segunda-feira, 15 de agosto de 2022

Santos Narciso escreve sobre o livro "A Mata do Dr. Fraga"

Santos Narciso escreve sobre o livro "A Mata do Dr. Fraga", Atlântico Expresso, 15 de agosto de 2022

quarta-feira, 10 de agosto de 2022

Alice Moderno foi uma “adesiva”?


Alice Moderno foi uma “adesiva”?

Adesivos eram considerados, na Primeira República, todos os que sendo anteriormente monárquicos se converteram oportunisticamente ao novo regime.

O historiador Carlos Cordeiro num texto intitulado “Um percurso político. José Bruno Tavares Carreiro /1880-1957): de Abnegado Regenerador a Autonomista Pragmático” a propósito da nomeação do Dr. José Bruno, após o derrube da monarquia, para secretário-geral do Governo Civil de Ponta Delgada dá a entender que Alice Moderna tal como o homenageado seriam adesivistas. Com efeito segundo ele a referida “nomeação receberia apoio, por exemplo, dos jornais Diário dos Açores, e de A Folha, este dirigido por Alice Moderno, ambos já defensores do novo regime. […] Entretanto, decorriam os preparativos para uma recepção condigna aquando do seu regresso a Ponta Delgada. Alice Moderno — que já dedicara trechos poéticos a Suas Majestades, aquando da «visita régia», e também à implantação da República — escreveu a letra de um hino, composto pelo músico….”

É verdade, e a verdade não pode ser ignorada, que Alice Moderno foi monárquica e que dedicou o seu livro “Açores, Pessoas e Coisas”, publicado em 1901, à Rainha Dona Amélia.

O que não pode ser escamoteado é que Alice Moderno não começou a defender a República apenas após o dia da sua implantação a 5 de outubro de 1910. Bastava para tal ler o seu jornal “A Folha” do ano de 1909 ou então o que escreveu sobre o assunto a Dra. Maria da Conceição Vilhena, no seu livro “Uma Mulher pioneira: Ideias, Intervenção e Acção de Alice Moderno”, publicado, em 2001, pelas Edições Salamandra.

Sobre a questão da adesão de Alice Moderno aos ideais republicanos Conceição Vilhena, na obra referida escreveu o seguinte: “No entanto, com o evoluir da política, a viragem dá-se; e A.M. adere de alma e coração ao partido republicano. Quando, em 1909, a polícia prende onze estudantes que se manifestavam contra a proibição de representar a revista Ou vai …ou racha e por cantarem pelas ruas A Menina Rosa, símbolo da república, A.M. toma abertamente o partido destes, tendo publicado alguns artigos de protesto contra a atitude das autoridades, as quais entraram, na ausência de A.M. na redacção de A Folha, onde os jovens se haviam refugiado.”

Sobre aquele triste episódio que encheu várias páginas dos jornais micaelenses da época, Alice Moderno ao descrever a peça, na edição do seu jornal, “A Folha”, de 7 de fevereiro de 1909, teceu fortes elogios aos republicanos nos seguintes termos:

“No último acto é feita a apoteose do Directorio do partido republicano, o qual é composto, como se sabe, dos homens mais em evidencia pelo seu talento, probidade e dedicação á causa democrática, que é a dos pequenos, dos sofredores, dos eternamente sacrificados- o que bastaria, que mais não fosse, para a tornar sympathica a todos os homens de coração e equidade”.

No mesmo jornal, ainda no tempo da monarquia, Alice Moderno divulgava as iniciativas do Partido Republicano de que é exemplo a notícia, publicada a 9 de maio de 1909, da eleição de Teófilo Braga, futuro presidente da República e amigo de Alice, e de outras personalidades para o diretório daquele partido, num congresso realizado em Setúbal.

Mas, muito antes de 1909 Alice Moderno já havia deixado de estar ao lado dos monárquicos. Com efeito numa carta dirigida a Ana Castro Osório, de 3 de dezembro de 1906, pode-se ler o seguinte: “Então, que me diz ao movimento republicano que se está operando em todo o país? Felicito-o, ou antes, felicitem-nos que eu sou também uma republicana pur sang”.

A desilusão de Alice Moderno com os republicados e com a política em geral viria mais tarde.
Teófilo Braga 11 de agosto de 2022, nos 155 anos do nascimento de Alice Moderno

terça-feira, 9 de agosto de 2022

Projeto de Decreto Legislativo Regional – “Determina o fim das touradas e prevê apoios aos trabalhadores e à reconversão das praças de touros.”

Projeto de Decreto Legislativo Regional – “Determina o fim das touradas e prevê apoios aos trabalhadores e à reconversão das praças de touros.”
Parecer do Núcleo Regional dos Açores da IRIS- Associação Nacional de Ambiente
O Núcleo Regional da Iris-Associação Nacional de Ambiente, Organização Não Governamental de Ambiente que aspira a um mundo em que a Humanidade, com ciência, sabedoria e inteligência saiba partilhar sustentadamente os recursos naturais e respeitar todas as formas de vida, concorda na generalidade com os argumentos apresentados pelo PAN para propor o fim das touradas nos Açores ao mesmo tempo que lamenta que seja por decreto que uma prática de importunar e torturar animais para prazer de quem se diz humano venha a ser abolida.
De todos os argumentos apresentados pelos defensores das touradas, apenas um, o da tradição, do nosso ponto de vista, merece ser tido em conta. Com efeito, a tauromaquia é uma tradição, sobretudo na ilha Terceira, e acabar com uma tradição não é tarefa fácil.
Mas a tauromaquia por ser tradição não significa que seja intocável e tal como outras tradições, como a de matar animais num terreno qualquer, como acontecia, em algumas localidades, com os bovinos durante as festas do Espírito Santo que foi forçada, por lei, a terminar, as touradas têm de respeitar os sinais dos tempos, pois nos nossos dias não há qualquer justificação para agredir e fazer sofrer animais sencientes.
Tendo em consideração que as poucas pessoas envolvidas na atividade facilmente poderão ser reconvertidas para outras, tendo em conta que as touradas não criam riqueza, apenas transferem dinheiro de uns tantos (os assistentes ou as entidades organizadoras) para uns poucos (os ganadeiros- que em geral têm outras fontes de rendimento), o Núcleo Regional da Iris, concorda na generalidade com o projeto de Decreto Legislativo Regional que “Determina o fim das touradas e prevê apoios aos trabalhadores e à reconversão das praças de touros.”
4 de agosto de 2022
Teófilo José Soares de Braga
Coordenador do Núcleo Regional dos Açores da IRIS