terça-feira, 3 de novembro de 2015

Teotónio da Silveira Moniz, um vila-franquense desconhecido na sua terra


Teotónio da Silveira Moniz, um vila-franquense desconhecido na sua terra

Teotónio da Silveira Moniz, que se distingui como botânico, nasceu em Vila Franca do Campo, a 13 de dezembro de 1894, e faleceu na mesma localidade, a 5 de maio de 1953.

Após ter terminado os seus estudos no Liceu de Ponta Delgada, rumou à Suíça, onde terminou um curso superior na área da agronomia.

Como corolário das suas habilitações literárias e do seu saber em assuntos relacionados com as plantas, foi nomeado diretor da Secção de Botânica do Museu Carlos Machado, que havia sido criado em 1876, com a designação de Museu Açoreano, tendo-se dedicado à recolha e estudo de briófitos e organizado um herbário para aquela instituição.

Tal como outro vila-franquense, o Padre Manuel Ernesto Ferreira, Teotónio da Silveira Moniz foi, a 12 de março de 1932, um dos fundadores da ainda hoje ativa Sociedade Afonso Chaves - Associação de Estudos Açoreanos que tem por “objetivo de dar continuidade aos estudos sobre temática açoriana iniciados pelo coronel Afonso Chaves, nas áreas da Meteorologia, Geologia, Botânica, Zoologia, História, Etnografia e Artes Plásticas”.

Da sua autoria conhece-se dois trabalhos que publicou, o primeiro, em 1937, na revista Açoreana, da Sociedade Afonso Chaves, e o segundo publicado, em 1948, na Insulana, órgão do Instituto Cultural de Ponta Delgada.

No primeiro texto, intitulado “Flora briológica – Espécies novas para os Açores”, o autor não só apresenta uma listagem de novas espécies para o arquipélago, mas também apresenta “algumas omissões na lista do Prof. Luisier ou dúvidas que necessitam ser esclarecidas, esperando assim contribuir para o conhecimento verdadeiro dos nossos musgos e hepáticas”.

Uma parte das espécies citadas foram colhidas pelo autor, em Ponta Delgada, no Pico da Vara, na Lagoa do Congro, nas Sete Cidades, na Lagoa das Furnas, em Água de Pau, nas Lagoas Empadadas e em diversos locais não identificados. em Vila Franca do Campo.

No segundo texto, intitulado “Naturalistas Estrangeiros nos Açores- M. Adanson”, o autor escreve um curto texto biográfico sobre o botânico francês Michael Adanson (1727 – 1806) que entre outros trabalhos publicou “As Famílias das Plantas”, “História Natural da Bretanha e Normandia” e “História Natural do Senegal”. O texto termina com a tradução de um excerto desta última publicação, onde o naturalista francês faz um relato de uma visita à ilha do Faial.

Mas não foi só às ciências naturais que se dedicou. Segundo o professor. M. J. Andrade, Teotónio da Silveira Moniz “possuía uma invulgar cultura artística, tendo-se consagrado, desde muito novo, à arte musical e teatral, marcando, de maneira notável, na elaboração de espetáculos de amadores no meio micaelense”. Na vertente artística e em Vila Franca do Campo, Teotónio Moniz foi o responsável pelo arranjo arquitetónico da implantação do busto do Padre Ernesto Ferreira que como se sabe é da autoria do escultor Francisco Costa.

Teotónio da Silveira Moniz, ainda de acordo com M.J. Andrade, deixou o seu nome “ligado à causa pública de São Miguel, quer como Procurador à Junta Geral do Distrito Autónomo, quer na Direção do Grémio da Lavoura, quer, ainda, como Provedor da Santa Casa da Misericórdia de Vila Franca do Campo”. A sua dedicação ao Hospital da Misericórdia, foi digna de registo de tal modo que, de acordo com uma nota publicada aquando do seu falecimento, era dado destaque ao mesmo, considerando a “obra a todos os títulos meritória”

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 30775, 4 de novembro de 2015, p.17)

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