quinta-feira, 31 de agosto de 2023

Agrião-de-Água


Agrião-de-Água

O agrião-de-água é uma planta herbácea, vivaz, de caules carnudos ocos e glabros, que podem atingir 80 cm. As folhas apresentam folíolos arredondados verde-escuros e as flores são pequenas e brancas.

No livro editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, “Plantas Aromáticas em Portugal caracterização e utilizações” os seus autores mencionam o uso do agrião em fitoterapia como “digestivo, estimulante do apetite, diurético e expetorante”. Segundo os mesmos autores, o agrião apresenta um baixo teor calórico, sendo muito usado em sopas e saladas.

Ramos (1871) sobre o agrião-de-água escreve o seguinte: “Planta alimentar usada em cozimento e xarope pela medicina popular, contra as affecções chronicas do pulmão e mesmo contra a tisica.”

Joaquim Cândido Abranches (1894), por sua vez, menciona o uso do agrião em salada e acrescenta que “aplicado em calda de açúcar é muito peitoral”.

Gomes (1993) refere que o agrião é “muito usado como depurativo, diurético e fortificante”, sendo o seu xarope “recomendado às crianças débeis.” Segundo ele, para a sua confeção esmagam-se uma dada quantidade de agrião, num recipiente que possa ir ao forno, colocando-o em camadas com açúcar e engarrafa-se o suco obtido.

Yolanda Corsépius no seu livro “Algumas Plantas Medicinais dos Açores”, publicado em 1997, menciona várias utilizações para o agrião de que se destaca o uso do suco para limpeza da pele e para estimular o crescimento do couro cabeludo.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Nasturtium officinale R.Br.

Nome vulgar: Agrião-de-água, agrião

Família: Brassicaceae

Origem: Europa e Ásia Central

Bibliografia

Abranches, J. (1894). Medicina Popular Michaelense. Ponta Delgada (doc. não publicado).

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Cunha, A., Ribeiro, J., Roque, O. (2007). Plantas aromáticas em Portugal–caracterização e utilizações. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 328 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Ramos, A. (1871). Noticia do Archipelago dos Açores e do que ha mais importante na sua História Natural. Lisboa, Typographia Universal. 227 pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Bálsamo


Bálsamo

O bálsamo é uma planta perene, suculenta, com caules prostrados com folhas ensiformes, carnudas, cilíndricas, ligeiramente curvas de cor azul acinzentada. As suas flores são amarelas esbranquiçadas, dispostas em capítulos sobre pedúnculos ramificados na parte final.

O principal uso do bálsamo é como ornamental, embora sejam conhecidas as suas propriedades medicinais.

Na freguesia da Fajã da Ovelha, na ilha da Madeira, usam-se “pingos da seiva para desinflamar os olhos.”

Fátima Isabel, no blogue “Botânica das Ilhas” escreve que o Visconde do Porto da Cruz atribui ao bálsamo os seguintes usos: “para anemias, tuberculose, estancar feridas, terçois, etc. Ainda hoje a sua mais famosa utilização na Madeira é como colírio: cortar uma folha e espremer um pingo para dentro do olho inflamado.”

No mesmo blogue, a autora citada apresenta as seguintes receitas referidas pelo mencionado visconde: “contra a anemia beber em jejum um cálice duma infusão desta planta em vinho madeira; contra a tuberculose, também em jejum mas só o sumo.”

Augusto Gomes (1992) refere que o vinho de bálsamo [NÃO FOI POSSÍVEL CONFIRMAR SE SE TRATA DA ESPÉCIE MENCIONADA NESTE TEXTO] “é um excelente fortificante, tomando-se um cálice às refeições”. Abaixo apresenta-se a receita por ele disponibilizada:

“Tritura-se uma porção de folhas de bálsamo até se obter ½ litro de seiva, juntando-se então 1 litro de vinho branco de boa qualidade e ½ kg de açúcar. Engarrafa-se, ficado a repousar durante três dias. Findo este tempo pode-se usar, agitando-se primeiramente.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Curio repens (L.) P.V.Heath

Nome vulgar: Bálsamo, Bálsamo-carnudo

Família: Asteraceae

Origem: África do Sul

Nota-Nos Açores o nome bálsamo é dado, pelo menos, a três espécies: Curio repens, Carpobrotus edulis e Chelidonium majus.

Bibliografia

Freitas, F., Mateus, M. (2013). Plantas e seus usos tradicionais–Freguesia Fajã da Ovelha. Funchal, Serviço do Parque Natural da Madeira. 199 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

http://botanicailhas.blogspot.com/2007/12/blsamo-de-canudo.html (28 de agosto de 2023)

terça-feira, 29 de agosto de 2023

Batata-doce


Batata-doce

A batata-doce é uma planta perene, com caules moderadamente rijos, prostrados e rastejantes. As folhas variam muito em forma e tamanho, podendo ser inteiras ou recortadas. Raramente floresce.

A batata-doce foi introduzida, nos Açores, pelos primeiros povoadores, existindo em São Miguel e na Terceira desde o século XVI. Contudo, a sua chegada ao grupo ocidental dos Açores só ocorreu na segunda metade do século XIX, através do baleeiro José Caetano que a adquiriu, em Cabo Verde, em 1854.

