sexta-feira, 29 de março de 2019

domingo, 24 de março de 2019

Visita de estudo ao Jardim do Palácio de Santana


Na disciplina de Cidadania
Visita de estudo ao Jardim do Palácio de Santana
21 de março de 2019

Da Árvore à Floresta: o desrespeito continua


Da Árvore à Floresta: o desrespeito continua


“Quem não tem jardins por dentro
Não planta jardins por fora” (Rubem Alves)



Tudo terá começado, em 1872, nos Estados Unidos da América, no Nebrasca, onde para colmatar a falta de árvores a população decidiu dedicar um dia, não fixo, à sua plantação.
Em Portugal, a primeira “Festa da Árvore” ocorreu em 1907, tendo sido muito incentivada e comemorada nos primeiros anos da República, até 1917.

Na ilha de São Miguel terá acontecido o mesmo, tendo em 1914 as comemorações atingido o seu apogeu, com o envolvimento das diversas entidades oficiais e das escolas. De entre as personalidades que apoiaram, participaram ou publicitaram a festa destaco o Marquês de Jácome Correia, Alice Moderno, através do seu jornal “A Folha” e a professora Maria Evelina de Sousa, através da “Revista Pedagógica”.

Em 1971, a FAO estabeleceu o “Dia Mundial da Floresta” como forma de chamar a atenção para o papel da mesma na manutenção da vida na Terra. Três anos depois, em 1974, o dia foi celebrado pela primeira vez em Portugal a 21 de março, o primeiro dia de primavera no hemisfério norte.

Em 2012, por decisão da Assembleia Geral da ONU, o dia 21 de março foi declarado como Dia Internacional das Florestas.

Em 2019, ano declarado pela ONU como Ano Internacional da Tabela Periódica dos Elementos Químicos, o tema escolhido para as celebrações foi “Florestas e Educação”.

Em Portugal, para o dia 21 de março, a Sociedade Portuguesa de Química (SPQ) tem uma atividade intitulada “Dia do Carbono 118 árvores para 118 elementos” que consiste na plantação de 118 árvores, o que corresponde a retirar 2,5 toneladas por ano de dióxido de carbono (CO2).

Nos Açores, a Escola Secundária das Laranjeiras, aderiu ao projeto da SPQ, através da exploração dos materiais pedagógicos disponíveis por aquela instituição, da visita ao Jardim do Palácio de Santana e da plantação de árvores.

Tal como o que se passa com os vários dias dedicados a qualquer coisa, celebrar a árvore e a floresta um dia por ano é muito pouco quando nos restantes dias se está a desrespeitar um ser que é vital para a humanidade.

Sabendo-se que a concentração das comemorações do Dia da Árvore/Floresta se concentra nas escolas, onde o público-alvo é mais recetivo, por que razão não se nota uma sensível melhoria no estado em que se encontram as nossas árvores não só nos estabelecimentos de ensino, mas também nos espaços públicos, como arruamentos, estradas, parques de estacionamento, etc.?

Não pretendendo fazer o elenco de todas as causas possíveis, aqui sugiro algumas:

- Falta de sensibilidade por parte de alguns responsáveis por serviços oficiais, governamentais ou camarários;

- Ausência de formação por parte de quem faz as podas, parecendo que por vezes a única possuída é a de por a funcionar uma motosserra;

- O desleixo de quem cuida dos relvados onde se encontram muitas árvores (arbustos), não deixando caldeiras à volta daquelas, fazendo que que as mesmas sejam vítimas das sedas ou dos discos das roçadoras;

- A preguiça de alguns “trabalhadores” que se queixam de muito trabalho na limpeza de alguns recintos devido à queda de folhas ou frutos;

- A ignorância de todos os que pensam que com as podas “radicais”, as árvores ornamentais são fortalecidas, rejuvenescem, tornam-se menos perigosas e o seu cuidado fica mais barato.

