sábado, 23 de setembro de 2023

Tremoceiro


Tremoceiro

O tremoceiro é uma planta anual herbácea e ereta, com folhas compostas por sete folíolos verdes alongados. As flores são brancas ou azuladas e os frutos são vagens com sementes achatadas e amareladas.

O tremoceiro foi muito usado, pelos nossos antepassados, como adubo verde pois tem a capacidade de fixar o azoto. Também foi usado no chamado outono, misturado com a faveira e o centeio para alimentar o gado bovino no Inverno, quando a erva escasseava. Nesta altura o leite de vaca era um pouco amargo.

A palha dos tremoceiros era usada nos fornos de lenha quando se cozia pão e as sementes são ainda hoje muito consumidas, depois de cozidas, como aperitivo.

Nos Açores, o cultivo do tremoceiro, segundo o engenheiro agrónomo Arlindo Cabral, ter-se-á iniciado por volta de 1550. Segundo ele, num texto publicado no Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais nº 7, de 1948, “a esta portentosa planta muito deve a fertilidade do nosso solo, a ponto de poder afirmar-se com verdade que se não fora ela a terra açoriana já não seria bastante para todos os seus filhos”.

O terceirense Augusto Gomes, em 1993, quando escreveu sobre os antigos processos da antiga arte de curar, na ilha Terceira, refere que para tratar o diabetes era costume mastigar tremoços.

Em 2002, na Ribeira Seca da Ribeira Grande, uma respondente referiu que comer tremoço de manhã servia para baixar os diabetes.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Lupinus albus L.

Nome vulgar: Tremoço, tremoceiro, tremoço-velho, tremoço-branco

Família: Fabaceae

Origem: Região Mediterrânica Oriental

Bibliografia

Cabral, A. (1948). O tremoço e a sua introdução nos Açores. Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais, nº 7. p.112.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Salsaparrilha


Salsaparrilha

A salsaparrilha é uma trepadeira lenhosa, perenifólia, com caules muito ramificados. As folhas são lanceoladas a ovadas, sendo na base arredondadas a cordadas, as flores são verde-amareladas e os frutos são carnudos globoso-ovoides (Gabriel e Borges, 2022; Vieira, Moura e Silva, 2020).

Desconhecendo-se qualquer publicação científica sobre a salsaparrilha açoriana, apresenta-se os usos etnomédicos e médicos da Smilax officinalis L.: “Como diurética, nas afecções urinárias; nas inflamações das vias respiratórias (tosse e bronquites). Em doenças da pele usou-se como depurativa.” (Cunha, Silva e Roque, 2003)

Gomes (1993) escreveu o seguinte: “Com esta planta obtém-se uma tisana, fervendo 50 g dela num litro de água. Uma chávena tomada em jejum é um óptimo depurativo.”

Em 1990, na Maia, a salsaparrilha era utilizada para “apurar o sangue” e para combater “inflamações da pele.

Em 1992, na Ribeirinha, a salsaparrilha era usada para purificar o sangue, na Maia para combater a diarreia e no Pico da Pedra o “chá” fazia “muito bem ao sangue para quem tem sangue grosso”.

Na Ribeira Seca da Ribeira Grande, em 2002, a salsaparrilha era usada para tratar “alergia no corpo”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Smilax azorica H. Schaef. & P.Schönfelder

Nome vulgar: Salsaparrilha, alegra-campos, alegra-cão, legacão

Família: Smilacaceae

Origem: Açores

Bibliografia

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003) Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

Gabriel, R., Borges, P. (Eds.) (2022). Guia Prático da Flora Nativa dos Açores. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura. 520 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

sexta-feira, 22 de setembro de 2023

Rícino


Rícino

O rícino é um arbusto com caule lenhoso na sua base que apresenta folhas de tonalidades avermelhadas, alternas, palmadas e lobadas. As flores femininas são verdes ou avermelhadas e as masculinas são amarelo esverdeadas. Os frutos são cápsulas globosas.

Desconhece-se a data da introdução do rícino no nosso arquipélago, mas já em 1799 o Governador dos Açores, em ofício dirigido a D. Rodrigo de Sousa Coutinho, menciona o uso do óleo de rícino na iluminação particular. Em 1840, o “Agricultor Micaelense” noticia a venda em Lisboa de sementes de rícino produzidas em São Miguel “a razão de 600 reis moeda insulana por alqueire de mamona, também medida insulana.”

