terça-feira, 6 de outubro de 2015
O semi-aficionado de touradas Joel Neto
O semi-aficionado de touradas Joel Neto
Joel Neto publicou recentemente no Diário de Notícias um texto intitulado Tauromaquia, onde diaboliza, e muito bem, as touradas de praça e endeusa, e muito mal, as de corda.
Antes de demonstrar que Joel Neto asneirou, quero dar os parabéns por, finalmente, ter reconhecido que na tourada de praça o touro é massacrado. Mas como ainda no seu íntimo há uma pontinha de “afición” encontra “galhardia numa pega de caras”, depois do touro já se ter esvaído em sangue e de estar a pouco tempo de ser morto no matadouro.
Concordamos com Joel Neto que o grau de barbaridade numa tourada à corda é menor do que numa de praça. Contudo, as justificações apresentadas pelo senhor Neto para demonstrar a bondade para o touro das touradas à corda não passam de um chorrilho de asneiras, algumas muito comuns a todos os adeptos das touradas e outras originais da lavra de um ou mais professores universitários do Departamento de Ciências Agrárias da Universidade dos Açores completamente desacreditados.
Não vamos perder muito tempo, mas dizer que numa tourada à corda o que acontece é apenas isto: “O animal é preso a uma trela e passeado estrada fora” não passa de tolice pegada. O senhor Neto por acaso não vê, ao vivo ou nos famosos vídeos das marradas, touros ensanguentados, touros que ficam feridos e outros que por vezes morrem ao embaterem em muros e outras vedações?
Outra justificação característica dos aficionados da “tortura suave” é a de que enquanto o touro é respeitado, as pessoas é que se lixam. Vejam o que diz o senhor Neto:” Mas, no fim, é ele quem mais se diverte, ceifando bêbedos e debruçando-se às varandas”.
Como sabe o senhor Neto que o touro se diverte? Não é sadismo divertir-se com o sofrimento de outros humanos, mesmo que estejam “bêbados”?
Disparate que não devia ser repetido por alguém que devia usar o cérebro é afirmar que “Não há, nas nove ilhas dos Açores como na província portuguesa em geral, muitas regiões tão magnificamente preservada como o interior da Terceira. Esse milagre tem uma só origem: o toiro é o seu guardião”.
Pense um bocadinho e consulte toda a bibliografia disponível e verifique que um dos problemas para as espécies endémicas é o seu pisoteio. Esta afirmação consta de todos os documentos oficiais relativamente à Rede Natura 2000 cujos estudos foram feitos por quem na Universidade dos Açores vem agora dizer que os touros da Terceira contribuem para a conservação da natureza. Talvez fosse verdade, se os touros terceirenses soubessem distinguir endemismos e se tivessem asas.
José da Agualva.
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