segunda-feira, 21 de julho de 2025

Apontamentos sobre Ângelo Jorge

 


Apontamentos sobre Ângelo Jorge

 

Poucos pormenores são conhecidos sobre a biografia do escritor e jornalista Ângelo Jorge.

 

Sabe-se que nasceu na Cidade do Porto, no dia 4 de setembro de 1883, e faleceu no dia 17 de novembro de 1922.

 

Foi para o Brasil aos 9 anos de idade com os seus pais, que pretendiam que seguisse uma vida comercial, e regressou a Portugal aos 18 anos.

 

É também conhecido o facto de ter tido uma filha de nome Armanda-Júlia Jorge.

 

Colaborou em diversos órgãos de comunicação social, como a revista anarquista “Luz e Vida”, que dirigiu entre fevereiro e julho de 1905 e que se publicou na cidade do Porto ou a revista “O vegetariano”, órgão da sociedade vegetariana, de que foi secretário de redação.

 

Para além de traduções diversas, escreveu poesia, ficção e ensaio, sendo duas das obras mais importantes as seguintes: “Irmânia” e “A questão social e a nova ciência de curar”.

 

Ângelo Jorge foi, segundo Duarte (2024) um dos militantes do naturismo, “uma corrente de pensamento com ideias e um estatuto relativamente autónomo no movimento libertário.”

 

O que é o naturismo?

 

A palavra naturismo, tal como muitas outras, é usada em vários contextos e apresenta significados diferentes. Assim, através de uma consulta rápida na internet encontramos duas definições: uma mais restrita que considera o naturismo como “uma forma de viver em harmonia com a Natureza caraterizada pela prática da nudez coletiva, com o propósito de favorecer a autoestima, o respeito pelos outros e pelo meio ambiente” e outra mais abrangente que define naturismo como “um conjunto de princípios éticos e comportamentais que preconizam um modo de vida baseado no retorno à natureza como a melhor maneira de viver e defendendo a vida ao ar livre, o consumo de alimentos naturais e a prática do nudismo, entre outras atitudes”.

 

O sociólogo João Freire num texto, adaptado da sua tese de doutoramento, publicado no jornal A Batalha, escreve que as práticas do naturismo, sendo muito variadas, podem ser enquadradas nas seguintes três categorias:

 

a.       Alimentação – repúdio pela alimentação carnívora e preferência por regimes vegetarianos ou mesmo frugívoros;

b.      A saúde – preferência por métodos naturais de tratamento e repúdio pela medicina e farmacopeia tradicionais;

c.        A oposição ao desporto visto como competição e a preferência pelo exercício físico e pela ginástica.

 

Em Portugal, de entre as pessoas que praticaram o naturismo, destacaram-se alguns militantes anarquistas. Um deles, Manuel Rodrigues, escreveu que “Naturismo e Anarquismo são conceções filosóficas que quase se confundem e de cuja realização na prática depende, sem dúvida, o bem-estar da Humanidade”.

 

Com uma ténue ligação aos Açores, para além de Ângelo Jorge, podemos referir o alentejano Gonçalves Correia. Gonçalves Correia, considerado anarquista tolstoiano, esteve em São Miguel em 1910, de passagem, e conversou com Francisco Soares Silva, diretor do jornal “Vida Nova”, tendo este publicado em quatro números daquela publicação quinzenal os seguintes artigos: “A caminho do ideal”, “Nós e os camponeses” e “Amor Livre”. Ângelo Jorge, um dos principais impulsionadores da Associação Vegetariana de Portugal, também escreveu para o jornal micaelense “Vida Nova” pelo menos dois textos: “A opinião dos outros” e “A propriedade”.