Francisco de Carvalhal que se dedicou à adaptação da cultura do rícino nos Açores, desde 1914, escreveu no Correio dos Açores de 1931 que “as sementes de rícino, esmagadas e misturadas em farinha e qualquer gordura, são consideradas excelente veneno para os ratos”.

Ramos (1871) refere que das suas sementes é extraído “o óleo de rícino, que é um laxante suave e d’um uso frequente em todas as partes do globo.”

Gomes (1993) menciona que o óleo de rícino é “um purgante” para combater a “solitária (ténia)”.

Corsépius (1997) refere o uso do óleo como purgante, mas adverte que a planta “é tóxica não devendo por isso ser utilizada em preparações caseiras. A ingestão das sementes pode mesmo causar a morte!”

Dadas as contraindicações e os efeitos secundários o seu uso só deverá ser feito mediante o acompanhamento de um especialista. De acordo com o livro “Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais” As sementes de rícino não devem ser ingeridas, pois 3 ou 4 podem matar uma criança, e cerca de 15, um adulto”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Ricinus communis L.

Nome vulgar: Mamoeiro, mamona, carrapateira

Família: Euphorbiaceae

Origem: África Oriental

Bibliografia

Carvalhal, F. (1931). Monografia sobre a cultura do rícino no arquipélago dos Açores. Correio dos Açores, 17 de junho.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Delaveau, P., Lorrain, M., Mortier, F., Rivolier, C., Rivolier, J., Schweitzer, R. (1983). Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Lisboa, Selecções do Reader’s Digest. 463 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Ramos, A. (1871). Noticia do Archipelago dos Açores e do que ha mais importante na sua História Natural. Lisboa, Typographia Universal. 227 pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

quarta-feira, 20 de setembro de 2023

Pinheiro-bravo


Pinheiro-bravo

O pinheiro-bravo é uma árvore de tronco direito, que em geral atinge uma altura de 15 metros.

As folhas são verde-escuras, persistentes e rígidas em forma de agulha, podendo atingir os 20 cm de comprimento. A floração ocorre nos meses de março e abril, sendo as flores masculinas em forma de espigas amareladas e as femininas avermelhadas. Os frutos, as pinhas, são escamosos e de cor castanha-avermelhada.

O pinheiro terá sido uma das primeiras árvores introduzidas pelos povoadores na ilha de São Miguel, sendo a sua cultura intensificada pelos padres da Companhia de Jesus que, por volta de 1750, fizeram grandes plantações nas Furnas.

Isabel Nogueira, no livro “Iconographia Selecta Florae Azoricae”, publicado pela Secretaria Regional da Cultura em 1988, depois de referir a importância da sua madeira para o fabrico de mobiliário, caixotes, aglomerados, etc., menciona a utilização na medicina. Segundo ela, “as gemas foliares postas de infusão e fervidas depois em água bastante açucarada produzem um bom xarope (xarope de seiva de pinheiro) que é utilizado na cura de catarros e bronquite”.

Corsépius (1997) apresenta as seguintes propriedades e indicações: “antissética e expectorante - bronquite; diurética-cistites, reumatismo; sudorípara, rubfaciente e excitante- má circulação periférica, fadiga, pés cansados.”

Em 1989, uma moradora na Rua do Castilho, na cidade de Ponta Delgada, referiu que a seiva (das agulhas) era utilizada para fazer um xarope para a tosse.

Na Ribeira Seca, Ribeira Grande, em 2002, uma respondente mencionou que a inalação de uma mistura de “pinho, tomilho, eucalipto e alfazema”, fervida em água, era usada para combater a sinusite.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Pinus pinaster Ait.

Nome vulgar: Pinheiro-bravo, pinheiro-marítimo

Família: Pinaceae

Origem: Mediterrâneo Ocidental e Norte de África

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Fernandes, A., Fernandes, R. (Red.) (1983). Iconographia Selecta Florae Azoricae, Fasc. II. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura. 286 pp.

Quintal, R., Braga, T. (2021). Árvores dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 240 pp.

Saraiva, A. (2020). As árvores na Cidade. Lisboa, Gradiva. 537 pp.

terça-feira, 19 de setembro de 2023

Perpétua-silvestre


Perpétua-silvestre

A perpétua-silvestre é uma planta herbácea com caules eretos ou ascendentes branco-tomentosos, com altura até 50 cm. As folhas são alternadas, inteiras oblongas a lineares e as flores são amarelas com ápice frequentemente purpúreo.

A perpétua-silvestre existe em todas as ilhas dos Açores, sendo comum a baixas altitudes, em terrenos secos e nas bermas de caminhos e estradas.

