domingo, 10 de agosto de 2025

Nos 158 anos do nascimento de Alice Moderno

 


Alice Moderno – Uma voz de coragem e compaixão

Hoje assinala-se o aniversário do nascimento de Alice Moderno (1867-1946), figura ímpar da cultura e da sociedade açoriana e portuguesa. Escritora, jornalista, educadora e ativista, Alice Moderno destacou-se pela sua visão progressista e pela coragem em defender causas que, à época, eram consideradas ousadas e disruptivas.

No campo dos direitos das mulheres, foi pioneira ao reivindicar a igualdade de acesso à educação, à participação política e à independência económica. A sua voz, firme e lúcida, ecoou em jornais e conferências, inspirando gerações de mulheres a questionar papéis impostos e a lutar por um lugar de plena cidadania.

Alice Moderno não se limitou, contudo, à esfera dos direitos humanos. A sua sensibilidade estendeu-se também ao mundo animal, tornando-se uma das primeiras defensoras da proteção e bem-estar dos animais em Portugal. Fundou e apoiou associações dedicadas a esta causa, alertando para a necessidade de tratar todos os seres vivos com respeito e compaixão.

O seu legado permanece vivo, lembrando-nos que a justiça social e o cuidado com todas as formas de vida são inseparáveis. Celebrar Alice Moderno é celebrar a coragem de agir, a força de pensar livremente e a ternura de proteger os mais vulneráveis — humanos ou animais.

Açores, 11 de agosto de 2025

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

8 de agosto- Dia Internacional do Gato

 



8 de agosto- Dia Internacional do Gato

 

O dia 8 de agosto de cada ano é dedicado a homenagear os gatos, estes animais fascinantes e a sensibilizar para a importância do seu bem-estar. Criado pelo International Fund for Animal Welfare (IFAW) em 2002, o objetivo é chamar a atenção para a relação histórica entre humanos e gatos, promover a adoção responsável e incentivar cuidados adequados, enquanto se alerta para questões ambientais e de proteção animal.

 

Com a criação deste dia, pretende-se valorizar o papel dos gatos como animais de companhia, promover campanhas de adoção e esterilização para evitar o abandono e a sobrepopulação, sensibilizar para os direitos e necessidades destes animais e alertar para os impactos ambientais de populações de gatos não controladas.

Ter um gato em casa traz inúmeros benefícios, como:

·         Companhia e afeto – Apesar da sua fama de independentes, muitos gatos são extremamente carinhosos.

·         Redução de stress – Estudos mostram que interagir com gatos pode diminuir a ansiedade e baixar a pressão arterial.

·         Controle de pragas – Caçam pequenos insetos e roedores.

 

Contudo, os gatos domésticos com acesso livre ao exterior podem representar uma ameaça significativa para aves, pequenos mamíferos e répteis. Em várias regiões do mundo, são considerados uma das espécies invasoras mais prejudiciais para a biodiversidade. Por isso, é essencial, esterilizá-los para controlar a população e mantê-los dentro de casa ou em espaços seguros.

 

O Coletivo Alice Moderno, alerta para o facto de o abandono de animais srt um problema grave e cruel. Um gato doméstico depende do seu tutor para alimentação, abrigo, cuidados veterinários e carinho. Ao adotar, assume-se um compromisso para toda a vida.

 

O Coletivo Alice Moderno considera que o Dia Internacional do Gato é, acima de tudo, um convite para amar, proteger e respeitar estes pequenos felinos – e lembrar que o seu bem-estar está nas mãos de todos nós.

 

Açores, 8 de agosto de 2025

segunda-feira, 4 de agosto de 2025

Cipreste-dos-cemitérios

 


Cipreste-dos-cemitérios

 

O cipreste, cipreste-mediterrânico, cipreste-dos-cemitérios ou cipreste-comum (Cupressus sempervirens L.) é uma conífera perene da família Cupressaceae oriunda da região mediterrânica, sendo amplamente cultivada pelo seu valor ornamental, histórico e simbólico.

