sexta-feira, 26 de abril de 2024

25 de Abril na Lagoa

Participação com um texto num painel.
25 de Abril de 2024

quinta-feira, 25 de abril de 2024

Na RTPA a propósito do 25 de Abril

Durante a ditadura, foram presos mais de 30 mil antifascistas. Mais de 600 estiveram presos na ilha Terceira, entre eles meia centena de naturais ou residentes nos Açores - oito morreram por falta de assistência médica, má alimentação e maus tratos. Estes números resultam da investigação de Teófilo Braga e foram divulgados no seu livro 'Resistência e Liberdade, um dicionário de opositores ao Estado Novo nos e dos Açores'. #50anos25deAbril #25deAbril Aqui: https://fb.watch/rGrI_Hh-Zc/

quarta-feira, 24 de abril de 2024


Sobre o cravo

O craveiro ou cravo (Dianthus caryophyllus) é uma espécie, pertencente à família Caryophyllaceae, nativa do sul da Europa. O género Dianthus possui cerca de 300 espécies, existindo centenas de híbridos.

Introduzido há muitos anos para fins ornamentais, José do Canto, em 1856, no seu jardim em Ponta Delgada, possuía 4 espécies. Para além da mencionada, em Santana, existiam também o cravo-dos-poetas ou cravina-dos-jardins (Dianthus barbatus), o cravo-chinês ou cravina (Dianthus chinensis) e a grande-rosa (Dianthus superbus).

O cravo é uma planta herbácea perene, que pode atingir uma altura de 60 a 90 cm, com folhas opostas, longas e lineares de tonalidade azulada. As suas flores, de cores diversas, são grandes e muito perfumadas, sendo simples na espécie silvestre e dobradas nas variedades cultivadas. Os frutos são cápsulas ovoides alongadas.

A cada cor do cravo está associado um significado. Assim, o branco está ligado ao amor puro e à inocência, o vermelho ao respeito e à paixão, o amarelo à alegria e vivacidade e o roxo à criatividade.

O cravo vermelho foi, sobretudo para as mulheres progressistas o símbolo da igualdade, sendo por elas usados em várias manifestações públicas.

O cravo é cultivado em quintais e jardins, em bordaduras ou em conjuntos isolados, em locais de sol pleno ou meia-sombra e também como flor de corte.

O cravo também é usado como planta medicinal. Assim, no século XVII, Simon Paulli, médico e botânico alemão, menciona o uso das flores do cravo maceradas em vinagre evitava a peste e preservava de ares malignos e pestilentos. No século XVIII, José Quer, médico e botânico espanhol, refere o uso do cravo para combater várias doenças, entre as quais afeções da cabeça e dos nervos.

Na atualidade, as suas pétalas, muito aromáticas e picantes, são comestíveis e usadas medicinalmente. Fernanda Botelho, no seu livro “Flores que se Comem” escreve que as flores podem ser usadas “frescas, cristalizadas ou desidratadas” e segundo o Dr. José Lyon de Castro, o seu uso na medicina deve-se ao facto de possuírem as seguintes propriedades: tónicas, peitorais, excitantes e um pouco diaforéticas.

Várias espécies do género Dianthus são usadas medicinalmente, nomeadamente as conhecidas por cravinas.

Raimundo Quintal, no dia 24 de março de 2024, informou-me que num canteiro das plantas aromáticas e medicinais do Campo de Educação Ambiental do Santo da Serra, na ilha da Madeira, existe um núcleo de cravos-chineses ou cravinas (Dianthus chinensis) que foram plantados pela Engª Fátima Freitas e que, segundo informação que lhe fora transmitida, as flores eram comestíveis e possuem propriedades antioxidantes.

O médico Oliveira Feijão sobre o assunto escreveu o seguinte: “planta da qual se cultivam diversas variedades em jardins. O povo usa as pétalas secas (sem as “unhas”) da variedade de flor rubra, em infuso ou xarope, como tónico, béquico e diaforético.”