As folhas da perpétua-silvestre são comestíveis, tanto cruas como cozinhadas. No que diz a propriedades a perpétua apresenta as seguintes: adstringentes, diuréticas, febrífugas, hemostáticas, estomáquicas e vulnerárias.

Na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, em 1989, a perpétua-silvestre era usada em “chá” para combater a rouquidão.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Helichrysum luteoalbum (L.) Rchb.

Nome vulgar: Perpétua-silvestre, perpétua-da-terra

Família: Asteracea

Origem: (Cosmopolita)

Bibliografia

Gabriel, R., Borges, P. (Eds.) (2022). Guia prático da Flora Nativa dos Açores. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura. 520 pp.

https://colombia.inaturalist.org/taxa/53083-Pseudognaphalium-luteoalbum

segunda-feira, 18 de setembro de 2023

domingo, 17 de setembro de 2023

Oliveira


Oliveira

A oliveira é uma árvore perenifólia, que pode atingir uma idade de mais de 2 mil anos, com copa arredondada, mas pouco densa. O seu tronco é grosso, irregular e contorcido, nos indivíduos velhos.

As folhas são opostas, simples, oblongo-lanceoladas, coriáceas, de cor verde-acinzentado na página superior e prateado na inferior. As flores são pequenas, esbranquiçadas a amarelo-esverdeadas e os frutos são drupas, conhecidas por azeitonas.

Castro (1981) sobre a oliveira escreveu o seguinte:

“o óleo é alimentar e medicinal e emprega-se como colagogo, laxante ligeiro, etc.

Exteriormente, emprega-se, com cânfora, em fricções anti-reumáticas.

O óleo (azeite) faz parte de certos medicamentos, em uso interno e externo.

As folhas, em cozimento, empregam-se para dilatar as artérias e fazer baixar a tensão arterial. Também têm propriedades antidiabéticas.”

Cunha, Silva e Roque (2003) apresentam como principal indicação o combate à hipertensão arterial, mas chamam a atenção para a seguinte contraindicação: “Não utilizar o azeite, como colagogo, quando exista obstrução das vias respiratórias.”

Em 1989, na cidade de Ponta Delgada, o “chá” de folhas de oliveira, verdes ou secas, era usado para “baixar a tensão arterial.”

Na ilha de São Jorge, segundo informação colhida em 2023, o “chá” era também usado para regular a tensão arterial.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Olea europaea L.

Nome vulgar: Oliveira

Família: Oleaceae

Origem: Região Mediterrânica

Bibliografia

Castro, J. (1981). Medicina vegetal - teoria e prática conforme a Naturopatia. Mem Martins, Publicações Europa-América. 374 pp.

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003) Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

Saraiva, A. (2020). As árvores na Cidade. Lisboa, Gradiva. 537 pp.

Nogueira


Nogueira

A nogueira é uma árvore de copa ampla, muito ramificada e folhagem densa, com folhas caducas, alternas com folíolos elíptico-ovados a lanceolados, verdes em ambas as faces, as flores masculinas são amarelas-esverdeadas e as masculinas são muito pequenas. Os frutos, as nozes, são ovoides de cor esverdeada.

O médico-cirurgião terceirense Acúrcio Garcia Ramos (1871) no seu livro “Notícia do Arquipélago dos Açores e do que há mais importante na sua História Natural” recomendava que “se fizessem mais extensas plantações da nogueira vulgar, por ser uma árvore bela e muito útil”.

Acerca da utilidade da planta ,o autor citado refere o seguinte:

As folhas e todas as partes herbáceas têm um cheiro bastante aromático e acre, e um sabor amargo e ácido, que constituem um remédio usado contra as escrófulas. Os frutos ainda novos preparam-se de conserva, e faz-se além disso com eles um doce delicado e um licor alcoólico forte. A casca e o pericarpo verde das nozes fornecem uma bonita cor roxa, e o miolo, bastante saboroso, contém um óleo gordo que seca rapidamente. Os marceneiros e fabricantes de móveis dão muito apreço à madeira, que toma com o tempo uma linda cor pardo-escura”.

Cunha, Silva e Roque (2007) apresentam como principais indicações da nogueira as seguintes: “externamente, inflamações cutâneas; psoríase; doenças fúngicas; diaforese excessiva dos pés e das mãos. Internamente, como anti-helmíntico.”

Gomes (1993) refere que na ilha Terceira para tratar as frieiras era uso “lacar com um cozimento de folhas de nabo com nogueira.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Juglans regia L.

