sábado, 28 de setembro de 2019

PELA RECUPERAÇÂO DA MATA AJARDINADA DA LAGOA DO CONGRO



Ontem, 28 de setembro de 2019, a petição “Pela recuperação da mata ajardinada da Lagoa do Congro", que recolheu 539 assinaturas foi enviada à Assembleia Legislativa Regional dos Açores.

Para além da criação de um Parque Botânico na área pública do maar onde está instalada a lagoa do Congro, pretende-se homenagear a memória de José do Canto que criou a Mata Ajardinada e a do Dr. Guilherme de Poças Falcão que sempre disponibilizou o espaço para os vila-franquenses comemorarem o São João.

Os meus agradecimentos a todos os que assinaram a petição.

Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, 29 de setembro de 2019

Teófilo Braga

Texto da petição

PELA RECUPERAÇÂO DA MATA AJARDINADA DA LAGOA DO CONGRO

Para: Presidente da Assembleia Regional dos Açores; Presidente do Governo Regional dos Açores

As Lagoas do Congro e dos Nenúfares e áreas adjacentes são desde tempos imemoriais locais conhecidos dos habitantes da ilha de São Miguel, tendo sido descritas pelo primeiro cronista dos Açores, Gaspar Frutuoso nas Saudades da Terra.

No século XIX, José do Canto nos terrenos adjacentes introduziu várias espécies vegetais e criou uma mata ajardinada, de que até algum tempo eram visíveis os caminhos bordejados de azáleas.

No passado, não muito longínquo, as margens e os caminhos de acesso e os terrenos confinantes com as Lagoas do Congro e dos Nenúfares eram usados pelos vila-franquenses e pelas populações do norte da ilha para, em conjunto, festejarem o dia de São João, 24 de junho, feriado municipal em Vila Franca do Campo.

No ano 2000, os Amigos dos Açores- Associação Ecológica apresentaram à tutela do ambiente uma proposta de classificação das duas lagoas referidas como área protegida, o que viria a acontecer em 2007, ano em que o espaço foi classificado como Área Protegida para a Gestão de Habitats ou Espécies.

Em 2008, mais um passo foi dado no sentido da valorização das Lagoas do Congro e dos Nenúfares, através da aquisição de uma parte da Bacia Hidrográfica pela Secretaria Regional do Ambiente e do Mar (SRAM).

Também em 2008, foi entregue à SRAM, pelos Amigos dos Açores, uma proposta de recuperação e gestão da área envolvente às Lagoas do Congro e dos Nenúfares, elaborado por Malgorzata Pietrak, no âmbito do Programa Estagiar-L.

Considerando que:

1- Após a aquisição pelo Governo Regional dos Açores quase nula tem sido a sua intervenção no espaço que cada vez é mais visitado, quer pelos residentes, quer pelos turistas;

2- Não podemos desrespeitar a memória dos nossos antepassados que usavam aquele verdadeiro monumento natural como área de lazer, nem o trabalho visionário de José do Canto;

3- O espaço que já é propriedade pública tem potencialidades ímpares, insuficientemente usadas, em termos de interpretação ambiental, zona de lazer ou polo de atração turística.


Face ao exposto, apelamos à Assembleia Legislativa Regional e ao Governo Regional dos Açores para que tome medidas no sentido de no mais curto período de tempo implementar um plano de recuperação e gestão que entre outras ações inclua a recuperação da mata ajardinada criada por José do Canto e transforme o espaço num Parque Botânico.


Vila Franca do Campo, 1 de setembro de 2019



terça-feira, 24 de setembro de 2019

Do arrefecimento da Terra e às alterações climáticas


Com os pés na terra (419)

Do arrefecimento da Terra e às alterações climáticas

Em janeiro de 1975, o Diário Insular, jornal de Angra do Heroísmo, publicou uma notícia provinda da Argentina, segundo a qual “a temperatura do globo terrestre desce lenta, mas gradualmente, desde 1950”.

Segundo a curta nota referida, estava prevista a “deslocação da barreira do gelo que cobriria Leninegrado (na União Soviética), Toronto (Canadá) e Glasgow (Escócia). De acordo com os meteorologistas os efeitos “desafiavam a imaginação” ou seriam “funestos”.

Uma das causas apontadas para o fenómeno era “um maior volume de poeira na atmosfera, o qual absorve o calor, tirando-o à superfície terrestre”. A maior concentração de poeira, por sua vez era atribuída às “quantidades mais elevadas de cinzas vulcânicas e a poluição por emanações procedentes do consumo industrial”.

