quarta-feira, 18 de dezembro de 2024

Freixo (s)

 


Freixo (s)

 

O freixo, freixo-de-flor ou freixo-da-sicília (Fraxinus ornus L.) é uma planta de folha caduca, da família Oleaceae, originária de África e da Europa (região Mediterrânica, desde Espanha até à Turquia.

 

O nome do género Fraxinus deriva da palavra grega “phraxis”, que significa separação que estará relacionado com o facto da sua madeira rachar com facilidade ou com o facto da planta ser usada na separação de terrenos. Por sua vez, o nome específico ornus, deriva do latim “orno” que significa adornar, devido ao facto das suas inflorescências serem muito decorativas em comparação com as do freixo comum (Fraxinus excelsior).

 

O freixo-de-flor, que normalmente possui uma altura próxima dos 10 m, podendo alcançar os 20 m, possui um ritidoma liso e cinzento. As suas folhas apresentam folíolos de margem dentada, podendo apresentar pelos na página inferior. As flores, que surgem nos meses de abril, maio e junho, são brancas ou creme muito vistosas, de aroma agradável e os frutos apresentam a forma de língua, com uma asa que permite a disseminação.

 

Os freixos possivelmente terão chegado ao nosso arquipélago no século XVIII, pelo menos já existiam na Ilha Terceira, segundo um relatório concluído em Angra do Heroísmo no dia 29 de dezembro de 1798.

 

No que diz respeito à ilha de São Miguel, sabe-se que José do Canto possuía no seu jardim de Santana, em 1856, 12 taxa (espécies, subespécies, variedades, etc.) de freixos.

 

No jornal “O Agricultor Michaelense”, de julho de 1849, sobre o freixo, no caso o Fraxinus excelsior, pode ler-se o seguinte:

 

“Infelismente esta arvore era completamente desconhecida em S. Miguel ha alguns anos, e ainda hoje é raríssima.

 

As primeiras plantas que vegetaram no nosso clima foram enviadas d’Inglaterra pelo Sr. Harvey, estrangeiro distincto que introduzio muitas arvores novas n’esta Ilha, para povoar um prédio, que adquirira, adjacente á Lagoa das Furnas. Sucedeu que taes freixos se espalhassem por varias localidades da Ilha, e seja qual for a causa a que se possa atribuir o mau exito da sua naturalização, bem poucos são as que tem medrado.”

 

O botânico William Trelease, natural dos E.U.A., que visitou os Açores, cita “para a ilha das Flores, o Fraxinus angustifólia […] que lhe foi trazida como indígena, mas que considera, sem dúvida, inicialmente cultivada.” (Palhinha, 1966)

 

No número mencionado do “Agricultor Michaelense” há referência à espécie Fraxinus lentiscifolia (sinónimo de Fraxinus angustifolia subsp. angustifolia) que na ilha de Santa Maria era conhecido por carrasqueiro.

 

Sobre o carrasqueiro pode ler-se, entre outras coisas, o seguinte:

 

“… é uma linda arvore, de mimosa, e elegante folhagem: propaga-se facilmente por semente, em que abunda, a qual nasce de ordinário no fim de seis mezes. Cresce logo muito, lançando em cada anno vergônteas de 4 a 5 palmos. Torna-se em breve, frondosa arvore, e produz uma das mais preciosas madeiras que se podem alcançar. Tão boa e útil é, que, de muitas que haviam em Santa Maria, não poupou p machado a mais do que a só duas, que ainda hoje se admiram n’aquela Ilha.”

 

Nos Açores, como se pode constatar, há várias espécies do género Fraxinus, com destaque, na atualidade, para o freixo-de-flor e o freixo-comum.

 

 Na ilha de São Miguel, o freixo-de-flor pode ser encontrado no Pinhal da Paz, na Fajã de Cima, na Estrada da Ribeira Grande, na Mata do Dr. Fraga, na Maia, no Parque Terra Nostra, nas Furnas e na Mata-Jardim José do Canto, nas margens da Lagoa das Furnas.  O freixo-comum pode ser observado no Jardim da Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, no Jardim Botânico José do Canto, também em Ponta Delgada, e no Parque Terra Nostra.

 

19 de dezembro de 2024

 

Teófilo Braga

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