terça-feira, 25 de junho de 2019

AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS DO AMBIENTE


AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMENTAIS DO AMBIENTE

Em Portugal, com a liberdade de expressão e de associação conquistadas com o 25 de Abril de 1974, por todo o país multiplicaram-se as organizações viradas para a protecção da natureza, para a defesa do consumidor, para o estudo do ambiente e da ecologia, bem como os grupos ecologistas propriamente ditos. Caracterizados por uma grande independência face ao poder e aos partidos políticos, muitos daqueles organismos, bem como os jornais e revistas por eles criados e apoiados, têm tido uma vida efémera.

Nos Açores, a situação não é muito diversa e as poucas associações que foram criadas não se têm afirmado, sobretudo por falta de participação dos seus associados, por serem usadas como mero “trampolim” para a ocupação de cargos no aparelho do estado, pela pressão exercida sobre elas pelo poder político ou económico, pela inexistência de uma organização interna exemplar e transparente, etc.

A seguir, apresento alguns princípios orientadores que devem estar subjacentes a todas as actividades das ONGAS para que estas possam desempenhar um papel importante no incentivo à participação dos cidadãos e na implementação da educação ambiental, entendida esta não apenas como uma estratégia para o ensino das ciências naturais ou conservação dos recursos naturais.
1- Independência. As associações deverão ser independentes dos poderes políticos e dos interesses económicos, corporativos ou outros.
2- Diálogo e cooperação. A dimensão dos problemas e a urgência na sua resolução exigem colaboração e coordenação de esforços. Assim, as associações deverão promover o diálogo com governos, partidos políticos, universidades, sindicatos e organizações patronais, autarquias, outras associações, etc..
3- Voluntariado. As associações deverão desenvolver as suas actvidades tendo como base o trabalho voluntário dos seus membros, não devendo os cargos de direcção ser desempenhados por profissionais.
4- Competência. As associações devem recusar liminarmente o espectáculo e a demagogia. Todas as suas posições públicas deverão ser fundamentadas através do contributo das mais diversas áreas disciplinares e científicas.
5- Postura construtiva. As associações deverão evitar a crítica estéril, devendo previligiar a apresentação de alternativas positivas, por exemplo propor a utilização de energias renováveis e a eficiência energética, quando se ataca o nuclear ou um mundo baseado na não-violência quando se combate as armas nucleares e a violência.
6- Democracia e participação. As associações deverão apostar na participação directa dos cidadãos.
7- Associativismo. A autonomia e a especificidade das diferentes associações deverão ser respeitadas, sendo previligiado o trabalho “em rede”, em detrimento de qualquer estrutura centralizadora e dirigista, tão do agrado do poder político.
Teófilo Braga
(Publicado no Jornal “Terra Nostra”, 11 de maio de 2007)

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