terça-feira, 12 de julho de 2016
Os gatos de Agostinho da Silva
Minha gatinha João
Do jeito que hoje te vi
Muito mais tu me proteges
Do que te protejo a ti
(Agostinho da Silva)
Gosto muito de ler biografias e nos últimos dias acabei de ler a de Agostinho da Silva escrita por António Cândido Franco, professor na Universidade de Évora e atual diretor da revista de cultura libertária “A Ideia”.
Através da leitura de “O estranhíssimo colosso. Uma biografia de Agostinho da Silva”, editada em 2015, pela Quetzal Editores, fiquei a conhecer melhor a vida e a obra de George Agostinho Batista da Silva (1906-1994), filósofo, poeta e ensaísta distinto, que ao longo da sua vida foi um filantropo, tendo, entre outras iniciativas, ajudado, no Brasil, com o dinheiro da sua reforma, meninos pobres que queriam estudar.
Agostinho da Silva manteve uma relação especial com os animais, nomeadamente com os gatos que foram seus companheiros ao longo da sua vida.
Certa vez alguém perguntou a Agostinho da Silva por que razão andava sempre na companhia de gatos e a reposta foi: “Os gatos têm uma enorme vantagem sobre os humanos, sabe? Não podem ser alfabetizados”.
Agostinho da Silva sempre teve gatos, desde a altura em que deu os primeiros passos, em Barca de Alva, até ao fim da vida em Lisboa, passando pelo Brasil e Uruguai, onde também viveu.
Agostinho da Silva que, numa altura da sua vida, se deslocava de Lisboa a Sesimbra com o único objetivo de alimentar gatos, com quase 88 anos de idade levantava-se às cinco da madrugada e dedicava aos gatos as duas primeiras horas do dia, limpando as areias, lavando a louça e dando-lhes alimento e mino e passeando no terraço.
Sobre a sua dedicação aos gatos que lhe davam muito trabalho, Agostinho da Silva nunca desanimou nem manifestou qualquer cansaço. Sobre o assunto escreveu: “Estou pagando uma dívida humana: meus gatos me domesticaram a mim”.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30982, 12 de julho de 2016, p.10)
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