 

José Eduardo Reis, divide a vida de Ângelo Jorge em três fases. Na primeira fase, entre 1901 e 1910, Ângelo Jorge procura “difundir o ideal libertário” e “proclama a sua profética esperança no triunfo da revolução operária”. Na segunda fase, entre 1910 e 1913, Ângelo Jorge defende nos seus escritos a “adesão aos princípios terapeutas naturistas” e “as regras dietéticas ordenadoras de um regime alimentar frugívoro e vegetariano”. A última fase, entre 1914 e 1918, é caracterizada por uma abertura da consciência de Ângelo Jorge “ao sentido unitário e religioso do mundo”.

 

Por ainda não termos investigado com a profundidade desejada a vida e a obra de Ângelo Jorge, daremos a conhecer um pouco do seu pensamento, nas duas primeiras fases da sua vida.

 

Através da leitura de vários textos, nomeadamente da sua novela naturista “Irmânia”, constatamos que Ângelo Jorge defendia que havia um “só princípio curativo na Natureza: a própria Natureza” e sustentava que todos os males da humanidade poderiam ser curados através de uma alimentação racional, “sem recurso ao sacrifício inútil cruel e sistemático de seres animais, tendo por base a fruta”.

 

Sobre a questão da saúde, em 1911, Ângelo Jorge que, segundo Guadalupe Subtil, acreditava que era possível “num Mundo inteiro uma só Pátria, sem fronteiras como sem despotismos, sem doenças como sem dores”, escreveu:

 

“A Saúde é a condição básica, sine qua non, da existência humana à flor da terra, é ela o que constitui a harmonia vital.

 

Cada um dos nossos órgãos, com o seu modo particular de funcionamento é uma nota na harmonia formada pelo movimento incessante do organismo.

 

Se essa harmonia se quebra é porque o Homem infringiu as regras omniscientes da Harmonia Cósmica.

 

É erro grande, crime grande até, é supor-se que a doença seja um mal necessário e natural: como acreditar que a Natureza, sendo um todo harmónico e uno, tenha erros: tenha dissonâncias?

 

Não honram quanto devem o Criador os que tão grande ofensa à Obra do Criador fazem.”

 

Continuando a dar o conhecer o pensamento de Ângelo Jorge, recorremos aos seus escritos no jornal “Vida Nova” e na “Barréla”, que apresenta o subtítulo “Panfleto de crítica higiénica contra a podridão nacional”, onde o autor zurze, sem dó nem piedade, nos chamados anarquistas ortodoxos.

 

No jornal micaelense “Vida Nova”, encontrámos dois textos de Ângelo Jorge, o primeiro, publicado a 30 de junho de 1910, intitulado “A opinião dos outros” e o segundo com o título “A propriedade”, publicado no dia 31 de janeiro de 1911.

 

No segundo texto referido, sobre o anarquismo, Ângelo Jorge, escreve que só por falta de educação existente em Portugal aquela corrente de pensamento é considerada como sinónimo de “Bomba, Caos, Desordem, Pilhagem” e acrescenta que persiste a falsa ideia de que as pretensões dos anarquistas são o roubo e a “destruição de quanto existe: a Família, o Estado, a Propriedade”.

 

O autor concorda com a frase de Proudhon “A propriedade é um roubo” dizendo que a mesma “é ainda hoje duma justeza sem igual” e acrescenta “Ladrão é todo aquele que possui o supérfluo em detrimento dos que nem o necessário têm, o que não quer dizer, de forma alguma, que ele os houvesse roubado, no sentido restrito e legal em que este termo geralmente é entendido, mas sim que a posse do supérfluo em que ele se acha investido é ilegítima e iníqua em face da verdadeira razão que proclamam para todos o mesmo direito à vida”.

 

Ângelo Jorge termina o seu texto imaginando uma sociedade onde, como escreveu Vitor Hugo “a propriedade, esse grande direito humano, essa suprema liberdade, essa elevação do espírito sobre a matéria, essa soberania do homem interdita ao irracional, longe de ser suprimida, será democratizada e universalizada”.