Nome comum: Nogueira

Família- Juglandaceae

Origem: Nordeste da Europa e Ásia

Bibliografia

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003) Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

Ramos, A. (1871). Noticia do Archipelago dos Açores e do que ha mais importante na sua História Natural. Lisboa, Typographia Universal. 227 pp.

sábado, 16 de setembro de 2023

Nespereira


Nespereira

É uma árvore que pode atingir 10 m de altura, com folhas perenes, alternadas, simples e verde-escuras na página superior e arruivadas na inferior, apresentando nervuras bem evidentes.

As flores são brancas e em cachos com três a dez flores e os frutos são elipsoides com uma casca aveludada e amarelo-alaranjada, quando estão maduros.

De acordo com o Dr. Carreiro da Costa, a nespereira foi introduzida em São Miguel, como árvore ornamental no início do século XIX, tendo-se propagado com muita facilidade. Ainda segundo a mesma fonte, em 1849, Amâncio Gago da Câmara exportou nêsperas para Londres, “sob mui favoráveis auspícios”.

Os frutos podem ser comidos como fruta fresca, em saladas de fruta ou em compotas. Também podem ser usados para fazer vinho, licor ou aguardente.

Os ramos são usados em arranjos florais, sobretudo na época do Natal, e a árvore também é utilizada como ornamental.

O Dr. Oliveira Feijão refere o uso dos “frutos como antidiarreicos e anti-hemorrágicos internos e a casca da árvore como adstringente externo” e acrescenta que “o cozimento da casca (40 g de casca fresca ou 20 g de casca seca, para um litro de água) dá um excelente gargarejo adstringente contra as anginas, estomatites, etc.”

Cursépius (1997) refere que os frutos são ricos em várias vitaminas e possuem uma ação antidiarreica. Segundo ela, “a casca da árvore em decocção – 20g/l de água é adstringente e serve para bochechos e gargarejos.”

Bilhete de Identidade
Nome científico: Eriobotrya japónica (Thunb.) Lindl.
Nome vulgar: Moniqueira, Mónicas, Móquenas
Família: Rosaceae
Origem: China

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Costa, F. (1952). Exportação de nêsperas micaelenses para Londres. Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 15. Ponta Delgada: 167

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

quinta-feira, 14 de setembro de 2023

Manjericão


Manjericão

Segundo Barbosa (1902) o manjericão “é uma linda planta herbácea, notável pela beleza da sua folhagem e suavidade do seu perfume.”

O manjericão é uma planta anual, de 20 a 60 cm de altura, muito ramosa, de caule quadrado, com folhas verdes ovais-lanceoladas e flores brancas.

As folhas do manjericão são usadas como condimento, verdes ou depois de secas e reduzidas a pó.

Feijão (1986), no seu livro “Medicina pelas Plantas” escreve que o manjericão é uma planta medicinalmente “tónica, estimulante e antiespasmódica (atonia gástrica, digestões lentas, meteorismo, vómitos, vertigens, etc.).”

Cunha, Ribeiro e Roque (2007) referem diversos usos, de que destacamos os seguintes: “as folhas são usadas em dificuldades digestivas por hipossecreção dos sucos digestivos e no caso de náuseas. Estimula o apetite e é antiflatulento. O óleo essencial é empregue no alívio de sintomas reumáticos (uso tópico)”. Os mesmos autores mencionam o uso do óleo essencial como repelente de insetos, na perfumaria, na cosmética e em detergentes.

Na freguesia do Porto Formoso, no final da década de 80 do século passado, usava-se o “chá” das folhas e caules de manjericão para combater as dores de estômago, a tosse e a rouquidão.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Ocimum basilicum L.

Nome vulgar: Manjericão

Família: Lamiaceae

Origem: África e Ásia

Bibliografia

Barbosa, J. (1902). A Horta. Porto, Livraria Chadron. 446 pp.

Cunha, A., Ribeiro, J., Roque, O. (2007). Plantas aromáticas em Portugal–caracterização e utilizações. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 328 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Hortelã-pimenta


Hortelã-pimenta

A hortelã-pimenta é uma planta herbácea vivaz, estolhosa, com aroma bastante forte, com caules avermelhados e folhas pecioladas e ovado-lanceoladas, geralmente serradas e flores de cor rosa-lilás.

De acordo com o Dr. Oliveira Feijão (1986) a hortelã-pimenta é uma “planta muito aromática, de propriedades tónicas, estimulantes, estomáquicas, antiespasmódicas e vermífugas”. Para além do seu uso com fins medicinais, a hortelã-pimenta também é usada no fabrico de licores.

