domingo, 28 de abril de 2024

Canforeira


Canforeira

A canforeira (Cinnamomum camphora (L.) J. Presl) é uma planta pertencente à família Lauraceae oriunda do Japão, Taiwan e Malásia, cultivada em regiões tropicais e subtropicais.

A canforeira é uma árvore de folha perenifólia, com tronco com casca rugosa que pode atingir 10 metros de altura. As folhas são alternas, ovadas, bruscamente acuminadas, sendo a página superior luzidia e a inferior glauca, que cheiram a cânfora quando esmagadas. As flores, que aparecem em março e em abril, são muito pequenas e surgem em cachos e os frutos são bagas globosas negras.

A sua chegada aos Açores poderá ser devida a João Carlos Scholtz (1741-1823) que foi comerciante e cônsul da Rússia e da Prússia e possuiu uma casa numa Quinta na Arquinha, onde era possível encontrar uma grande variedade de plantas e que de acordo com Briant Barret, numa propriedade sua existente nas Socas introduziu “…as melhores flores da Europa, árvores de boa madeira, bem como outras plantas, ainda não existentes nas outras ilhas”.

Na publicação “Observações sobre a ilha de São Miguel recolhidas pela Comissão enviada à mesma ilha em agosto de 1825 e regressada em outubro do mesmo ano”, Luís Mouzinho da Silva Albuquerque e o seu ajudante Ignacio Menezes referem o seguinte:

“…A esta parte da cultura da ilha prestou importantes serviços o falecido prussiano João Carlos Scholtz, aclimatando nela diferentes árvores exóticas, propriíssimas para servirem de abrigo às laranjeiras, entre as quais se nota o Laurus camphora, que hoje é assaz comum na ilha, e cujo primeiro tronco se conserva na quinta…”

A Laurus camphora que atualmente é denominada de Cinnamomum camphora é a canforeira que não sendo muito comum pode ser encontrada em alguns jardins, como no Jardim José do Canto, no Jardim António Borges, no Pinhal da Paz e no Jardim Duque da Terceira, em Angra do Heroísmo.

O geógrafo madeirense Raimundo Quintal, num texto intitulado “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel-Proposta de classificação”, publicado em 2019, defendeu a classificação como de interesse público de dois exemplares existentes no Jardim Botânico José do Canto.

Saraiva (2020) refere que a sua multiplicação pode ser feita por “estacas semilenhosas” “e por sementes, as quais devem limpar-se da parte carnuda do fruto e semear-se quanto antes, pois o período durante o qual a semente é viável é curto.”

Sobre o seu uso, Saraiva (2020) menciona a sua utilização como planta ornamental e a sua madeira em marcenaria e através da sua destilação para a obtenção da cânfora.

Para além do seu uso, entre nós, como planta ornamental, Alfredo da Silva Sampaio, na sua “Memória sobre a Ilha Terceira”, publicada em 1904, inclui a canforeira numa lista de plantas empregadas em construções e em marcenaria.

Cunha, Sila e Roque, no livro “Plantas e produtos vegetais em fitoterapia”, publicado pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 2003, sobre a cânfora escrevem que “o óleo essencial, devido à cânfora, é um estimulante respiratório, revulsivo e anti-séptico.”

Sobre os usos etnomédicos e médicos, os mesmos autores escreveram o seguinte:

“Internamente em gripes e tosse. Externamente, em fricções, como estimulante respiratório e anti-séptico em gripes e bronquites. Como revulsivo em mialgias e reumatismos.”

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