ENERGIA: PROPOSTA DE AUDITORIA
A UM EDIFÍCIO ESCOLAR (1)
Teófilo Braga
Resumo
Propõe-se
neste artigo uma proposta de auditoria energética para edifícios escolares e
apresentam-se sugestões para exploração dos resultados da mesma, nomeadamente
em termos de sensibilização para as questões ambientais.
Palavras-chave: energia,
escola, auditoria
1- Introdução
A energia é um recurso indispensável
à vida, ao bem-estar dos cidadãos e ao desenvolvimento socioeconómico, de todas
as sociedades, mas é, também, um forte factor global de pressão ambiental
(Fernandes, 2007).
Embora
os conteúdos programáticos do ensino básico e ensino secundário abordem as
aplicações das energias renováveis e apresentem recomendações para o uso
eficiente de energia, a ênfase é dada ao estudo da produção e não são
suficientemente exploradas as actividades que, em contexto de projecto escolar
ou clube de ciência (não formal), possam levar a uma reflexão sobre “a importância
da gestão conservativa dos recursos
energéticos e respectivo uso racional, indispensável ao desenvolvimento da
espécie humana” (Caldeira, Bello, Santos & Pina, 2002, p.1)
Face ao exposto, com este pequeno
texto, apresenta-se uma proposta de auditoria energética, primeiro passo para a
tomada de medidas conducentes a um uso mais racional da energia nas escolas.
2- A nossa proposta de Auditoria
Energética
Hoje,
as escolas dos Açores, nomeadamente as que integram a rede de Eco-escolas, como
a Escola Secundária das Laranjeiras, utilizam como instrumento para a
realização de auditorias energéticas o Guia da Auditoria Ambiental do Programa Eco-Escolas (Gomes, s/d) que é
disponibilizado pela ABAE/FEE Portugal- Associação Bandeira Azul
da Europa.
Com
a nossa proposta (guião em anexo), pretende-se ir um pouco mais além do
sugerido pela ABAE/FEE Portugal, quantificando os consumos, permitindo
identificar as melhores opções para a melhoria do desempenho energético das
escolas.
Pretende-se,
também, contribuir para avaliar objectivamente o desempenho ambiental das
escolas, monitorizando os seus progressos, quer em termos globais quer per capita.
Intencionalmente,
optou-se, por não apresentar quaisquer questões relativas às características
construtivas dos edifícios (tipos de paredes, coberturas, vãos envidraçados,
etc.).
Por
último, no questionário são apresentados exemplos de equipamentos e
instalações, podendo cada docente, que o aplique, acrescentar outros de modo a
que, em cada escola, não fique nenhum de fora.
3- A exploração dos resultados da
auditoria
Através
do tratamento dos resultados obtidos, para além de pretendermos sensibilizar e
informar as crianças e jovens estudantes, e restantes membros da comunidade
educativa, é nossa intenção por em evidência o facto de a escola ser, também,
responsável por impactos ambientais, nomeadamente os resultantes do consumo de energia.
A
partir da análise dos resultados obtidos é possível ficar-se a conhecer alguns
indicadores, como os consumos específicos (kWh/aluno) para o estabelecimento de
ensino. Este indicador poderá ser útil para comparar consumos específicos entre
escolas de características semelhantes e, mais do que isso, para medir a
eficácia de eventuais medidas de poupança/ eficiência energética (alteração de
comportamentos ou substituição de equipamentos).
Para
além do referido, é também possível a apresentação de propostas para a
implementação de medidas de poupança de energia, nomeadamente eléctrica, que
pode ser feita através da alteração de comportamentos (e.g. desligar as luzes
quando não são necessárias) ou substituição dos equipamentos mais “energívoros”
(papões de energia) (e.g. frigoríficos de classe C por outros de classe A) por
outros mais eficientes e calcular ao fim de quanto tempo haverá retorno do
investimento, etc.
Por
último, se pretendermos “saltar os muros da escola” e proporcionar uma visão
mais alargada das questões energéticas, é relativamente fácil quantificar a
contribuição da escola para as emissões de GEE, bastando para tal utilizar as
metodologias de contabilidade básicas de GEE apresentadas por Aguiar (2002) e
algumas instruções do projecto Carbon Force (http://www.carbonforce.net).
4- Considerações finais
O
guia de auditoria proposto para além de permitir um tratamento do tema energia
na óptica da Física permite uma abordagem no âmbito da educação ambiental,
sobretudo para alunos do 9º ano e do ensino secundário.
Tal
como foi referido anteriormente, a proposta apresentada, poderá e deverá ser
alterada tendo em conta as características dos edifícios escolares e a
exploração dos resultados deverá ser adaptada ao nível de escolaridade dos
alunos.
8- Bibliografia
Aguiar,
R. (2002, Setembro). O enquadramento das
emissões de gases com efeito de estufa como ferramenta pedagógica e
quantificadora nas relações escola- ambiente. Comunicação apresentada no XI
Congresso Ibérico e VI Ibero-Americano de energia solar.
Caldeira,
M., Bello, A., Santos, C. & Pina, E. (2002, Setembro). A energia solar no novo programa de física do ensino secundário
português. Comunicação apresentada no XI Congresso Ibérico e VI
Ibero-Americano de energia solar.
Fernandes,
E., (2007). A eficiência energética:
simples no conceito e complexa na aplicação. Acedido em 10 de Julho, de http://www.esquerda.net/index.php?option=com_content&task=view&id=4034&Itemid=64.
Gomes,
M. (s/d). Guia de Auditoria Ambiental.
Acedido em 10/05/ 10, de http://www.epatv.pt/v1/dados/downloads/guiaauditoriaambiental.pdf
(1) A
proposta de auditoria energética a edifícios escolares foi apresentada
inicialmente no âmbito do projecto “Educar para a Energia”, do Mestrado de
Educação Ambiental da Universidade dos Açores.
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