A batata-doce usada na alimentação foi, também, muito cultivada como matéria-prima para o fabrico do álcool, chegando a existir nos Açores cinco fábricas, duas na Terceira e três em São Miguel. As três fábricas de São Miguel estavam localizadas na Lagoa, a primeira a ser criada em 1882, em Ponta Delgada (Santa Clara), que apareceu em 1884, e na Ribeira Grande, a última a entrar em funcionamento, em 1890.

Alguns agricultores, também, usavam a batata-doce com uma dupla função, para a obtenção dos tubérculos e para proteção dos solos, pois em pouco tempo a planta tem capacidade para cobrir completamente o solo.

Em algumas ilhas dos Açores, a batata-doce era usada na medicina popular como anti-inflamatória. Segundo Rei Bori (1990) e Yolanda Corsépius (1997) a polpa cozida e amassada era aplicada, ainda morna, sobre as partes inflamadas.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Ipomoea batatas (L.) Lam.

Nome vulgar: Batata-doce

Família: Convulvulaceae

Origem: América Central e do Sul
Bibliografia
Borei, R. (1990). Recortando e recordando (333). Diário Insular, 4 de julho.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Costa, C. (2021). Esboço Histórico dos Açores. Ponta Delgada, Artes e Letras Editora. 356 pp.

Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses. Lisboa, Instituto de Investigação Tropical e Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.

T. Braga

segunda-feira, 28 de agosto de 2023

Cedro-de-cheiro


Cedro-de-cheiro

O cedro-de-cheiro também conhecido pelo nome de cedro-do-oregão é uma árvore resinosa de porte cónico com uma altura que, em geral, varia entre os 20 e os 30 metros. A casca é castanho-avermelhada, as folhas são escamosas, com cheiro a resina, verde-escuras na face superior e um pouco mais claras na inferior.

A designação “lawsoniana” surgiu em homenagem ao viveirista de Edimburgo, Charles Lawson que terá semeado as primeiras sementes enviadas da América para a Europa.

Para além do seu uso ornamental, o principal, nos Açores, a madeira do cedro-de-cheiro é muito duradoura, sendo por isso muito apreciada em carpintaria. O cedro-de-cheiro também pode ser usado como sebe, sobretudo de jardins.

A resina do cedro-de-cheiro é de uso medicinal (ansiolítico e diurético).

Na freguesia das Calhetas, concelho da Ribeira Grande, com as folhas do cedro-de-cheiro fazia-se um xarope usado para debelar a tosse.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Chamaecyparis lawsoniana (Murray) Parl.

Nome vulgar: Cedro-de-cheiro, cedro-de-oregão

Família: Cupressaceae

Origem: EUA

Bibliografia

Quintal, R. (2021). Plantas do Jardim António Borges. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 300 pp.

Saraiva, A. (2020). As Árvores na Cidade. Lisboa, Gradiva. 531 pp.

https://www.plantarportugal.org/arvores-e-arbustos/chamaecyparis-lawsoniana.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Chamaecyparis_lawsoniana

https://parquecerdeira.com/wp-content/uploads/2021/11/Guia%20Parque%20Cerdeira%20Arvores%20Final.pdf

domingo, 27 de agosto de 2023

Álamo


Álamo

O álamo é uma árvore caducifólia de crescimento rápido, que em média atinge uma altura de 12 a 15 metros.

O tronco apresenta uma casca lisa e esbranquiçada. As folhas são alternas e ovais, verdes na face superior e de cor branco-cinza na inferior, e as flores formam amentilhos, os masculinos acinzentados, com estames avermelhados e os femininos esverdeados. Os frutos são cápsulas ovoides.

Tal como o choupo-negro (Populus nigra L.), o álamo é muito usado como planta ornamental. Ambos são usados para as mesmas indicações terapêuticas.

Augusto Gomes (1992) refere que, na ilha Terceira, “os seus rebentos, em infusão de aguardente ou álcool, servem para desinfectar feridas.”

Corsépius (1997), para o choupo-negro, menciona as seguintes propriedades e indicações: “antissética e expectorante- bronquite; febrífuga e sudorífica – febre; digestiva; analgésica-reumatismo; vulnerária-caspa.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Populus alba L.

Nome vulgar: Álamo, Choupo-branco

Família: Salicaceae

Origem: Europa

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Quintal, R. (2021). Plantas do Jardim António Borges. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 300 pp.

Saraiva, A. (2020). As árvores na Cidade. Lisboa, Gradiva. 537 pp.

sábado, 26 de agosto de 2023

Cebola


Cebola

A cebola é uma planta herbácea bianual ou vivaz, com bolbo de forma oval ou arredondada e folhas simples cilíndricas e pontiagudas, que é cultivada desde os tempos mais remotos, sendo uma das de mais ampla difusão em todo o mundo.

As cascas de cebola secas, no passado, eram usadas na tinturaria vegetal para a obtenção da cor amarelo-claro (Carreiro da Costa, 1957)

Cunha, Silva e Roque (2003) mencionam como principais indicações “combater a hipertensão e retardar o processo de arterioesclerose”, “nas infecções respiratórias acompanhadas de tosse, bronquite e asma brônquica”.

Corsépius (1997), que menciona o seu uso na culinária, considera a cebola como “um alimento diurético e, por isso aconselhável na cirrose, na hipertensão e nos cálculos da bexiga”. Também refere a sua utilização “como cataplasma emoliente em queimaduras e furúnculos.”

