quinta-feira, 30 de abril de 2020
terça-feira, 28 de abril de 2020
domingo, 26 de abril de 2020
A Propósito de Chernobyl: Energia Nuclear? Sim, muito obrigado!
A Propósito de Chernobyl: Energia Nuclear? Sim, muito obrigado!
«As modernas
centrais eléctricas atómicas soviéticas são as mais inofensivas do ponto de
vista ecológico: o problema da defesa contra a radiação, na U.R.S.S., já foi
resolvido. (…) Observações feitas ao longo de muitos anos têm evidenciado que
as centrais eléctricas atómicas não alteram praticamente o estado radioactivo
do meio ambiente. Graças aos sistemas de protecção de várias etapas, mesmo no
caso de um desastre na central, não haverá fuga de radiações». Nikolai Tikhonov
(chefe do Governo Soviético, 1983).
Muitos são os
livros publicados por fanáticos, que se dizem ecologistas, a combater a
utilização, de energia nuclear, mesmo para fins pacíficos. Esta não é,
concerteza, a minha opinião. Acho que a utilização da energia nuclear, quer
para fins pacíficos quer para bélicos contribui, como veremos, para o progresso
científico e cultural da nossa civilização.
Em virtude de,
ainda, estarmos em cima dos acontecimentos não nos referiremos ao que se passou
na União Soviética. Confiamos, aliás, na sinceridade e abertura dos dirigentes
soviéticos quanto a um futuro esclarecimento do sucedido. Basta recordarmos a
rapidez com que o chamado acidente foi divulgado.
Com base no
livro «A Nuclearização do Mundo», editado pela Antígona, tentaremos esmagar, de
uma vez para sempre (e de que maneira !), alguns dos estafados argumentos
contra o nuclear.
Um dos
argumentos contra o nuclear, consiste em afirmar que as centrais nucleares
correm o risco de sofrerem acidentes de consequências bastante nefastas e como
exemplo é apontado o que ocorreu em Three Miles Island.
Quanto a nós não se tratou de acidente mas, sim, de uma pequena falha resultante
de um defeito anatómico comum, aliás, no homem da sociedade prénuclear que os
malditos ecologistas pretendem perpetuar.
Assim, «segundo
um dos peritos desta infalível comissão (Comissão de Regulamentação Nuclear), a
enfiada de erros humanos que nesse 28 de Março de 1979 perturbou
inoportunamente a central, esse desastroso encadeamento de circunstâncias teve
por origem a proeminente pança de um dos operadores da central, cujo
exorbitante volume ocultou desgraçadamente os mostradores do controle que, se
tivessem estado no seu campo de visão teriam indicado a esse operador o
disfuncionamento que lhe pertencia remediar. Não duvidemos que, munidos destas
informações, os especialistas não se empenhem doravante a calcular os índices
de tolerância nuclear em matéria de curva abdominal, a fim de determinar o
perfil ideal do operador nuclear, e seu regime alimentar esperando poder
modelar directamente, com a ajuda dos seus colegas geneticistas, a morfologia
do HOMO NUCLEARES perfeito…».
Os ecologistas,
cambada de ignorantes, ao defenderem que a energia nuclear é poluente mais não
fazem do que poluir as mentes dos mais desprevenidos. Aos seus apelos não
devemos dar nenhum crédito. A nossa estima e apoio devem cair em pessoas
honestas e suficientemente cultas como o é, por exemplo, o lente Vladimir Kiriline,
Presidente do Comité de Estado para a Ciência e Técnica e Vice-Presidente do Conselho
de Ministros da União Soviética (não sei seja foi substituído), que afirmou: «A
energia nuclear parece-nos a melhor reposta para a protecção do meio ambiente».
Igual consideração nos merece o então primeiro-ministro de França, Raymond
Barre, que declarou: «O que é preciso é familiarizar o público com a
radioactividade» ou então um perito, cujo nome desconhecemos, que a propósito
de mariscos pescados nas proximidades de fugas radioactivas de La Hague declarou que estava
disposto a comê-los durante um ano.
Ainda há quem
não acredite nesses homens?!