 

De acordo com alguns autores terá sido introduzido em Portugal pelos romanos, segundo outros terão sido os navegadores fenícios a trazê-lo a partir do Chipre e de Creta. No território de Portugal continental o cipreste passou a ser comum nos cemitérios desde meados do século XIX, como substituto do teixo (Taxus baccata).

 

O cipreste é uma árvore que pode atingir alturas entre 20 e 35 m, em média, e uma longevidade que pode viver 500 anos, existindo alguns exemplares com mais de mil.

 

As folhas são pequenas, em forma de escamas, de cor verde-escura. Os ramos crescem densamente ao longo do tronco e das extremidades, conferindo à árvore o seu aspeto compacto e adelgaçado.

 

As flores, que surgem na Primavera, são muito pequenas e amareladas, apresentando uma forma semelhante a uma pinha.

 

Os frutos, primeiro verdes e depois acinzentados são lenhosos, arredondados, com cerca de 2 a 4 cm de diâmetro, contendo sementes que podem permanecer viáveis durante vários anos.

 

A madeira do cipreste é aromática, resistente à humidade e à decomposição, sendo utilizada, em carpintaria e marcenaria, na construção de móveis, portas e arte sacra. Sobre o assunto, Félix (2025) escreveu o seguinte:

 

“Consta que os fenícios construíram com a minha madeira a armada com que navegaram até à costa portuguesa. As portas da original Basílica de São Paulo em Roma tiveram o meu ADN, por ordem de Constantino, o Grande. O ataúde interior  da urna do Papa João Paulo II é de madeira de cipreste.”

 

De acordo com Cunha, Silva e Roque (2003), com fins medicinais são usadas as “gálbulas não maduras [infrutescência (ou fruto, para alguns autores) subesférica, pequena, em regra lenhosa, com escamas peltadas], por vezes os rebentos recentes”. Sobre os usos etnomédicos e médicos, os autores referidos escreveram o seguinte: “… É tradicionalmente usado nas insuficiências venosas (varizes, tromboflebites) e na sintomatologia hemorroidal; como expectorante nas bronquites. Externamente, em úlceras varicosas, inflamações e nevralgias cutâneas ou osteoarticulares; o óleo essencial é usado, pela sua acção queratolítica, na eliminação das verrugas.”

 

Desconhece-se a data da chegada aos Açores nem o responsável pela sua introdução. Hoje, na ilha de São Miguel é possível encontrar ciprestes em vários jardins públicos e privados e em cemitérios, de que são exemplos o Jardim do Palácio de Santana e o Cemitério de São Joaquim, em Ponta Delgada.

 

Na ilha de São Miguel existem várias plantas da família Cupressaceae, que possui mais de 20 géneros e de 140 espécies. Do género Cupressus, no Jardim António Borges, em Ponta Delgada, pode ser encontrado o cedro-de-goa (Cupressus lusitanica Mill.), oriundo de uma região que vai do México até às Honduras, e o cedro-de-monterrey (Cupressus macrocarpa Hartw. X Gordon), nativo da Califórnia (EUA).

sexta-feira, 1 de agosto de 2025

Tipuana

 


Tipuana

 

A tipuana ou amendoim-acácia (Tipuana tipu (Benth.) Kuntze)) é uma árvore, da família Fabacae, oriunda da América do Sul (Argentina, Uruguai, Paraguai, Brasil e Bolívia), sendo comum nos Andes em altitudes que podem atingir 2 900 metros.

 

Desconhecemos quando e quem introduziu a tipuana nos Açores, não constando das listas elaboradas, quer por José do Canto, quer por António Borges, no século XIX. Não excluímos a hipótese de ter sido introduzida muito mais tarde, já no século XX.

 

A tipuana é uma árvore de folha caduca, sendo por vezes semipersistente, com copa larga em forma de guarda-chuva, que pode atingir uma altura de 40 m, sendo em geral um pouco mais baixa. Apresenta folhas compostas, com folíolos ovais, verde-claros. As flores amarelo-alaranjadas, muito apreciadas pelas abelhas, apresentam-se enrugadas. Os frutos são vagens com apenas uma semente avermelhada.