Em São Jorge a casca e cebola era usada “em chá para a tosse”.

No Pico da Pedra, em 1989, usava-se o suco da cebola misturado com vinagre para tratar dos calos. No mesmo ano, no Porto Formoso a casca da cebola servia “para chá, como medicamento para a tosse”.

Em 2002, na Ribeira Seca da Ribeira Grande a cebola era usada para tratar as dores de ouvidos. Segundo uma respondente “pega-se em metade de uma cebola, espeta-se um garfo e coloca-se nas brasas. Depois de estar assada coloca-se 3 pingos nos ouvidos.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Allium cepa L.

Nome vulgar: Cebola

Família: Amaryllidaceae

Origem: Ásia

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Costa, C. (1957). A tinturaria vegetal nalgumas ilhas dos Açores. Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 25. Ponta Delgada: 133–137.

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003) Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

sexta-feira, 25 de agosto de 2023

Beldroega


Beldroega

A beldroega é uma planta herbácea anual, suculenta, prostrada, com ramos que podem atingir 40 cm de comprimento. As folhas são carnudas, alternas, em forma de cunha e as flores, muito pequenas, são amarelas.

A beldroega é uma planta cosmopolita que está naturalizada em todas as ilhas dos Açores.

A beldroega é usada na medicina tradicional em todo o mundo, desde há muitos séculos, sendo as primeiras referências datadas de 500 AC. Na Idade Média, era crença comum que a planta protegia dos maus espíritos e que evitava os “feitiços”.

Barbosa (1902), sobre os usos da beldroega menciona o seguinte: “As summidades do caule, juntamente com as folhas, comem-se cruas em salada ou em conserva de vinagre. Empregam-se também cosidas e preparadas, á maneira dos Espinafres. Em medicina são as Beldroegas consideradas como refrigerantes, diuréticas e anti-escorbuticas.”

Feijão (1986), depois de referir que a beldroega é rica em vitamina A, B1 e C, sendo usada em saladas e conservas, escreve que “é refrescante, mucilaginosa, emoliente, diurética e vermífuga.”

Nos Açores, de acordo com Acúrcio Garcia Ramos (1871), a beldroega era usada em saladas.

Corsépius (1997) considera que a beldroega é uma “das ervas invasoras abundantes no verão” e que é pouco usada na alimentação nos Açores. Segundo ela, a beldroega é “anti-inflamatória, emoliente e diurética-bronquite, cistite; laxante de ação reduzida.”

No final da década de 80 do século passado, a beldroega era usada, no Pico da Pedra, para a “limpeza dos intestinos dos animais”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Portulaca oleraceae L.

Nome vulgar: Beldroega

Família: Portulacaceae

Origem: (Cosmopolita)

Bibliografia

Barbosa, J. (1902). A Horta. Porto, Livraria Chadron. 446 pp.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Ramos, A. (1871). Noticia do Archipelago dos Açores e do que ha mais importante na sua História Natural. Lisboa, Typographia Universal. 227 pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

quinta-feira, 24 de agosto de 2023

Groselheira


Groselheira

A groselheira é uma pequena árvore ou arbusto de folha caduca que pode atingir uma altura de 2 a 5 metros. As folhas são elípticas, oblongas, ovais e alternas, as flores são de cor creme a branca e os frutos são esféricos, branco-prateados na fase jovem e vermelho carmim quando amadurecem.

A groselheira foi muito cultivada para sebes, mas também está naturalizada em falésias, ravinas e terrenos incultos.

É uma espécie com capacidade para fixar o azoto, mas apresenta comportamento invasor em alguns locais.

Os seus frutos, muito apreciados pelas aves, sobretudo pelo melro-negro, são deliciosos e têm um sabor doce ácido. Com propriedades antioxidantes, podem ser comidos crus ou em compota.

Vieira, Moura e Silva (2020) referem o seguinte: “Medicinal (bactericida, melhora a circulação sanguínea).”

Na ilha de São Miguel, as folhas mais tenras (os olhos) eram usadas em “chá” para combater a diarreia.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Elaeagnus umbellata Thunb.

Nome vulgar: groselheira, groselha, baguinha, ginja, tamarino

Família: Elaegnaceae

Origem: Ásia

Bibliografia

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.
T.Braga

quarta-feira, 23 de agosto de 2023

Bananeira

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Bananeira

A bananeira é uma planta herbácea, com folhas muito grandes de limbo alongado e flores também grandes. O seu fruto, carnudo e indeiscente, é muito rico em vitaminas e açúcares o que o torna um excelente alimento.

As bananeiras já existiam na região mediterrânica antes dos descobrimentos, tendo sido levadas pelos portugueses para as ilhas atlânticas africanas e para a costa ocidental africana ao sul da Gâmbia (Ferrão, 1999).

Feijão (1986), depois de mencionar que os frutos são ricos em vitaminas A, B1, B2, C, D e E” e que “são muito alimentícios”, apresentou a forma como se faz “Licor de Banana”. Assim, segundo ele: “ferver a polpa de três bananas num litro de água; adicionar meio copo de álcool e 50 g de açúcar; filtrar.”