É usada, também, como planta condimentar, ligando bem a sobremesas de chocolate e sopas.

O médico Acúrcio Garcia Ramos, na sua obra “Notícia do Archipelago dos Açores e do que há mais importante na sua História Natural”, publicada em 1871, já falava na utilização da hortelã-pimenta na confeção de pastilhas “tão conhecidas e usadas” e, em 1894, Cândido Abranches referia-se ao uso da hortelã-pimenta “em licor ou em chá para expelir o ar do estômago”.

Por seu turno, na década de cinquenta, do século passado, o Eng. Silvano Pereira mencionava o uso das suas folhas como estimulante da digestão.

Nos nossos dias, a hortelã-pimenta continua a ser usada com fins medicinais.

No início da década de 90, nos Calços da Maia, a hortelã-pimenta era usada para “matar lombrigas” e em Ponta Delgada para “purificar o sangue”.

Em 2002, na Ribeirinha, a hortelã pimenta era usada no combate à tosse e na Ribeira Seca da Ribeira Grande para debelar as “dores de barriga”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Mentha x piperita L.

Nome vulgar: Hortelã-pimentga

Família: Lamiaceae

Origem: (cultivar)

Bibliografia

Abranches, J. (1894). Medicina Popular Michaelense. Ponta Delgada (doc. não publicado).

Cunha, A., Ribeiro, J., Roque, O. (2007). Plantas aromáticas em Portugal–caracterização e utilizações. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 328 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Pereira, S. (1953). Plantas empregadas na medicina popular dos Açores. Boletim da Comissão Reguladora dos Cereais do Arquipélago dos Açores, nº 17. Ponta Delgada: 111–116.

Ramos, A. (1871). Noticia do Archipelago dos Açores e do que ha mais importante na sua História Natural. Lisboa, Typographia Universal. 227 pp.

domingo, 10 de setembro de 2023

Limoeiro-galego


Limoeiro-galego

O limoeiro-galego é um arbusto ou pequena árvore que em média possui uma altura de 3 m. As suas folhas são elípticas a ovais, serrilhadas, agudas a acuminadas. As flores apresentam pétalas brancas pintadas de roxo. Os frutos são arredondados ou oblongos de cor amarelo-avermelhado quando maduros.

O limoeiro-galego que pode ser usado como planta ornamental, é usado como porta-enxerto nos Açores e sobretudo no Brasil por resistir à seca e por antecipar a entrada em produção das plantas nele enxertadas, daí naquele país ter também como nome vulgar o de limão-cavalo.

A sua polpa alaranjada, possui um suco abundante rico em vitamina C que é usado para temperar pratos de peixe e como refresco misturado com água.

Em 2002, tanto nas Sete Cidades como na Ribeira Seca da Ribeira Grande, o sumo do limão-galego era usado para fazer baixar a tensão arterial. Nas Sete Cidades, misturado com um pouco de água e com açúcar e na Ribeira Seca apenas o sumo puro.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Citrus x limonia Osbeck

Nome vulgar: Limoeiro-galego, limão-galego

Família: Rutaceae

Origem: Índia

Bibliografia

https://pt.wikipedia.org/wiki/Lim%C3%A3o-cravo

https://www.worldfloraonline.org/taxon/wfo-0001133139

sexta-feira, 8 de setembro de 2023

Figueira


Figueira

Pequena árvore ou arbusto muito ramificado, com folhas caducas, alternas, profundamente lobadas com a margem serrada, ásperas ao tato. Os frutos são carnudos e suculentos e possuem várias cores, sendo a mais comum a verde.

É muito antiga a introdução de figueiras nos Açores. Gaspar Frutuoso, referindo-se à ilha Terceira, menciona a presença de uma figueira que foi vista por “um homem muito antigo, chamado Gil Fernandes … que, quando fora à Terceira, não havia n’ ela mais que dez ou doze moradores e que nesse tempo não estava plantada nela senão uma figueira cotia, da qual ainda hoje está o tronco de pé verde e deita vergônteas e há menos de 15 anos que dava figos que algumas pessoas, ao presente vivas, comeram dela muitas vezes”.

Tendo a sua madeira um fraco valor económico, o seu cultivo deve-se essencialmente ao uso dos seus frutos na alimentação humana, quer frescos, quer secos.