 

A árvore fixa o nitrogénio atmosférico e as suas folhas e flores ao caírem melhoram a textura do solo e o seu teor em nutrientes o que aliado ao seu crescimento rápido fazem com que seja muito útil em projetos de reflorestação. A tipuana pode ser plantada para fornecer abrigo contra o vento, mas como apresenta raízes superficiais, há o risco do seu derrube por ventos fortes.

 

A tipuana reproduz-se muito bem por sementes que depois de secas, podem manter a sua viabilidade por vários anos mantidas à temperatura ambiente. As sementes devem ser colocadas em viveiro e cobertas com uma camada de substrato ou areia, com espessura máxima de 3 mm, levando a germinação de 10 a 30 dias.

 

A resina vermelha exsudada da casca é rica em taninos, podendo ser usada como corante. A sua madeira é resistente e fácil de trabalhar, podendo ser utilizada, em carpintaria, no fabrico de móveis diversos e também como combustível e no fabrico de carvão.

 

De acordo com Saraiva (2020), em Portugal continental, existem vários exemplares notáveis em jardins, como o Jardim Botânico e Jardim Vasco da Gama, bem como em algumas praças, de que são exemplo a Praça de São Bento e a Praça Duque de Saldanha, em Lisboa.

 

Na ilha da Madeira, segundo Raimundo Quintal (2022) a tipuana pode ser encontrada na Avenida de Zarco, na Avenida do Mar, na Rua Pedro José Ornelas, na Estrada Monumental, no Jardim Municipal do Funchal, na Quinta das Cruzes, no Parque de Santa Catarina, na Mata da Nazaré, no Jardim da Universidade, no Passeio Público Marítimo- Funchal, no Jardim de Santa Luzia, no Miradouro da Vila Guida e no Jardim Botânico Eng.º Rui Vieira.

 

Nos Açores, nomeadamente em São Miguel, não se conhece qualquer uso da tipuana, para além do ornamental.

 

Na ilha de São Miguel é possível encontrar alguns exemplares no Jardim da Universidade dos Açores e no Jardim Botânico José do Canto, ambos em Ponta Delgada, bem como na Avenida da Liberdade, em Vila Franca do Campo e na Radial do Pico de Funcho, na Fajã de Baixo.

 

Teófilo Braga

 

1 de agosto de 2025

sábado, 26 de julho de 2025

INCINERAÇÃO: BASTA DE PROJETOS FUMEGANTES!

 



No passado dia 25 de julho de 2025 foi inaugurada em São Miguel uma incineradora que de acordo com os governantes é amiga do ambiente. Para mim é um erro histórico que todos os açorianos vão pagar, em dinheiro e alguns micaelenses em saúde.



INCINERAÇÃO: BASTA DE PROJETOS FUMEGANTES!

Poluente, cara e ineficaz do ponto de vista energético, a incineração continua a ganhar terreno.

Sob o pretexto de produzir energia “verde”, “descarbonizada” e “local” a partir dos resíduos domésticos, os megaprojetos multiplicam-se.

Mas por trás desta mudança de linguagem, a realidade mantém-se: queimar lixo emite CO₂ e substâncias tóxicas, como dioxinas, metais pesados, partículas finas, PFAS...

A incineração de resíduos continua a ser um enorme desperdício e uma verdadeira injustiça ambiental.

https://www.zerowastefrance.org/projet/mega-incinerateurs-csr-stop-projets-fumeux/


QUERO DESCOBRIR A CAMPANHA

👉 É isso que revelamos no nosso novo relatório “As promessas fumegantes da incineração”, publicado em maio. Nesta investigação, fazemos um retrato atual da incineração em França e documentamos os seus excessos e custos ocultos – para o contribuinte, para a saúde e para o ambiente.