Vieira, Moura e Silva (2020), para além de referirem os usos ornamental e alimentar, mencionam que a banana tem “propriedades antifúngicas, antibióticas, enzimáticas e revigorantes” e que “a casca usada diretamente serve para hidratar a pele, prevenir as rugas, eliminar hematomas e acelerar a cicatrização de feridas.”

Augusto Gomes (1993) menciona o uso, para tratar as calosidades, da “raspa da parte interior da casca da banana.”

Em 1992, nas Calhetas, concelho da Ribeira Grande, extraía-se “o sumo da folha da bananeira” e esfregava-se “na ferida” para tratar a erisipela.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Musa acuminata Colla

Nome vulgar: Bananeira

Família: Musaceae

Origem: Ásia

Bibliografia

Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses. Lisboa, Instituto de Investigação Tropical e Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

terça-feira, 22 de agosto de 2023

Anoneira


Anoneira

A anoneira é um arbusto ou pequena árvore caducifólia que pode atingir uma altura de 7 a 8 m.

O caule da anoneira é cilíndrico, as folhas são simples, inteiras de forma ovalada ou ovada-lanceolada e as flores, que são muito aromáticas, apresentam pétalas amareladas. Os seus frutos carnosos e muito aromáticos, de casca verde, apresentam formas diferentes, entre as quais a de um coração daí ser conhecido por coração-negro.

Não se conhece bem como foi feita a difusão da anoneira, havendo quem considere que foram os espanhóis a introduzi-la no Oriente. Outros defendem que foram os portugueses a levá-la para o Oriente e para África.

A chegada da anoneira, aos Açores, terá ocorrido no final do século XIX, não se sabendo quem a introduziu. No entanto, sabe-se que, em 1857, no Jardim José do Canto, existiam cinco “variedades”.

Feijão (1986) refere que as anonas “contêm uma polpa comestível, agradável e de propriedades adstringentes.”

Corsépius (1997) menciona que a anoneira apresenta propriedades estomacais e é antidiarreica.

Em várias localidades da ilha de São Miguel, as folhas da anoneira são usadas em “chá” para combater o colesterol elevado e o excesso de “ácido úrico”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Anona cherimola Mill.

Nome vulgar: Anoneira, coração-negro, coração-de-negro

Família: Annonaceae

Origem: Peru, Equador e Colômbia

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses. Lisboa, Instituto de Investigação Tropical e Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.

http://almanaqueacoriano.com/index.php/artigos/24-pomar/1073-a-anoneira?showall=1

T.Braga

Malfurada


Malfurada

A malfurada é um arbusto de folhas persistentes, que pode medir até 2 m de altura, existente em todas as ilhas dos Açores.

Rui Elias, no livro “Guia prático da Flora Nativa dos Açores”, editado pelo Instituto Açoriano de Cultura, em 2022, faz a seguinte descrição da malfurada: “arbusto muito ramificado”, com folhas “sésseis, opostas, simples, inteiras ovado-oblongas a lanceoladas, flores “em cimeiras terminais” e “amarelas”.

Abranches (1894) escreveu que a malfurada era “empregada em chá como purgativo”.

Silvano (1953) tem dúvidas se a espécie açoriana é medicinal e cita a seguinte quadra popular:

“Todas as ervas são bentas

Na noite de S. João;

Todas servem de mezinha,

Só a Milfurada não.”

O autor referido menciona que o Prof. Carvalho de Vasconcelos considera as espécies Hypericum perforatum como “analgésica, antisséptica e queratinizante” e a espécie Hypericum androsaenum como “diurética e estimulante hepática e estomacal”.

Na freguesia das Sete Cidades, em 2002, a malfurada era apanhada nas beiras dos pastos e era usada em infusão para combater a tosse.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Hypericum foliosum Aiton

Nome vulgar: Malfurada, milfurada, furalha

Família: Hypericaceae

Origem: Açores

Bibliografia

Abranches, J. (1894). Medicina Popular Michaelense. Ponta Delgada (doc. não publicado).

Gabriel, R., Borges, P. (Eds.) (2022). Guia Prático da Flora Nativa dos Açores. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura. 520 pp.

Pereira, S. (1953). Plantas empregadas na medicina popular dos Açores. Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 17. Ponta Delgada: 111–116.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

T. Braga

sábado, 19 de agosto de 2023

Alface


Alface

A alface, uma das plantas mais usadas em saladas em todo o mundo, é uma herbácea anual ou bienal que é utilizada na alimentação humana desde 500 antes de Cristo.

A alface possui uma raiz aprumada, com folhas lisas ou frisadas de forma arredondada, lanceolada ou quase espatulada com bordos recortados ou não.

Feijão (1986) depois de mencionar que a alface é uma planta alimentícia com “propriedades calmantes e narcóticas, mais ou menos acentuadas. Usa-se geralmente o cozimento (40:1000, fervendo 5 minutos) quer em lavagens para inflamações oculares, quer internamente como calmante nervino e ligeiro hipnótico (beber uma chávena ao deitar).”

Gomes (1993), no seu livro “A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores”, refere que para combater as insónias deve-se “tomar todos os dias ao deitar, um copo de leite quente, salada de alface e maçã.”

Corsépius (1997) recorda que a alface é “um alimento rico em ferro e vitamina A” e que apresenta uma “acção calmante contra as insónias e tosses persistentes, e como emoliente nas queimaduras ligeiras e na rosácea.”

