quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

Pinhal da Paz




Pinhal da Paz: mudam-se os tempos, mudam-se as vontades

A 27 de Novembro de 2009, o Gabinete de Apoio à Comunicação Social do Governo Regional dos Açores anunciava a conclusão, na Reserva Florestal de Recreio do Pinhal da Paz, de uma nova infraestrutura, a zona de piqueniques, constituída por “mesas, bancos, grelhadores com todas as condições para uma refeição de lazer ao ar livre”.
O GACS, também, chamava a atenção para a importância da referida reserva que com uma área de 50 hectares possuía “um Centro de Divulgação Florestal, coleções botânicas temáticas, circuitos de manutenção física e miradouro com vistas panorâmicas”.
Na mesma nota, o GAGS, possivelmente depois dos responsáveis terem aceitado as exigências de uma petição lançada pelos Amigos dos Açores, anunciava a que a partir de 28 de Dezembro o horário de funcionamento passaria a ser o seguinte: durante a semana a abertura seria pelas 8 horas e o encerramento pelas 16 horas e ao fim de semana a abertura seria pelas 10 horas e o encerramento pelas 16 horas.
A nota do GAGS terminava com uma referência à extrema importância do Pinhal da Paz já que “a sua proximidade aos centros urbanos de Ponta Delgada, Ribeira Grande e Lagoa, fazem desta Reserva Florestal de Recreio um dos espaços verdes mais frequentados e emblemáticos dos Açores”.
Após ter ouvido várias pessoas lamentar-se pelo facto de se terem deslocado ao Pinhal da Paz ao fim de semana e de terem batido com o nariz na porta, decidi ver com os meus próprios olhos e confirmei a presença de uma placa informativa a transmitir que no chamado horário de inverno o mesmo estava encerrado.
É precisamente pelas razões apontadas pelo GAGS que achamos que o Pinhal da Paz deve estar aberto todo o ano ao fim de semana pois é ao sábado e ao domingo que as famílias estão, livres do trabalho, juntas e com possibilidade de usufruir daquele espaço de educação ambiental não formal e de lazer.
Não vou propor nenhum horário alternativo, pois os responsáveis por aquele espaço com certeza terão a capacidade e o bom senso de apresentarem um, mais de acordo com a disponibilidade dos visitantes, mas não resisto em transcrever a reflexão bem-humorada sobre o mesmo que apresentou Manuel Moniz, no Diário dos Açores, no passado dia 2 de Fevereiro: “…Porque aparentemente não faz sentido que o Parque abra às 8 horas, quando podia perfeitamente abrir às 10 ou às 11 horas. Assim como não se compreende que não feche para a hora de almoço, pelo menos entre as 12 horas e as 14 horas! E também acho que devia estar fechado no mês de Agosto, para férias do pessoal!”
Após o lançamento de uma petição pública a solicitar ao Eng. Luís Viveiros, Secretário Regional dos Recursos Naturais, a revisão do horário do Pinhal da Paz, a sua responsável direta, numa reportagem publicada no Correio dos Açores, alegou carência de recursos humanos para o facto do mesmo não abrir aos fins-de-semana e apresentou uma estatística do número de visitantes que nos levantou algumas dúvidas quanto aos objetivos. Com efeito, alguns leitores mais apressados ou distraídos, no dia a seguir vieram dizer-me que afinal poucas pessoas visitavam o Pinhal da Paz no inverno pois aquele só era visitado por 2000 pessoas, isto é cerca de 3,4% do total.
Não acredito que tenha havido outra intenção na divulgação daqueles números para além de dar a conhecer os dados disponíveis, mas uma coisa é certa, como muito bem escreveu a Maria Corisca, no passado domingo “:“Resta saber se estivesse aberto quantos mais iriam…”
Quanto à falta de recursos humanos é o argumento mais usado para as mais diversas ocasiões e pelas mais diversas entidades, mas que não colhe sobretudo na época em que estamos a viver com um grande número de desempregados e de pessoas abrangidas por diversos programas de inserção ou reinserção social, para não falar no tão propalado voluntariado.
Mas, como o maná já não cai do céu como se diz que alguma vez caiu é preciso alguma criatividade e trabalho para abandonar a inércia, a rotina e a burocracia em que estão atulhados alguns serviços públicos e por mãos à obra. No caso em apreço, bem como em todos os outros, também é urgente cortar com os maus hábitos e fazer opções. É que o Pinhal da Paz é também um recurso que, para além de poder ser usado pelos residentes, também pode ser um excelente atrativo turístico.
Por último, se necessário fosse gastar alguma verba extra para abertura do Pinhal da Paz aos fins-de-semana, o que não acredito, seria um bom investimento.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 27347, 6 de Fevereiro de 2013, p.19)

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