Augusto Gomes (1993) refere que um cálice de vinho de folhas de figueira, na Terceira, era usado como fortificante. Segundo ele, o vinho fazia-se do seguinte modo: “Num litro de água faz-se uma cocção prolongada de folhas de figueira e videira. Côa-se, juntando-se ao líquido ½ kg de açúcar e ½ litro de vinho branco, indo novamente ao lume até atingir o ponto de xarope. Depois de frio engarrafa-se.”

Yolanda Corsepius (1997) menciona o uso dos frutos, em jejum, como laxante e do latex sobre verrugas e calos. Também menciona o uso do latex que colocado sobre a carne a torna mais tenra e de umas gotas do mesmo para coalhar o leite.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Ficus carica L.

Nome vulgar: Figueira

Família: Moraceae

Origem: Região Mediterrânica

Bibliografia

Frutuoso, G. (1998). Saudades da Terra Vol. VI. Ponta Delgada, Instituto Cultural de Ponta Delgada.169 pp.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.

quinta-feira, 7 de setembro de 2023

Erva-príncipe


Erva-príncipe

A erva-príncipe é uma planta herbácea vivaz, sempre verde, que pode atingir 1 m de altura, com folhas linear-lanceoladas, ásperas ao toque que libertam um cheiro a limão.

A erva-príncipe hoje está difundida na África tropical, na América Central e na Região Mediterrânica, sendo cultivada em Portugal continental em quase todo o país. Nos Açores, é cada vez mais comum nos quintais.

Embora se desconheça a data da sua introdução nos Açores, supomos que não deve ser muito antiga, pois não encontrámos qualquer referência ao seu uso na bibliografia sobre plantas usadas na medicina popular publicada no século XIX ou no início do século XX.

O dr. Oliveira Feijão (1986), sobre a erva-príncipe, escreveu que é uma “gramínea frequentíssima nas Províncias Ultramarinas [o texto é de 1954], empregada como estimulante, carminativa, diaforética e antiespasmódica, vulgarmente usada em infuso ou cozimento (30:1000).”

De acordo com Cunha, Ribeiro e Roque (2007) “em fitoterapia, as folhas são usadas em infusões como calmante e em problemas digestivos, especialmente na flatulência.” Os mesmos autores referem que “o óleo essencial é usado como aromatizante, em perfumaria e diluído com óleo de cedro como repelente de insectos.”

As folhas frescas são utilizadas em culinária para aromatizar pratos de peixe e molhos, podendo, também, ser usadas em saladas.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Cymbopogon citratus (DC) Stapf.

Nome vulgar: Erva-príncipe, chá-príncipe, erva-limão

Família: Poaceae

Origem: Ásia (Índia-Sul; Sri Lanka)

Bibliografia

Cunha, A., Ribeiro, J., Roque, O. (2007). Plantas aromáticas em Portugal–caracterização e utilizações. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 328 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Dedaleira


Dedaleira

A dedaleira é uma planta herbácea bienal com caule cilíndrico aveludado que pode atingir mais de 1 metro de altura. As suas folhas alternas são ovais ou ovais-lanceoladas e as suas flores muito vistosas, de cor púrpura ou rosa.

A dedaleira é uma planta muito bela, que pelas suas cores se destaca nos jardins onde se encontra. Apesar de ser usada medicinalmente, é muito tóxica.

Cunha, Silva e Roque (2003) depois de referirem o uso para tratar a “insuficiência cardíaca”, mencionam os seguintes efeitos secundários e toxicidade:

“Fármaco muito tóxico, com reduzida margem terapêutica, podendo-se produzir com facilidade o exagero ou a inversão dos efeitos desejados.

A intoxicação pode produzir-se por ingestão de doses excessivas, por variações na absorção ou por hipocaliemia.”

Sobre a dedaleira, Gabriel d’Almeida (1893) escreveu o seguinte: “A medicina recomenda o seu uso para as moléstias do coração.”

Corsépius (1997), por sua vez, regista que “contém princípios ativos que se utilizam na medicina para o coração, mas que utilizados por leigos pode ser mortal.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Digitalis purpurea L.

Nome vulgar: Dedaleira

Família: Plantaginaceae

Origem: Europa

Bibliografia

Almeida, G. (1893). Dicionário Histórico–Geographico dos Açores. Ponta Delgada, Tip. Diário dos Açores. 208 pp.

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003) Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

terça-feira, 5 de setembro de 2023

Chagas


Chagas

As chagas apresentam ramos rasteiros que podem atingir mais de um metro de comprimento. As suas folhas são redondas, lisas e verde-amareladas. As suas flores podem ter cores diferentes, destacando-se o vermelho, o amarelo ou o branco.

