terça-feira, 4 de junho de 2024

Faia-europeia

 


Faia-europeia

 

A faia-europeia ou faia (Fagus sylvatica L.) é uma espécie, da família Fagaceae, oriunda de uma vasta área da Europa que abrange o norte de Espanha, França, sul de Inglaterra e sul dos países escandinavos, Holanda, Bélgica, Luxemburgo, Alemanha, Polónia, Itália e Países Balcânicos.

 

O nome científico Fagus, conserva a denominação latina que, por sua vez, deriva do grego fagos ou phagos, que significa comilão, uma referência ao facto dos frutos serem muito nutritivos e sylvatica, que indica dos bosques ou selvagem.

 

A faia-europeia á uma árvore caducifólia, de copa ovada ou arredondada que pode atingir 30 m de altura ou mais. O seu tronco apresenta casca lisa e cinzenta. As folhas, de margens ondeadas, são ovadas ou elíticas, apresentando nas margens uma penugem. As flores, tanto as masculinas como as femininas, que são pouco notórias, estão dispostas em amentos. Os frutos (aquénios) são normalmente constituídos por duas nozes lustrosas de forma triangular.

 

Em Portugal continental, a faia é uma espécie exótica que tem sido plantada pelos Serviços Florestais, sobretudo na Serra da Estrela, no perímetro florestal de Manteigas, e nalgumas serras do Norte. Também é cultivada como espécie ornamental, em parques e jardins, existindo exemplares notáveis em Ponte de Lima, Lamego, Porto (no Parque de Serralves), em Lisboa e em Sintra.

 

Sobre a presença da faia-europeia na ilha de São Miguel, há um excelente texto, intitulado “Matas”, publicado no nº 21, de 1849, de “O Agricultor Michaelense”.

 

Para alem da menção à utilidade da planta e do modo de propagação da mesma, que era por semente, sobre a sua chegada a São Miguel, podemos ler o seguinte: “Sabemos que nos últimos sete anos várias pessoas fizeram sementeiras de Faia, importada a sua semente de Inglaterra.”

 

Mas tudo leva a crer que a presença da faia-europeia é mais antiga, pois no mesmo texto é afirmado que:

 

“No logar das Socas, em prédio pertencente ao Sr. Guilherme Scholtz há um grupo de magestosas faias; ni sitio do Botelho, na auinta do Sr. Barão de Fonte Bella, há tambémuma avenida de belas faias, na servidão que dirige à cascata; e finalmente na Grimaneza, n’uma matta que pertence ao fallecido Sr. Annio José de Vasconcellos, campeam á margem da estrada, e como que pregando o exemplo, duas frondosíssimas árvores.”

 

Na atualidade, na ilha de São Miguel, a faia-europeia é usada como planta ornamental, podendo ser observada no Jardim do Palácio de Santana, no Jardim do Pico Salomão, no Parque Terra Nostra, no Viveiro Florestal das Furnas e na Mata-Jardim José do Canto-Lagoa das Furnas.

 

A madeira da faia, branca ou acastanhada, por vezes com tons rosados, é bonita, sendo por isso muito usada em carpintaria e marcenaria, para o fabrico de elementos torneados, mobiliários e instrumentos musicais. Também pode ser usada para pasta de papel e como combustível, já que apresenta uma elevada capacidade calorífica.

 

Segundo Pio Font Quer (1988) o carvão vegetal proveniente da madeira de faia-europeia é:

 

“usado em Medicina sempre que convém absorver gases pútridos, sobretudo em fermentações intestinais de tipo anormal, no chamado meteorismo, nas disenterias flatulentas e em todos os casos em que não só é aconselhável desinfetar moderadamente, mas também absorver gases produzidos em excesso. Na higiene oral o mesmo carvão macio e ligeiramente desinfetante constitui um excelente dentífrico. Também se usa em certos casos de envenenamento, como primeira providência para parar o mal.”

 

O mesmo autor refere que por destilação seca da madeira se obtém o breu de faia que foi muito usado para combater a tuberculose.

https://sig.serralves.pt/pt/flora/detalhe.php?id=1010

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Fagus_sylvatica

 

Teófilo Braga

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