Amoreiras
A amoreira ou
amoreira-branca (Morus alba L.) é uma planta pertencente à família
Moraceae oriunda da Ásia ocidental, mas que foi introduzida em várias regiões. Além
da espécie referida, há muitas outras, como a amoreira-preta (Morus nigra
L.).
As amoreiras terão
sido introduzidas na Europa por volta do século VI e em Portugal no século XV.
Nos Açores, as amoreiras terão sido introduzidas nos primeiros anos do
povoamento, como prova Gaspar Frutuoso (1522-1591) que no seu livro “Saudades
da Terra” regista a sua presença em São Miguel em São Roque e na Povoação. O
mesmo autor ao descrever a “costa da ilha de Santa Maria, pela banda do norte,
das Lagoinhas até ao Castelete, donde se começou e acaba”, escreveu o seguinte:
“Nas quais há terras de pão, que poderão ser sete até oito moios, com muitas
árvores de fruta e figueiras e amoreiras.”
As várias
tentativas para incrementar a indústria da seda em São Miguel, nos séculos XIX
e XX, não tiveram êxito.
A maior terá
ocorrido no século XIX através da Sociedade Promotora da Agricultura Micaelense
que incentivou o cultivo de amoreiras. A título de exemplo, no nº1, relativo a
1848, da sua publicação mensal “O Agricultor Michaelense” foi publicada a
informação de que aquela sociedade possuía seis mil pés de amoreiras de 3 anos
para distribuir.
No século XX, o
micaelense Jaime Hintze, realizou várias experiências com amoreiras nas suas
propriedades, tendo só na Gorreana plantado duzentas da variedade Moretti.
Sobre o assunto é
muito interessante a comunicação que fez, em 1938, no Primeiro Congresso
Açoreano, realizado em Lisboa. Da mesma, abaixo transcreve-se um extrato:
«Eu mesmo fiz experiência na Gorreana, neste caso simplesmente para ver de
quanto era capaz, quanto à cultura da amoreira, o terreno de São Miguel, e
obtive três colheitas. A amoreira vegeta de tal forma que poderá facilmente dar
quantidades de folhas desde o mês de Abril a Setembro e o bastante para que se
possam criar três culturas de sirgo, o que é muito importante. A planta em três
anos está já em plena produção.
A sericicultura, é uma indústria caseira, o que tem demonstrado várias
tentativas infrutíferas quando se desejou industrializar a educação do bicho-da-seda.
Até isso convém, pois espalha-se a cultura por toda a parte, indo a remuneração
a todos os recantos da ilha.
Seria ela uma forma de contrabalançar a falta de emigração que se vem
notando na Ilha de São Miguel, em face do crescimento constante da sua
população. Não esqueçamos que só São Miguel tem aproximadamente e a
multiplicar-se sempre, cerca de metade da população das nove ilhas.”
A amoreira-branca
é uma árvore de folha caduca que pode alcançar uma altura de 15 metros e
atingir uma longevidade próxima dos 150 anos. As suas folhas são alternas,
ovadas a cordiformes, podendo ou não ser lobadas, verde-escuras e brilhantes
ficando amarelas no outono. As suas flores, tanto as masculinas como as
femininas, são muito pequenas e esverdeadas, não tenho qualquer interesse ornamental.
Os seus frutos são de cor creme (na amoreira-negra são negros ou muito escuros)
A multiplicação da amoreira pode ser feita
por sementeira direta, por estacas, usando as semilenhosas e por alporquia.
Para além do interesse ornamental da
amoreira, a planta é cultivada pelos seus frutos que são comestíveis e
procurados pelas aves. As fibras da casca eram usadas para o fabrico de cordas,
mas a principal razão para o seu cultivo deverá ser devido ao uso das suas
folhas para a alimentação do bicho-da-seda.
No passado a amoreira foi utilizada na
tinturaria vegetal. Com efeito, era a partir dos olhos da amoreira-preta que se
obtinha o preto.
Tal como outras plantas a amoreira figura
na toponímia micaelense. São exemplos a Amoreira, na Bretanha, e as Amoreiras,
na Ribeira das Tainhas.
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