Fernanda Botelho, por seu turno, sobre as propriedades das cravinas, escreveu o seguinte: “Há mais de 2 mil anos que é usada pela medicina tradicional oriental, no caso de disfunções dos sistemas digestivo e urinário, principalmente cistite, para tratamento de prisão de ventre, febres, cólicas menstruais, tosse e cálculos renais.”

Foi como flor de corte e fruto do acaso que, no dia 25 de Abril de 1974, Celeste Martins Caeiro ofereceu um cravo a um soldado que lhe havia pedido um cigarro e este colocou-o no cano da espingarda, gesto que foi seguido por outros. Tal gesto fez com que o cravo se tornasse o símbolo do golpe militar que derrubou a ditadura que oprimiu o povo português durante 48 anos, ficando o mesmo conhecido por Revolução dos Cravos.

O cravo surge na literatura portuguesa relacionado ou não com a Revolução dos Cravos.

Ary dos Santos, no seu poema “As portas que abril Abriu”, publicado em 1975, escreveu a seguinte quadra:

Contra tudo o que era velho

Levantado como um punho

Em Maio surgiu vermelho

O cravo do mês de Junho.”

José Fanha, em 1977, no seu poema “Contra um tanque”, publicado na brochura “Olho por Olho” incluiu a seguinte quadra:

“Cravo mole não fura a noite

da fome e das amarguras,

tu tens que estar armado

para as batalhas futuras.”

Pelo aniversário de Papiniano Carlos, Álvaro Martins, em 2008, ofereceu-lhe uma prenda especial:

“Para o teu aniversário

não vai peru nem coelho.

Vai uma flor- e só uma:

mando-te um cravo vermelho

e uma rosa de espuma.”

Emanuel Félix, no seu livro “A Viagem Possível (Poesia-1965/1981)”, publicado em 1984, dedica um poema à sua companheira Filomena:

“Flores para ti, Mena.

O seu perfume aquece e afaga

Como a brisa do Verão.

Cravos vermelhos como esta chaga

Que tu me abriste

No coração.

Pico da Pedra, 25 de abril de 2024

Teófilo Braga

terça-feira, 23 de abril de 2024

Uma flor revolucionária, o cravo vermelho


Uma flor revolucionária, o cravo vermelho

O cravo vermelho foi, sobretudo para as mulheres progressistas, o símbolo da igualdade, sendo por elas usado em várias manifestações públicas.

Neste texto, damos a conhcer a sua utilização por quatro mulheres que perfilharam ideais socialistas, embora de diferentes correntes.

A revolucionária francesa Louise Michel (1830-1905) foi professora, poetisa e escritora e uma das principais militantes da Comuna de Paris. Mulher corajosa, durante o movimento que levou ao poder os proletários franceses fez um pouco de tudo, desde enfermeira e condutora de ambulâncias até comandante de um batalhão feminino.

Com a derrota da Comuna (1871), vários dos participantes foram perseguidos e mortos., um deles foi o revolucionário blanquista Théophile Ferré (1846-1871) que acabou por ser condenado à morte e executado.

Em sua memória, Louise Michel escreveu o seguinte poema:

Os cravos rubros

Quando ao negro cemitério eu for,

Irmão, coloque sobre sua irmã,

Como uma última esperança,

Alguns 'cravos' rubros em flor.

Do Império nos últimos dias

Quando as pessoas acordavam,

Seus sorrisos eram rubros cravos

Nos dizendo que tudo renasceria.

Hoje, florescerão nas sombras

de negras e tristes prisões.

Vão e desabrochem junto ao preso sombrio

E lhe diga o quanto sinceramente o amamos.

Digam que, pelo tempo que é rápido,

Tudo pertence ao que está por vir

Que o dominador vil e pálido

Também pode morrer como o dominado
O cravo vermelho está também associado à revolucionária polaca Rosa Luxemburgo (1871-1919).
Rosa Luxemburgo, filosofa, economista, feminista e militante comunista, foi uma botânica dedicada, possuiu um genuíno interesse pela literatura, pela música e pela geologia, pintou com pormenor flores e paisagens e demonstrou um amor profundo pela natureza.

