terça-feira, 30 de julho de 2013

domingo, 28 de julho de 2013

quinta-feira, 25 de julho de 2013



RAZÕES DA MINHA CANDIDATURA


Nasci na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo no seio de uma família de camponeses e lavradores. Vivi a minha infância e juventude num meio bastante humilde, onde a pobreza extrema afetava algumas famílias que foram obrigadas a emigrar em busca de uma vida melhor.

Com 17 anos assisti ao 25 de Abril que para além de ter determinado o fim de um regime autoritário terá suscitado a esperança de uma vida melhor para todos. Na altura pensava que os partidos políticos representavam diferentes classes, estratos sociais ou ideologias políticas e que cada um à sua maneira procurava o melhor para o país.

Pertenci a partidos políticos, colaborei com outros na minha qualidade de independente, nas eleições autárquicas votei na esquerda, no centro ou na direita, dependente dos respetivos candidatos e neste momento encontro-me completamente desiludido, pois cheguei à conclusão de que os partidos servem essencialmente os seus dirigentes, que para além de procurarem protagonismo, servem-se do poder para encontrar soluções para os seus problemas pessoais, os da sua família ou os dos seus amigos.

Hoje, dou a cara por uma candidatura independente à Assembleia Municipal de Vila Franca do Campo, porque acho que a democracia, mesmo a representativa, não deve nem pode ser exclusiva dos partidos que pela sua ação encontram-se desacreditados.

Também dou a cara por Vila Franca do Campo porque considero que o concelho merece uma melhor gestão, ao serviço dos munícipes e não dos caprichos de alguns.

Por acreditar que a democracia só existe se houver a participação efetiva de todos em tudo o que diz respeito à causa pública e como estou desiludido com todos os que se dizem meus representantes, candidato-me, numa lista de independentes à Assembleia Municipal de Vila Franca do Campo, na certeza de que não quero representar ninguém, mas sim ser a voz de todo os que me fizerem chegar as suas preocupações e os seus anseios.

Vila Franca merece melhor.
ALGUNS DADOS BIOGRÁFICOS


- Nasceu na Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, onde frequentou a respetiva Escola do 1º Ciclo.
- Frequentou o Externato de Vila Franca, tendo sido o melhor aluno do 5º ano (atual 9º ano), no ano letivo 1972-1973.
- É bacharel em Ciências Físico- Químicas/ Matemática, pela Universidade dos Açores.
- Possui o Curso de Estudos Superiores Especializados em Administração Escolar (equiparado a Licenciatura) pelo Instituto Superior de Educação e Trabalho do Porto.
- É mestre em Educação Ambiental, pela Universidade dos Açores.
- Exerceu o cargo de Vice- Presidente do Conselho Diretivo da Escola Secundária das Laranjeiras.
~Foi presidente do Conselho Executivo, do Conselho Pedagógico e da Assembleia de Escola da Escola Secundária da Ribeira Grande.
- É professor de Física e Química na Escola Secundária das Laranjeiras.
- Foi diretor da Agência Regional da Energia da Região Autónoma dos Açores.
- Foi presidente da direção da Cooperativa de Consumo do Pico da Pedra.
- Foi presidente dos Amigos dos Açores- Associação Ecológica.
- É membro de várias associações de defesa do ambiente e dirigente de associações de Protecção dos Animais.
- É autor e coautor de diversas publicações nas áreas da energia, do ambiente e do pedestrianismo, de que se destacam alguns roteiros de percursos pedestres no concelho de Vila Franca do Campo.
- Proferiu diversas comunicações em conferências e workshops, algumas das quais promovidas pelas Escola EBI de Vila Franca do Campo e Escola Profissional de Vila Franca do Campo.
- Na qualidade de membro dos Amigos dos Açores foi um dos redatores da proposta de classificação das Lagoas do Congro e dos Nenúfares como áreas protegidas.

- Foi e é colaborador de várias revistas e jornais, entre os quais A Vila, Terra Nostra e Correio dos Açores.

quarta-feira, 24 de julho de 2013

A ATUALIDADE DE ALDO LEOPOLD



A ATUALIDADE DE ALDO LEOPOLD

Na procura de respostas para ultrapassar a situação em que nos encontramos, vários autores apontam a incapacidade ou insuficiência da ética tradicional para responder às questões levantadas pela atual crise, advogando a necessidade do homem adotar uma nova ética na sua relação com os outros e com o planeta.

