quarta-feira, 10 de julho de 2024

Em defesa das plantas, em defesa da Vida

 



Em defesa das plantas, em defesa da Vida

 

No passado dia 20 de maio, comemorou-se o Dia Internacional da Abelha, um dos polinizadores de grande importância para a conservação da biodiversidade e para a agricultura. A propósito, o mundialmente famoso físico Albert Einstein escreveu o seguinte: “Se as abelhas desaparecerem da face da Terra, a humanidade terá apenas mais quatro anos de existência. Sem abelhas não há polinização, não há reprodução da flora, sem flora não há animais, sem animais, não haverá raça humana.”

 

Entre as principais ameaças às abelhas e restantes polinizadores destacamos a degradação dos habitats naturais, a agricultura intensivo e o uso de herbicidas.

Na nossa freguesia e em quase toda a ilha, os espaços verdes precisam de ter mais flores e menos relva, necessitam de serem preenchidos com espécies vegetais melíferas e nos terrenos agrícolas é urgente serem deixados junto às suas divisórias, mesmo em bandas estreitas, plantas silvestres. Não pode acontecer o que tenho observado, isto é, as plantas existentes nas bandas referidas são queimadas com herbicidas que são prejudiciais às abelhas e aos outros seres vivos.

Acredito que é por ignorância ou por desinformação que não se valoriza o nosso património natural e este texto é apenas um modesto contributo para o conhecimento do mundo que nos rodeia.

Para um melhor conhecimento da flora do Pico da Pedra, decidi dar a conhecer as plantas existentes nos muros de pedra existentes na Rua Capitão Manuel Cordeiro (1º e 2ª partes), fazendo um primeiro inventário.

No dia 22 de abril, Dia da Terra, identifiquei 23 espécies que podem ter usos diversos, para além de serem procuradas pelas abelhas, como a fura-capa (Bidens pilosa), a Cymbalaria muralis, e o dente-de-leão (Taraxacum officinale).

 

Usadas na medicina popular encontrei, entre outras, as seguintes plantas: fura-capa, erva-de-são-roberto (Geranium robertianum), Perpétua-silvestre (Helichrysum luteoalbum), fava-da-cova (Parietaria judaica), dente-de-leão, coucelos (Umbilicus rupestres), língua-de-vaca (Plantago lanceolata) e urtiga (Urtica membranaceae).

 

Com possível uso (ou mesmo usadas) na alimentação humana ou de animais encontrei as seguintes espécies: alhinhos (Allium triquetrum), tomate-de-capucho (Physalis peruviana), chagas (Tropaeolun majus), urtiga e serralha (Sonchus oleraceus), esta última muito usada na alimentação de coelhos.

 

Para quem quiser aprofundar o assunto, para além do recurso à internet, aconselho a consulta dos seguintes livros.

- As Plantas na Medicina Popular dos Açores, da minha autoria, editado em 2023, pelas Letras Lavadas, edições;

- Algumas plantas medicinais dos Açores, de Yolanda Corsépius, editada pela autora em 1997;

- Flora Terrestre dos Açores, de Virgílio Vieira, Mónica Moura e Luís Silva, editado em 2020, pelas letras Lavadas, edições;

- Ervas que se comem-silvestres e saborosas, de Fernanda Botelho, editado em 2022, pela Dinalivro.

 

Pico da Pedra, 21 de maio de 2024

 

Teófilo Braga

(A VOZ POPULAR, nº 208, junho de 2024)

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