Termino com uma citação de Francisco Caldeira Cabral e Gonçalo Ribeiro Teles: “Qualquer supressão de que resulta um aspeto definitivamente mutilado da árvore, deve considerar-se inadmissível visto comprometer definitivamente a finalidade estética da planta ornamental”.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, nº 31783, 21 de março de 2019, p. 12)

Assine e divulgue: https://peticaopublica.com/pview.aspx?pi=PT92430

quinta-feira, 14 de março de 2019

Peso e massa


O desafio do ensino/aprendizagem dos conceitos de massa e de peso

Uma das aprendizagens essenciais do 7º ano de escolaridade da Disciplina de Físico-Química é “distinguir peso e massa de um corpo, relacionando-os a partir de uma atividade experimental, na qual constrói tabelas e gráficos”.
Embora pareça tarefa simples diferenciar peso de massa, o trabalho do professor esbarra com algumas dificuldades, sendo a primeira o quase não uso do conceito físico de massa em detrimento do de peso, que é usado, erroneamente, na linguagem do dia-a-dia.
Antes de fazermos referência à segunda dificuldade que é o ensino errado que é feito no 1º ciclo do ensino básico, induzido pelo programa oficial, por alguns manuais escolares e por alguns formadores dos docentes daquele nível de ensino, apresentamos os dois conceitos tal como são expostos no Projeto Desafios de Ciências Físico-Químicas destinado ao 7º ano de escolaridade, editado pela Santillana-Constância, em 2012.
De acordo com as autoras, a massa é uma grandeza física que caracteriza a quantidade de matéria que um corpo possui, não depende do local onde se encontra, tem como unidade no Sistema Internacional o quilograma (kg) e pode ser determinada utilizando uma balança. O peso, por seu lado, “corresponde à força de atração gravitacional da Terra sobre o corpo, depende do local onde o corpo se encontra, tem como unidade no Sistema Internacional o newton (N) e pode ser medido com dinamómetros”.
Face ao exposto não se compreende a razão pelo facto da massa ser, com muita frequência confundida com o peso e a gravidade de tal ato é maior quando tal confusão surge em documentos oficiais ou em manuais usados nas nossas escolas, como se pode confirmar através dos seguintes exemplos:
1- “A meloa pesa …quilograma (kg).” (documento distribuído aos professores do primeiro ciclo da RAA)
Como vimos o quilograma é unidade de massa, portanto não devia ser usado naquela situação.
2- “Nestes cestos, as bolas grandes pesam 9 kg e as bolas pequenas pesam 3 kg.” (Fichas de avaliação do 3º ano)
Erro semelhante ao anterior.
3- “Para medires a massa (peso) deves utilizar uma balança.” (ficha de um Caderno de Fim de Semana para o 3º ano)
Neste caso, o autor (ou autores?) une os dois conceitos num só o que não é correto.
Já vimos que peso e massa são grandezas diferentes, mas será que há alguma relação entre elas?
Num manual escolar para o 1º ano do Curso Complementar do ensino secundário (atual 10º ano de escolaridade) os seus autores, entre os quais se encontra o inesquecível Rómulo de Carvalho/António Gedeão, o peso era definido como “a força que determina a aceleração com que o corpo cai para a Terra”.
A sua equação de definição da sua intensidade, - não esquecer que o peso é uma grandeza vetorial e como tal para além daquela caraterística também apresenta uma direção, um sentido e um ponto de aplicação –, é:
P = mg
A letra m é a nassa do corpo e a g representa a aceleração da gravidade.
Sabendo-se que o valor da aceleração da gravidade é, em média, 9,8 m/s2, torna-se muito fácil estabelecer a relação entre o peso de um corpo e a sua massa. Assim, se um corpo qualquer tiver a massa de 1 kg, o seu peso será 9,8 N (newton):
P = 1 x 9,8= 9,8 N
No passado, também se usava como unidade de força o quilograma-força, cujo símbolo era kgf e equivalia ao peso de um corpo com a massa de um quilograma sujeito à ação da gravidade. Não sei se o seu uso não seria útil para ajudar a esclarecer que peso e massa são duas grandezas bem distintas. Assim, quando a massa fosse 1 kg o seu peso seria 1 kgf.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31777, 14 de março de 2019, p.12)

quarta-feira, 13 de março de 2019

NA LINHA DO MEM - MOVIMENTO DA ESCOLA MODERNA

NA LINHA DO MEM - MOVIMENTO DA ESCOLA MODERNA







INTRODUÇÃO/JUSTIFICAÇÃO


O alargamento da escolaridade obrigatória não significou o surgimento de uma “escola de todos que permita a cada um ir o mais longe possível no processo de aprendizagem e desenvolvimento” (Nóvoa, 2012).