Na freguesia das Sete Cidades, em 2002, a alface era usada para tratar dos nervos.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Lactuca sativa L.

Nome vulgar: Alface

Família: Asteraceae

Origem: Leste do Mediterrâneo

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

sexta-feira, 18 de agosto de 2023

Bonina


Bonina

A bonina é uma planta herbácea anual que pode atingir, em média, 50 cm de altura, com caules semi-eretos e pilosos. As suas folhas são inteiras e dentadas e as flores, normalmente, são cor de laranja ou amarelas de várias tonalidades, com um cheio forte.

Oriunda da Europa Meridional, a bonina pode ser encontrada em jardins, mas também aparece como espontânea.

A bonina muito usada como planta ornamental também é muito referida na bibliografia em virtude dos efeitos terapêuticos das suas flores.

Castro (1981) apresenta, para a bonina, as seguintes propriedades: “emenagoga, estimulante, sudorífica, vulnerária (favorecendo a cicatrização das feridas e úlceras).”

Cunha, Silva e Roque (2003), para além de referirem o seu pouco uso internamente, mencionam a sua utilização “topicamente como cicatrizante e anti-séptico”, e “em cosmética como hidratante e emoliente”.

Corsépius (1997) menciona a sua propriedade “anti-espasmódica – dores menstruais, cólicas da vesícula.”

Na freguesia da Maia, em 1992, a bonina era usada para tratar “inflamações e comichões”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Calendula officinalis L.

Nome vulgar: Bonina, maravilhas

Família: Asteraceae

Origem: Europa Meridional

Bibliografia

Castro, J. (1981). Medicina vegetal- teoria e prática conforme a Naturopatia. Mem Martins, Publicações Europa-América. 374 pp.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003) Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

quinta-feira, 17 de agosto de 2023

Erva-férrea


Erva-férrea

A erva-férrea é uma planta herbácea perene com caules rastejantes e eretos de coloração avermelhada que cresce até 30 cm de altura.

As suas folhas são lanceoladas com margens serradas, de coloração verde baço e as flores, que apresentam um lábio superior roxo a azulado e um inferior esbranquiçado, formam uma inflorescência geralmente cilíndrica.

Em 1894, Cândido Abranches já incluía a erva-férrea na lista das plantas usadas na medicina popular micaelense, indicando que era usada “para diferentes doenças e usada nas farmácias.”

Vieira, Moura e Silva (2020) depois de referirem que a erva-férrea pode ser utilizada na alimentação, crua ou cozinhada, apontam as seguintes propriedades medicinais: “adstringente, antibacteriana, antisséptica, anticancerígena, antiespasmódica, colagoga, diurética, febrífuga, hemostática, tónico amargo, vermífuga.”

Em 1989, na Lomba da Maia a erva-férrea era considerada “boa para o sangue”.

Em 2002, nas Sete Cidades, a erva-férrea verde era usada “para esfregar nas mãos para tirar nódoas de outras ervas” e o “sumo” também servia para estancar o sangue. Depois de seca à sombra, “em forma de chá serve para lavar e desinfetar as feridas.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Prunella vulgaris L.

Nome comum: Erva-férrea, erva-da-cura

Família: Lamiaceae

Origem: Holoártico

Bibliografia

Abranches, J. (1894). Medicina Popular Michaelense. Ponta Delgada (doc. não publicado).

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

quarta-feira, 16 de agosto de 2023

Chá


Chá

O chá é um arbusto ou uma pequena árvore que não sendo podada pode atingir uma altura de 15 m. As suas folhas são alternas, coriáceas e denticuladas, as flores são de cor amarela e os frutos são cápsulas.

Originário de uma vasta região do Sudeste Asiático que abrange a China, o Japão, Burma e a Índia, o chá é hoje cultivado sobretudo em regiões tropicais e subtropicais.

O chá, cultura tradicional da China, só chegou aos territórios de língua portuguesa, no século XIX, depois de D. João VI, quando estava no Brasil, ter recebido como oferta algumas plantas do Imperador daquele país. Do Brasil, o chá chegou à ilha de São Miguel e ao continente português.

Cunha, Silva e Roque (2003) apresentam como usos etnomédicos e médicos do chá-verde os seguintes: “astenia psico-física, diarreias, coadjuvante d eregimes de emagrecimento, arterioesclerose, hiperlipidemias, asma brônquica, e como diurético ligeiro.”

Os mesmos autores apresentam como contraindicações: “ansiedade, taquicardia, gastrites e úlcera gastroduodenal.”

O dr. Luís da Silva Ribeiro (1982) menciona o uso de lavagens com chá preto para tratar “moléstias de olhos” na ilha Terceira.

Em 2002, na Ribeira Seca da Ribeira Grande, o chá-verde era usado para combater a prisão de ventre e as dores de cabeça. No mesmo ano, nas Sete Cidade, o chá-preto era funcionava “como um estimulante, isto é, «espanta o sono»”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Camellia sinensis (L.) Kuntze

Nome comum: Chá

Família: Theaceae

Origem: Sudeste asiático

Bibliografia

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003). Plantas e produtos vegetais em fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os descobrimentos portugueses. Lisboa, Instituto de Investigação Científica Tropical e Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.