📥 QUERO DESCARREGAR O RELATÓRIO

https://www.zerowastefrance.org/publication/les-promesses-fumeuses-de-lincineration/


O NÚMERO A RETER

📈 Entre 2,5 e 3 mil milhões de euros.

Este é o valor estimado dos danos sanitários e ambientais da incineração em França, calculado pela Zero Waste Toulouse com base nos estudos da Agência Europeia do Ambiente (AEA).

https://www.zerowastefrance.org/lincineration-des-dechets-menagers-un-pari-couteux/


QUERO SABER MAIS

Emissões de compostos tóxicos para o ambiente, “efeito cocktail” A incineração de resíduos continua a ser uma ameaça persistente para a saúde e para o meio ambiente.

🚨 Queimar resíduos não os faz desaparecer por magia!

📣 Apelamos a uma mudança estrutural: para reduzir as emissões tóxicas, é essencial reduzir a produção de resíduos na origem.

https://www.zerowastefrance.org/lincineration-des-dechets-menagers-un-pari-couteux/

 

Virusaperiódico (119)

 


Virusaperiódico (119)

 

Depois de uns dias a fotografar e a pesquisar sobre plantas, o dia 26 de julho foi dedicado a cuidar das plantas na Ribeira Nova.

 

Estive a cortar e arrancar duas espécies de conteiras, silvas, rícinos e feitos junto de outras plantas nativas e endémicas e num novo espaço que a partir de outubro irá ser alvo de uma nova plantação, sobretudo de plantas e ornamentais e de algumas fruteiras.

 

Mais uma vez fui prendado com alguns produtos da terra, desta vez feijão e favas. Sou um sortudo, colho sem semear graças à amabilidade dos ofertantes.

 

Ao chegar a casa, sem forças para leituras, tive a oportunidade de ler um texto do meu amigo arquiteto Fernando Santos Pessoa sobre a chacina que o governo terrorista de Israel está a fazer em Gaza. Não compreendo como o Mundo deixa morrer à bomba e agora à fome milhares de crianças e outros inocentes. Que raio de democratas nos governam?

 

Aqui deixo um extrato do texto:

 

“Se não impedirem desde já , mas mesmo desde já, que os judeus continuem a ocupar os melhores solos da Cisjordânia, restarão areias e solos escalavrados para os palestinianos cultivarem...

Este é um plano que Hitler não desdenharia !! Os desmandos e horrores praticados pelo Hamas não justificam a dimensão desta tragédia.

Porque é que eu escrevo isto? Porque já não aguento psicologicamente ficar calado, sem gritar contra a a morte lenta pela fome e pela doença ou pelos tiros bem dirigidos, que os judeus estão a praticar chefiados pelos fascistas israelitas. Isto faz aumentar o anti semitismo? Pois seja essa a consequência afinal menos importante desta crise de genocídio - se não querem ser lobos não lhe vistam a pele! “

 

26 de julho de 2025

sexta-feira, 25 de julho de 2025

Virusaperiódico (118)

 



Virusaperiódico (118)

 

O dia 23 foi dedicado à fotografia de flores.

 

Passei pela Mata do Dr. Fraga, na Maia, mas não foi possível entrar, pois estava fechada “devido a manutenções”. Espero que não demorem muito!

 

Estive a fotografar no centro da freguesia das Furnas, tendo encontrado um bonito exemplar de cedro-de-oregão no adro da igreja. Colhi imagens de uma bonita nogueira-do-cáucaso, no parque de estacionamento perto da ermida mandada construir por José do Canto e visitei a Mata-Jardim criada por aquele ilustre açoriano.

 

Na Mata-Jardim, fiz uma caminhada até ao Salto do Rosal, tendo fotografado algumas das poucas flores existentes nesta altura do ano.

 

Em casa, estive, no computador, a identificar as plantas fotografadas e retomei a leitura do livro “Mel sem abelhas”, de Judite Canha Fernandes.

 

No dia 25 andei pela Serra Devassa e apesar do muito nevoeiro consegui observar o que queria e o que não esperava ver.