 

O extrato que se apresenta, a seguir, ilustra bem a utopia que guiou a vida do autor:

 

“Pomares magníficos onde as frutas mais odoríferas loirejam; hortas esplendidas onde vicejam as mais belas plantas leguminosas; jardins ideais onde as flores mais raras e mimosas se elevam; florestas impenetráveis onde vivem a sua vida silenciosa as árvores as mais vetustas; terras as mais férteis e as mais ricas onde o trigo cresce sob o olhar acariciante do sol - tudo, tudo será a pertença ilimitada e natural de todos, a todos oferecereis o pão e o repouso, a vida do coração, e todos terão o direito imprescritível de vos revolver as entranhas, de vos fecundar com o esforço hercúleo do seu braço! Livre será a terra, como livre é o mar, como livre é o ar, como livre é a água e livre será sobre a terra livre o Homem, a obra mais perfeita da Natureza pelo pensamento e pelo sentimento, pela inteligência e pela razão, pelo amor e pela dor”.

 

Sobre o anarquismo e combatendo o pensamento único, Ângelo Jorge escreveu no primeiro número de “Barréla” o seguinte:

 

“Em Portugal, tudo se falsifica: eis a dolorosa verdade. Caracteres e géneros alimentícios, ideias e consciências, tudo neste delicioso país de laranjeiras em flor e de burros enfatuados sofre a ação fundamentalmente nefasta dos adulteradores de má morte. (…)

O anarquismo, esse mesmo, não pode escapar à infausta sina.

 

O anarquismo, em Portugal, está, como tudo o mais, falsificado”.

 

“Em nome da inviolável e da imprescritível liberdade humana”, Ângelo Jorge escreve:

 

“Abaixo as coleiras, que o homem não é cão!

 

Abaixo as celas, as prisões, as gargalheiras, quer elas ostentem o distinto negro da Opressão, quer nos mostrem o rótulo doirado da Anarquia!”

 

Terminamos este texto com a citação de dois poemas (com a grafia atualizada) publicados, o primeiro no livro “Espírito Sereno”, datado de 1912, e o segundo no livro “Dôr Humana”, publicado em 1908.

.

 

A Fábrica

 

Paro em frente da fábrica maldita

Que se se ergue, altiva a meio duma rua;

E ao vê-la a alma queda-se contrita

E o coração, de dor, no peito estua.

 

Meio-dia na torre. O monstro apita.

A legião dos párias tumultua.

Um grande burburinho a rua agita,

Eleva-se no próprio ar flutua.

 

Oh! quanta dor a vida não traduz,

- Penso não- quanto esforço nunca visto,

Vivida assim nas fábricas sem luz!

 

Trabalhador escravo, em face disto,

Eu julgo mais pesada a tua cruz

Do que a cruz em que foi pregado Cristo!

 

Prelúdio

 

Sonho ideal d’Amor e d’Igualdade

Que à minh’alma desceste em certo dia

Sê sempre, ó Sonho, o meu constant guia

Nos labirintos maus da Sociedade.

 

Dá-me paixão, vigor, tenacidade,

Dá-me altivez e fogo e rebeldia.

Na guerra santa ao Mal e à Tirania,

Na luta em prol da Paz, da Liberdade

 

Meu pobre coração despedaçado,

Dentro em meu peito pulsa, revoltado

Contra Deus, contra a Lei, a Iniquidade.

 

Abrasa-te ao calor da minha Crença,

Para que possa a tua dor imensa

Conter a imensa dor da Humanidade.

 

II

 

Não busco, ao sol da abominável Glória

Alto empunhar a luzidia espada,

Ser um segundo Átila na História

 

Quero mostrar à plebe ensanguentada

Toda a origem do Mal qie a fere, oprime,

E a fez inerte, escrava, acorrentada;

 

Quero mostrar-lhe a iniquidade e o crime

Que o trono encerra o Vaticano:

Tudo o que a Lei e Autoridade exprime;

 

Quero rir-me de Deus, velho tirano,

Que há dez mil anos, trágico, iracundo,

Traz oprimido o Pensamento Humano.