Planta sul-americana que se aclimatou na Europa no século XVII foi e ainda é cultivada em jardins. Hoje, é muito comum o seu aparecimento na beira de caminhos e em locais abandonados.

De acordo com o livro “Segredos e virtudes das plantas medicinais”, “as folhas e flores das chagas, misturadas em saladas, abrem o apetite, auxiliam a digestão e, na refeição da noite, favorecem o sono”.

O Dr. Oliveira Feijão (1986) no seu livro “Medicina pelas plantas” refere que o suco da planta fresca e o cozimento das folhas apresentam propriedades aperitivas e diuréticas.

Corsépius (1997), para além de referir que as folhas como as flores podem ser usadas em saladas e em sopas, menciona as seguintes propriedades e indicações: “eupéptica e estomáquica; purgante (as sementes); sedativa- acalma a tosse e favorecer o sono; estimulante - controlo da queda do cabelo. Crua é rica em vitamina C.”

Em todos os questionários que aplicamos, na ilha de São Miguel, não obtivemos qualquer referência ao uso medicinal ou culinário das chagas.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Tropaeolum majus L.

Nome vulgar: Chagas, chagueira, nastúrcio, papagaios e cagão.

Família: Tropaeolaceae

Origem: América do Sul

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Delaveau, P., Lorrain, M., Mortier, F., Rivolier, C., Rivolier, J., Schweitzer, R. (1983). Segredos e Virtudes das Plantas Medicinais. Lisboa, Selecções do Reader’s Digest. 463 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

segunda-feira, 4 de setembro de 2023

Cenoura-brava


Cenoura-brava

A cenoura-brava é uma planta herbácea, bienal, que pode medir até 70 cm de altura. As folhas são compostas e as flores em umbelas com pétalas brancas, apresentado uma ou mais flores centrais uma coloração purpúreo-escuro.

Endémica dos Açores a cenoura-brava pode ser encontrada em terrenos abandonados, bermas de estradas, pastagens, etc. sobretudo em zonas de altitudes mais baixas.

Cunha, Ribeiro e Roque (2007) para a subespécie sativus indicam que “as raízes são usadas em inflamações genito-urinárias, diarreia, inflamações gástricas e da vista. As sementes na flatulência e pela acção galactogénica. Externamente, a polpa da raiz em queimaduras e inflamações dérmicas.

Cândido Abranches (1894) menciona o uso da cenoura-brava “em chá para dores de ventre”.

Corsépius (1997) apresenta as seguintes propriedades e indicações: “diurética - na tensão pré-menstrual; anti-diarreica e carminativa-meteorismo; emoliente e cicatrizante – prurido, eczema, queimadura fechadas”.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Daucus carota subsp. azoricus Franco

Nome vulgar: Cenoura-brava, salsa-burra

Família: Apiacea

Origem: Açores

Bibliografia

Abranches, J. (1894). Medicina Popular Michaelense. Ponta Delgada (doc. não publicado).

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Cunha, A., Ribeiro, J., Roque, O. (2007). Plantas aromáticas em Portugal–caracterização e utilizações. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 328 pp.

Vieira, V., Moura, M., Silva, L. (2020). Flora terrestre dos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas. 356 pp.

domingo, 3 de setembro de 2023

Boas-noites


Boas-noites

Esta espécie é uma herbácea, vivaz, que chega a atingir um metro e meio de altura e tem caules ramosos e ocos. As suas vistosas flores são rosa-purpúreas, às vezes, brancas ou amarelas e, mais raramente, listradas com as três cores.

Trata-se de uma planta ornamental que se pode encontrar em vários locais, como terrenos abandonados, bermas de caminhos e estradas, escapada da cultura.

De acordo com Fernandes (1987), as suas flores “abrem ao começo do crepúsculo, mantêm-se assim durante a noite (daqui o nome de bela de noite) e fecham de manhã. Por outro lado, verifica-se que são mais odoríferas durante a noite que durante o dia, devendo, portanto, atrair mais fortemente os insectos polinizadores nocturnos.”

Corsépius (1997) considera que esta planta é “purgante; antissética-lavagem de feridas.”

Rei Bori (1990) refere o seu uso na ilha de São Jorge para lavar feridas.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Mirabilis jalapa L.

