quarta-feira, 17 de junho de 2015

Vila Franca do Campo e o pedestrianismo


Vila Franca do Campo e o pedestrianismo

No passado sábado participei numa ação de formação sobre pedestrianismo e percursos pedestres, realizada na freguesia de Ponta Garça, que teve como promotores a AVIPAA- Associação Vilafranquense de Proteção dos Animais e do Ambiente e a Junta de Freguesia de Ponta Garça.

Infelizmente, não foi uma iniciativa que contou com muita adesão por parte dos habitantes da localidade, mas mesmo assim valeu a pena a sua realização e posso dizer que foi um sucesso dado o interesse pelo tema manifestado pelos participantes e o entusiasmo que manifestaram em melhor conhecer o nosso património natural e, no caso da Junta de Freguesia e dos seus colaboradores, em dotar a freguesia de mais percursos pedestres devidamente balizados e sinalizados para oferecer aos locais e aos turistas.

Aproveito a oportunidade para elogiar o que está a ser feito pela Junta de Freguesia de Ponta Garça no caminho de acesso à Praia da Amora (do Simas) e para dar os parabéns à Junta de Freguesia da Maia pelo notável trabalho feito no percurso que liga o porto daquela freguesia à Praia da Viola, onde a par da limpeza e recuperação do trilho não foi esquecida a plantação de espécies da flora açoriana.

De momento não sei se mais alguma Junta de Freguesia de Vila Franca do Campo está a trabalhar nesta área, mas se não o estiver é uma pena pois o nosso concelho é um dos que mais potencialidades têm na ilha de São Miguel.

Mas, como os meios das juntas de freguesia são limitados, só através de uma parceria com a Câmara Municipal de Vila Franca do Campo é possível ir mais longe e colocar a nossa vila em lugar de destaque no contexto regional. Neste caso não se pode alegar falta de meios, pois em termos de custos o investimento é ridículo quando comparado com outros e por via dos vários programas regionais a mão-de-obra é abundante.

Com a chegada de muitos mais visitantes através da redução dos custos dos transportes, Vila Franca do Campo não pode deixar de aproveitar a oportunidade para atraí-los para o concelho e, para além do que já existe, há que apostar num espaço que está completamente desaproveitado, para não dizer ao abandono, que é a Lagoa do Congro, que poderia ser transformado em Jardim Botânico e integrado numa rede de Jardins de São Miguel e na recuperação de alguns trilhos pedestres, integrando-os na rede de trilhos pedestres recomendados da Região Autónoma dos Açores.

A minha participação em Ponta Garça na mencionada formação fez-me recordar que há dez anos, numa sessão realizada na Povoação, no âmbito do projeto comunitário TURMAC, apresentei uma comunicação intitulada “A prática do pedestrianismo na Região Autónoma dos Açores” onde fiz um balanço aos primeiros anos da atividade nos Açores, que oficialmente terá dado os primeiros passos com a publicação a 14 de Abril de 2004, do Decreto Legislativo Regional nº 16/2004/A que criou o regime jurídico dos percursos pedestres classificados da RAA.

Na mesma comunicação, também, fiz o ponto de situação relativamente ao número de trilhos recomendados que era o seguinte: Nos Açores existiam 36 percursos recomendados, 12 dos quais na ilha de São Miguel, seguindo-se as ilhas Terceira, São Jorge, Pico e Flores com 4, Santa Maria e Faial com 3 e, por último Graciosa com 2.

Hoje, a situação alterou-se, na maioria das ilhas aumentou o número de percursos recomendados, tendo em São Miguel o seu número quase duplicado. No que diz respeito a Vila Franca do Campo, apenas se mantém o trilho “Praia Lagoa do Fogo”, já que o “Monte Escuro- Vila Franca do Campo” encontra-se fechado (informação recolhida a 14 de junho na página http://trilhos.visitazores.com/pt-pt/trilhos-dos-acores/sao-miguel/monte-escuro-vila-franca-do-campo) e o “Ponta Garça- Ribeira Quente” foi eliminado da lista.

No caso deste último trilho não se percebe a sua eliminação, pois o mesmo não necessita de passar pela Praia da Ribeira da Amora ou dos Moinhos, bastando para isso, pelo menos enquanto não estiver transitável o percurso junto à costa, voltar a ser feito a partir da Gaiteira, mais propriamente da zona dos Tufos, o que corresponde ao primitivo percurso pedestre sinalizado pela Direção Regional de Turismo.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30655, 17 de junho de 2015, p.19)

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