Ribeiro, L. (1982). Obras I Etnografia açoriana. Angra do Heroísmo, Instituto Histórico da Ilha Terceira– Secretaria Regional da Educação e Cultura. 811pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

terça-feira, 15 de agosto de 2023

Tomateiro


Tomateiro

O tomateiro é uma planta herbácea de caule carnoso, ramoso, coberto de pelos ásperos. As suas folhas são alternas, de cor verde sombrio, exalando um cheiro muito forte e as flores são amarelas com cinco lobos na corola. Os frutos são bagas com formas muito diversas e as sementes são pequenas, ovais e esbranquiçadas.

Originário da América do Sul, o tomateiro no século XVI foi levado para a Europa e atualmente é cultivado em todo o mundo.

Não se sabe a data exata da introdução do tomateiro em Portugal. Nos Açores, terá sido introduzido pelos primeiros povoadores, pois “Gaspar Frutuoso salienta bem a grande diversidade de consumo do tomate, porque «é ao mesmo tempo, fructo, hortaliça e tempero»” (Ferrão, 1999)

De acordo com Barbosa (1902), o tomate “é um condimento precioso, e ao mesmo tempo um alimento muito refrigerante, nutritivo, muito próprio para os temperamentos biliosos e sanguíneos, para as pessoas sujeitas a congestões hemorrhoidaes e que tenham intestinos preguiçosos.”

Corsépius (1997) refere que “um ramo de folhas de tomateiro dependurado algures no quarto, afasta os mosquitos devido ao seu cheiro forte.”

Em 1989, as folhas eram usadas para debelar infeções da garganta. Segundo o respondente, devia-se proceder do seguinte modo: “ferver a água juntando-lhe com algumas folhas de tomateiro e beber de preferência em frio, duas a três vezes ao dia.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Solanum lycopersicum L.

Nome vulgar: Tomateiro, tomate

Família: Solanaceae

Origem: América do Sul

Bibliografia

Barbosa, J. (1902). A Horta. Porto, Livraria Chadron. 446 pp.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os descobrimentos portugueses. Lisboa, Instituto de Investigação Científica Tropical e Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.

T.Braga

16 de agosto de 2023

segunda-feira, 14 de agosto de 2023

Fura-capa


Fura-capa

A fura-capa ou erva-carneira é uma planta herbácea anual, que pode atingir 80 cm de altura.

Oriunda da América é atualmente cosmopolita. Nos Açores é uma planta naturalizada que existe em todas as ilhas, exceto no Corvo.

A fura-capa apresenta folhas verde-escuras, trilobadas, acuminadas e serradas. As suas flores são pequenas e amarelas.

A fura-capa é usada, de acordo com Buzzo et al. (2020) na medicina popular, no Brasil, “para o tratamento de inflamações como artrite, úlceras, tosse, dor de garganta e também na limpeza de feridas.”

A fura-capa, segundo Cândido Abranches (1894), é “usada em chá contra as doenças de estomago.”

Corsépius (1997) no seu livro “Plantas Medicinais dos Açores” escreve que a fura-capa é cicatrizante, através da aplicação de emplastros das fls.[folhas] escaldadas.

Bilhete de identidade

Nome vulgar: Bidens pilosa L.

Nome vulgar: Erva-carneira, fura-capa, pica-pica, Amores-de-burro, picão

Família: Asteraceae

Origem: América

Bibliografia

Abranches, J. (1894). Medicina Popular Michaelense. Ponta Delgada (doc. não publicado).
Buzzo, B., Aranda, F., Tavares, G., Boas, K., Cassiavilani, M., Zendron, M., Leme, M., Souza, N. (2020).
A enciclopédia das plantas medicinais de A a Z. São Paulo, Jolivi Publicações. 400 pp.
Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.
Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora Terrestre dos Açores-guia de campo. Ponta Delgada: Letras Lavadas edições. 356 pp.

domingo, 13 de agosto de 2023

Pepino


Pepino

O pepino é uma planta anual trepadeira com folhas largas recortadas em lóbulos obtusos de cor verde carregado. As flores são amarelas e os frutos são cilíndricos e alongados, lisos ou com verrugas espinhosas.

Oriundo da Índia, foi introduzido na região mediterrânica pelos egípcios, pelos gregos e pelos romanos.

O Dr. José Lyon de Castro, no seu livro “Medicina Vegetal”, refere que o fruto do pepino é rico “em vitamina C e possui traços de outras vitaminas, minerais, mucilagem, etc. Entre outros minerais, possui cálcio, fósforo e magnésio.”

Feijão (1986) apresenta as seguintes propriedades terapêuticas: “a emulsão das sementes, externamente, suaviza a dor das queimaduras, hemorroidas, herpes, abcessos, escoriações, tec., e internamente é excelente contra as inflamações do tubo digestivo, bexiga e uretra; o infuso da casca seca (30:1000) é excelente contra as cólicas; o fruto fresco é eficaz contra a gretadura dos lábios ou dos seios e para a conservação da pele do rosto.”

Corsépius (1997) menciona que o uso de “rodelas cruas, colocadas sobre o rosto são emolientes contra irritações e o envelhecimento.”

Em 1992, na freguesia das Calhetas (concelho da Ribeira Grande), para debelar as dores de barriga, bebia-se aguardente no qual previamente se havia colocado rodelas de pepino.