 

O gigante, planta invasora, já tomou conta da paisagem, qualquer dia está a chegar à Covoada. A zona envolvente à Lagoa do Canário está num pandemónio: vi endémicas arrancadas, vi que a zona das nascentes que no passado estava impecável e onde se podia observar várias endémicas, algumas raras, está interdita a visitas já há muito tempo e parece que não há vontade para a recuperar. Fiquei triste!

 

Comecei a ler o livro, de Aníbal Pires, “Entre Pausas- Crónicas do Diário Insular (2022-2024)”. Estou a gostar, sobretudo das crónicas “pouco políticas”.

 

No Pico da Pedra, continuo a observar incensos em floração, quando tal costuma acontecer nos meses de fevereiro e março. O que se está a passar?

25 de julho de 2025

quarta-feira, 23 de julho de 2025

Anarquistas dos e nos Açores: a nossa homenagem

 


Anarquistas dos e nos Açores: a nossa homenagem

 

Há anarquistas que nasceram nos Açores e pelos Açores passaram vários anarquistas, em viagens de recreio ou profissionais. Contudo muitos deles, a maior parte, vieram para os Açores presos ou deportados.

 

No ano em que se comemoram 50 anos do golpe de estado militar, que acabou com a ditadura fascista de Salazar e Caetano e que instaurou uma democracia formal, os libertários recordam os 90 anos do 18 de Janeiro de 1934 data em que foi tentada pela CGT (anarcossindicalista) uma greve geral revolucionária que contou com o acordo da Comissão Inter-Sindical (comunista), da Federação dos Transportes (unitária), da Federação das Associações Operárias (socialista) e dos Sindicatos Autónomos. O motivo foi o protesto contra o Estatuto do Trabalho Nacional e Organização dos Sindicatos Nacionais e o fim era o derrube do regime salazarista.

 

Neste texto, apresentamos uma primeira listagem de militantes anarquistas que lutaram contra a ditadura e que aspiraram por uma Terra sem amos, mais livre e solidária do que a resultante do 25 de Abril de 1974.

 

 

Abílio Augusto Belchior

 

Marmorista, natural de Urros-Moncorvo, fez parte da Confederação Geral do Trabalho. Esteve preso, em Angra do Heroísmo, de 23 de Março de 1935 a 23 de Outubro de 1936.

 

Abílio Gonçalves

 

Natural de Arganil, amassador, filiado na Aliança Libertária Portuguesa, esteve envolvido nos preparativos da Greve Geral de 18 de janeiro de 1934.

 

 Esteve preso, em Angra do Heroísmo, de 8 de Setembro de 1934 a 23 de Outubro de 1936.

 

Em 1936, fez parte da primeira leva de presos políticos enviada para o Campo de Concentração do Tarrafal, de onde foi libertado em Janeiro de 1946.

 

Abílio Gonçalves

 

Anarcossindicalista, natural de Silves, corticeiro, esteve preso em Angra do Heroísmo de 8 de Setembro de 1934 a 23 de Outubro de 1936, tendo depois seguido para o Tarrafal.

 

Acácio Tomás de Aquino

 

Pedreiro, natural de Alcântara-Lisboa, militante e dirigente anarcossindicalista foi condenado ao degredo no Campo de Concentração do Tarrafal, onde ficou 12 anos. Esteve preso em Angra do Heroísmo, entre 8 de Setembro de 1934 a 23 de Outubro de 1936.

 

Foi um dos principais responsáveis pelo movimento revolucionário do 18 de Janeiro de 1934. Escreveu O Segredo das Prisões Atlânticas, um livro fundamental para o estudo da repressão durante o Estado Novo.

 

Adriano Botelho

 

Natural da ilha Terceira, fez parte do Conselho Confederal da CGT antes e durante o Estado Novo. Em 1931 escreveu o folheto Da Conquista do Poder. Durante a ditadura colaborou anonimamente no jornal A Batalha.