Nome vulgar: Boas-noites

Família: Nyctaginaceae

Origem: Andes, Perú

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Fernandes, A., Fernandes, R. (Red.) (1988). Iconographia Selecta Florae Azoricae, Vol.II-Fasc. I. Angra do Heroísmo, Secretaria Regional da Educação e Cultura. 179 pp.

Bori, R. (1990). Recortando e recordando (333). Diário Insular, 4 de julho.

Quintal, R. (2022). Boas noites. Jardins, novembro.

sábado, 2 de setembro de 2023

Alfarrobeira


Alfarrobeira

A alfarrobeira é uma árvore de folha perene, que atinge cerca de 10 a 20 m de altura, de casca acinzentada e lisa. As folhas são paripinuladas com folíolos ovalados. O fruto é uma vagem de 10 a 25 cm de comprimento, primeiro verde e depois de cor violeta-acastanhada.

Durante as décadas de sessenta e setenta do século passado, as alfarrobas eram, a par com os figos passados, uma presença em todas as mesas de Natal, na casa de muitos açorianos.

A alfarrobeira, também, pode ser usada como planta ornamental.

Os frutos são usados na alimentação humana, para fabrico de aguardente e em rações para animais.

De acordo com o livro Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian, em 2007, a polpa de alfarroba tem os seguintes usos etnomédicos e médicos: “diarreias, vómitos, gastrites, gastroenterites, úlcera gastroduodenal, vómitos durante a gravidez”.

Gomes (1993) menciona o uso, na ilha Terceira, das vagens e de papas de farinha de alfarroba para combater as diarreias.

Bilhete de Identidade

Nome científico: Ceratonia siliqua L.

Nome vulgar: figueira-do-egipto, farinha-das-diarreias e fava-rica.

Família: Fabaceae

Origem: Região Mediterrânica Oriental
Bibliografia
Cunha, A., Silva, A., Roque, O. (2003) Plantas e Produtos Vegetais em Fitoterapia. Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian. 701 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.
T.B.

Batateira


Batateira

É uma planta herbácea anual, com raízes vivazes, com caule que pode atingir 60 cm. As suas folhas são de cor verde-escuro, divididas em folíolos de forma oval. As flores são brancas ou violetas e os frutos são bagas globulosas de cor esverdeada.

Em Portugal continental, foi Vandelli, em 1789, quem pela primeira vez fez referência à presença de batateiras que na altura ainda eram pouco usadas (Ferrão 1999). Carreiro da Costa (2021) considera “que só na segunda metade do século XVIII se ensaiaria nos Açores a cultura da chamada batata-branca. ou batata inglesa.”

Feijão (1986) refere que “a batata crua é antiescorbútica e analgésica local (rodas de batata crua contra as dores de cabeça); o cozimento das folhas, flores e bagas (25 a 30: 1000) é sedativo e ligeiramente narcótico (diarreias, nevralgias, dores reumastismais, convulsões, etc,). … A cataplasma de Batata raspada é calmante (furúnculos, queimaduras, abcessos, etc.) e a pasta formada por batata cozida misturada com leite fresco, é esplêndida para amaciar e branquear as mãos.”

Gomes (1993) escreve que, na ilha Terceira, para combater as dores de cabeça colocavam-se “rodelas de batata nas fontes (têmporas). Também refere que “antigamente algumas pessoas tinham a convicção que, usando uma batata no bolso das calças, absorvia o reumatismo.”

Corsépius (1997) refere que a batata é utilizada essencialmente na alimentação e “que pode também ser usada como analgésico em cataplasmas, e, tanto cozida como raspada em cru, em aplicações sobre queimaduras do sol.”

Bilhete de Identidade

Nome científico: Solanum tuberosum L.

Nome vulgar: Batata, batata-inglesa

Família: Solanaceae

Origem: América Central e do Sul

Bibliografia

Corsépius, Y. (1997). Algumas plantas medicinais dos Açores. Edição do autor.99 pp.

Costa, C. (2021). Esboço Histórico dos Açores. Ponta Delgada, Artes e Letras Editora. 356 pp.

Feijão, R. (1986). Medicina pelas plantas. Lisboa, Progresso editora. 334 pp.

Ferrão, J. (1999). A aventura das plantas e os Descobrimentos Portugueses. Lisboa, Instituto de Investigação Tropical e Comissão Nacional para as Comemorações dos Descobrimentos Portugueses. 75 pp.

Gomes, A, (1993). A alma da nossa gente: repositório de usos e costumes da Ilha Terceira, Açores. Angra do Heroísmo, Direcção Regional dos Assuntos Culturais. 498 pp.