segunda-feira, 30 de novembro de 2020
quarta-feira, 25 de novembro de 2020
Em memória do meu professor Válter Soares Ferreira
quarta-feira, 18 de novembro de 2020
Mariana Belmira de Andrade e Alice Moderno
quarta-feira, 11 de novembro de 2020
Livros para os amantes das plantas
Livros
para os amantes das plantas
Depois de ter editado em novembro de 2019,
o livro “Árvores dos Açores - Ilha de São Miguel”, onde os interessados poderão
recolher informação sobre 175 árvores que se distinguem pela sua monumentalidade,
pelas suas flores vistosas ou por serem endémicas ou nativas, a editora Letras
Lavadas acaba de editar o livro “Flora Terrestre dos Açores”, da autoria de
Virgílio Vieira, Mónica Moura e Luís Silva.
De acordo com o professor convidado da Faculdade
de Ciências e Tecnologia da Universidade dos Açores, José Batista, que é autor
do prefácio, o livro da autoria de três investigadores da Universidade dos
Açores “é uma valiosa obra de compilação para todos os que pretendam conhecer o
valor ornamental das árvores, plantas herbáceas, suas flores e frutos, o seu
potencial nutricional, assim como fitoterapêutico e sinergético de alguns dos
seus componentes que nos ajudam a desafiar a herança genética e a prolongar a
qualidade da longevidade”.
No livro cujo primeiro autor é Virgílio
Vieira, que para além de ser doutorado em Biologia é um poeta de mérito, os
leitores poderão ter acesso a informação sobre 284 das plantas conhecidas nos
Açores, colocadas por ordem alfabética do seu nome científico. Para além deste,
há também a indicação da família, do nome comum, o hábito, a época de floração,
o tipo fisionómico, o tipo de dispersão e a utilização de cada uma das plantas.
Para além da qualidade gráfica e da
preciosa informação disponibilizada, este livro vem preencher um vazio criado
pela não disponibilidade de outros, editados anteriormente, no mercado
livreiro, como “Plantas e Flores dos Açores”, da autoria de Erik Sjogren, e “Flora
of the Azores”, de Hanno Schafer.
Com duas edições, o Livro “Plantas e
Flores dos Açores” na sua segunda edição apresenta 95 plantas vasculares, sendo
17 da costa, 57 da floresta de louro-cedro e 21 introduzidas.
Na introdução o seu autor, o botânico
sueco, Erik Sjogren, chama a atenção para a diminuição da vegetação primitiva
dos Açores, nos seguintes termos: “O impacto da atividade humana nas florestas
da zona-de-nuvens fez diminuir consideravelmente as suas áreas, principalmente
durante o século XX. Houve uma contínua redução, em consequência da procura por
madeira para combustível e construção, bem como das arroteias para implantação
de novas pastagens.”
Profusamente ilustrado, tal como todos os
restantes livros já referidos, o livro “Flora of the Azores”, do botânico Hanno
Schafer, apresenta a descrição de 650 espécies da flora vascular. No livro é
dado destaque às espécies endémicas e não são esquecidas as espécies invasoras
que são uma grande ameaça para os ecossistemas do nosso arquipélago.
Recordo que o primeiro livro que comprei
sobre botânica foi o “Catálogo das Plantas Vasculares dos Açores”, editado, em
1966, pela Sociedade de Estudos Açorianos Afonso Chaves, com o apoio das Juntas
Gerais dos Distritos Autónomos de Ponta Delgada e Angra do Heroísmo, da autoria
de Rui Teles Palhinha (1871-1957), natural de Angra do Heroísmo. Ainda hoje a
ele recorro quando pretendo conhecer os nomes comuns de algumas plantas. O
segundo livro que adquiri foi a primeira edição do livro já referido de Erik
Sjogren, então com a descrição de 90 plantas, durante a minha presença na
semana do Mar, na Horta, em 1984.
Outra obra que consulto amiúde e que
também recomendo, é a “Iconographia Selecta Florae Azoricae”, com três
fascículos publicados na década de 80 do século passado pela Direção Regional
dos Assuntos Culturais da Secretaria Regional da Educação e Cultura da Região
Autónoma dos Açores, da autoria de Abílio Fernandes e Rosette Batarda
Fernandes.