Analisando os resultados escolares facilmente se conclui que estão longe do desejável, já que as retenções e o abandono precoce, apesar das várias medidas tomadas pelas entidades governamentais, continuam elevados. Grave- Resendes e Júlia Soares (2002), sobre o assunto afirmam o seguinte: “A escola não tem promovido, em geral, a igualdade de oportunidades educativas para os alunos, visto que a sua organização foi concebida para alunos da cultura média dominante”.

Sérgio Niza, citado por Grave- Resendes e Júlia Soares (2002) defende que “só a partir de uma pedagogia diferenciada centrada na cooperação entre professor e os alunos e destes entre si se poderão por em prática os princípios da inclusão, da integração e da participação democrática, isto é, os Direitos da Criança”.

Desde 2015, temos participado em ações de formação promovidas pelo MEM- Movimento da Escola Moderna, associação de profissionais da educação, professores e educadores, que propõe a implementação, nas escolas, de um modelo pedagógico onde os alunos são envolvidos e corresponsabilizados pela sua aprendizagem.

Em anos anteriores, sobretudo no ensino básico apliquei algumas estratégias/técnicas e instrumentos de pilotagem usados pelo MEM. Este ano pretendo aplicar o Modelo Pedagógico do MEM de forma mais globalizada.

O que é o MEM?

O Movimento da Escola Moderna é uma Associação Pedagógica de Professores e de outros Profissionais da Educação. Criado nos anos 60, foi formalizado juridicamente como associação pedagógica em 1976.
Constituído por mais de dois mil profissionais empenhados na integração dos valores democráticos na vida das escolas, encontra-se hoje espalhado por quase todo o país e organiza-se em Núcleos Regionais.

Através dos Núcleos, desenvolve anualmente um vasto Plano de Formação, que se concretiza, predominantemente, em ações sistemáticas integradas nas estruturas de autoformação cooperada ou no quadro de formação contínua de professores – formação acreditada – promovida pelo Centro de Formação do MEM e apoiada pelo Centro de Recursos.

Em 2001 o MEM foi reconhecido como Pessoa Coletiva de Utilidade Pública e em maio de 2004, no âmbito das comemorações do 30º aniversário do 25 de Abril, foi agraciado como Membro-Honorário da Ordem da Instrução Pública.

Em 2018, foi criado o Núcleo Regional de São Miguel, que tem promovido a formação de professores nos “Sábados Pedagógicos” que têm ocorrido na Escola Secundária das Laranjeiras.

Princípios Estratégicos

O Modelo Pedagógico do MEM , de acordo com Grave- Resendes e Júlia Soares (2002), é “sociocêntrico cuja prática democrática da gestão dos conteúdos, das atividades, dos materiais, do tempo e do espaço se fazem em cooperação. A participação dos alunos na organização, gestão e avaliação cooperadas de toda a vida da turma constituem um exercício de cidadania democrática activa”.

A cultura pedagógica do MEM, segundo Sérgio Niza, citado por González (2002) está subordinada aos seguintes princípios estratégicos:

“1. Os meios pedagógicos veiculam (em si) os fins democráticos da educação.

2. A actividade escolar enquanto contrato social e educativo, explicitar-se-á através da negociação progressiva dos processos de trabalho que fazem evoluir a experiência pessoal para o conhecimento dos métodos e dos conteúdos científicos, tecnológicos e artísticos.

3. A prática democrática de planeamento (actividades e projectos) organização, avaliação e regulação social da vida escolar, partilhada por todos, institui-se em conselho de cooperação.
4. Os processos de trabalho escolar reproduzem os processos sociais autênticos da construção da cultura nas ciências, nas artes e no quotidiano (homologia de processos).


5. A informação partilha-se através de circuitos sistemáticos de comunicação dos saberes e das produções culturais dos alunos (ciclos de produção/consumo).


6. As práticas escolares darão sentido social imediato às aprendizagens dos alunos, através da partilha dos saberes e das formas de intervenção social.


7. Os alunos intervêm ou interpelam o meio social e integram na aula “actores” comunitários como fonte de conhecimento nos seus projectos.”



Estratégias/técnicas

Conselho de Cooperação Educativa

É composto por todos os membros da turma e alunos que se reúnem para:

- Regular as relações sociais na turma e instituir normas de convivência;

- Gerir eventuais conflitos na turma;

- Planear, acompanhar, orientar e avaliar as aprendizagens;


Tempo de Estudo Autónomo

É um tempo utilizado pelos alunos, individualmente ou em pequenos grupos, para trabalharem em função das suas necessidades e interesses, desenvolverem atividades de treino das aprendizagens, estudarem e realizarem projetos.