 

Quero n’um brado intenso, audaz, profundo,

Combater a Opressão e a Tirania,

E propagar por todo o mundo,

O amor, a Liberdade e a Rebeldia!

 

 

Bibliografia

 

Barbosa, I. (2006). O Utopista portuense Ângelo Jorge: Subsídios para a sua biografia. In E-topia: Revista Electrónica de Estudos sobre a Utopia, n.º 5. (http://www.letras.up.pt/upi/utopiasportuguesas/revista/index.htm).

 

Duarte, D. (2024). O anarquismo e a arte de Governar. Portugal (1890-1930). Lisboa, Fora de Jogo. 365 pp.

 

Freire. J. (1997). O Naturismo na História do Movimento Libertário em Portugal. In “A Batalha”, nº 165, setembro-outubro de 1997.

 

Jorge, A. (1908). Dor Humana. Porto, Centro Literário Paz e Verdade. 59 pp.

 

Jorge, A. (1912). Espírito Sereno. Porto, Tip. De Francisco Joaquim de Almeida. 106 pp.

 

Jorge, A. (2004). Irmânia: novela naturista. Vila Nova de Famalicão, Quasi. 111 pp.

 

Subtil, G. (2006), Irmânia a ilha utópica de Ângelo Jorge. In “Utopia”, nº 21, janeiro-junho. pp 21-25

sexta-feira, 18 de julho de 2025

Notas sobre a oposição dos anarquistas à(s) guerra(s)

 



Notas sobre a oposição dos anarquistas à(s) guerra(s)

 

Em 1907, o congresso internacional anarquista da Aliança Antimilitarista que se realizou em Amesterdão, corroborou uma resolução da AIT- Associação Internacional dos Trabalhadores que considerava a greve geral insurrecional como “o único meio de impedir a guerra e assegurar a paz.” (Tavares, s/d)

 

O congresso de Amesterdão, segundo Tavares (s/d), “também incitou à revolta individual, à rejeição isolada ou coletiva do serviço militar, à desobediência passiva e activa e à greve militar com vista à destruição radical dos instrumentos de domínio.”

 

Após a declaração da Primeira Guerra Mundial, o campo anarquista dividiu-se: uns mantiveram-se intransigentes na sua oposição à guerra enquanto outros “enterraram” o seu antimilitarismo ao aliarem-se aos governos aliados na luta contra a Alemanha. Em Portugal, mantiveram-se fiéis aos seus ideais antimilitaristas a revista A Aurora, do Porto, a maioria da UON, as Juventudes Sindicalistas e Gregório Nazianzeno Moreira de Queiroz e Vasconcelos, mais conhecido como Neno Vasco.

 

De acordo com Fontes (n/p), foram vários os anarquistas presos por se oporem à participação de Portugal na guerra, como Emílio Freitas da Silva, António Casimiro da Silva, José dos Reis Couto e Sabina Lopes Condeça (1888-1977). Esta, segundo o Arquivo MOSCA, operária conserveira, esteve 3 meses na prisão militar de Évora, acompanhada da sua filha Antonina.

 

Em julho de 1925, num comunicado “Contra a Guerra”, a CGT, dirigindo-se ao proletariado português, reproduz um texto da AIT.

 

Depois de referir que com a guerra terem sido mortos milhões de seres e que o grande vencido fora o proletariado, o texto apela a que todos os trabalhadores “tomem a responsabilidade da paz nas suas próprias mãos, como classe consciente, arrancando à burguesia a determinação sobre os destinos do mundo, sobre o seu próprio destino, e se convertam em propulsores da sua própria história”.

 

O comunicado termina com uma referência a uma resolução do segundo congresso da AIT que abaixo se transcreve:

 

“O congresso resolve exortar as organizações aderentes a realizar em todas as cidades e aldeias de todos os países, no primeiro domingo de Agosto, manifestações antimilitaristas em comemoração do início da grande guerra mundial. Esses actos podem ser empreendidos em comum com outras organizações que não possam ser responsabilizadas pelo rebentar da grande guerra”.