 

Foi dos poucos libertários que se livrou das prisões fascistas.

 

Antonino Francisco

 

Carpinteiro, natural de Ervedal da Beira, pertenceu à Aliança Libertária de Lisboa. Foi preso várias vezes, tendo estado na 1ª Esquadra, no Aljube, em Caxias, em Peniche e em Angra do Heroísmo, tendo ficado preso em Angra entre 22 de Novembro de 1933 e 9 de Novembro de 1934.

 

António Gato Pinto

Ferroviário, natural de Moura, participou nos preparativos do 18 de Janeiro de 1934, esteve deportado em Angra do Heroísmo, onde permaneceu de 23 de Setembro de 1934 a 23 de Outubro de 1936. Participou na Organização Prisional Libertária no Tarrafal onde esteve cerca de 13 anos preso.

 

António Gonçalves Correia

 

Vegetariano, humanista, defensor dos animais Gonçalves Correia foi ensaísta e poeta. Fundou o jornal A questão social e publicou os opúsculos Estreia de um Crente (1917) e A felicidade de todos os seres na Sociedade Futura (1923).

 

Por duas vezes, tentou pôr em prática os seus ideais anarquistas através da criação de duas comunidades, a Comuna da Luz, sediada em Vale de Santiago e a Comuna Clarão, em Albarraque.

 

Foi perseguido e preso pelo Estado Novo.

 

Esteve, em 1910, na ilha de São Miguel onde contactou o pintor de construção civil, Francisco Soares Silva, director do jornal Vida Nova, órgão do operariado micaelense e a professora primária Maria Evelina de Sousa, que foi fundadora e directora da Revista Pedagógica.

 

António José de Ávila

 

Pintor de profissão, nasceu em Angra do Heroísmo, ilha Terceira, por volta de 1853, tendo falecido a 1 de Janeiro de 1923.

Esteve preso, em 1908, por suspeita de regicídio, e em 1917 durante o sidonismo.

Ao longo da sua vida foi membro dos grupos Anarquistas "O Norte" e "O Semeador" e colaborou nos jornais A Greve e A Batalha.

António José de Ávila manteve relações próximas com Antero de Quental na altura em que este se correspondia com anarquistas como Jean Grave, Anselmo Lorenzo, Elisée Reclus e Kropótkine.

 

Arnaldo Simões Januário

Barbeiro de profissão, natural de Coimbra, foi militante da União Anarquista Portuguesa morreu no Campo de Concentração do Tarrafal, depois de anos de luta e sofrimento, vitimado por uma biliose anúrica. Esteve deportado em Angra do Heroísmo entre 8 de Setembro de 1934 e 23 de Outubro de 1936.

 

Aurélio Quintanilha

 

Aurélio Pereira da Silva Quintanilha nasceu, em Angra do Heroísmo, em 1892 e faleceu, em Lisboa, em 1987.

 

Concluiu o Curso de Ciências Histórico-Naturais, por Coimbra, onde foi assistente de Botânica da Faculdade de Ciências e se doutorou. Foi forçado a ir para França, depois de, em 1935, ter sido demitido e reformado compulsivamente por razões ideológicas.  Depois do 25 de Abril de 1974, pediu a reintegração na Universidade de Coimbra, tendo aí proferido a última lição.

 

Foi uma das principais figuras do movimento libertário português, tendo sido o redactor principal do jornal de expressão anarquista A Lanterna que se publicou, em 1915, na ilha Terceira.

 

Bernardo Casaleiro Pratas

 

Natural de Coimbra, serralheiro de construção civil, militante da União Anarquista Portuguesa, foi acusado de participar numa reunião preparatória da greve revolucionária de 18 de Janeiro de 1934. Passou por várias prisões, entre elas o Tarrafal. Esteve preso em Angra do Heroísmo, entre 8 de Setembro de 1934 e 23 de Outubro de 1936.

Custódio da Costa

 

Natural da freguesia de Esgueira – Aveiro, padeiro, anarcossindicalista, destacou-se na Greve Geral de 18 de Janeiro de 1934.