É o tempo ideal para o professor apoiar os alunos com dificuldades em determinadas áreas de aprendizagem.
Trabalho de Projeto

É uma modalidade de trabalho que existe há muito tempo, mas que não tem sido suficientemente ou devidamente utilizada.

De acordo com, Grave- Resendes e Júlia Soares (2002), entre outros aspetos a considerar no MEM no trabalho de projeto:

“- Os autores dos projetos são os alunos;
- Não há um projeto único para toda a turma. Desenvolvem-se, em simultâneo, vários projetos em diferentes fases de execução;
- Não há grupos fixos. Formam-se segundo os interesses dos alunos pelos temas;
- Os processos e os produtos de cada projeto são objeto de comunicação à turma;
- Os alunos que comunicam elaboram questionários, fichas ou outros instrumentos destinados a averiguar até que ponto a sua comunicação contribuiu para a aprendizagem pelos seus colegas.
- O professor apoia rotativamente os alunos.”


Materiais pedagógicos

- Manual adotado e outros

- Fichas

- Livros

- Computador com ligação à internet

- Filmes/vídeos

- Trabalhos dos alunos


Instrumentos de pilotagem

De entre os instrumentos de pilotagem existentes, pretendemos aplicar os seguintes:

- Planos anual (PA)

Consiste essencialmente de uma listagem de conteúdos e atividades cujo principal objetivo é dar o programa oficial em linguagem acessível aos alunos.

De acordo com Pires (2006), os alunos na elaboração do PA podem:

“- Apresentar interesses e expectativas, a serem contemplados no Plano Anual;

- Apresentar propostas de trabalho para o Plano Anual;

- Discutir e negociar (procurando o consenso) as várias propostas;

- Tomar decisões, em conjunto com o professor e os restantes colegas.”


- Plano Individual de Trabalho (PIT)

É um roteiro que guia o trabalho dos alunos, tendo um papel determinante no incremento da sua autonomia ao mesmo tempo que faz com que eles se comprometam e se responsabilizam pelo que têm de fazer.

No PIT para além de um espaço destinado às tarefas a realizar pelo aluno há uma área destinada à autoavaliação e à heteroavaliação


- Diário de Turma

É o registo do que se passa na turma, ocorrências positivas e negativas e do que de mais significativo foi realizado. Serve de suporte à negociação e à regulação da vida da turma.



Critérios de Avaliação

- Assiduidade

- Pontualidade

- Autonomia

- Trazer material necessário

- Respeitar as regras de conduta

- Capacidade de autoavaliação

- Observa e coloca questões pertinentes, relaciona ideias e persiste nas tarefas propostas.

- Interpreta enunciados, escolhe estratégias adequadas e verifica criticamente os resultados, justificando o seu raciocínio.

- Recolhe, organiza e interpreta, de forma criteriosa, informação relacionada com a física e a química.

- Realiza as tarefas propostas

- Realiza tarefas por iniciativa própria.

- Faz os registos das aulas

- Intervém de forma adequada

- Respeita as ideias dos outros

- Revela espírito de interajuda

- Reflete e critica o seu trabalho e o dos colegas

- Revela hábitos de trabalho




Instrumentos de Avaliação


- Grelhas de registos de observação

- Observação direta/participação no trabalho da aula

- Registos de participação oral e escrita

- Trabalhos individuais /a pares /em grupo

- Observação/correção dos trabalhos produzidos nas aulas

- Fichas de avaliação sumativas

- Fichas de avaliação formativas

- Fichas de auto e heteroavaliação

- Caderno diário


BIBLIOGRAFIA


González, P. (2002). O Movimento da Escola Moderna- um percurso cooperativo na construção da profissão docente e no desenvolvimento da pedagogia escolar. Porto: Porto Editora.

Grave-Resendes, L., Soares, J. (2002). Diferenciação Pedagógica. Lisboa: Universidade Aberta.

