JPG"/></a></div>
<br/>Ginco<br/>
<br/>O ginco ou nogueira-do-japão (Ginkgo biloba L.) é uma espécie caducifólia, pertencente à família Ginkgoaceae, oriunda da China que é considerada um fóssil vivo, pois é contemporânea dos dinossauros.<br/>
<br/>O ginco é também conhecido como a árvore de Hiroxima, pois um exemplar da espécie sobreviveu à explosão atómica ocorrida naquela cidade japonesa em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, numa altura em que a Alemanha já estava derrotada, a Itália já se havia rendido e Hitler e Mussolini, já se encontravam no Inferno a pagar pelos seus pecados. Apenas restava o Japão que ainda resistia, mas já estava de joelhos.<br/>
<br/>Pelas 8 horas e 15 minutos do dia 6 de agosto um avião dos Estados Unidos lançou uma ogiva secreta, cujo resultado, segundo Ireneu Gomes, foi a morte de 78 150 pessoas só no primeiro segundo após a detonação da bomba, 13 983 desaparecidos e 130 mil pessoas mortas, ao longo dos anos, vítimas da radiação. <br/>
<br/>O ginco foi dado a conhecer ao ocidente através do médico e botânico alemão Engelbert Kaempfer que foi quem primeiro descreveu a espécie e possivelmente a introduziu na Europa. <br/>
<br/>Em Portugal continental é cultivada em Parques e Jardins, sobretudo no Norte e Centro, destacando-se pelo seu porte um exemplar existente no Parque das Virtudes, na cidade do Porto.<br/>
<br/>Não possuindo dados para afirmar quem e quando terá sido introduzido o ginco nos Açores, sabe-se que a espécie já existia na primavera de 1856 no Jardim José do Canto.<br/>
<br/>Nos Açores surge, também em vários parques e jardins públicos e privados, sendo na ilha de São Miguel possível a sua observação no Jardim do Palácio de Santana, no Pinhal da Paz, no Jardim da Universidade, no Jardim da Escola Secundária das Laranjeiras, no Parque Terra Nostra, no Viveiro Florestal das Furnas, no Jardim do Piquinho, nas Furnas, na Mata-Jardim José do Canto-Lagoa das Furnas e na Mata do Dr. Fraga, na freguesia da Maia e nos espaços ajardinados da Fábrica de Chá da Gorreana.<br/>
<br/>O geógrafo madeirense Raimundo Quintal, num texto intitulado “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, defendeu que fosse classificado como de interesse público o conjunto de gincos da Alameda dos Gincos do Parque Terra Nostra.<br/>
<br/>O ginco é uma árvore dioica que, em média, atinge os 40 m de altura e que apresenta uma copa cónica ou piramidal. O seu ritidoma é espesso e fendido e apresenta uma coloração castanho-acinzentado. As suas folhas são flabeliformes, podendo ser inteiras ou bilobadas, de cor verde-claro, tornando-se douradas no outono. O período de floração ocorre no mês de maio. Não produz frutos, mas apenas sementes globosas por vezes ovoides que amarelecem com uma pruína acinzentada.<br/>
<br/>O ginco foi considerado uma árvore sagrada. Na China e no Japão é plantado próximo de templos ou no lugar de templos desaparecidos.<br/>
<br/>Devido à sua grande resistência à poluição, o ginco é muito usado como planta ornamental em arruamentos. A sua madeira é usada na construção de móveis, o seu ritidoma é utilizado para curtimentas e os “frutos” são usados na alimentação e com fins medicinais. As folhas também são utilizadas para fins medicinais.<br/>
<br/>Embora haja algumas dúvidas acerca de alguns efeitos benéficos do uso do ginco, vários autores consideram que o mesmo pode melhorar o rendimento cerebral e a concentração, evitar a perda de memória, combater a ansiedade e a depressão, regular a tensão arterial, etc.<br/>
<br/>Sobre os usos etnomédicos e médicos do ginco, Cunha, Sila e Roque, no livro “Plantas e produtos vegetais em fitoterapia”, publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian escrevem o seguinte: <br/>