Aldo Leopold (1887-1948), engenheiro florestal norte-americano, é um nome incontornável quando se fala de ética ambiental, sendo “Pensar como uma Montanha” (tradução portuguesa de A Sand County Almanac), para alguns autores, o “livro mais importante alguma vez escrito”.

Na primeira parte de “Pensar como uma Montanha”, Aldo Leopold apresenta, mês após mês, um registo das suas observações (e reflexões a propósito do que via e das alterações que aconteciam) sobre a região onde passava os fins de semana com a família numa quinta que recuperou a que chamava A Choupana. Na segunda parte do livro, é-nos apresentado um conjunto de capítulos de índole mais filosófica “deste engenheiro dos bosques e das planícies, que soube ver mais fundo que a esmagadora maioria dos filósofos profissionais do seu tempo” (Soromenho-Marques).

Em todo o livro perpassa a ideia da grande importância do contacto com a natureza, para o homem poder viver em harmonia com a terra e com os outros homens. Os seguintes extratos, elucidam bem o atrás exposto: 

“Há dois perigos espirituais em não possuir uma quinta. Um é o perigo de supor que o pequeno-almoço vem da mercearia, e o outro que o calor vem da caldeira.”

“Choramos apenas aquilo que conhecemos. O desaparecimento do Silphium do oeste da circunscrição de Dane não é caso para luto se o conhecermos apenas como um nome num livro de botânica.”

 Outra das questões abordadas é a da educação e do ensino que, de acordo com Emanuel Medeiros, docente da Universidade dos Açores, para além “de ser uma tarefa de lucidez e um compromisso com a verdade”, tem de “desenvolver a interdisciplinaridade, no contexto escolar, e o diálogo interpessoal em todos os contextos educativos”. A propósito da educação e dos professores escreveu Leopold:

“A educação, é esse o meu receio, consiste em aprender a ver uma coisa tornando-nos cegos para outra”.

“Cada um deles [professores] seleciona um instrumento e passa a vida a separá-lo dos outros e a descrever-lhe as cordas e teclados….Um professor pode tanger as cordas do seu próprio instrumento, mas nunca as de um outro, e se conseguir ouvir a música nunca deverá admiti-lo junto dos seus pares ou dos seus alunos. Pois todos estão coibidos por um tabu férreo que decreta que a construção dos instrumentos é do domínio da ciência, ao passo que a deteção da harmonia é do domínio dos poetas”.

 Há cerca de 60 anos, Aldo Leopold já considerava desequilibrado “um sistema de conservação da natureza baseado apenas no interesse económico próprio” porque tendia a “ignorar, e por isso eventualmente a eliminar numerosos elementos da comunidade da terra desprovidos de valor comercial, mas que são (tanto quanto sabemos) essenciais para que ela funcione saudavelmente” e acrescentava que as instituições de educação para a conservação não ensinavam nenhuma obrigação ética para com a terra.

No mais conhecido e debatido texto de Pensar como uma Montanha intitulado A Ética da Terra, Leopold, depois de referir que “a relação com a terra é ainda estritamente económica, implicando privilégios mas não obrigações”, afirma que “a ética da terra apenas alarga os limites da comunidade de forma a incluir nela os solos, as águas, as plantas e ou os animais, ou, coletivamente: a terra”

Com a ética da terra, não é impedida a alteração e gestão do solo, das águas, das comunidades vegetais ou dos animais mas é alterada a postura do homem que deixa de ser conquistador e passa a ser membro de uma comunidade alargada.