Após o seu assassinato, a 15 de janeiro de 1919, em Berlim, na Alemanha, a mando dos seus antigos camaradas social-democratas, todos os anos são colocados milhares de cravos vermelhos na sua campa no aniversário do seu assassinato e do seu nascimento, a 5 de março.

Alexandra Kollontai (1872-1952) foi uma revolucionária russa, membro do partido bolchevique, teórica do feminismo marxista.

Na sua militância em defesa dos direitos das mulheres, Alexandra Kollontai, em 1908, no Congresso das Mulheres de toda a Rússia, organizou um “grupo de mulheres trabalhadoras, todas com cravos vermelhos nos seus vestidos baratos, para defenderem reformas sociais” e não apenas o voto feminino.

O cravo vermelho também está associado a Clara Zetkin (1857-1933), uma professora, jornalista e política marxista alemã.

Clara Zetkin, foi quem, com Alexandra Kollontai, propôs a criação de um dia anual dedicado à celebração da luta das mulheres pela igualdade de direitos, entre os quais o voto feminino. Tal ocorreu, em 1910, em Copenhaga, na Conferência Internacional das Mulheres Socialistas, onde ela subiu ao pódio com um cravo vermelho na mão.

Fontes:

https://www.marxists.org/history/france/paris-commune/michel-louise/1872/red-carnations.htm

https://pt.wikipedia.org/wiki/Louise_Michel

https://www.rosalux.de/en/news/id/51751/rosa-luxemburgs-red-ecology

https://isj.org.uk/how-working-class-women-won-the-vote/

https://soviet-art.ru/red-carnation-revolutionary-flower/a-girl-with-carnation-flowers-usual-attribute-on-great-october-revolution-day-and-demonstration-of-7-november/

segunda-feira, 22 de abril de 2024

Dia da Terra 2024


22 de abril- Dia da Terra, dia de reflexão e ação

Desde 1970, comemora-se em vários países do mundo o Dia da Terra. Naquele ano, por iniciativa do senador Gaylord Nelson, ocorreu um grande protesto nos Estados Unidos da América que juntou cerca de 20 milhões de pessoas preocupadas com os impactos negativos das atividades humanas na Terra.

Hoje, a situação no Planeta não é nada favorável aos seus habitantes, pois o sistema económico e social dominante continua a promover a desigualdade, a discriminação e a injustiça social, traduzida no facto de apenas 1% da população mundial ter mais de metade da riqueza de todo o Planeta, e a degradação do ambiente.

Neste dia, propomos uma reflexão sobre o que se passa na nossa Terra, nomeadamente no que diz respeito à educação ambiental, aos resíduos, ao património natural e às alterações climáticas

A (des)educação ambiental

O grande, o maior, problema dos Açores e não só é o da ausência da educação ambiental que não seja a muito pouca que temos tido, isto é, a que sofre um desvio naturalista e conservacionista cuja única preocupação é “salvar” o ambiente, como recurso que é necessário para manter a maquinaria produtivista. O que precisamos é nunca esquecer que os problemas ambientais são problemas sociais e que a sua resolução só será possível através de uma mudança nos meios de produção e de consumo, bem como da nossa organização social e das nossas vidas pessoais.

Mas, pior do que a ausência de educação ambiental é a deseducação que é feita através da deturpação de conceitos ou a transmissão de ideias erróneas e o uso e abuso do “greenwashing” (lavagem verde).

Os Resíduos

Sobretudo nas escolas, mas também através das mais diversas autarquias há atividades onde se apresentam materiais reciclados que não o são. Recordamos os desfiles de moda em que se diz que as roupas são recicladas quando o que se faz é a reutilização de alguns materiais. Nos desfiles que tenho visto, o vestuário usado de papel ou de plástico é ridículo e deseduca, pois nunca poderá ser um exemplo do que poderá ser usado no dia a dia.

Além disso, creio que voluntariamente se inverte a política dos 3 R’s, colocando em primeiro lugar a reciclagem quando devia ser a redução.

O que têm feito as várias entidades em prol da redução da produção de resíduos? Que eu saiba nada ou muito pouco.