<br/>“Em casos de diminuição do rendimento intelectual. Perda da memória, zumbidos, dores de cabeça e ansiedade devido a insuficiência vascular cerebral dos idosos. Claudicação intermitente. Demência senil tipo Alzheimer. Prevenção da arteriosclerose e da formação de trombos. Útil em cardiopatias isquémicas e na diabetes mellitus nomeadamente nas complicações vasculares.”<br/>
<br/>Teófilo Braga<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-88365904026788459622024-02-08T23:04:00.000-08:002024-02-08T23:06:15.784-08:00Marmeleiro<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD3QxJkGhzUxwzMw9abeKXdsd4feVSyqMphSLIUg1B8BlBE1Of9_DHFFEdGJHmZAnV3_zDTuRLZTaFQMSWQFm70KQ7m7po-4u19ssexuKz-sJU1hCdgTGeatloIVAy0jCERQkn7EwLNbFMtyOy6IZCLIjLRgOh_8llpDTiziXg8Ik8dKpMFSfOHcFBrx4/s4320/Marmeleiro%201.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="3240" data-original-width="4320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjD3QxJkGhzUxwzMw9abeKXdsd4feVSyqMphSLIUg1B8BlBE1Of9_DHFFEdGJHmZAnV3_zDTuRLZTaFQMSWQFm70KQ7m7po-4u19ssexuKz-sJU1hCdgTGeatloIVAy0jCERQkn7EwLNbFMtyOy6IZCLIjLRgOh_8llpDTiziXg8Ik8dKpMFSfOHcFBrx4/s600/Marmeleiro%201.JPG"/></a></div>
<br/>Marmeleiro<br/>
<br/>Os marmelos, que eram conhecidos pelos gregos pelo menos desde o século VII a. C., foram considerados como um dos frutos mais úteis, sendo utilizados na medicina popular devido à sua adstringência.<br/>
<br/>Em 1884, António Borges do Couto Moniz numa descrição que faz da ilha Graciosa menciona que naquela ilha existem muita abundância de marmeleiros, “que se exportam milhares de marmelos para as ilhas de S. Miguel e Terceira”.<br/>
<br/>O marmeleiro ou marmelo (Cydonia oblonga Mill.), pertencente à família Rosaceae, é uma planta originária do sudoeste e centro da Ásia, sendo cultivado em quase todo o mundo, especialmente em regiões de clima mediterrânico.<br/>
<br/>O marmeleiro chegou aos Açores nos primeiros anos do povoamento das ilhas, como se pode comprovar através da leitura das Saudades da Terra. Com efeito, ao descrever a costa sul da ilha de São Miguel, Gaspar Frutuoso, menciona a existência, em São Roque, de várias fruteiras:<br/>
<br/>“…porque tem um rico e grande pomar, com cento e sete grandes laranjeiras, todas arruadas por boa ordem, e um pinheiro de grande sombra e muitos limoeiros, limeiras, cidreiras e outras muitas fruteiras, de toda sorte de boa pomage, e diversas enxertias novamente feitas, pereiros, albricoqueiros, macieiras, marmeleiros, figueiras e amoreiras, tanta cópia que, do sobejo e podado, sustenta quase todo o ano a sua grande casa de lenha; grande vinha com seu lagar e casa; batatal, horta de toda a hortaliça, onde se criam muitos galipavos, patos e galinhas, em grande número;…”<br/>
<br/>Trata-se de uma árvore ou arbusto que pode atingir, em média, 4 m de altura, de folhas caducas e ovais e flores hermafroditas brancas ou ligeiramente cor-de-rosa. Os frutos são em forma aproximada de pera, de cor amarelo-dourado, quando maduros, e polpa áspera e muito aromática.<br/>
<br/>O marmeleiro, que pode ser plantado de outubro a março e prefere terras ricas e permeáveis, segundo Henrique de Barros e L. Quartim Graça, no seu livro “Árvores de Fruta”, multiplica-se “por mergulhia ou por meio de estacas que se obtêm os porta-enxertos para variedades de qualidade. No que diz respeito a podas, os mesmos autores escrevem o seguinte: “Deve ser muito moderada, não passando de simples limpeza no Inverno para equilíbrio e arejamento da copa que é muito ramificada.”<br/>
<br/>É cultivado para a produção de frutos que apesar de poderem ser comidos em fresco, devido à sua polpa áspera, é aconselhado o seu uso na preparação de compota ou marmelada.<br/>
<br/>Augusto Gomes no seu livro Cozinha Tradicional da Ilha Terceira apresenta a receita de “doce de marmelo” que a seguir se transcreve:<br/>
<br/>“Descascados os marmelos, pesam-se e deitam-se em água fria para não ficarem escuros, e em seguida cozem-se.