Com estampas a preto e branco para cada
planta, o texto contém, entre outros aspetos, informação sobre o nome
científico, a família, uma descrição completa, informações relativas à
ecologia, a sua distribuição nos Açores e geográfica geral, processos de
disseminação, importância na flora açoriana e valor económico.
Boas leituras.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32281, 11 de novembro
de 2020, p.14)
terça-feira, 3 de novembro de 2020
O dr. Lúcio Miranda e o encanto dos números
O dr. Lúcio
Miranda e o encanto dos números
Em 2015, publiquei, neste jornal, um texto
sobre o professor de matemática do Liceu Nacional Antero de Quental, atualmente
Escola Secundária Antero de Quental, Lúcio Miranda, natural de Goa, que tinha uma predileção pelas artes,
nomeadamente pela música. Foi fundador e vice-presidente da Academia Musical de
Ponta Delgada e criou o “Centro de Estudos de Matemática e Física do Liceu
Nacional de Antero de Quental.
Recentemente
reli o seu texto “O encanto das Matemáticas”, publicado no Correio dos Açores,
de 8 de outubro de 1932 que não perdeu atualidade. No texto de hoje, partilho
com os leitores mais curiosos alguns dos conhecimentos que ele transmitiu e que
para mim foram novidade.
A dado
passo do seu texto, o Dr. Lúcio Miranda refere-se a Platão que manifestava tal
predileção pelas matemáticas puras que dizia ser a Geometria “um método próprio
de dirigir as almas para Deus”. E, querendo glorificar as harmonias da
Natureza, tem esta síntese magnífica: «Deus geometriza eternamente»”.
Ainda sobre Platão, o Dr. Lúcio Miranda
escreveu que tal foi a sua paixão pelos números que “levado pelo exagero da sua
imaginação fantasista, chegou a conceber o número nupcial - aquele que havia de
influenciar as consequências do matrimónio!”
Fomos
tentar saber que número seria aquele e apenas encontramos dois textos na
Internet. Segundo a resenha feita por Tassos Lycurgo a um trabalho de Glenn
Erickson e Johun Fossa intitulado “Estudos sobre o número nupcial”, “Platão
disse que o período de maior vigor do homem se dá dos 25 aos 35 anos de idade e
das mulheres, dos 20 aos 40”. Tasso Lycurgo acrescenta que os autores
mencionados concluem que “os filhos mais bem capacitados nasceriam, de acordo
com a interpretação da passagem de Platão …. quando o pai tivesse 40 anos e a
mãe, 30.”
De acordo
com o distinto professor de Matemática que vimos referindo, “os
números chegam a adquirir uma verdadeira personalidade aos olhos dos que lidam
com eles. E na Aritmética aparecem, por isso, designações como a dos números
amigos, primos entre si, perfeitos, abundantes e deficientes, exprimindo os laços
de afinidade que os ligam aos outros ou as propriedades que os caracterizam.”
Como os números primos entre si eram os
únicos que conhecia e que é do conhecimento da maioria dos alunos, pelos menos
dos meus que estão no 8º ano de escolaridade, com recurso à internet, abaixo
faço referência aos restantes.
Dois números são amigos quando um deles é
igual à soma dos divisores próprios do outro, como por exemplo 284 e 220.
Para o nº 220 –
1+2+4+5+10+11+20+22+44+55+110= 284
Para o nº 284 –
1+2+4+71+142 =220
Um número é perfeito quando a soma dos
seus divisores próprios é igual ao próprio número, como 28.
Para o nº 28 – 1+2+4+7+14
= 28
Um número é abundante quando é menor do
que a soma dos seus divisores próprios, por exemplo o número 12
Para o nº 12 – 1+2+3+4+6
= 16
Por último, um número é deficiente se for
maior do que a soma dos seus divisores próprios, como o número 10
Para o nº 10 – 1+2+5 = 8
No final do seu artigo o Dr. Lúcio Miranda
referiu que havia duas disciplinas que inspiravam o terror aos alunos: o Latim
e a Matemática. Hoje talvez seja a Físico-química e a Matemática.
Será que o modo como é ensinada a
Matemática deste a mais tenra idade leva os alunos a se aperceberem da sua
Perfeição, Harmonia e Beleza” ou faz com ao longo dos anos cresça a sua aversão
à mesma?
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32275, 4 de
novembro de 2020, p.14)