 

Antes de ter ido para o Tarrafal, esteve em Angra do Heroísmo, de 8 de Setembro de 1934 a 23 de Outubro de 1936.

 

 

Emídio Santana

 

Destacado dirigente anarcossindicalista, carpinteiro de moldes/desenhador, pertenceu ao Sindicato dos Metalúrgicos, foi director do jornal A Batalha e foi responsável pelo nascimento de várias tipografias clandestinas. Participou no atentado frustrado a Salazar.

 

Foi preso por várias vezes, tendo estado na prisão de Angra do Heroísmo entre 22 de novembro de 1933 e 24 de agosto de 1934.


Filipe José da Costa

 

Natural de Lisboa, pintor de profissão, durante a República pertenceu às Juventudes Sindicalistas.

 

Preso por várias vezes, também passou pelo Tarrafal. Esteve em Angra do Heroísmo entre 8 de Junho de 1935 e 23 de Outubro de 1936, integrando a primeira leva de deportados enviados para o Campo de Concentração do Tarrafal.

Jaime Brasil

 

Artur Jaime Brasil Luquet Neto nasceu em Angra do Heroísmo, em 1896, tendo sido um jornalista notável.

 

Em 1925, Jaime Brasil fundou o Sindicato dos Profissionais de Imprensa de Lisboa. Foi colaborador do Suplemento Semanal do jornal A Batalha, órgão da Central Confederação Geral do Trabalho, central sindical anarcossindicalista.

 

Foi perseguido pelo salazarismo. Esteve exilado em França e em Espanha, passou pela prisão e foi proibido de assinar os seus escritos.

 

Jaime Rebelo

 

Nasceu em Setúbal, sendo marítimo/pescador de profissão, libertário, foi activista ligado a vários movimentos sociais de pescadores.

 

Foi preso por várias vezes, uma das quais acusado de tomar parte nas reuniões preparatórias da greve geral de 1934. Numa das prisões terá cortado a própria língua por temer não conseguir resistir às torturas que sofreu e poder vir a denunciar os seus camaradas.

 

Esteve na Fortaleza de S. João Baptista, em Angra do Heroísmo, entre 23-09-1934 e 07-03-1936.

 

José dos Reis Sequeira

 

Natural de Silves, onde nasceu a 28 de junho de 1907, foi corticeiro de profissão. 

 

Pertenceu às Juventudes Sindicalistas e foi Secretário da Associação de Classe dos Corticeiros em 1929.

 

Em 1935, foi preso em Fero acusado de ligação a grupos anarquistas. Esteve preso em Peniche, Caxias e Angra do Heroísmo. Nesta prisão esteve entre 17 de outubro de 1936 e 8 de agosto de 1938

 

Esteve exilado em Paris nos anos 60/70

 

José Machado Melo

 

Sapateiro, militante anarcossindicalista, de Ponta Delgada, morreu aos 45 anos, no Hospital Militar de Angra do Heroísmo, quando se encontrava sob prisão.

 

 

José Severino de Melo Bandeira

 

Empregado de escritório, natural da Campanhã, Porto, esteve envolvido no 18 de Janeiro de 1934. Esteve deportado em Timor e no Tarrafal. Esteve na prisão em Angra do Heroísmo, entre 23/4/1935 e 23/10/1936.

 

José Ventura

 

Natural de São Martinho do Bispo, Coimbra, pedreiro, participou no 18 de Janeiro de 1934.

 

Depois de passar pela Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo (8/9/1934 - 23/10/1936), esteve no Tarrafal tendo integrado a Organização Libertária Prisional.

 

Júlio Ferreira

 

Pedreiro, sindicalista, natural de Coimbra participou activamente nos preparativos da Greve Geral Revolucionária de 18 de Janeiro.de 1934.

 

Depois de passar pela Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo (8/9/1934 - 23/10/1936), esteve preso no Tarrafal.