 

Que o proletariado de todos os países demonstre no primeiro domingo de Agosto a sua oposição unânime contra a guerra e a sua aspiração por um novo sistema de vida.

Abaixo o militarismo, viva a revolução social!

 

Com a instauração da ditadura em Portugal a prioridade foi a luta antifascista, pelo que alguns anarquistas passaram a colaborar com outros opositores ao regime enquanto outros como o açoriano Adriano Botelho, “mantiveram-se apolíticos, antigovernamentais, antimilitaristas”.

 

Terminámos, este texto com a apresentação de três citações sobre a guerra e o militarismo: do anarquista Neno Vasco, do sindicalista-revolucionário, Perfeito de Carvalho e do anarcossindicalista, Francisco Quintal.

 

Neno Vasco, uma das principais figuras do anarquismo em Portugal, num artigo intitulado “A guerra”, publicado no jornal brasileiro “A Lanterna”, escreveu o seguinte:

 

“Entretanto, uma guerra é uma aventura perigosa, pondo em risco poderosos interesses. Seria, pois, modernamente evitável, mesmo independentemente dos esforços proletários, se não houvesse uma categoria especial de interessados no estado de guerra declarado ou latente: os construtores de couraçados e material de guerra, os fornecedores do exército, o militarismo profissional. Amontoam-se armas e soldados, cria-se um espírito agressivo e provocador, convence-se a massa, por meio da grande imprensa, da iminência da guerra e da invasão, fomentam-se ambições e paixões guerreiras. No fundo, o que se pretende são encomendas e boas colocações. Mas vem um dia em que se inflamam os explosivos acumulados e em que triunfam os interesses de carniça e de pilhagem. Há dezenas de anos que a Europa corre desesperadamente para o abismo.

Que resultará desta colossal guerra? Um longo eclipse da civilização? O desaparecimento das magras liberdades conquistadas? O recuo do ideal socialista e libertário e da organização operária? A revolução?

Angustioso problema!

No princípio, a multidão falsamente educada, vilmente ludibriada, está toda entregue às paixões brutais, à embriagues guerreira, à loucura nacionalista – essa loucura de que o insigne Jourès foi a primeira vítima ilustre. Mas com os efeitos da guerra virá talvez a reflexão – e a revolta. Não talvez com as vastas finalidades da revolução social, levada a cabo com maior desenvolvimento de força e de consciência; mas rasgando em todo caso novos horizontes e novas possibilidades.

Melhor seria que a guerra fosse impedida pela greve geral insurrecional. Em todo caso, houve impotentes manifestações de protesto em todos os países: há progresso sensível sobre o estado de espírito anterior à guerra de 70, coroada depois com a Comuna de Paris…”

 

Francisco Perfeito de Carvalho, que foi secretário-geral da União Operária Nacional, na altura em que dirigia o jornal madeirense “Trabalho e União”, foi preso e deportado para o continente por ser um feroz opositor à participação de Portugal na I Grande Guerra-

 

Em 1915, escreveu no jornal mencionado:

 

“Guerra à guerra, pois! Guerra aos seus sinistros causadores! Guerra à organização social presente, prenha de absurdo e iniquidades, repleta de vícios e antagonismos! Guerra aos que, na perseguição de odiosas ambições não exitam em provocar a temerosa hecatombe - nos campos de batalha um mar de sangue, nas povoações enlutadas um oceano de lágrimas”.

 

Francisco Quintal, que entre 1927 e 1929 esteve deportado em Angola e que foi preso em 1932, num texto intitulado “A campanha anti-militarista deve intensificar-se”, publicado em “A Batalha-Suplemento Literário e Ilustrado”, em 1925, escreveu o seguinte:

 

“As Juventudes Sindicalistas delinearam claramente os seus propósitos de instrução e educação como acção especial que lhes compete.