Hoje, morto o arrefecimento está na ordem do dia a questão do aquecimento global ou melhor a temática das alterações climáticas, não havendo ninguém que não mostre preocupação com o facto, mas que simultaneamente não fique pela conversa ou melhor que esteja disposto a fazer mudanças profundas na sociedade e na vida particular. Melhor dizendo, muitas vezes pretende-se apenas alterar pequenas coisas para que tudo fique na mesma.

Embora continue a haver quem ache que está tudo normal, a esmagadora maioria da comunidade científica e diversas organizações internacionais reconhecem que as alterações climáticas que estão a ocorrer são preocupantes. De acordo com um documento da Comunidade Europeia, de 2007, dirigido a alunos das várias escolas “Ao longo do último século, a atividade humana deixou as suas marcas no ambiente e a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera, dos quais 80% são CO2, é agora mais elevada do que nos últimos 650 000 anos. O resultado é que a temperatura média global aumentou 0,74°C e na Europa este aumento atingiu 1°C”.

De acordo com a mesma fonte, o consumo de energia, excluindo os transportes, era responsável em 61% para o agravamento do problema, seguindo-se os transportes (21%), a agricultura (10%), os processos industriais (6%) e os resíduos (2%).

Ainda citando o referido documento, os principais impactos das alterações climáticas são: a fusão das calotes polares, o recuo dos glaciares, a subida do nível do mar, a intensificação de fenómenos climáticos extremos, como tempestades, inundações, secas e ondas de calor, e a perda de biodiversidade”.

Relativamente às alterações comportamentais que cada um pode tomar para combater as alterações climáticas, são apresentadas várias, de que destacamos, a título de exemplo as seguintes:
- Toma um duche em vez de um banho de imersão – poupas água e gastas quatro vezes menos energia.

- Não deixes a televisão, a aparelhagem de som ou o computador em modo de espera. Em média, uma televisão usa 45% da sua energia em modo de espera. Se todos os europeus evitassem utilizar o modo de espera dos equipamentos, poupariam energia suficiente para abastecer um país do tamanho da Bélgica.

- Se tens um jardim, faz a compostagem dos resíduos orgânicos da tua cozinha no jardim.

- Para pequenas distâncias, de poucos quilómetros, evita usar a tua moto ou o teu carro. Em vez disso, anda a pé ou de bicicleta!

- Consome alimentos produzidos localmente, da época. Não só é mais saudável como é melhor para o ambiente, dado que requerem menor quantidade de energia para a sua produção e transporte!

• - Come menos carne. A produção de carne provoca uma enorme quantidade de emissões de CO2.
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Teófilo Braga
Correio dos Açores, 31937, 25 de setembro de 2019, p. 14

quarta-feira, 18 de setembro de 2019

De Jean Giono aos Amigos dos Parque Ecológico do Funchal



De Jean Giono aos Amigos dos Parque Ecológico do Funchal

Em março do presente ano, a associação Campo Aberto editou um livro para todas as idades intitulado “O Homem Que Plantava Árvores” da autoria de Jean Giono, escritor francês que, segundo o coordenador da edição, José Carlos Costa Marques, “é no seu país de origem um dos maiores prosadores do século XX”.

Ao contrário do que muitas pessoas pensam, o livro referido, traduzido em mais de 13 línguas, não relata a história real de um homem, Elzéard Bouffier, que plantou centenas de milhares de árvores e com isto fez com que uma região árida voltasse a ter água e com que aldeias abandonadas voltassem a ter vida. Com efeito, “O Homem Que Plantava Árvores” é um conto inspirado no facto do autor quando era pequeno acompanhar o pai em passeios, onde recolhiam bolotas que depois ponham na terra com a ajuda de uma vara.

Para além do magnífico texto de Jean Giono, a edição da Campo Aberto é valorizada pela ilustração do texto da responsabilidade de Teresa Lima, pelo posfácio de Paulo Ventura Araújo, intitulado “Plantar Árvores: Porquê, Onde e Quais?” e pela nota do coordenador da edição com o título “Giono: Escritor, Visionário e Precursor- regresso à Floresta, regresso à água, regresso às aldeias”.

Este livro cuja leitura se recomenda nas escolas e não só, segundo José Carlos Costa Marques “pretende contribuir: em primeiro lugar para despertar o amor à árvore e a plantação de árvores; logo a seguir, para incentivar a formulação de uma “política” da árvore, coerente e baseada em conceitos sólidos e justos”.

