sexta-feira, 19 de janeiro de 2024

Goiabeira


Goiabeira

A goiabeira, goiaba ou goiavão, em Vila Franca do Campo, (Psidium guajava L.), pertencente à família Myrtaceae, é uma das fruteiras tropicais mais difundidas em todo o mundo, sendo originária da América Central e do Sul.

Segundo alguns autores, a planta foi conhecida pela primeira vez pelos europeus, a partir de descrições de cronistas espanhóis, em 1526, e terão sido os portugueses que a levaram para África e para o Oriente.

É bem provável que a goiabeira tenha surgido, nos Açores, no século XIX, mas o único dado que possuímos é o de que já existia no Jardim José do Canto em 1856. Além disso, sabe-se que por cá são cultivadas duas variedades, uma de polpa branca e outra, a mais comum, de polpa rosada.

A goiabeira é um arbusto ou árvore de pequeno porte, que pode atingir 6 metros de altura, com tronco tortuoso, com casca muito lisa. As suas folhas são ovais ou cordiformes na base e grossas com nervuras bem vincadas e as flores, que são brancas ou ligeiramente rosadas, solitárias na axila das folhas surgem nos meses de junho e julho. Os seus frutos são bagas de forma ovoide, verdes que se tornam amarelas quando maduras.

A goiabeira adaptou-se perfeitamente aos terrenos e clima dos Açores, não necessitando de muitos cuidados, embora prefira terrenos soltos e ricos e lugares soalheiros.

A frutificação, que acontece normalmente a partir do terceiro ano, ocorre de dezembro a abril.

A propagação faz-se por semente e planta-se no inverno ou início da primavera, com compasso não inferior a 4 metros.

Apenas quando necessário fazem-se podas de limpeza que não podem ser muito fortes e pode-se também rebaixar a copa, para facilitar a colheita dos frutos.

Embora exista em alguns jardins, como no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim do Piquinho, nas Furnas, ou no Jardim Botânico José do Canto, a planta é cultivada nos Açores devido aos seus muito apreciados frutos que são muito ricos em vitamina C, os quais podem ser comidos diretamente ou transformados em doces, compotas, etc.

Arlindo Cabral, no número sete do Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, publicado em 1948, apresenta dois processos para fabricar goiabada que abaixo se transcrevem:

1º - “Depois de lavado e descascado o fruto, são retiradas as sementes e cozida a polpa em pequena porção de água, posto o que se peneira. Em seguida, prepara-se um xarope em ponto de pérola, com água de cozedura e 1,5 kg de açúcar, por cada quilograma de polpa passada. Finalmente, junta-se o xarope, assim preparado; à polpa, obtendo-se o doce, que convém voltar ao lume, para enxugar um pouco mais com vantagem para a conservação e para o paladar.”

2º - “As goiabas, depois de lavadas e cortadas a meio, são levadas ao lume, em pouca água, para cozer; depois de peneirada, a polpa é pesada, juntando-se-lhe 1 a 1,2 kg de açúcar por quilograma daquela; volta ao lume até adquirir a consistência própria da marmelada.”

Augusto Gomes, na sua Cozinha Tradicional da Ilha Terceira (1982), por seu lado, apresenta a seguinte receita de doce de goiaba ou goiabada:

“Coze-se a goiaba em um tacho, e depois de estar cozida, passa-se por um passador. Uma vez passada a goiaba, pesa-se e vai ao lume com o mesmo peso de açúcar. Conhece-se quando está no ponto pelo facto de, ao mexer-se, se ver o fundo do tacho. Antes de se guardar é conveniente expô-lo ao sol.”

Teófilo Braga

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