Árvore-da-borracha-australiana
A árvore-da-borracha-australiana, figueira-da-austrália ou
figueira-estranguladora (Ficus macrophylla Desf.ex Pers.) é uma espécie, da
família Moraceae, originária das florestas chuvosas da costa leste da Austrália.
A árvore-da-borracha-australiana pode atingir mais de 30 m de altura e
possui um tronco acinzentado. “Do tronco principal saem junto ao solo “raízes
tabulares” como que escoras que melhor prendem a árvore ao chão e que atingem
grande desenvolvimento” (Saraiva, 2020).
As suas folhas são grandes, com cerca de 10 a 25 cm de comprimento e cerca
de 7 a 12 cm de largura, coriáceas que são verde-escuras na página superior e ferrugíneas
na página inferior.
Os seus frutos, os figos, que são pequenos, são oblongo-esféricos e atingem
de 2 a 2,5 cm de diâmetro. À medida que amadurecem passam da cor verde para púrpura.
A árvore-da-borracha-australiana terá chegado a São
Miguel em meados do século XIX, tendo os exemplares existentes no Jardim José
do Canto uma idade aproximada de 170 anos, pois a
sua presença naquele jardim está referenciada na “Enumeração das principais
plantas existentes no meu Jardim de Sta. Anna na primavera de 1856”, elaborada
por José do Canto.
O magnífico exemplar existente no Jardim António Borges, que terá uma idade
próxima dos 160 anos, foi classificado por Despacho publicado no
Diário do Governo, II Série, nº.238, de 14 de outubro de 1970.
De
acordo com Albergaria (2021), “o exemplar do Jardim António Borges possuía em
2018, 22,6 m de altura e 24 m de diâmetro de copa. Apesar das grandes dimensões
deste exemplar a espécie é mencionada pela primeira vez no Jardim em 1960 no
caderno manuscrito do Professor João do Amaral Franco.”
O facto da espécie apenas ter sido referida em 1960 apenas significa que a
mesma esteve durante muitos anos mal classificada, como terá acontecido no
“Catálogo das Plantas” datado de 1865 ou no interessante livro, “Parques e
Jardins dos Açores” de Isabel Albergaria, em que a espécie está identificada
como Ficus elastica.
A espécie, segundo Saraiva (2020), poderá ter sido introduzida em Portugal
continental por Edmond Goeze oferecida por José do Canto. O maior exemplar
existente no país, ainda de acordo com o mesmo autor, encontra-se, em Coimbra,
no Jardim Botânico da Universidade, onde trabalhou Goeze, e possui 11,5 m de
PAP (Perímetro (do tronco) à Altura do Peito) e 32 m de DC (Diâmetro da Copa)
Na ilha de São Miguel existem exemplares notáveis da
árvore-da-borracha-australiana no Jardim José do Canto,
no Jardim do Palácio de Santana e no Jardim António Borges. O geógrafo madeirense Raimundo
Quintal no texto “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São
Miguel – proposta de classificação”, publicado em 2019, sugeriu que que se mantivesse
a classificação do exemplar existente no Jardim António Borges, que fossem
classificados dois exemplares existentes no Jardim José do Canto e um exemplar
existente no Jardim do Palácio de Santana.
Esta espécie que tem uma longevidade superior a 150 anos, é muito apreciada
pelos visitantes dos jardins onde se encontra pelo espetáculo único das suas
raízes tabulares que também fazem com que esta bonita planta ornamental não
deva ser plantada junto de edifícios, sendo adequada apenas para parques e
jardins e outros locais onde as suas raízes tenham espaço suficiente para se
desenvolverem livremente.
Do mesmo género, para além das espécies já referidas (Ficus macrophylla
e Ficus elastica) é possível encontrar na nossa ilha, entre outras, a Ficus
carica (figueira), cultivada como árvore de fruto, e a ornamental
figueira-da-índia (Ficus benjamina) que pode ser observada no Jardim
António Borges, no Jardim José do Canto e no Jardim do Palácio de Santana.
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