Depois de cozidos, ralam-se e vão ao lume em um tacho com o mesmo peso de açúcar, deitando-lhe um pouco de sal, e deixando ferver até atingir o ponto de rebuçado.”<br/>
<br/>Numa brochura publicada nos primeiros anos do século XX, da autoria de Rosa Maria, intitulada “Cem maneiras de fazer doces económicos”, a autora explica como fazer geleia de marmelo. Segundo ela:<br/>
<br/>” A geleia de marmelo aproveita-se sempre dos desperdícios dos marmelos quando se faz a marmelada.
Fervem-se as pevides, cascas e outros restos que ficaram na peneira, aproveitando a água que cozeu os marmelos. Depois de tudo bem fervido côa-se por um pano, mede-se depois e por cada medida de litro junta-se um quilo de açúcar; leva-se ao lume, estando pronta, logo que, deitando-se um pouco num pires e abrindo com um dedo o caminho, esse rasto permaneça”.<br/>
<br/>Entre outras utilizações, o Dr. Oliveira Feijão (1986) menciona o uso da “geleia de marmelo” como “alimento tónico e reconstituinte de crianças, convalescentes, doentes de peito, etc.”<br/>
<br/>Teófilo Braga <br/>Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3596833201116895917.post-65206394039146856732024-02-06T05:47:00.000-08:002024-02-06T05:47:41.386-08:00Costela-de-adão<div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtukXwo9rUgwdhVml07Ba4iAUQm7jPYB5oQpBwEASu6lzpcjWmR8SywAHQ3v0GkUtmcAxMazxAULiAJm_1LDdPPsUBkiKnH9fZ99L4nDwf81KdYt9jyNxPFNpu9zmAsp58pVfj0jPE3xjpb5ovCpEWowc8dwguy4caL1ea_yr0sdTTnfuJdH4RH1wy9EU/s4320/Monstera%20deliciosa%20aDSC01469.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" width="600" data-original-height="3240" data-original-width="4320" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjtukXwo9rUgwdhVml07Ba4iAUQm7jPYB5oQpBwEASu6lzpcjWmR8SywAHQ3v0GkUtmcAxMazxAULiAJm_1LDdPPsUBkiKnH9fZ99L4nDwf81KdYt9jyNxPFNpu9zmAsp58pVfj0jPE3xjpb5ovCpEWowc8dwguy4caL1ea_yr0sdTTnfuJdH4RH1wy9EU/s600/Monstera%20deliciosa%20aDSC01469.JPG"/></a></div><div class="separator" style="clear: both;"><a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi26mwabP-OpuMhG3nMP_yNdivdZF3yaiSrhRZ_A_W6uF-2BMvFfeY7O-YqCq9Vn818re7bcLT3IT45XQE44OFVeMOhiTvLDpQIr1DjO35VuSbk7_mMdNB3rDzpNhUzlVL-B4bj235r_nUaNqypekQ9gx1WXZ7YjUFj9nInZs_cwDYbtVGtwRnPG3AJj_E/s4320/Monstera%20deliciosa%20d.JPG" style="display: block; padding: 1em 0; text-align: center; "><img alt="" border="0" height="600" data-original-height="4320" data-original-width="3240" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEi26mwabP-OpuMhG3nMP_yNdivdZF3yaiSrhRZ_A_W6uF-2BMvFfeY7O-YqCq9Vn818re7bcLT3IT45XQE44OFVeMOhiTvLDpQIr1DjO35VuSbk7_mMdNB3rDzpNhUzlVL-B4bj235r_nUaNqypekQ9gx1WXZ7YjUFj9nInZs_cwDYbtVGtwRnPG3AJj_E/s600/Monstera%20deliciosa%20d.JPG"/></a></div>
<br/>Se é verdade que a costela-de-adão é uma planta ornamental muito conhecida entre nós não será menos verdade dizer que muito poucos conhecem o agradável sabor do seu fruto que para a princesa Isabel (1846-1921), filha do Imperador D. Pedro II do Brasil, era o melhor de todos.
