Bananeira
Neste
texto faremos referência às bananeiras que consideramos mais comuns no nosso
arquipélago, a bananeira-anã (Musa acuminata Colla) e a
bananeira-de-prata (Musa x paradisiaca L.)
A
bananeira (Musa spp.) é originária do Sudeste Asiático, sendo cultivada em
regiões tropicais e subtropicais do mundo.
As
bananeiras já existiam na região mediterrânica antes dos descobrimentos, tendo
sido levadas pelos portugueses para as ilhas atlânticas africanas e para a
costa ocidental africana ao sul da Gâmbia (Ferrão, 1999).
Na
Madeira, a bananeira já era cultivada em 1552, vinda das Canárias ou de Cabo
Verde e a sua introdução nos Açores terá ocorrido no século XV ou XVI, na
chamada era dos descobrimentos.
Em
1884, ao descrever a flora e a fauna da Ilha Graciosa, António Borges do Canto
Moniz escreveu o seguinte: “…Encontra-se na ilha esta excellente planta, e
muito conveniente seria que se tratasse da sua vulgarização, porque além de ser
de reconhecida utilidade ao homem, dá um aspecto muito particular á terra”.
Em
1952, o Eng.º Arlindo Cabral, no boletim nº 15 da CRCAA, sobre a Fajã das Almas
escreveu que era vocacionada para a produção de bananas e que “a bananeira
vegeta e frutifica muito bem no tracto de terreno, fundo, ligeiramente
inclinado, portanto exposto à incidência dos raios solares e protegidos dos
ventos do quadrante norte…”
A
bananeira multiplica-se por divisão dos rebentos que nascem junto à base. Em
Vila Franca do Campo é tradição fazer a plantação de bananeiras no mês de maio.
A
bananeira é uma planta herbácea, com folhas muito grandes de limbo alongado e
flores, que surgem ao longo de todo o ano, encontram-se em recetáculos de cor
violeta. O seu fruto, carnudo e indeiscente, é muito rico em vitaminas e
açúcares o que o torna um excelente alimento.
Feijão
(1986), depois de mencionar que os frutos são ricos em vitaminas A, B1,
B2, C, D e E” e que “são muito alimentícios”, apresentou a forma
como se faz “Licor de Banana”. Assim, segundo ele: “ferver a polpa de três
bananas num litro de água; adicionar meio copo de álcool e 50 g de açúcar;
filtrar.”
Vieira,
Moura e Silva (2020), para além de referirem os usos ornamental e alimentar,
mencionam que a banana tem “propriedades antifúngicas, antibióticas,
enzimáticas e revigorantes” e que “a casca usada diretamente serve para
hidratar a pele, prevenir as rugas, eliminar hematomas e acelerar a
cicatrização de feridas.”
Augusto
Gomes (1993) menciona o uso, para tratar as calosidades, da “raspa da parte
interior da casca da banana.”
Em
1992, nas Calhetas, concelho da Ribeira Grande, extraía-se “o sumo da folha da
bananeira” e esfregava-se “na ferida” para tratar a erisipela.
Bibliografia
Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses.
Lisboa, Instituto de Investigação Tropical e Comissão Nacional para as
Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.
Feijão,
R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.
Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de
usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direção Regional
dos Assuntos Culturais. 498 pp.
Moniz, A. (1884). Ilha Graciosa (Açores)-
Descripção Histórica e Topographica. Angra do Heroísmo, Imprensa da Junta
Geral.
Vieira,
V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada,
Letras Lavadas. 356 pp.
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