Atlântico Expresso, 20 de junho de 2022
segunda-feira, 20 de junho de 2022
sexta-feira, 17 de junho de 2022
MATA DO DR: Fraga- Um espaço de educação ambiental
MATA DO
DR: Fraga- Um espaço de educação ambiental
Com
este livro homenageamos um homem bom, um “dos grandes beneméritos da terra”, no
dizer de Carreiro da Costa e “um grande amigo dos pobres e um pai carinhoso dos
pequeninos”, segundo Oliveira San-Bento.
É
também um reconhecimento a um apaixonado pela floricultura e arboricultura, ao
homem que esteve na origem da criação da Santa Casa da Misericórdia da Maia,
sendo seu provedor, o primeiro, entre 27 de outubro de 1919 e 14 de dezembro de
1941.
A
Mata do Dr. Fraga, que felizmente foi adquirida pela Junta de Freguesia da
Maia, em 2005, e depois aberta ao público em 2008, depois de bem conseguidas
obras de requalificação, para além de constituir um excelente espaço de recreio
e de poder vir a tornar-se um Pólo de atração turística para a freguesia da
Maia, também poderá constituir um imprescindível recurso de educação ambiental
para as escolas da Maia e de outras localidades da ilha de São Miguel.
De acordo com o arquiteto Fernando Pessoa o
jardim, por ser um “espaço diferenciado de lazer tem a
capacidade de despertar a curiosidade sobre as plantas, criando condições
próprias à implementação de ações que promovam, junto aos visitantes, grupos
escolares e comunidades locais, a perceção dos impactos da ação humana sobre o
meio ambiente e a consciência sobre os efeitos negativos da perda da biodiversidade,
motivando-os a participarem de um ciclo de desenvolvimento sustentável”, por
isso é um dos locais ideais para a educação ambiental não formal.
A
Mata do Dr. Fraga, pela coleção de plantas que possui, tem o potencial de
servir, segundo Júlia Wilison, fora das quatro paredes de uma sala de aula,
para o ensino:
- Da incrível diversidade do Reino
Vegetal;
-
Das relações complexas que as plantas desenvolvem com o ambiente;
- Da importância das plantas em nossas
vidas, em termos económicos, culturais e estéticos;
- Das principais ameaças que a flora
mundial enfrenta e das consequências da extinção das plantas;
Com
um pouco de boa vontade, através da interação das instituições locais é
possível a criação de um programa educativo que permita que os visitantes apreciem
a natureza como um todo, adquiriram habilidades práticas e conceitos teóricos
para conservação, reprodução de plantas e desenvolvem atitudes, comportamentos
e habilidades necessários para solucionar problemas ambientais e para impedir
que eles se repitam no futuro.
Teófilo Braga
15 de junho
de 2022
terça-feira, 14 de junho de 2022
Homenagem a todos os madeirenses no Lançamento do Livro "Mata do Dr. Fraga-Herança Viva de um madeirense"
No
Lançamento do livro “Mata do Dr. Fraga- Herança Viva de um Madeirense” - Homenagem
a todos os madeirenses
Este livro é, em primeiro lugar, a homenagem a um homem bom,
um “dos grandes beneméritos da terra”, no dizer de Carreiro da Costa e “um
grande amigo dos pobres e um pai carinhoso dos pequeninos”, segundo Oliveira
San-Bento. É também um reconhecimento a um homem apaixonado pela floricultura e
arboricultura.
O facto de o local de lançamento ser na Casa da Madeira
leva-me a estender o meu agradecimento a todos os madeirenses,
independentemente da sua condição social, que desde o povoamento dos Açores até
aos nossos dias têm pelo seu trabalho ou intervenção social contribuído para a
construção de uns Açores melhores.
Não querendo muito personalizar, nem ser exaustivo na
enumeração, recordo que só na primeira metade do século passado foram 11 os
médicos madeirenses, todos formados na Escola Médico-cirúrgica do Funchal, que
exerceram a sua profissão nos Açores.
Ao longo da minha vida conheci madeirenses das mais variadas
profissões, nomeadamente pescadores, agentes da PSP, professores dos vários
níveis de ensino, juristas, funcionários públicos, empresários, médicos, sindicalistas,
etc., alguns dos quais marcaram-me de alguma forma ou foram importantes na vida
de familiares.
Homenageando todos os madeirenses, recordo alguns deles:
Gilberto Nóbrega, que
me tirou as primeiras fotografias para serem enviadas, como postal de
Boas-Festas, a meu pai emigrado no Canadá.
Anabela Sarmento, jurista e depois notária, que me convidou
para fazer parte de uma lista corrente à eleição de delegados sindicais na
Escola Padre Jerónimo Emiliano de Andrade, em Angra do Heroísmo.
Clarisse Canha, que é um exemplo na luta pela igualdade de
género, sendo a principal impulsionadora da Umar na ilha de São Miguel.
