Cipreste-dos-cemitérios
O cipreste, cipreste-mediterrânico, cipreste-dos-cemitérios ou cipreste-comum (Cupressus sempervirens L.) é uma conífera perene da família Cupressaceae oriunda da região mediterrânica, sendo amplamente cultivada pelo seu valor ornamental, histórico e simbólico.
De
acordo com alguns autores terá sido introduzido em Portugal pelos romanos,
segundo outros terão sido os navegadores fenícios a trazê-lo a partir do Chipre
e de Creta. No território de Portugal continental o cipreste passou a ser comum
nos cemitérios desde meados do século XIX, como substituto do teixo (Taxus
baccata).
O
cipreste é uma árvore que pode atingir alturas entre 20 e 35 m, em média, e uma
longevidade que pode viver 500 anos, existindo alguns exemplares com mais de
mil.
As folhas são pequenas, em forma de
escamas, de cor verde-escura. Os ramos crescem densamente ao longo do tronco e
das extremidades, conferindo à árvore o seu aspeto compacto e adelgaçado.
As flores, que surgem na Primavera,
são muito pequenas e amareladas, apresentando uma forma semelhante a uma pinha.
Os frutos, primeiro verdes e depois
acinzentados são lenhosos, arredondados, com cerca de 2 a 4 cm de diâmetro,
contendo sementes que podem permanecer viáveis durante vários anos.
A madeira do cipreste é aromática,
resistente à humidade e à decomposição, sendo utilizada, em carpintaria e
marcenaria, na construção de móveis, portas e arte sacra. Sobre o assunto,
Félix (2025) escreveu o seguinte:
“Consta que
os fenícios construíram com a minha madeira a armada com que navegaram até à
costa portuguesa. As portas da original Basílica de São Paulo em Roma tiveram o
meu ADN, por ordem de Constantino, o Grande. O ataúde interior da urna do Papa João Paulo II é de madeira de
cipreste.”
De acordo com
Cunha, Silva e Roque (2003), com fins medicinais são usadas as “gálbulas não
maduras [infrutescência
(ou fruto, para alguns autores) subesférica, pequena, em regra lenhosa, com
escamas peltadas], por vezes os rebentos recentes”. Sobre os usos etnomédicos e
médicos, os autores referidos escreveram o seguinte: “… É tradicionalmente
usado nas insuficiências venosas (varizes, tromboflebites) e na sintomatologia
hemorroidal; como expectorante nas bronquites. Externamente, em úlceras
varicosas, inflamações e nevralgias cutâneas ou osteoarticulares; o óleo
essencial é usado, pela sua acção queratolítica, na eliminação das verrugas.”
Desconhece-se a data da chegada aos
Açores nem o responsável pela sua introdução. Hoje, na ilha de São Miguel é
possível encontrar ciprestes em vários jardins públicos e privados e em
cemitérios, de que são exemplos o Jardim do Palácio de Santana e o Cemitério de
São Joaquim, em Ponta Delgada.
Na ilha de São Miguel existem várias
plantas da família Cupressaceae,
que possui mais de 20 géneros e de 140 espécies. Do género Cupressus,
no Jardim António Borges, em Ponta Delgada, pode ser encontrado o cedro-de-goa
(Cupressus lusitanica Mill.), oriundo de uma região que vai do México
até às Honduras, e o cedro-de-monterrey (Cupressus macrocarpa Hartw. X
Gordon), nativo da Califórnia (EUA).
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