Freixo (s)
O
freixo, freixo-de-flor ou freixo-da-sicília (Fraxinus ornus L.) é uma
planta de folha caduca, da família Oleaceae, originária de África e da Europa
(região Mediterrânica, desde Espanha até à Turquia.
O
nome do género Fraxinus deriva da palavra grega “phraxis”, que significa
separação que estará relacionado com o facto da sua madeira rachar com
facilidade ou com o facto da planta ser usada na separação de terrenos. Por sua
vez, o nome específico ornus,
deriva do latim “orno”
que significa adornar, devido ao facto das suas inflorescências serem muito decorativas
em comparação com as do freixo comum (Fraxinus excelsior).
O
freixo-de-flor, que normalmente possui uma altura próxima dos 10 m, podendo
alcançar os 20 m, possui um ritidoma liso e cinzento. As suas folhas apresentam
folíolos de margem dentada, podendo apresentar pelos na página inferior. As
flores, que surgem nos meses de abril, maio e junho, são brancas ou creme muito
vistosas, de aroma agradável e os frutos apresentam a forma de língua, com uma
asa que permite a disseminação.
Os
freixos possivelmente terão chegado ao nosso arquipélago no século XVIII, pelo
menos já existiam na Ilha Terceira, segundo um relatório concluído em Angra do
Heroísmo no dia 29 de dezembro de 1798.
No
que diz respeito à ilha de São Miguel, sabe-se que José do Canto possuía no seu
jardim de Santana, em 1856, 12 taxa (espécies, subespécies, variedades, etc.)
de freixos.
No
jornal “O Agricultor Michaelense”, de julho de 1849, sobre o freixo, no caso o Fraxinus
excelsior, pode ler-se o seguinte:
“Infelismente
esta arvore era completamente desconhecida em S. Miguel ha alguns anos, e ainda
hoje é raríssima.
As
primeiras plantas que vegetaram no nosso clima foram enviadas d’Inglaterra pelo
Sr. Harvey, estrangeiro distincto que introduzio muitas arvores novas n’esta
Ilha, para povoar um prédio, que adquirira, adjacente á Lagoa das Furnas.
Sucedeu que taes freixos se espalhassem por varias localidades da Ilha, e seja
qual for a causa a que se possa atribuir o mau exito da sua naturalização, bem
poucos são as que tem medrado.”
O
botânico William Trelease, natural dos E.U.A., que visitou os Açores, cita
“para a ilha das Flores, o Fraxinus angustifólia […] que lhe foi trazida
como indígena, mas que considera, sem dúvida, inicialmente cultivada.”
(Palhinha, 1966)
No
número mencionado do “Agricultor Michaelense” há referência à espécie Fraxinus
lentiscifolia (sinónimo de Fraxinus angustifolia subsp. angustifolia)
que na ilha de Santa Maria era conhecido por carrasqueiro.
Sobre
o carrasqueiro pode ler-se, entre outras coisas, o seguinte:
“…
é uma linda arvore, de mimosa, e elegante folhagem: propaga-se facilmente por
semente, em que abunda, a qual nasce de ordinário no fim de seis mezes. Cresce
logo muito, lançando em cada anno vergônteas de 4 a 5 palmos. Torna-se em
breve, frondosa arvore, e produz uma das mais preciosas madeiras que se podem
alcançar. Tão boa e útil é, que, de muitas que haviam em Santa Maria, não
poupou p machado a mais do que a só duas, que ainda hoje se admiram n’aquela
Ilha.”
Nos
Açores, como se pode constatar, há várias espécies do género Fraxinus,
com destaque, na atualidade, para o freixo-de-flor e o freixo-comum.
Na ilha de São Miguel, o freixo-de-flor
pode ser encontrado no Pinhal da Paz, na Fajã de Cima, na Estrada da Ribeira
Grande, na Mata do Dr. Fraga, na Maia, no Parque Terra Nostra, nas Furnas e na
Mata-Jardim José do Canto, nas margens da Lagoa das Furnas. O freixo-comum pode ser observado no Jardim
da Universidade dos Açores, em Ponta Delgada, no Jardim Botânico José do Canto,
também em Ponta Delgada, e no Parque Terra Nostra.
19 de dezembro de 2024
Teófilo Braga
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