Teófilo Braga

(Correio dos Açores, nº 2853, 24 de Julho de 2013, p.16)

quinta-feira, 18 de julho de 2013



Democracia moribunda
1-    A escola não educa
Durante grande parte da minha vida, acreditei que com o tempo a democracia, instaurada com o golpe militar de vinte e cinco de Abril de 1974, se aperfeiçoaria, que as gritantes desigualdades económicas e sociais se esbateriam e que a escola seria um dos principais instrumentos para a concretização do sonho de uma vida melhor para todos os seres humanos.
Hoje, passados trinta e nove anos, a minha desilusão é total e, tal como muitas outras vozes que se têm manifestado, considero que a democracia representativa está esgotada, que os partidos políticos, sem exceção, estão desacreditados, que os cidadãos foram lenta e progressivamente levados, pelas elites que nos têm governado, à apatia e ao descrédito.
Os partidos políticos que deveriam representar classes sociais, correntes de opinião ou ideologias políticas descaracterizaram-se e hoje parecem-se mais com autênticos sacos de gatos, de várias cores e raças, juntos quase e tão só para satisfazer clientelas e para promoção pessoal de dirigentes, de familiares e amigos chegados.
A escola com as diversas disciplinas que vai tendo, como Desenvolvimento Pessoal e Social, Educação para a Cidadania, etc. poderia ter dado um contributo para fazer com que a democracia representativa deixasse de ser apenas a rotina periódica de votar ciclicamente em pessoas que por vezes não têm quaisquer escrúpulos em prometer o que não podem cumprir, em não ouvir as pessoas que dizem representar e em “roubar” o dinheiro de todos os contribuintes.
Mas, ao contrário do que seria de esperar a escola pouco fez ou faz porque  mais não é do que o reflexo da sociedade e, se tal como sem ovos não se fazem omeletes, também sem democratas convictos não se pratica a democracia. Basta estarmos atentos aos acontecimentos dos últimos tempos para percebermos que maus exemplos são transmitidos pelas escolas, desde associações de estudantes que são correias de transmissão, a tomadas de posição de órgãos de gestão, que a comunidade escolar toma conhecimento pelos órgãos de comunicação social, até à existência de um órgão, a Assembleia de Escola, que não ausculta a opinião da comunidade educativa e que não presta contas do seu trabalho a ninguém.
2-   As eleições autárquicas em contexto de deseducação
Embora descrente, pois sinto que os meus representantes nunca cumpriram com o que deles esperava e não querendo ser representante de ninguém, decidi envolver-me nas próximas eleições autárquicas,
Pelos contatos que tenho tido com conhecidos e desconhecidos, tenho-me apercebido de que, a par de um desinteresse generalizado por parte da grande maioria que não acredita em ninguém, há pequenos grupos de pessoas que agem como se os partidos políticos fossem clubes de futebol ou, pior do que isso, fossem agências de emprego.
No que se refere a candidaturas ou candidatos, é possível assistir a um pouco de tudo, de modo que a participação numa determinada lista não depende dos projetos ou das ideologias das forças partidárias, mas dos previsíveis ganhos pessoais que possam ser alcançados para si ou para familiares, dos conflitos pessoais tidos com os cabeças das listas por que concorreram em eleições anteriores ou mesmo pela ordem por que foram convidados.
Sobre este último ponto, convém esclarecer que as pessoas disponíveis são muito poucas pelo que muitas delas já receberam convites por parte de todas as candidaturas já anunciadas e de outras que irão surgir em breve, pelo que, estando as cabeças vazias de projetos e de vontade de servir o bem comum, o critério para a sua participação é o de aceitar o primeiro convite que receberam.
A propósito de bem comum, parece que é objetivo que anda completamente arredado da cabeça de muitos. A título de exemplo, conheço um candidato a presidente de uma junta de freguesia que contatado por uma outra lista, depois de agradecer o convite e de mostrar que se sentia honrado com o mesmo, declarou que já havia sido abordado por outros, mas que estava à espera de saber o teor do convite (ou melhor que cargo lhe seria oferecido), pois considerava que já havia sido presidente da respetiva junta mas que a freguesia era muito pequena pelo que o projeto não o motivava.
Como a pessoa referida surge como primeiro candidato à assembleia da freguesia em causa, fico, sentado, à espera de saber que outra oferta lhe terá sido feita.
Teófilo Braga

(Correio dos Açores, nº 2847, 17 de Junho de 2013, p. 13)

domingo, 14 de julho de 2013

Antero de Quental e as touradas



ANTERO DE QUENTAL IA À TERCEIRA PARA VER TOURADAS?