Ivo Nunes, meu professor de uma das cadeiras pedagógicas, na
Universidade dos Açores e depois deputado pelo PSD na Assembleia Legislativa Regional
da Madeira que foi presidente da Casa da Madeira.
Jorge Homem de Gouveia, médico pediatra de um familiar e de
muitos açorianos, que durante 27 anos presidiu à Comissão Organizadora das
Jornadas Médicas das Ilhas Atlânticas.
Liberato Fernandes, que me amparou nos primeiros passos no
cooperativismo, tendo depois sido guiado pelo pensamento do pensador, pedagogo
e político António Sérgio.
Teófilo Braga
13 de junho de 2022
sábado, 4 de junho de 2022
O mocho: um pico-pedrense quase desconhecido
O mocho: um pico-pedrense quase
desconhecido
Há
quarenta anos que sou ativista pela defesa do património natural dos Açores. De entre as espécies que mais me chamam a
atenção e que merecem ser respeitadas, destaco as duas únicas aves de rapina
que nidificam nos Açores, o milhafre ou queimado (Buteo buteo rothschildi) e o
mocho, também conhecido em alguns locais dos Açores por coruja (Asio otus).
Preocupado com a perseguição movida às aves referidas, em 1982,
na qualidade de membro do Núcleo Português de Estudos e Proteção da Vida
Selvagem participei numa campanha para a proteção das rapinas dos Açores,
através da distribuição de um desdobrável informativo.
Nos últimos dias de 1983 e no primeiro dia de 1984 colaborei na
montagem de uma exposição de cartazes, que esteve patente ao público da Junta
de Freguesia do Pico da Pedra, com o objetivo de sensibilizar a população para
o dever de proteger o ambiente. Na altura o desdobrável referido, que se
intitulava “As rapinas precisam da nossa ajuda”, foi profusamente distribuído.
O mocho, também conhecido em Portugal continental
por bufo-pequeno, é uma ave de rapina noturna que, de acordo com Pedro Rodrigues
e Gerbrand Michielsen, “pelo facto de ter hábitos nocturnos e ser uma espécie
com poucos efetivos na região torna-a numa das espécies mais difíceis de
observar na região, não existindo dados fiáveis sobre os locais onde nidifica”.
Uma superstição sem qualquer sentido, mas que
ainda hoje, infelizmente, perdura é a de que a presença de um mocho é sinal de
mau agouro. Assim, no início do século passado, o padre-mestre vila-franquense
Manuel Ernesto Ferreira mencionava, no seu texto “os animais na tradição,
publicado seu livro “A alma do povo micaelense”, que o pio de um mocho sobre
uma casa pressagiava que naquela iria ocorrer uma morte.
O mocho, que se alimenta de pequenos
roedores, lagartixas e insetos, desempenha um papel fundamental no equilíbrio
da Natureza, limitando o crescimento das espécies proliferantes e
desembaraçando o homem de animais doentes e cadáveres.
Em 1996, no âmbito das atividades dos Amigos
dos Açores- Associação Ecológica, foi implementado o Projeto “Rapinas dos
Açores” que teve, entre outros, como objetivo o estudo de alguns aspetos da
biologia e ecologia das rapinas dos Açores, assim como dos habitats por elas
utilizados, tendo sido realizadas várias saídas de campo entre os meses de abril
e junho, na ilha de São Miguel. Durante
o projeto mencionado foi detetada a presença de mochos nas seguintes
localidades: Pico da Pedra, São Roque, Capelas, Fajã de Baixo, São Pedro e São
José (Ponta Delgada) e Santa Bárbara (Ribeira Grande).
Um recenseamento, efetuado por Carlos Pereira,
cujos resultados foram divulgados pela SPEA- Sociedade Portuguesa para o Estudo
das Aves, por ter sido fruto de um trabalho de campo que ocorreu apenas em três
meses, entre 1 de abril e 30 de junho de 2005, não permitiu acrescentar muito
ao conhecimento até então existente.
De qualquer modo, o autor chegou à conclusão
de que a espécie “não é muito abundante nos Açores”, prefere “zonas urbanas de
S. Miguel, Terceira e Faial” e “parece evitar ainda, as zonas de maior altitude.
No Pico da Pedra, ao longo dos anos temos
observado ou ouvido o pio de mochos em locais arborizados situados na Rua das
Almas, na Rua Capitão Manuel Cordeiro e na Avenida da Paz.
Através da observação direta, de informações
recolhidas junto de moradores ou da escuta de pios cujo som é mais agudo,
podemos concluir que a ave tem nidificado na freguesia, nomeadamente nas duas
últimas artérias referidas no parágrafo anterior.
Pico
da Pedra, 23 de maio de 2022
Teófilo Braga
(VOZ POPULAR, nº 200, junho de 2022)