Ficaríamos com
um pequeno excerto do já referido livro que, por si, desmarcará não só os
ecologistas como também os chamados pacifistas: «Não possuímos nós doravante,
graças ao aperfeiçoamento dessas mesmas técnicas, armas chamadas «bombas de
neutrões» cuja delicadeza na protecção do meio ambiente chega a deixar tudo
intacto, tocante solicitude que ousarei qualificar de ecologia no melhor
sentido do termo? Deste modo, se por um motivo extraordinário se produzisse uma
guerra antes que a nuclearização do mundo a tivesse tornado impossível – porque
absolutamente inútil, como veremos mais adiante – não apresentaria em todo o
caso nenhum dos traços o seu tanto chocantes, que apresentaram as guerras do
passado. Mais uma vez, a acção militar se apresenta como uma antevisão
promissora de progresso, destinada a servir a vida civil; pois é uma das evidentes
superioridades da energia nuclear sobre as que precederam, a ser mesmo quando
modifique em profundidade a natureza das coisas, eminentemente respeitadora das
aparências: nada é mais discreta que uma radiação».
Para nós,
açorianos, com tantos desafios para vencer e numa «época em que se caminha para
a automização integral, é necessário que os homens se aproximem cada vez mais
da eficácia das máquinas», não será o peixe radioactivo um «excelente óleo
lubrificante dos «robots» humanizados e dos homens robotizados»?
(Publicado
no jornal “Correio dos Açores”, de 8 de
Junho de 1986)
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quinta-feira, 23 de abril de 2020
quarta-feira, 22 de abril de 2020
Bruno Tavares Carreiro e a paixão pelas plantas
Bruno
Tavares Carreiro e a paixão pelas plantas
Bruno
Silvano Tavares Carreiro nasceu na freguesia de São Sebastião, a 6 de outubro
de 1857, e faleceu, na mesma freguesia, a 5 de outubro de 1911.
Formou-se em
Medicina na Universidade de Coimbra, em 1882, tendo sido médico em Vila Franca
do Campo e em Ponta Delgada. Foi diretor da Secção de Botânica do Museu Carlos
Machado, entre 1890 e 1911.
Na área da
medicina, foi autor de diversos textos divulgados em publicações da
especialidade, como o Arquivo Médico, de que foi um dos diretores, e o Correio
Médico. No âmbito da sua profissão, a 11 de setembro de 1891, tratou e assistiu
à morte do poeta Antero de Quental.
Fora do seu
âmbito profissional, Bruno Carreio foi um botânico que muito contribuiu para o
conhecimento da flora dos Açores, quer fazendo colheitas, classificando as
plantas ou fazendo um herbário, quer colaborando com especialistas. Sobre a sua
paixão, disse ele ao Dr. António Augusto Riley da Mota: “Nada como ter na vida
um entretenimento qualquer fora das ocupações profissionais e das maldades dos
homens e, como hobby, nenhum se avantaja ao gosto pelas coleções de história
natural…”
No mesmo
texto, publicado no Correio dos Açores de 24 de outubro de 1926, depois de
referir o contributo de José do Canto e de António Borges para o Jardim
Botânico de Coimbra, o Dr. Riley da Mota menciona que o famoso botânico,
criador do Museu Botânico de Coimbra, Dr. Júlio Henriques, sobre o Dr. Bruno
Carreiro, lhe terá dito: “ Sabe… nestes 50 anos só tive um discípulo, um único,
que não sendo profissional, nunca perdesse o sagrado amor às plantas:- foi o
Bruno!”
Ainda no
mesmo texto, o Dr. Riley da Mota refere que o Dr. Bruno Carreiro, estando já
retido no leito da morte, lhe incumbiu de levar ao Dr, Júlio Henriques “uns
exemplares de carvalho colhidos no Jardim José do Canto” que depois de enviados
a um especialista alemão “foram classificados como uma espécie nova…”. No ato
da entrega dos carvalhos aos Dr. Júlio Henriques este terá dito: “Ainda depois
de morto, está contribuindo para os progressos da botânica”.
Que espécie
seria?
Uma
interrogação que fica sem resposta, a aguardar que a pandemia seja vencida e
que tenha oportunidade para reiniciar as minhas pesquisas na Biblioteca Pública
de Ponta Delgada, no Museu Carlos Machado e, quem sabe, em Coimbra.
O Dr. Bruno
Carreiro na correspondência trocada com o Dr. Júlio Henriques pedia-lhe apoio
na identificação de algumas espécies. A título de exemplo, numa carta datada de
29 de junho de 1905, podemos ler o seguinte:
“Meto no correio … um pequeno pacote com um
Pelargónio. É muito vulgar nos quintais, por cultura é claro. É vulgarmente
conhecida como “malva-rosa”. Dinis Mota que se está interessando por essências
precisava saber que espécie é esta que é muito aromática. Por mim divaguei
entre Pel. odorantissimum e Pel. capitatum. Em suma não sei bem o que é.
