sábado, 27 de setembro de 2008

O Clima piorou


O que se previa está a acontecer.

O silêncio da maioria dos professores em relação ao estatuto regional da carreira docente, a cumplicidade de algumas associações sindicais com o governo e a arrogância deste fizeram com que tenhamos um ECD pior do que o anterior.

Na sequência das primeiras reuniões de Departamento realizadas nas escolas, embora a maioria dos professores continue adormecida, algumas pessoas cairam em si.

A partir de agora vamos todos participar em actividades, mesmo de interesse duvidoso, vamos, por via das dúvidas, registar todas as evidências, vamos elaborar portfolios, vamos fazer planos para tudo, mesmo que sejam desnecessários, e vamos teatrializar duas aulas.

De uma coisa estou certo, não vou ter tempo para dedicar-me aos alunos.

Esta não é a escola com que sonhei, vou fazer com que a escola apenas seja o local onde vou buscar o que preciso para sobreviver. A Vida passou a estar do lado de fora dos portões...

Teófilo Braga

Comentário 1


Texto notável de denúncia da situação grotesca a que se permitiram os professores deixar chegar-se! Treze anos, um nada em tempo histórico, mas uma eternidade para quem viveu a tragédia nazi - ou para quem se debruce sobre a brutalidade conceptual e de acção nazis.
Foi um povo ordeiro, cumpridor e multiplicador das aberrantes ordens dos chefes o ninho onde os monstros se criaram. Não deixemos que os ovos de tais feras tenham calor suficiente para deles eclodir renovada geração!

Pedro

terça-feira, 9 de setembro de 2008

A ESCOLA PARAÍSO NUM INFERNO DE CONCELHO

Novo ano na Secundária da Lagoa: Dar a volta aos alunos desinteressados

A Escola Secundária de Lagoa arranca hoje o ano lectivo com 960 alunos divididos por 44 turmas. O estabelecimento de ensino vive o “choque” do grande desinteresse de alunos dos 14 aos 16 anos e o “orgulho” em outros que conseguem excelentes resultados nos exames nacionais. Graça Teixeira, directora do estabelecimento de ensino, considera que a “desmotivação e a ausência de projectos de vida” de alunos “é mais desgastante” do que a questão “dos comportamentos violentos”.

Correio dos Açores – Que distingue a Escola Secundária de Lagoa de outras escolas que têm as mesmas características, nomeadamente em Ponta Delgada?

Graça Teixeira - Provavelmente, o que mais distingue a Escola Secundária de Lagoa será o seu Projecto Educativo que, estando assente nos princípios da exigência, do rigor, da competência, do diálogo, da inovação e da partilha, tem como metas a valorização da formação integral do aluno e do conhecimento, a promoção da formação e do desenvolvimento profissional e o envolvimento da comunidade onde nos inserimos. Sabemos que somos conhecidos principalmente pela qualidade dos nossos recursos materiais, mas o que há de verdadeiramente especial na Escola Secundária de Lagoa são os profissionais que aqui trabalham, pois só com eles é que conseguimos implementar um projecto de escola ambicioso.

Como caracteriza o ano escolar que se avizinha?
Parece-nos que o próximo ano escolar será marcado pelas alterações que se introduziram na avaliação do desempenho dos docentes, o que obrigará a novas rotinas e nem sempre é fácil adaptarmo-nos à mudança, principalmente quando essa adaptação é tão frequentemente pedida aos professores. Em relação aos alunos, julgamos que será um ano tranquilo, e procuraremos proporcionar-lhes experiências enriquecedoras, não só para o seu desenvolvimento académico, mas também pessoal e cívico.

Este será um ano em que as aulas se iniciam com algumas obras em curso?

A nossa escola não tem obras em curso. Apenas pequenas adaptações, que não interferem com as actividades escolares. Esperamos ter a curto prazo uma intervenção no espaço desportivo exterior, mas este é um projecto ainda embrionário.

E o último ano escolar. Como decorreu?


Fazemos um balanço positivo, pois o abandono escolar foi de 1,5% e as retenções no 3º ciclo atingiram os 12,6%. Estes números dizem-nos muito, porque desceram bastante em relação aos primeiros anos de trabalho com este ciclo, quando as retenções ultrapassavam os 30%. Além disso, a nossa grande batalha tem sido combater o abandono, combater a desistência da formação escolar ao longo do terceiro ciclo e diminuir o insucesso. Julgamos que se proporcionarmos um ensino básico de qualidade, teremos mais possibilidade de contribuir para um concelho mais qualificado, seja através do ensino secundário, seja do ensino profissional. Um dos maiores problemas do concelho de Lagoa é o precoce abandono da escola, e estamos a ganhar essa batalha de forma consistente.

