quinta-feira, 18 de julho de 2024

ENERGIA: PROPOSTA DE AUDITORIA A UM EDIFÍCIO ESCOLAR






 


ENERGIA: PROPOSTA DE AUDITORIA A UM EDIFÍCIO ESCOLAR (1)

Teófilo Braga

 

Resumo

Propõe-se neste artigo uma proposta de auditoria energética para edifícios escolares e apresentam-se sugestões para exploração dos resultados da mesma, nomeadamente em termos de sensibilização para as questões ambientais.

Palavras-chave: energia, escola, auditoria

 

1-    Introdução

 

A energia é um recurso indispensável à vida, ao bem-estar dos cidadãos e ao desenvolvimento socioeconómico, de todas as sociedades, mas é, também, um forte factor global de pressão ambiental (Fernandes, 2007).

 

Embora os conteúdos programáticos do ensino básico e ensino secundário abordem as aplicações das energias renováveis e apresentem recomendações para o uso eficiente de energia, a ênfase é dada ao estudo da produção e não são suficientemente exploradas as actividades que, em contexto de projecto escolar ou clube de ciência (não formal), possam levar a uma reflexão sobre “a importância da gestão conservativa dos recursos energéticos e respectivo uso racional, indispensável ao desenvolvimento da espécie humana” (Caldeira, Bello, Santos & Pina, 2002, p.1)

 

Face ao exposto, com este pequeno texto, apresenta-se uma proposta de auditoria energética, primeiro passo para a tomada de medidas conducentes a um uso mais racional da energia nas escolas.

2-    A nossa proposta de Auditoria Energética

Hoje, as escolas dos Açores, nomeadamente as que integram a rede de Eco-escolas, como a Escola Secundária das Laranjeiras, utilizam como instrumento para a realização de auditorias energéticas o Guia da Auditoria Ambiental do Programa Eco-Escolas (Gomes, s/d) que é disponibilizado pela ABAE/FEE Portugal- Associação Bandeira Azul da Europa.

Com a nossa proposta (guião em anexo), pretende-se ir um pouco mais além do sugerido pela ABAE/FEE Portugal, quantificando os consumos, permitindo identificar as melhores opções para a melhoria do desempenho energético das escolas.

Pretende-se, também, contribuir para avaliar objectivamente o desempenho ambiental das escolas, monitorizando os seus progressos, quer em termos globais quer per capita.

Intencionalmente, optou-se, por não apresentar quaisquer questões relativas às características construtivas dos edifícios (tipos de paredes, coberturas, vãos envidraçados, etc.).

Por último, no questionário são apresentados exemplos de equipamentos e instalações, podendo cada docente, que o aplique, acrescentar outros de modo a que, em cada escola, não fique nenhum de fora.

3-    A exploração dos resultados da auditoria

Através do tratamento dos resultados obtidos, para além de pretendermos sensibilizar e informar as crianças e jovens estudantes, e restantes membros da comunidade educativa, é nossa intenção por em evidência o facto de a escola ser, também, responsável por impactos ambientais, nomeadamente os resultantes do consumo de energia.

A partir da análise dos resultados obtidos é possível ficar-se a conhecer alguns indicadores, como os consumos específicos (kWh/aluno) para o estabelecimento de ensino. Este indicador poderá ser útil para comparar consumos específicos entre escolas de características semelhantes e, mais do que isso, para medir a eficácia de eventuais medidas de poupança/ eficiência energética (alteração de comportamentos ou substituição de equipamentos).

Para além do referido, é também possível a apresentação de propostas para a implementação de medidas de poupança de energia, nomeadamente eléctrica, que pode ser feita através da alteração de comportamentos (e.g. desligar as luzes quando não são necessárias) ou substituição dos equipamentos mais “energívoros” (papões de energia) (e.g. frigoríficos de classe C por outros de classe A) por outros mais eficientes e calcular ao fim de quanto tempo haverá retorno do investimento, etc.

Por último, se pretendermos “saltar os muros da escola” e proporcionar uma visão mais alargada das questões energéticas, é relativamente fácil quantificar a contribuição da escola para as emissões de GEE, bastando para tal utilizar as metodologias de contabilidade básicas de GEE apresentadas por Aguiar (2002) e algumas instruções do projecto Carbon Force (http://www.carbonforce.net).

4-    Considerações finais

O guia de auditoria proposto para além de permitir um tratamento do tema energia na óptica da Física permite uma abordagem no âmbito da educação ambiental, sobretudo para alunos do 9º ano e do ensino secundário.

Tal como foi referido anteriormente, a proposta apresentada, poderá e deverá ser alterada tendo em conta as características dos edifícios escolares e a exploração dos resultados deverá ser adaptada ao nível de escolaridade dos alunos.

 

8- Bibliografia

 

Aguiar, R. (2002, Setembro). O enquadramento das emissões de gases com efeito de estufa como ferramenta pedagógica e quantificadora nas relações escola- ambiente. Comunicação apresentada no XI Congresso Ibérico e VI Ibero-Americano de energia solar.

 

Caldeira, M., Bello, A., Santos, C. & Pina, E. (2002, Setembro). A energia solar no novo programa de física do ensino secundário português. Comunicação apresentada no XI Congresso Ibérico e VI Ibero-Americano de energia solar.

 

Fernandes, E., (2007). A eficiência energética: simples no conceito e complexa na aplicação. Acedido em 10 de Julho, de http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=4034&Itemid=64.

 

Gomes, M. (s/d). Guia de Auditoria Ambiental. Acedido em 10/05/ 10, de http://www.epatv.pt/v1/dados/downloads/guiaauditoriaambiental.pdf

 

 

 

(1)    A proposta de auditoria energética a edifícios escolares foi apresentada inicialmente no âmbito do projecto “Educar para a Energia”, do Mestrado de Educação Ambiental da Universidade dos Açores.

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