 

Manuel Augusto da Costa

 

Servente de pedreiro, natural de Sabrosa, foi preso a 30 de Janeiro de 1934 pela sua participação na greve revolucionária do 18 de Janeiro de 1934.

 

Depois de passar pela Fortaleza de São João Baptista, em Angra do Heroísmo (8/9/1934 - 23/10/1936), esteve preso no Tarrafal.

 

Morreu no dia 3 de Junho de 1945, poucos dias depois de ter cumprido 30 dias de castigo na “frigideira” naquele campo de concentração.

 

Manuel Henriques Rijo

 

Empregado de Escritório, nasceu em Arruda dos Vinhos.

 

A sua militância anarquista destacou-se na Confederação Geral do Trabalho, no jornal A Batalha e na preparação da greve de 18 de Janeiro de 1934.

 

Esteve com residência fixa na ilha do Pico e envolveu-se na Revolta das Ilhas, em 1931. Esteve preso em Angra do Heroísmo entre 23/4/1935 e 23/10/1936, antes de ser enviado para o Campo de Concentração do Tarrafal.

 

Manuel Pessanha

Natural de Silves, corticeiro de profissão, na sua qualidade de anarcosindicalista participou na organização da greve local de 18 de Janeiro de 1934.

 

Antes de ser enviado para o Tarrafal, esteve preso na fortaleza de S. João Batista, em Angra do Heroísmo de 23 de Setembro de 1934 a 23 de Outubro de 1936.

 

Mário Castelhano

 

Natural de Lisboa, empregado de escritório, foi dirigente da CGT e redactor principal do jornal A Batalha.

 

Em Outubro de 1930, Mário Castelhano e outros catorze deportados chegaram à ilha do Pico onde permaneceram algum tempo. Depois da saída do Pico, que emocionou muitos dos seus habitantes, foi para a ilha da Madeira, onde voltou a participar numa revolta que se iniciou a 4 de Abril de 1931 e que, a 8 de Abril, se estendeu a algumas ilhas dos Açores.

Na sequência dos acontecimentos de 18 de Janeiro de 1934, Mário Castelhano foi condenado a 16 anos de degredo, tendo em Setembro de 1934 partido para a ilha Terceira, onde esteve, na Fortaleza de São João Batista, até Outubro de 1936, ano em que foi enviado para o Tarrafal, onde viria a morrer, a 12 de Outubro de 1940, aos 44 anos, vítima de deficiente alimentação e de falta de medicação adequada por parte do médico Esmeraldo Pratas.

 

Pedro de Matos Filipe

 

Natural de Almada, descarregador de profissão foi preso por envolvimento na greve revolucionária do 18 de Janeiro de 1934.

 

Depois de passar pela Fortaleza de São João Batista, em Angra do Heroísmo, entre 8 de Setembro de 1934 e 23 de Outubro de 1936, foi transferido para o Campo de Concentração do Tarrafal, tendo falecido neste campo da morte lenta.

 

Considerações finais

 

Este é o primeiro esboço de um trabalho necessariamente incompleto, não só devido a eventuais falhas ocorridas durante a pesquisa, mas também causada por falta de informações ou mesmo de informações não coincidentes existentes nas fontes consultadas.

 

Continuaremos o nosso trabalho de aperfeiçoamento do texto agora apresentado, pois a luta empreendida pelos militantes anarquistas não pode cair no esquecimento.

 

 

Bibliografia

Braga, T. (2014). A Greve de 18 de Janeiro de 1934 e os Açores. Correio dos Açores, 26 de fevereiro.

Rato, R., Ruivo, F. (coord.) (2023). Ficaram pelo Caminho 1926-1974. Lisboa, Museu do Aljube Resistência e Liberdade. 317 pp.

URAP. (2022). Os presos e as prisões políticas em Angra do Heroísmo. Lisboa, União de Resistentes Antifascistas Portugueses. 347 pp.

https://memorial2019.org/

http://mosca-servidor.xdi.uevora.pt/projecto/index.php?option=com_content&view=article&id=12&Itemid=29