 

As Juventudes Sindicalistas têm a ajuntar a esta acção cultural e digna de todos os aplausos, a acção anti-militarista. Compete-lhes sobretudo esta acção.

 

Os jovens não devem ir para a tropa, devem reagir por todas as formas contra essa exigência criminosa, contra esse tributo de sangue proletário consagrado ao capital.

 

E devem estabelecer uma bem orientada propaganda anti-militarista conjugada com todos os núcleos do país e que merecerá, tenho a certeza, o concurso de todos os revolucionários.”

 

Bibliografia

 

Fontes, C. (2022). Anarquismo em Portugal (1796-2021). https://colectivolibertarioevora.wordpress.com/2021/09/10/anarquismo-em-portugal-1796-2021/ (consultado a 21 de maio de 2023)

 

Medina, J. (1986). Portugal na Grande Guerra “Guerristas” e “Antiguerristas”. Lisboa, Centro de História da Universidade de Lisboa/ Instituto Nacional de Investigação Científica.

 

A Batalha-Suplemento Literário e Ilustrado, Nº 91, 24 de Agosto de 1925.

 

https://www.marxists.org/portugues/vasco/1914/08/02.htm

 

Arquivo MOSCA

A IRIS-Açores, o PAN e o Regime Jurídico de Classificação do Arvoredo de Interesse Público

 


 A IRIS-Açores, o PAN e o Regime Jurídico de Classificação do Arvoredo de Interesse Público

O Núcleo Regional dos Açores da IRIS-Associação Nacional de Ambiente tomou conhecimento, através de alguns órgãos de comunicação social, de um requerimento do PAN a questionar o Governo Regional dos Açores sobre a aplicação do Decreto Legislativo Regional nº 27/2022/A, que criou o Regime Jurídico de Classificação de Arvoredo de Interesse Público na Região Autónoma dos Açores.

 

O Núcleo Regional dos Açores da IRIS recorda que foi aprovado, por unanimidade, na Assembleia Legislativa Regional, o Projeto de Decreto Legislativo Regional n.º 72/XII – “Regime jurídico de classificação do arvoredo de interesse público na Região Autónoma dos Açores”, apresentado pelos Grupos Parlamentares do PS, PSD, CDS-PP, BE, PPM e pela Representação Parlamentar do PAN e que tal como estava legislado no artigo 23º, o Governo Regional dos Açores tinha a obrigação de proceder à sua regulamentação nos 60 dias após a sua publicação.

 

O Núcleo Regional dos Açores da IRIS saúda a iniciativa do PAN que, entre as questões efetuadas, pretende saber o número de exemplares e conjuntos arbóreos registados, o número de pedidos indeferidos ou excluídos e o número de pedidos a solicitar a classificação.

 

O Núcleo Regional dos Açores lamenta a inação do Governo Regional ao não proceder à Regulamentação do Decreto Legislativo Regional nº 27/2002/A, tornando inviável qualquer proteção de exemplares arbóreos notáveis, de elevado valor ecológico, cultural, social e paisagístico, assegurando a salvaguarda do património arbóreo da região através da sua identificação, preservação, fiscalização e gestão adequada.

 

Finalmente, o Núcleo Regional dos Açores da IRIS comunica que no prazo de um mês após a regulamentação da legislação já mencionada irá apresentar uma lista de árvores a classificar, algumas delas incluídas numa lista da autoria do Doutor Raimundo Quintal, publicada no catálogo “Plantas e Jardins : A paixão pela horticultura ornamental na ilha de São Miguel”, editado em 2019, pelo Green Gardens Azores e pela Direção Regional da Cultura- Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, em 2019, sob a coordenação da Doutora Isabel Soares de Albergaria.

 

Açores, 18 de julho de 2025

 

O Núcleo Regional dos Açores da IRIS-Associação Nacional de Ambiente

 

quinta-feira, 17 de julho de 2025

Virusaperiódico (116)

 


Virusaperiódico (116)

 

O dia 14 de julho foi ainda dia de repouso forçado, tendo retomado algumas leituras entre as quais a do último romance de Pedro Almeida Maia. Fiquei a saber que o Jornal de Letras que não saiu no dia 9 como estava previsto corre sérios riscos de acabar.

