Barrileiro
O
barrileiro ou loureiro-da-nova-zelândia (Corynocarpus laevigatus) é uma planta da
família Corynocarpaceae, nativa da Nova Zelândia, que se encontra naturalizada em muitas regiões do
globo.
De acordo com Saraiva
(2020) o terno Corynocarpus provém do grego Karyne -pau, cacete e
karpos-fruto- aludindo à forma dos frutos. Por sua vez Laevigatus vem
do latim e significa liso, macio.
A
sua chegada a São Miguel terá ocorrido no século XIX, segundo Fouqué, por volta
de 1850, com fins ornamentais e para utilização em sebes vivas devido à
necessidade de proteção de culturas altamente prejudicadas pelos ventos.
Como
espécie ornamental o barrileiro já fazia parte das plantas existentes no Jardim
de José do Canto, em 1856, e, em 1865, constava do catálogo das plantas
existentes no Jardim António Borges, ambos em Ponta Delgada.
O
barrileiro é uma árvore de folhas persistentes que pode atingir 15 m de altura
e possui uma longevidade que pode alcançar 120 anos.
O
tronco do barrileiro é robusto podendo atingir 1 m de diâmetro. As suas folhas
são coriáceas, com a cor verde-escura brilhante na página superior e um pouco
mais pálidas na inferior. As flores, que surgem em março e em abril, são muito
pequenas e apresentam uma coloração verde-amarelada. Os frutos são drupas
ovoides de cor laranja quando estão maduras, o que acontece no final do verão
ou no outono. Enquanto a polpa do fruto é comestível, embora por vezes seja um
pouco amarga, as sementes frescas contêm um alcaloide tóxico.
Sobre
a utilização do barrileiro nos Açores, Arlindo Cabral, engenheiro agrónomo, num
texto intitulado “Sebes vivas ou abrigos, nos Açores-subsídios para o seu
estudo”, publicado, em 1953, no nº 17 do Boletim da Comissão Reguladora dos
Cereais do Arquipélago dos Açores, escreveu o seguinte:
“Árvore
de folha persistente, originária da Nova Zelândia, aparece com certa frequência
a formar sebes vivas, embora não esteja generalizado o seu emprego. Também a
vemos em praças ou jardins como árvore de sombra. Embora tenha boas
características gerais, com bom porte, fechando regularmente e razoável
resistência aos ventos, está condenada porque o seu fruto torna-a num
hospedeiro de mosca do Mediterrâneo, terrível inimiga dos nossos laranjais e de
outras fruteiras.”
Num
outro texto, da autoria de José Norberto Brandão de Oliveira, Professor
Associado da Universidade dos Açores, intitulado “Espécies vegetais usadas nos
Açores na formação de sebes”, publicado, em 1985, pela Universidade dos Açores,
no capítulo dedicado às sebes altas de proteção de frutícolas, pode ler-se que
o barrileiro, também conhecido por loureira, é “cada vez menos utilizado, em
parte porque o seu fruto é hospedeiro da mosca do mediterrâneo.”
O
barrileiro propaga-se muito bem por sementes, mas também por estacas, usando
madeira semilenhosa.
Em
Portugal continental existem vários exemplares notáveis, de que são exemplo, em
Lisboa, no Jardim do Torel, no Jardim da Estrela, no Jardim Botânico da Ajuda e
no Campo Mártires da Pátria. (Saraiva, 2020).
Na
ilha da São Miguel é possível encontrar barrileiros em algumas sebes, sobretudo
em Vila Franca do Campo, e em quintais, quintas e espaços ajardinados um pouco
por toda a ilha. Aos interessados, em conhecer a espécie, recomenda-se uma
visita ao Jardim António Borges, ao Jardim do Palácio de Santana e ao Jardim
Botânico José do Canto, em Ponta Delgada, ao Parque Beatriz do Canto, nas
Furnas, e à Baixa da Areia, na Caloura, freguesia de Água de Pau.
24
de setembro de 2024
Teófilo
Braga
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