Que razões levam os alunos e pais a optar pela Escola Secundária de Lagoa?
Principalmente a proximidade da zona de residência. O número de alunos de outros concelhos não tem qualquer relevância e ocorre por não haver o curso pretendido na Escola Secundária de Vila Franca do Campo, ou por o encarregado de educação trabalhar neste concelho.

Têm ocorrido situações de violência escolar entre alunos?
Como em qualquer escola, temos casos de indisciplina, mas nada de grave e que a intervenção assertiva de um professor ou funcionário não controle. Nos casos mais problemáticos, o Conselho Executivo tem uma intervenção firme, como lhe compete. Procuramos agir de forma integradora e construtiva, mas por vezes é necessário optar por decisões mais penalizadoras. Parece-nos, no entanto, que se vive num ambiente de tranquilidade. Desgasta-nos muito mais a luta contra a desmotivação e a ausência de projectos de vida, do que os comportamentos violentos.

Qual o número de alunos que a escola tem neste ano lectivo. Este número cresceu ou diminuiu?
Este ano, temos 960 alunos divididos por 44 turmas. Aumentámos ligeiramente, principalmente porque recebemos mais alunos para o 7º ano e conseguimos que mais

A Secundária de Lagoa tem os meios financeiros necessários? Que faria se tivesse mais meios financeiros?
Temos os meios financeiros necessários para implementar o nosso Projecto Educativo. Claro que qualquer organização gostaria de ter um orçamento maior, porque nunca nos satisfazemos com o que temos e poderíamos melhorar a Escola Secundária de Lagoa, não só nas suas características físicas, como em muitas outras dimensões. Mas julgamos que temos conseguido gerir o nosso orçamento de modo a garantirmos qualidade nas condições de trabalho que oferecemos a todos os que aqui exercem a sua profissão ou estudam na nossa escola

Quais os principais problemas e dificuldades que enfrenta
?
Penso que qualquer profissional da Escola Secundária de Lagoa identificará os problemas sociais do concelho de Lagoa como a principal dificuldade do seu trabalho. Metade da população estudantil é apoiada pelos Serviços de Acção Social, o que significa muitas famílias com carência económica. Muitos alunos trazem uma história de vida complexa, que justifica a desmotivação, o desinteresse e a recusa em trabalhar. Choca-nos muito que jovens com 14, 15 e 16 não tenham qualquer projecto de vida, não se sintam capazes de fazer nada do que a escola lhes pede e por isso se neguem, sequer, a tentar. A baixa-autoestima e o abandono a que muitos estão sujeitos exige muitíssimo dos professores, que cada vez mais não são apenas especialistas nas suas áreas de docência, mas têm de ser psicólogos e assistentes sociais. Por outro lado, sentimos muito orgulho nos bons alunos que daqui saem bem como dos resultados obtidos nos exames nacionais. Continuaremos a trabalhar no sentido de obtermos cada vez mais e melhores resultados, apostando nas pessoas que connosco trabalham!

Autor: João Paz

(In Correio dos Açores, 9 de Setembro de 2008)

segunda-feira, 1 de setembro de 2008

Retorno ao Serviço



1- 5 cêntimos foi a quantida que os professores da minha escola pagaram por um impresso que tiveram que preencher para declarar o retorno ao serviço. Haverá algum trabalhador, do sector público ou privado, que pague para trabalhar?

2- Logo pela matina e na escola disseram-me que a presidente do Conselho Executivo da Escola Secundária da Lagoa, em Conselho Pedagógico, se havia despedido dos colegas em virtude de a partir de Outubro passar a exercer um cardo político. Qualquer que seja o lugar, espero que seja uma defensora dos professores. A maioria dos nossos colegas que conheço facilmente se esqueceram da sua profissão original.

Será que Graça Almeida vai-se esquecer ou já terá esquecido?

3- Em várias cidades do país houve manifestações de professores desempregados convocadas por sindicatos da FENPROF. Será que nos Açores não há sindicatos ou não há professores desempregados?