sábado, 10 de fevereiro de 2024

Ginco


Ginco

O ginco ou nogueira-do-japão (Ginkgo biloba L.) é uma espécie caducifólia, pertencente à família Ginkgoaceae, oriunda da China que é considerada um fóssil vivo, pois é contemporânea dos dinossauros.

O ginco é também conhecido como a árvore de Hiroxima, pois um exemplar da espécie sobreviveu à explosão atómica ocorrida naquela cidade japonesa em 1945, durante a Segunda Guerra Mundial, numa altura em que a Alemanha já estava derrotada, a Itália já se havia rendido e Hitler e Mussolini, já se encontravam no Inferno a pagar pelos seus pecados. Apenas restava o Japão que ainda resistia, mas já estava de joelhos.

Pelas 8 horas e 15 minutos do dia 6 de agosto um avião dos Estados Unidos lançou uma ogiva secreta, cujo resultado, segundo Ireneu Gomes, foi a morte de 78 150 pessoas só no primeiro segundo após a detonação da bomba, 13 983 desaparecidos e 130 mil pessoas mortas, ao longo dos anos, vítimas da radiação.

O ginco foi dado a conhecer ao ocidente através do médico e botânico alemão Engelbert Kaempfer que foi quem primeiro descreveu a espécie e possivelmente a introduziu na Europa.

Em Portugal continental é cultivada em Parques e Jardins, sobretudo no Norte e Centro, destacando-se pelo seu porte um exemplar existente no Parque das Virtudes, na cidade do Porto.

Não possuindo dados para afirmar quem e quando terá sido introduzido o ginco nos Açores, sabe-se que a espécie já existia na primavera de 1856 no Jardim José do Canto.

Nos Açores surge, também em vários parques e jardins públicos e privados, sendo na ilha de São Miguel possível a sua observação no Jardim do Palácio de Santana, no Pinhal da Paz, no Jardim da Universidade, no Jardim da Escola Secundária das Laranjeiras, no Parque Terra Nostra, no Viveiro Florestal das Furnas, no Jardim do Piquinho, nas Furnas, na Mata-Jardim José do Canto-Lagoa das Furnas e na Mata do Dr. Fraga, na freguesia da Maia e nos espaços ajardinados da Fábrica de Chá da Gorreana.

O geógrafo madeirense Raimundo Quintal, num texto intitulado “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, defendeu que fosse classificado como de interesse público o conjunto de gincos da Alameda dos Gincos do Parque Terra Nostra.

O ginco é uma árvore dioica que, em média, atinge os 40 m de altura e que apresenta uma copa cónica ou piramidal. O seu ritidoma é espesso e fendido e apresenta uma coloração castanho-acinzentado. As suas folhas são flabeliformes, podendo ser inteiras ou bilobadas, de cor verde-claro, tornando-se douradas no outono. O período de floração ocorre no mês de maio. Não produz frutos, mas apenas sementes globosas por vezes ovoides que amarelecem com uma pruína acinzentada.

O ginco foi considerado uma árvore sagrada. Na China e no Japão é plantado próximo de templos ou no lugar de templos desaparecidos.

Devido à sua grande resistência à poluição, o ginco é muito usado como planta ornamental em arruamentos. A sua madeira é usada na construção de móveis, o seu ritidoma é utilizado para curtimentas e os “frutos” são usados na alimentação e com fins medicinais. As folhas também são utilizadas para fins medicinais.

Embora haja algumas dúvidas acerca de alguns efeitos benéficos do uso do ginco, vários autores consideram que o mesmo pode melhorar o rendimento cerebral e a concentração, evitar a perda de memória, combater a ansiedade e a depressão, regular a tensão arterial, etc.

Sobre os usos etnomédicos e médicos do ginco, Cunha, Sila e Roque, no livro “Plantas e produtos vegetais em fitoterapia”, publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian escrevem o seguinte:

“Em casos de diminuição do rendimento intelectual. Perda da memória, zumbidos, dores de cabeça e ansiedade devido a insuficiência vascular cerebral dos idosos. Claudicação intermitente. Demência senil tipo Alzheimer. Prevenção da arteriosclerose e da formação de trombos. Útil em cardiopatias isquémicas e na diabetes mellitus nomeadamente nas complicações vasculares.”

Teófilo Braga

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