Leucena
Leucena, Ipil-ipil ou aroma-branco (Leucaena leucocefala (Lam.) De
Wit) é uma espécie, da família Fabaceae, oriunda da América Central.
Atualmente está espalhada por vários países do mundo, figurando na lista
das piores plantas com comportamento invasor, causando prejuízo à
biodiversidade. Na ilha da Madeira, onde foi introduzida como ornamental e
possivelmente como forrageira, no início do século XIX, encontra-se
naturalizada em algumas zonas, sobretudo próximas do litoral.
É um arbusto ou árvore perene que em condições ideais de clima e solo pode
atingir 20 m de altura. As folhas são bipenadas, as flores são brancas,
agrupadas em capítulos globulares e os frutos são vagens planas, contendo 15 a
30 sementes.
Não é possível afirmar a data exata da sua introdução nos Açores. Em São
Miguel, sabe-se que uma das chegadas terá ocorrido no final da década de 80 ou
no início da de 90 do século XX.
Numa comunicação sobre o aproveitamento das energias renováveis nos Açores,
apresentada por Francisco Botelho, da EDA, nas Primeiras Jornadas de Proteção
do Meio Ambiente”, realizadas em 1988, em Angra do Heroísmo, afirma-se o
seguinte:
“Das possibilidades consideradas que incluem também o eucalipto e a acácia, mostra-se com especial interesse
a Leucaena (Ipil-Ipil), árvore frondosa e de pequeno porte que, para além de
apresentar um dos mais rápidos crescimentos, se não o mais rápido conhecido
(cerca de 4 metros em seis meses, pelo menos em zonas de floresta tropical) e
bom poder calorífico, tem ainda entre outras vantagens, poder de fixação de
nitrogénio no solo e folhagem rica em proteínas,
permitindo o seu aproveitamento para alimentação de animais, bem como
características adequadas para fixação de taludes. Está actualmente em curso um
estudo acerca da sua adaptação às características climáticas da nossa Região,
encontrando-se em crescimento exemplares de alguns tipos de Leucaena, de
sementes originárias o Hawai.”
Em 1989, tivemos a oportunidade de observar nos viveiros dos Serviços
Florestais, nas Furnas, pequenas plantas obtidas a partir de sementes vindas
dos EUA para a EDA que estava a investigar a possibilidade do seu
aproveitamento para a produção de energia elétrica a partir da queima da sua
madeira.
Na altura, sabendo que a espécie no Havai e no Japão era uma terrível
ameaça à flora nativa, os Amigos dos Açores manifestaram publicamente a sua
preocupação.
A inquietação dos Amigos dos Açores não caiu em saco roto, pois, a 11 de
março de 1992, o deputado regional do PS, Victor Ramos, em requerimento enviado
ao Secretário Regional da Agricultura e Pescas, solicitou uma resposta à
seguinte questão: “Que motivações e que estudos levaram à introdução da
referida espécie nos Açores?”
A resposta, que deu entrada na ALRA a 21 de julho de 1992, foi assinada por
Rui Nina da Silva Lopes, secretário-geral da Presidência do Governo e foge à
questão levantada, isto é, apenas menciona que “não foram efectuadas quaisquer
plantações de leucaena na ilha de S. Miguel”
Mas, como em quase tudo nesta vida, nem tudo é negativo na leucaena, pois
há usos que não podem ser esquecidos. Assim, ela já foi considerada como a
“árvore milagre”, sobretudo para alguns países do chamado Terceiro Mundo, onde
a desflorestação e o empobrecimento dos solos atinge grandes dimensões.
A madeira de leucaena pode ser usada como combustível, na alimentação e
aquecimento e em centrais de produção de eletricidade.
As folhas da leucaena podem ser usadas na alimentação humana e na do gado.
Na alimentação humana podem ser utilizadas em sopas e em saladas. As folhas são
também muito apreciadas pelo gado, nomeadamente bovinos, suínos e caprinos,
podendo ser usadas também em silagens. As sementes de leucena, depois de
torradas e moídas podem ser usadas como substituto do café.
Plantada em fileiras alternadas com outras espécies a leucaena pode
estimular o crescimento daquelas.
A leucena é também usada em várias regiões do mundo como planta ornamental,
o que já acontece em Ponta Delgada, num dos seus grandes jardins.
2 de julho de 2024
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