<br/>
<br/>A costela-de-adão, banana-d’água, filodendro, banana-de-macaco ou fruto-delicioso, na Madeira (Monstera deliciosa Liebm.), é uma planta pertencente à família Araceae, nativa da América Central e cultivada em todo o mundo, sobretudo em regiões tropicais e temperadas.
<br/>
<br/>A designação científica da planta é explicada por João Santos Costa, na página Web da revista Jardins, do seguinte modo:
<br/>
<br/>“O epíteto específico do seu nome deliciosa significa “delicioso”, referindo-se objetivamente ao seu fruto comestível e enormemente apreciado por todo o mundo, sendo que o seu género, Monstera, tem origem na palavra latina com tradução de “monstruoso” ou “anormal” e refere-se às folhas incomuns com buracos naturais que os membros do género têm, chamadas tecnicamente fenestrações.” (https://revistajardins.pt/)
<br/>
<br/>A costela-de-adão é uma planta trepadeira, facilmente identificável pela forma e tamanho das suas folhas que são muito grandes, cordiformes, perfuradas e com longos pecíolos. O caule é lenhoso, podendo atingir até 3 m de comprimento. A suas flores, que surgem durante todo o ano, são esbranquiçadas e muito aromáticas. Os frutos são verdes, em forma de pinha alongada e quando maduros apresentam aroma a banana-ananás.
<br/>
<br/>Nos Açores, é cultivada ou encontra-se naturalizada no Faial, Flores, Graciosa, Pico e São Miguel, surgindo na floresta de incenso, ravinas, locais incultos, geralmente abaixo dos 300 m de altitude.
<br/>
<br/>O seu valor ornamental foi reconhecido por José do Canto que ao construir o seu jardim em Ponta Delgada, incluiu a costela-de-adão entre as plantas que lá colocou. Assim, em 1856, faziam parte da lista das plantas existentes naquele espaço a Monstera linnei e a Monstera pertusa.
<br/>
<br/>
Mais tarde, em 1868, os mesmos taxa faziam parte de uma lista de plantas, de José do Canto, multiplicadas em maior número, disponíveis para doação ou permuta.
<br/>
<br/>A costela-de-adão é muito usada como planta ornamental de interior e existe em vários jardins, tanto públicos como privados, como o Jardim António Borges ou o Jardim José do Canto, em Ponta Delgada.
<br/>
<br/>Os seus frutos quando bem maduros são comestíveis e muito deliciosos. Podem ser comidos frescos isoladamente ou em salada de frutas. Por conterem uma elevada percentagem de oxalato de cálcio os frutos verdes ou não completamente maduros não devem ser consumidos, pois podem provocar irritações na garganta.
<br/>
<br/>Yolanda Corsépius, no seu livro “Algumas Plantas Medicinais dos Açores”, na segunda edição, de maio de 1997, menciona o uso medicinal de 40 g das folhas secas, em decocção num litro de água durante 5 minutos. A mesma autora apresenta as seguintes recomendações: “Para se comer o polme do fruto- doce, carnudo e laxante- deve apanhar-se o fruto maduro e deixar que os discos da cobertura caiam espontaneamente. Come-se o polme com o auxílio de um garfo.”
<br/>
<br/>Vieira, Moura e Silva (2020) referem que as folhas e os frutos da costela-de-adão são usados medicinalmente, pois possuem as seguintes propriedades: antiartrítica, antirreumática e laxante.
<br/>
<br/>Teófilo Braga
<br/>
Bragahttp://www.blogger.com/profile/07778309764724969662noreply@blogger.com0