 

Comecei o dia 15 a ler boas notícias, a primeira a de que Portugal vai investir mais 1,3 mil milhões de euros em Defesa até ao final deste ano, o que é uma boa medida pois já temos tudo o que precisamos em termos de educação, cultura, saúde e qualidade de vida.

 

A outra notícia é a de que depois da chacina de mulheres, crianças e idosos palestinianos, Israel prepara-se para criar um “um campo de concentração” para os restantes. Não percebo por que razão há quem defenda um Estado da Palestina quando o objetivo de muitos é acabar com os palestinianos. Naquela zona do globo há terroristas maus (alguns palestinianos) e terroristas bons (alguns israelitas).

 

Também não me espanta as ameaças do dono deste mundo, um tal Trump, que dá 50 dias à Rússia para acabar com a guerra. Vai bombardear as centrais nucleares russas? Vai bombardear Moscovo? Vai deixar de comprar urânio à Rússia?

 

No que diz respeito à Europa, Trump ameaça-a com tarifas de 30% ao mesmo tempo que manda armas para a Ucrânia e obriga os europeus a pagá-las. É o mundo que temos, de joelhos prante um louco fascistoide, que tem muitos adeptos entre os emigrantes portugueses, que chegaram aos EUA, muitos com uma mão na frente e outra atrás.

 

Comecei a quarta-feira, dia 16, a organizar ficheiros com fotografias de plantas. O resto do dia foi passado na Biblioteca Pública em reuniões, leituras e pesquisas.

 

Na quinta-feira, dia 17, passei pela feira-agrícola de Santana e fotografei pela primeira vez abelhas em tipuanas e em girassóis. Acabei de ler o romance de Pedro Almeida Maia. Vale a pena a sua leitura!

 

17 de julho de 2025

segunda-feira, 14 de julho de 2025

Virusaperiódico (115)

 



Virusaperiódico (115)

 

Comecei o dia 11 a ler uma notícia que deve orgulhar os governantes açorianos: “Os Açore só ficam atrás da Madeira no que diz respeito a pessoas a viver na mesma casa e com menos condições, em Portugal”. Trata-se do resultado de um original desenvolvimento sustentável!

 

Fiquei a saber que a desinformação continua. A incineração (queima) de resíduos passou a ser chamada Valorização Energética (se o fosse a empresa teria de pagar aos fornecedores). A separação de resíduos passou a chamar-se reciclagem. Em dois anos separar 56 toneladas é muito pouco. É vergonhoso! As metas europeias são para “inglês” ver!

 

No dia 12, o corpo não deixou trabalhar pelo que me limitei a dar uma voltinha com os cães na Rua Capitão Manuel Cordeiro, onde encontrei nas bermas e na entrada de um pasto a erva muito amarela. Não tenho provas porque não vi ninguém a colocar qualquer herbicida ou outro “amigo” do ambiente, mas água benta não foi. O Pico da Pedra continua a ser uma eco freguesia, mas pouco eco.

 

Verifiquei que a meados de julho ainda há incensos em floração num terreno no Pico da Pedra. Qualquer dia haverá mel de incenso todo o ano!

 

No dia 13, já a caminho da recuperação, voltei às leituras, primeiro de algumas páginas do livro, de Maria das Mercês Pacheco, “Viajantes nos Açores: o olhar estrangeiro sobre as ilhas desde o século XVI” e de dois textos publicados num jornal, onde o redator denuncia alguns autores ou pretensos historiadores que deturpam os factos para colocarem como opositores ativos contra a ditadura pessoas que pouco ou nada fizeram ou que não tinham idade para o fazer. Nesta terra pretende-se fazer heróis à força?

 

13 de julho de 2025