Peço-lhe o favor a me determinar a espécie.”
Em
correspondência anterior, o Dr. Bruno Carreiro dá conta da presença em São
Miguel do botânico norte-americano William Trelease, que esteve nos Açores por
duas vezes, em 1894 e em 1896, e que publicou “Botanical Observations on the
Azores”.
Na mesma carta,
datada de 1896, o Dr. Bruno Carreiro, refere que mostrou a Trelease “o pequeno
herbário que aqui há de plantas da ilha, que ele gostou de ver. Um epilobium,
(o único que por cá existe, imagino) que já daqui lhe mandei …é julgado pelo
Trealease ser espécie diferente das conhecidas”.
Teófilo
Braga
(Correio dos
Açores, 32 112, 22 de abril de 2020, p.17)
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terça-feira, 21 de abril de 2020
segunda-feira, 20 de abril de 2020
domingo, 19 de abril de 2020
sexta-feira, 17 de abril de 2020
quinta-feira, 16 de abril de 2020
quarta-feira, 15 de abril de 2020
As estratégias do MEM e o ensino à distância que aí vem
As
estratégias do MEM e o ensino à distância que aí vem
No passado dia 12 de março, o Governo Regional dos
Açores decidiu encerrar os estabelecimentos de ensino da Região devido à
pandemia que a todos nos afeta. No passado dia 1 de abril, o mesmo governo
decidiu, e bem, que enquanto as escolas estivessem encerradas todas as
atividades letivas seriam ministradas em regime de ensino à distância.
A nível nacional, foi decidido que os
alunos do secundário regressariam às escolas para terem as disciplinas que
serão alvo de exames nacionais necessários para o prosseguimento de estudos
universitários. Sobre esta decisão, tenho sérias dúvidas, pois os riscos para a
saúde são enormes. Não seria possível, a título excecional, que este ano contassem
apenas as avaliações internas?
Para a implementação do ensino à
distância, fruto das circunstâncias, as escolas estão a preparar os seus planos
e a maioria dos professores, por iniciativa própria, está a fazer autoformação
com recurso à internet.
Alguns pais, pelo menos os que valorizam a
instrução, estão aflitos porque passarão a ter de fazer um acompanhamento muito
mais intensivo dos filhos, sobretudo dos mais pequenos, e porque terão de saber
usar as plataformas digitais que vão ser usadas pelas escolas.
A falta de recursos informáticos e a
ausência de conhecimentos por parte de alguns pais, por muita boa vontade que
manifestem as escolas, fará com que se acentuem as desigualdades entre alunos.
De entre as práticas docentes, algumas
poderão ajudar melhor os alunos a se adaptarem ao ensino à distância, como as
que são “usadas” pelo MEM-Movimento da Escola Moderna. Assim, os alunos que já
trabalhavam com as estratégias usadas pelo MEM estarão em vantagem em relação
aos colegas, pois aquelas apostam no trabalho cooperativo, na autonomia e na
autoavaliação.
Que estratégias (algumas) usam os
professores do MEM e o que pensam os alunos?
A-
Lista de Verificação (listagem dos
conteúdos distribuída aos alunos, no início do ano, em linguagem mais acessível).
A aluna B acha que perde menos tempo a
procurar no livro as páginas onde estão determinados conteúdos e fica a saber
exatamente o que deve estudar autonomamente. O aluno A pensa que é “uma maneira
interessante de os alunos terem um guião de estudo”.
B-
O estudo autónomo (tempo utilizado pelos alunos, individualmente ou em
pequenos grupos, para trabalharem em função das suas necessidades e interesses,
desenvolverem atividades de treino das aprendizagens, estudarem e realizarem
projetos, de acordo com um o PIT-Plano Individual de Trabalho).
A aluna C considera que um PIT permite que se oriente
quando está perdida e o aluno T acha que, para além de ser “um método de
organização”, com o PIT é obrigado a trabalhar mais.
C-
Aulas onde se dá ênfase à pesquisa, em detrimento das
aulas meramente expositivas
A aluna M gosta mais das aulas de pesquisa porque o
“aluno aprende sozinho” e não gosta das expositivas porque “só estamos a ouvir
e não estamos a fazer nada” e a aluna B prefere as duas “porque gosto mais de pesquisar, mas o professor a explicar fica mais fácil
de entender”. O aluno A, por seu turno, considera
que “as duas são boas e devemos encontrar um meio termo para utilizarmos os
dois métodos. Os alunos ao pesquisarem estão a ser autónomos, mas o professor
também deve falar para nós aprendermos a ter memória e a prestar atenção”.
