Todas as bancadas dos partidos da oposição com representação parlamentar - PSD, CDS-PP, BE, PCP e PPM - protestaram ontem de tarde contra o que genericamente apelidaram de desrespeito por parte da secretária regional da Educação. Isto porque durante o debate da proposta de currículo regional apresentada pelo Governo Regional, Lina Mendes disse que “os senhores deputados não estão à altura de discutir este diploma.” As reacções não se fizeram esperar. “Quem é a senhora para passar atestados de incompetência a deputados?”, questionou o líder do grupo parlamentar do CDS-PP. Artur Lima foi ainda mais longe e considerou que até “o mais fraquinho de todos os deputados é melhor do que a senhora” que, acrescentou, “pela desconsideração que revelou nem para secretária, nem para deputada, nem para estar sentada nesta casa tem competência”. Palavras duras em nome do que disse ser a “defesa da dignidade desta casa e instituição”. Na bancada do Governo, levantou-se o secretário regional da Presidência: “Podemos ser terrivelmente incompetentes nesta bancada e o senhor o terrivelmente o mais sábio de todos, mas o que ficou claro, depois da sua intervenção, é que nós somos terrivelmente bem educados!” E, numa altura em que o debate em torno de uma proposta para a Educação já implicava quem a tinha ou não, as restantes forças partidárias manifestaram o seu desagrado, dando nota negativa a Lina Mendes. “Em vez de lições de educação, devia ter dito à senhora secretária para pedir desculpa” disse Paulo Estêvão do PPM a André Bradford. Zuraida Soares, do BE, subscreveu “inteiramente” a “indignação” de Artur Lima “independemente da violência do protesto”. “Quem está aqui para ter a última palavra sobre os diplomas somos nós, deputados de todos os partidos eleitos pelo povo açoriano”, considerou por sua vez o PSD, pela voz do deputado Costa Pereira. Mais tarde, o deputado comunita Aníbal Pires apelou “ao bom senso da senhora secretária para se redemir”. Só que a tenativa de explicação de Lina Mendes, alegando que se não se referia “às questões estruturantes” mas a “específicas” pois “cada um tem tem o seu papel” que o o Governo quer “ qualidade neste diploma”, foi entendida pelos deputados como uma repetição do que tinha dito anteriormente, só que por outras palavras. Até porque vários deputados de diferentes bancadas são professores. Mas as surpresas do debate - que durou praticamente toda a tarde -, não se ficaram por aqui. Após o intervalo dos trabalhos, um grupo de deputados de partidos da oposição subscrevaram um requerimento que foi entregue à Mesa da Assembleia, manuscrito para que fosse adiada a votação do currículo regional, alegando o pouco tempo que tinha sido dada à comissão para análise e devido à falta de apoio que merecia a proposta actual. Surpreendida com este pedido, a bancada do PS pediu um intervalo regimental que o PSD ainda tentou travar. 30 minutos depois, o grupo parlamentar socialista voltou com uma decisão e não deu o seu voto para que a proposta voltasse à comissão, e evitando assim o que seria inevitavelmente entendido como quebra de confiança à secretária da Educação. Encerrado este capítulo, passou-se à votação da proposta de currículo regional que foi aprovada apenas com os votos do grupo parlamentar socialista. Todas as outras forças políticas votaram contra.• Olímpia Granada, Açoriano Oriental
Nota-Seria interessante saber que escolas deram parecer favorável ao currículo regional.
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