O senhor Francisco Coelho, que já foi presidente da Assembleia Legislativa Regional dos Açores, num texto intitulado “Sanjoaninas”, publicado no jornal Açoriano Oriental, no passado dia 30 de Junho, escreveu o seguinte:
De referir também, a receção efusiva, agradecida e alegre com que os angrenses, uma vez mais, receberam as três marchas de S. Miguel, um hábito que já não se dispensa e que começa a ser encarado como presença obrigatória. Com alegria e divertimentos mútuos, numa manifestação natural e espontânea da unidade do povo açoriano. Pois se no Séc. XIX já Antero vinha à Terceira ver touradas…”

Não discutindo aqui gostos, por mais bizarros que eles sejam, como no caso em apreço pela tourada, que de acordo com Peter Singer “é um anacronismo, um resquício do passado, de uma era mais bruta, cruel e bárbara, poder-se-ia dizer, quando as pessoas se deleitavam assistindo ao sofrimento dos animais”, a afirmação de que “no Séc. XIX já Antero vinha à Terceira ver touradas…” se não for devidamente comprovada é no mínimo abusiva.

Do que já li de e sobre Antero de Quental até ao momento apenas tenho conhecimento de uma sua deslocação à ilha Terceira a 22 de Junho de 1874 para consultas de homeopatia com um médico local, tendo regressado a São Miguel a 26 de Agosto do referido ano.

Antero de Quental esteve na Terceira em 1874, ano em que a sua doença atingiu proporções assustadoras, privando-o de movimentos e incapacitando-o de fazer qualquer esforço. Se Antero foi ou não a touradas desconheço. Se gostava ou não de touradas também desconheço. Mas uma coisa é ir a uma tourada, outra coisa, muito diferente é ter interesse por elas ou mesmo gostar das mesmas.

Na sua ânsia de as divulgar, os aficionados terceirenses tudo fazem para que qualquer visitante vá assistir a touradas, quer de praça quer à corda. A título de exemplo, posso referir o caso de Alice Moderno que as odiava e que era “forçada” a lá ir para não ser antipática com os seus amigos. 
Sobre as touradas Alice Moderno escreveu:
“E esta fera [touro], pobre animal, também, foi arrancada ao sossego do seu pasto, para ir servir de divertimento a uma multidão ociosa e cruel, em cujo número me incluo! (…) Entrará assim em várias toiradas, em que será barbaramente farpeada até que, enfurecida, ensanguentada, ludibriada, injuriada, procurará vingar-se, arremessando-se sobre o adversário que a desafia e fere. Depois de reconhecida como matreira, tornada velhaca pelo convívio do homem, será mutilada”.
Eu mesmo, quando vivi na Terceira fui a algumas touradas à corda a convite de amigos e colegas de trabalho e a uma de praça de onde saí horrorizado com a malvadez a que assisti.

Nos escritos de Antero de Quental ainda não encontrei qualquer apologia das touradas ou mesmo qualquer referência às mesmas. Paulo Borges, professor da Universidade de Lisboa, que tem estudado com profundidade a sua vida e obra, questionado por mim sobre o assunto escreveu: “não me recordo de qualquer texto onde ele mostre esse interesse. Pelo contrário, tudo o que sei dele, incluindo o amor que na sua poesia expressa pelos animais e por todas as formas de vida, deixam-me convicto que as touradas lhe repugnariam absolutamente”.

Invocar nomes de grandes vultos das ciências e das letras que foram fervorosos adeptos da tauromaquia é um dos argumentos mais usados para convencer os mais distraídos. Contudo, este argumento é facilmente rebatido pois existem outros tantos que consideram as touradas um espetáculo absurdo e horroroso.

No caso presente, só se poderá afirmar que Antero ia à Terceira ver touradas se o mesmo o fizesse com frequência e se as idas à referida ilha tivessem como objetivo principal assistir às mesmas.
Continuo à procura de provas…

Teófilo Braga

(Correio dos Açores, nº 2841, 10 de Julho de 2013, p.13)

quarta-feira, 10 de julho de 2013

O que foi a LAPA?