A lógica é uma só, desresponsabilizar os cidadãos pela gestão dos resíduos que produzem, dando a entender que os mesmos poderão ser valorizados através da sua queima. Nada mais errado, o melhor resíduo é o que não se produz. Não se combate as alterações climáticas queimando materiais que deviam ser reutilizados ou reciclados.

O Combate ao aquecimento global com touros

Se não é com o fomento de combustões que se reduz a produção de gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono, o metano, etc. muito menos é com a ajuda de uma parte do gado bovino.

É inadmissível que um governante para defender uma prática cada vez mais contestada, as touradas, tenha demostrado falta de preparação para o exercício do cargo. Aqui ficam as suas hilariantes declarações: “O touro é um animal que combate as alterações climáticas. É um animal que pela sua alimentação. É um animal que pelo seu pastoreio. É um animal que pela sua libertação de dióxido de carbono permite estar dentro das raças que combatem as alterações climáticas para o futuro.”

Ainda a propósito das alterações climáticas (juntamos aqui a proteção das nossas lagoas), Stefano Mancuso, professor na Universidade de Florença, defende que “sem um número suficiente de florestas não existe nenhuma possibilidade real de inverter a tendência de crescimento do CO2.” Assim, a grande aposta governamental devia ser um investimento na plantação massiva de espécies nativas em todas as ilhas e o que tem sido feito é muito insuficiente. Preocupante foi o falhanço na reflorestação da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas que havia sido iniciada pela Azorina.

A desvalorização do património natural e o desrespeito pelos cidadãos

Desrespeitando centenas de cidadãos que subscreveram uma petição, não respeitando uma legislação aprovada por unanimidade na Assembleia Regional dos Açores, o Governo Regional, mais propriamente a Secretaria Regional da Agricultura e Florestas continua sem proceder à regulamentação do DLR nº 27/2022, diploma estabelece o regime jurídico de classificação de arvoredo de interesse público na Região Autónoma dos Açores, o que devia ter acontecido 60 dias após a sua publicação.

Como podemos confiar num governo que tem impedido que “povoamentos florestais, bosques ou bosquetes, arboretos, alamedas e jardins de interesse botânico, histórico, paisagístico ou artístico, bem como aos exemplares isolados de espécies vegetais que, pela sua representatividade, raridade, porte, idade, historial, significado cultural ou enquadramento paisagístico, possam ser considerados de relevante interesse público e se recomende a sua cuidadosa conservação”?

Pelo contrário, não tem razão de ser uma proposta que se encontra na ALRA que pretende classificar como de interesse público uma espécie exótica que, embora marque a paisagem das nossas ilhas, de modo nenhum se encontra ameaçada ou em vias de o estar, como é a ornamental hortência.

A proposta em causa, é feita sem ter em conta anos de observação e de pareceres científicos que a consideram invasora em alguns habitats mais sensíveis pelo que nestes deve ser controlada ou mesmo erradicada.

Muito grave é o facto da referida proposta apresentada por um partido político seja acompanhada de insultos a quem, respeitando os estudos científicos, considera que faz todo o sentido o controlo das hortências nas áreas protegidas e não nas bordaduras das estradas onde embelezam as paisagens.

O mar

Consideramos que faz todo o sentido proteger e preservar os ecossistemas marinhos e a biodiversidade do mar que nos rodeia, criando Áreas Marinhas Protegidas oceânicas em 30% da sua extensão. Se é verdade que os pescadores deverão ser compensados, caso tal afete os seus rendimentos, também é verdade que os governos não podem ficar reféns de um determinado grupo económico. Como se sabe o desenvolvimento sustentável tem três pilares, o económico, que é sobrevalorizado, o social e o ambienta que são eternamente esquecidos.

Para proteger a biodiversidade e para garantir os recursos para os próprios pescadores é importante avançar com a máxima urgência possível com a implementação das Áreas Marinhas Protegidas costeiras.

Açores, 22 de abril de 2022

O Núcleo Regional da IRIS- Associação Nacional de Ambiente

domingo, 21 de abril de 2024

A propósito de problemas ambientais

Açoriano Oriental, 19 de abril de 2024

quinta-feira, 18 de abril de 2024