D-
A aposta na autonomia dos alunos que estão habituados
a avaliar o seu trabalho
Sobre o que era um aluno autónomo, as respostas dos
alunos do 7ºano de escolaridade foram elucidativas da sua maturidade. Com
efeito, segundo a aluna B “um aluno autónomo é um aluno
que faz as coisas sozinho e que faz sem o professor o mandar, ou seja, por
iniciativa própria” e segundo o aluno A “é um aluno que trabalha, investiga e
questiona sozinho. Também tenta ultrapassar as suas dificuldades sozinho”.
Com eles, conscientes de que o ensino à distância não
substitui o presencial, a trabalhar autonomamente, tudo faremos para que as
distâncias se encurtem e para que tenhamos apenas saudades das aulas práticas
no Laboratório de Química.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32106, 15 de abril de 2020, p. 17)
terça-feira, 14 de abril de 2020
Ponta Delgada: contributo para um roteiro ambiental do concelho
Ponta Delgada contributo para um roteiro ambiental do concelho, suplemento do Açoriano Oriental 500 anos do concelho de Ponta Delgada 19 de julho de 1999
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segunda-feira, 13 de abril de 2020
domingo, 12 de abril de 2020
quinta-feira, 9 de abril de 2020
Haverá touradas, nos Açores, em 2020?
Haverá touradas,
nos Açores, em 2020?
Em todo o mundo têm sido
canceladas touradas devido à pandemia do novo coronavírus. Em Espanha, todas as
touradas previstas para os meses de março, abril e maio, foram suspensas por
tempo indeterminado.
Na Terceira, as duas Câmaras Municipais não estão a licenciar
touradas à corda e as Sanjoaninas foram canceladas, em reunião realizada a 27
de março de 2020, subentendendo-se que também foram cancelas as touradas
associadas àquelas festividades.
Um pretenso festival tauromáquico de apoio a obras em igrejas
da Terceira, previsto para 23 de maio, foi adiado.
Conhecendo bem o espírito dos adeptos da tortura
animal, sabemos que tudo farão para matar o vício e à primeira oportunidade
irão promover o máximo de touradas que puderem.
Será que, em 2020, haverá touradas na ilha Terceira?
Será que, no passado, já houve algum ano em que não se realizaram touradas
naquela ilha?
Se não vamos fazer futurologia, portanto nada vamos
dizer sobre o que acontecerá este ano, sobre o passado, com recurso à
Tauromaquia Terceirense, de Pedro de Merelim, relataremos o que aconteceu.
Com a implantação da República não houve qualquer
alteração em relação às touradas, tanto a nível nacional como na ilha Terceira.
Com efeito o projeto de Boto Machado apresentado na Constituinte para acabar
com as touradas, não foi bem-sucedido.
Apesar da proibição das touradas à corda pelo General
António Augusto de Oliveira Guimarães, em 1916, em plena Guerra Mundial, a
deliberação foi revogada dois meses depois e naquele ano continuou a haver
touradas, primeiro só aos domingos para não prejudicar os dias de trabalho.
Com o derrube da ditadura do Estado Novo, apenas houve
uma tentativa de redução das touradas à corda, através de um edital do Dr.
Oldemiro de Figueiredo, onde este estabeleceu que para evitar exageros, para
além das 80 touradas tradicionais, só concedia licenças aos sábados, domingos e
feriados.
Nem o sismo de 1 de janeiro de 1980 fez com que não
houvesse touradas na Terceira. No que diz respeito às touradas à corda e apesar
do apelo de alguns à moderação e para que a ociosidade fosse evitada,
realizaram-se 90 touradas, 45 no concelho da Praia da Vitória e 45 no de Angra
do Heroísmo.
Face ao exposto, se a situação se alterar um pouco,
acreditamos que, acima das preocupações com a saúde pública, acima do respeito
pelos direitos dos animais, acima do direito das crianças terem uma educação
respeitadora de todos os seres vivos, vão prevalecer os interesses da indústria
tauromáquica, com a cumplicidade de governos, autarcas e dos responsáveis pela
diocese de Angra do Heroísmo.
Oxalá estejamos enganados.
Açores, 5 de abril de 2020
José da Agualva
http://iniciativa-de-cidadaos.blogspot.com/2020/04/havera-touradas-nos-acores-em-2020.html
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