O QUE FOI A LAPA?
Perguntei a vários jovens, alunos da escola onde trabalho, se sabiam o que significava a sigla FLA e ao contrário do que eu esperava a esmagadora maioria não sabia, um ou dois disseram que já tinham visto nalgumas paredes a sigla, mas desconheciam do que se tratava.
Fiz o mesmo em relação à sigla LAPA e, tal como já esperava, nenhum deles havia ouvido falar. Alarguei o meu leque de inquiridos e perguntei a vários colegas e a resposta foi semelhante à dos alunos.
Eu mesmo, colecionador de (quase) tudo o que é papel, até há muito pouco tempo quase nada sabia e ainda pouco sei acerca da LAPA – Liga de Ação Patriótica dos Açores.
O primeiro “contacto” que tive com a LAPA foi através do seu boletim número um, datado de Fevereiro de 1976, que alguém, na altura, me fez chegar às mãos. Na ocasião, fiquei espantado com a qualidade da impressão do mesmo, muito superior à maioria dos folhetos que eram da responsabilidade das diversas organizações que se reclamavam a favor da independência dos Açores e das que eram suas opositoras ou mesmo dos diversos partidos políticos.
Mais tarde, porque alguns números posteriores me foram entregues por um militante do PCP que, por motivos de força maior, teve de emigrar para os Estados Unidos da América, fiquei com a ideia de que se tratava de uma organização daquele partido que havia sido obrigado a fechar as suas sedes, nos Açores, em Agosto de 1975.
Mas, afinal o que foi a LAPA?
Tenho falado com algumas pessoas que poderiam, melhor do que eu, explicar os objetivos da organização, quem eram os seus membros, em que ilhas estava implantada, que apoios partidários ou outros tinha para implementar as suas atividades, que tipo de ações estava disposta a fazer, para além da distribuição de comunicados e de algumas “pinturas” em paredes, etc. e como para uns os seus afazeres são muitos e para outros não têm qualquer interesse em revelar o seu passado ou não acham que vale a pena, vou tentar divulgar o que sei, apenas com o único objetivo de tentar dar a conhecer um pouco da nossa história recente.
Através da leitura do boletim referido, constata-se que ele é dirigido essencialmente aos trabalhadores por conta de outrem, que não estavam a beneficiar do salário mínimo nacional de 4 mil escudos, e aos lavradores que estavam a ser prejudicados, pois não estavam a ser praticados os preços do leite previstos na portaria nº 470/75, de 1 de Agosto, e não estar a ser atribuído o subsídio de 1 escudo por litro, por não existir recolha única de leite.
Ainda com recurso ao mesmo boletim, fica-se a saber que o objetivo da LAPA era “lutar contra o separatismo e o fascismo” e o que pretendia era “a liberdade na nossa terra”.
Quanto à sua composição, a LAPA afirmava que não era “ uma coligação de partidos” mas “uma organização onde existe gente de todos os partidos (só não tem do CDS porque é o partido dos fascistas), gente que quer viver em liberdade e democracia”.
No boletim nº 3, de Junho de 1976, a LAPA volta a condenar a independência dos Açores, afirmando que “não há pois um povo açoreano a ser explorado pelo povo português, mas sim portugueses ricos, que tudo têm a explorar e a oprimir portugueses pobres que nada mais têm que braços e peito para trabalhar. A concluir o texto, a LAPA afirma: “amigo, nós queremos uma independência, que é o de deixarmos de depender e ser espezinhados pelos senhores do dinheiro que engordam com o suor do nosso trabalho”.
Por último e ainda no mesmo boletim, a LAPA posiciona-se face às eleições regionais que se iriam realizar a 30 de Junho. Assim, depois de por em questão a falta de condições democráticas para a realização das mesmas, a LAPA considera “que os açoreanos devem votar e sem medo – pois que o voto é secreto; devem votar na esquerda – porque há que derrotar a reação e o separatismo; devem votar com confiança nos partidos que mais convictamente e com garantias lutam pelos direitos dos trabalhadores, dos pequenos e médios agricultores e lavradores, de todos os que suam para ganhar o pão”.
Na altura em que a LAPA surgiu falava-se que a mesma estava disposta a pegar em armas para combater a FLA. Será que as tinha?
T. Braga

(Correio dos Açores, nº 2839, 7 de Julho de 2013, p.14)