Bilhete de Identidade

Cucumis sativus L.

Nome vulgar: Pepino

Família: Cucurbitaceae

Origem: Índia

Bibliografia

Castro, J. (1981) Medicina Vegetal- Teoria e Prática conforme a Naturopatia. Mem Martins, Publicações Europa-América.374 pp.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.
T. Braga

Diabelha


Diabelha

Muito abundante sobretudo nas zonas costeiras e nas bermas de caminhos, a diabelha ou engorda-ratos (Plantago coronopus L.) é uma planta herbácea, perene, com pequenas folhas em roseta e haste floral que pode atingir 30 cm de altura. As flores são esbranquiçadas.

Castro (1981) considera que a diabelha é “emoliente e algo adstringente (as folhas), a empregar, em forma de gargarejos, com mel. Tem grande aceitação em todas as formas de inflamação da garganta e da boca.”

O Dr. Oliveira Feijão (1986) também considera a planta emoliente e refere o uso “internamente em infuso ou cozimento (30: 1 000) em bochechos ou gargarejos (anginas, estomatites, etc.).”

Corsépius (1997) para além de referir que a diabelha “se usa em saladas, crua ou cozida, tendo um sabor amargo”, menciona as seguintes propriedades e indicações: diurética, emoliente e adstringente-inflamações da boca e garganta.”

Segundo a mesma autora, internamente, usam-se as folhas em infusão e externamente deve-se “bochechar ou gargarejar o chá.”

Na freguesia das Sete Cidades, em 2002, a diabelha era usada para combater a tosse. De acordo com o respondente, procedia-se do seguinte modo: “junta-se uma pequena porção [de folhas] à água e deixa-se ferver. Depois bebe-se cm um pouco de açúcar.”

Bilhete de Identidade

Plantago coronopus L.

Nome vulgar: Diabelha, engorda-ratos

Família: Plantaginaceae

Origem: Europa

Bibliografia

Castro, J. (1981) Medicina Vegetal- Teoria e Prática conforme a Naturopatia. Mem Martins, Publicações Europa-América.374 pp.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

sexta-feira, 11 de agosto de 2023

Trigo


TRIGO

O trigo foi uma das primeiras e mais monoculturas na história dos Açores, tendo o seu cultivo começado logo após o povoamento no século XV.

Para além do abastecimento à coroa portuguesa, o trigo dos Açores também serviu para acudir às carências de cereais existente nas praças portuguesas do Norte de África.

Por cá o trigo era usado na alimentação humana e de animais e associado ao seu cultivo desenvolveu-se a indústria da moagem de cereais, através da construção de moinhos de água junto às ribeiras.

O termo trigo é a designação de uma planta herbácea anual, existindo cerca de 20 espécies. As plantas podem atingir até 1,5 m de altura, os caules são ocos e as folhas planas, compridas e um pouco ásperas. O fruto, o grão de trigo, é do tipo cariopse.

Cunha, Silva e Roque (2003) indicam os seguintes usos etnomédicos e médicos:

- “Farinha: analétpica e obstipante (não cozida). Externamente como emoliente.

- Farelo: na obstipação e diverticulose intestinal. Em curas de emagrecimento. Na litíase cálcica; hiperlipidemias; diabetes.

- Óleo de embriões: arteriosclerose e hiperlipidemias.

De acordo com o padre Ernesto Ferreira (1993), “o trigo é o símbolo da abundância. Em algumas freguesias é uso oferecê-lo aos noivos, quando voltam da igreja, após a celebração do matrimónio.”

Ainda me lembro de, na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, ser usado o “óleo do trigo” como forma de tratamento do cobrelo (herpes zóster). O “óleo de trigo” era preparado nos ferreiros, colocando os grãos sobre uma chapa de ferro aquecido até ao rubro.

Nome Científico: Triticum aestivum L.

Nome vulgar: trigo

Porte: herbácea

Família: Poaceae

Origem: Origem incerta, provavelmente Médio Oriente

Bibliografia

Ferreira, E. (1993). A Alma do Povo Micaelense. Vila Franca do Campo, Editora Ilha Nova. 232 pp.

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003). Plantas e produtos vegetais em fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

Pico da Pedra, 11 de agosto de 2023

quarta-feira, 9 de agosto de 2023

terça-feira, 8 de agosto de 2023

Fel-da-terra


FEL-DA-TERRA

Há muitos anos ouço falar no fel-da-terra como uma das plantas usadas na medicina popular na ilha de São Miguel.

Não me lembro de ver, até hoje, o fel-da-terra, embora toda a bibliografia consultada indique que a espécie existe na zona litoral em todas as ilhas dos Açores.

Recentemente uma pessoa amiga que esteve em Santa Maria fotografou uma planta no Miradouro das Lagoinhas, localizado na zona norte da ilha, na freguesia de Santa Bárbara.

O fel-da-terra (Centaurium erythraea Rafn.), espécie pertencente à família Gentianaceae, é originária da Europa, NW da África e SW da Ásia, tendo, nos Açores, o estatuto de naturalizada, isto é, “possui populações autossustentáveis, estabelecidas, reproduzindo-se com sucesso.” (Vieira, Moura e Silva, 2020).