Nóvoa, a. (2012). Ética, pedagogia e democracia são exatamente a mesma coisa. In Nóvoa, A., Marcelino, F., Ramos do Ó, J. (orgs.), Sérgio Niza escritos sobre educação, Lisboa: Tinta da China

Pires, J. (2006). O Planeamento no Modelo Pedagógico do Movimento da Escola Moderna. In revista Escola Moderna, nº 17, pp 23-66

Setembro de 2018

sexta-feira, 8 de março de 2019

Beaucarnea recurvata Lem


Beaucarnea recurvata Lem
Nome comum: Nolina, Pata-de-elefente
Família: Asparagaceae
Origem: América do Norte, México
Local: Rua Nova da Misericórdia
26 de fevereiro de 2019

Plantas e Jardins em exposição


Plantas e Jardins em exposição

Até ao próximo dia 1 de maio estará aberta ao público, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, uma exposição, comissariada pela Professora Doutora Isabel Soares de Albergaria, intitulada “Plantas e Jardins: A paixão pela horticultura ornamental na ilha de São Miguel”.

Inaugurada no passado dia 22 de fevereiro, a exposição referida, pela informação disponibilizada, merece a visita de todos os amantes de plantas e jardins, bem como dos alunos dos estabelecimentos de ensino da ilha de São Miguel.

Uma leitura atenta merece o catálogo da exposição que “é constituído por duas partes, sendo a primeira votada a um conjunto de cinco estudos versando problemáticas diversas e incidindo sobre campos disciplinares distintos, tendo as plantas e os jardins de São Miguel como denominador comum. Na segunda parte apresentam-se os textos de enquadramento dos quatro núcleos que compõem a exposição, a saber: O Conhecimento das Plantas; Encomenda e Transporte; O Cultivo e Assimilação Cultural.”

Embora todos os textos mereçam ser lidos, destaco o da autoria de Rosalina Gabriel, intitulado “Não há rosas sem espinhos: O papel dos jardins na disseminação de espécies exóticas e invasoras – 13 plantas prioritárias para controlo ou erradicação nos Açores”, que chama a atenção para o perigo da introdução de espécies que se podem tornar invasoras. Se algumas delas foram introduzidas pelos criadores dos jardins históricos no século XIX, outras são de introdução mais recente, o que é inadmissível atendendo ao conhecimento que se possui atualmente sobre o comportamento invasor de algumas delas e por serem da responsabilidade de serviços oficiais.

Outro texto de leitura obrigatória é o da autoria do madeirense Raimundo Quintal, profundo conhecedor da flora e dos jardins dos Açores, intitulado “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel – Proposta de Classificação”.

Antes de fazer referência ao texto mencionado, recordo que em 2016, no Correio dos Açores, levantei um conjunto de questões relacionadas com o desequilíbrio existente entre o número de árvores classificadas em São Miguel quando comparado com o de outras ilhas.

Na altura, fiz a seguinte pergunta que terá caído em saco roto: “Não haverá em São Miguel, mais nenhuma árvore que mereça ser classificada para além das sete (12% do número total) classificadas entre as 58 existentes, nos Açores?”

No texto referido, depois de ter considerado estranho o facto de na lista das árvores classificadas constarem plantas que já não existiam, recordei a minha não compreensão pelo facto do dragoeiro existente na Escola Secundária Antero de Quental, o qual, segundo o Eng.º Ernesto Goes, é o maior da ilha de São Miguel e terá sido plantado na altura do antigo Paço, iniciado em 1587, não se encontrar classificado.

Felizmente, Raimundo Quintal, inclui o dragoeiro referido na sua proposta de classificação que “abrange 75 árvores isoladas e sete conjuntos arbóreos, que representam 37 táxones (36 espécies e uma variedade).”

De entre as espécies propostas para serem classificadas, destaco duas endémicas dos Açores, o cedro-do-mato, do Campo de Golfe das Furnas, e o pau branco, do Jardim António Borges.

Originário dos arquipélagos da Madeira e das Canárias, é proposto para classificação o til existente no Jardim José do Canto e do Brasil e Argentina, a proposta inclui a sumaúma existente no Parque de Estacionamento da Rua São Francisco Xavier e um dos exemplares existentes no Viveiro dos Serviços Florestais, nas Furnas.

Vila Franca do Campo, também, entra na lista das localidades com árvores classificadas. Com efeito, para além da classificação do eucalipto-limão existente no Jardim do Palácio de Santana, também é proposto o existente no Jardim Dr. António da Silva Cabral, na freguesia de São Pedro.

Dos conjuntos arbóreos propostos para classificação, destaco a Alameda dos Plátanos na Povoação e a dos Gincos, no Parque Terra Nostra.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 7 de março de 2019)