O fel-da-terra é uma erva anual ou bianual com caule ereto que pode atingir 50 cm de altura com folhas de cor verde-pálido. As flores são cor-de-rosa, apresentando 5 pétalas.

De acordo com Cunha, Silva e Roque (2003) os principais usos do fel-da-terra são “sintomas dispépticos; anorexia”. Os mesmos autores avisam que “devido aos constituintes amargos não deve ser usada em mães que amamentam. Evitar em situação de úlceras gastroduodenais.”

No que diz respeito aos Açores, Cândido Abranches (1894) menciona o uso do fel-da-terra “nas farmácias e tomado em chá para combater as doenças de estômago”. Por sua vez, Silvano Pereira (1953), depois de referir que a planta é “espontânea nos matos”, regista que “a infusão das suas flores é usada como aperitivo e estimulante nas dispepsias.”

Yolanda Corsépius mais recentemente, em 1997, sobre as propriedades e indicações do fel-da-terra, escreveu o seguinte: “eupéptica e estomáquica; anti-inflamatória – pele inflamada, queimaduras do Sol; colerética; anti-diabética; vermífuga -parasitas intestinais; evita a queda do cabelo.”

Nos 538 questionários que aplicámos, entre 1989 e 2002, nenhum dos respondentes referiu o uso do fel-da-terra na medicina popular em São Miguel.

Bibliografia:

Abranches, J. (1894). Medicina Popular Michaelense. Ponta Delgada (doc. não publicado).

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003). Plantas e produtos vegetais em fitoterapia. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

Pereira, S. (1953). Plantas empregadas na medicina popular dos Açores. Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 17. Ponta Delgada: 111–116.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora Terrestre dos Açores-guia de campo. Ponta Delgada: Letras Lavadas edições. 356 pp.

segunda-feira, 7 de agosto de 2023

O CACAUEIRO NOS AÇORES


O CACAUEIRO NOS AÇORES

O cacaueiro (Theobroma cacao L.) que é uma árvore, que pode atingir 6 m de altura, originária da Amazónia, pertencente à família Malvaceae.

Em tempos muito antigos o cacaueiro foi levado para fora da sua região de origem, tendo chegado a Portugal em 1674, introduzido pelo padre José Bettendorf.

Desconhecemos quando terá chegado aos Açores, mas sabe-se que José do Canto planou no seu jardim cacaueiros, em 1865, vindos de Inglaterra e, em 1867, vindos do Rio de Janeiro.

Em 1990, o jornal “O Localista” publicou um texto da autoria do Dr. Eugénio Pacheco intitulado “A Cultura do Cacaoeiro”, onde aquele faz saber que o sr. João Maria Pimentel fornecia gratuitamente sementes daquela planta a quem quisesse “ensaiar entre nós, a cultura desta utilíssima Planta industrial”.

No mesmo texto, o autor refere que primeiro há que tentar saber se aquela planta tem capacidade para se adaptar aos nossos solos e clima e termina assim:

“… O problema da sua Aclimatação nada tem, portanto, que admirar scientificamente.

Mas, se a Temperatura do solo e do Ar não forem aqui suficientes para o natural desenvolvimento da Planta, cujo habitat é o das Zonas húmidas e cálidas do Equador, desse Facto nada podemos também à priori concluir para a Impossibilidade da cultura em Estufa.

E quem sabe se nisso está reservado um grande futuro, que nos compense da supressão da Indústria do Alcool?...”

Das sementeiras feitas não conhecemos os resultados, mas não estaremos errados se afirmarmos que não terão resultado.

Se atendermos à experiência da ilha da Madeira, talvez fosse possível, nos Açores, a cultura do cacaueiro em estufa. Sobre o assunto, Raimundo Quintal, na revista “Jardins”, de novembro de 2021, a propósito de uma exploração agroturística, localizada no sítio da Quebrada, na freguesia do Paul do Mar, escreveu o seguinte: “Os cacaueiros (Theobroma cacao), indígenas da Amazónia, têm dificuldade em frutificar ao ar livre, mas na estufa florescem e frutificam durante todo o ano. No dia 6 de outubro, uma dúzia de árvores estava florida, tinha frutos verdes e frutos maduros com as sementes prontinhas para a extração do cacau, o alimento dos deuses (Theobroma = Theo – deus e broma – alimento).”

Pico da Pedra, 6 de agosto de 2023

Teófilo Braga

Fotografia: Raimundo Quintal

domingo, 6 de agosto de 2023

O CAJUEIRO NOS AÇORES


O CAJUEIRO NOS AÇORES

No passado mês de julho, uma pessoa amiga ofereceu-me dois pés de cajueiro (Anacardium occidentale L.) que é uma árvore, que em condições favoráveis pode atingir 20 m de altura, originária da região nordeste do Brasil, pertencente à família Anacardiaceae. Neste momento, encontram-se num viveiro no Pico da Pedra à espera do outono para serem transplantados para um terreno em Vila Franca do Campo.

Os portugueses introduziram no oriente entre 1563 e 1578, tendo a partir daí e do Brasil terá sido levado para África.

Não sabemos quando chegou aos Açores, mas o cajueiro era uma planta existente, em 1856, no Jardim José do Canto.

Não conhecemos nenhuma planta adulta de cajueiro na ilha de São Miguel.

Pico da Pedra, 6 de agosto de 2023