Se a obra de Giono é de ficção, o trabalho hercúleo da Associação dos Amigos do Parque Ecológico do Funchal (AAPEF) é uma realidade cujos resultados estão à vista de todos, no Pico do Areeiro, no Campo de Educação Ambiental do Cabeço da Lenha, com uma área de 54 000 m2 e, mais recentemente, no Campo de Educação Ambiental do Santo da Serra-Eva e Américo Durão, que possui uma área de 87200 m2.

A AAPEF, a primeira associação do arquipélago da Madeira a ser reconhecida como ONGA de âmbito local, criada 11 de julho de 1996, tem como fins a conservação da natureza e a manutenção da biodiversidade insular, incidindo, as suas ações principais na conservação dos ecossistemas existentes a maiores altitudes na ilha da Madeira.

Nos primeiros anos a atividade da associação, para além dos tradicionais passeios pedestres, incidiu na criação e manutenção de um viveiro de plantas endémicas. AS primeiras plantações ocorreram em outubro de 2001, numa área totalmente escalvada localizada no Pico da Areeiro, entre os 1700 e 1800 metros de altitude.

Em outubro de 2005, com a compra do Montado do Cabeço da Lenha (5,4 ha) pela associação, a área de intervenção alargou-se. Aqui, houve que retirar as invasoras, eucaliptos, giestas, carquejas, etc. e só depois proceder à plantação de espécies endémicas adaptadas à altitude de 1500 m.

Apesar do revés provocado pelo incêndio de origem criminosa ocorrido, em agosto de 2010, que reduziu a cinzas- calcula-se que 90% das plantações tenham sido destruídas- todo o esforço humano para a recuperação da biodiversidade, os dirigentes da associação e todos os voluntários envolvidos não desanimaram e continuaram, muitas vezes em condições atmosféricas desfavoráveis, a dedicar uma parte dos seus tempos livres a ajudar a natureza a recompor-se.

Hoje, quem visitar as áreas que têm sofrido a intervenção da AAPEF verificará que são verdadeiros oásis de beleza e diversidade quando comparadas com as áreas adjacentes.

Por último, já este ano, a 9 de abril de 2019, a AAPEF recebeu por doação um terreno de 8,7 ha, na freguesia de Santo António da Serra, no concelho de Santa Cruz, onde criou o CAMPO DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL DO SANTO DA SERRA - EVA E AMÉRICO DURÃO. Estão em curso trabalhos de limpeza de matos e lenhas, erradicação de invasoras e plantação de espécies endémicas.

Não sabemos se os dirigentes da AAPEF ou se os voluntários que aderem às suas iniciativas se inspiraram no conto de Jean Giono, mas se este fosse vivo, sem dúvida, sentir-se-ia orgulhoso por, para além do seu conto ser lido em todo o mundo, haver quem, tal como ele que abdicou de direitos de autor, em regime de voluntariado trabalhe em prol de um melhor ambiente para a Madeira e para deixar um Mundo melhor a todos os vindouros.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31931, 18 de setembro de 2019, p. 14)

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A propósito de Decrescimento e Educação



A propósito de Decrescimento e Educação

Em texto anterior dei a conhecer um pouco do movimento internacional que é designado por “decrescimento” e que acredita que a atual crise económica, social e ambiental só pode ser superada fora do sistema capitalista, isto é, através do abandono do atual modelo de desenvolvimento produtivista e da crença cega de que a ciência e a tecnologia serão capazes de resolver os problemas atuais.

Apodado como utopia perigosa, projeto reacionário, coisa de ingénuos, por todos os que seguem o modelo de desenvolvimento atual, mesmo os que o adjetivam como sustentável, o decrescimento é um movimento militante que ganha adeptos em todo o mundo.

Ao contrário de alguns movimentos pedagógicos que acreditam que a escola é uma ferramenta para a mudança da sociedade, bastando para tal mudar as estratégias usadas nas salas de aula, os adeptos do decrescimento consideram que a escola atual tem pouco de democrática e que a sociedade só se muda se as alterações forem feitas dentro e fora dos muros da escola.

Na escola de hoje, pensa-se cada vez menos na formação integral dos indivíduos e mais na preparação para a ocupação de um posto de trabalho. Sobre este assunto Enrique Gutiérrez, no seu texto “Decrescimento e Educacion”, que faz parte do livro “Decrescimientos sobre lo que hay que cambiar em la vida cotidiana”, editado em 2010, por Los Libros de la Catarata, escreveu o seguinte:

“A finalidade não é pensar e ajudar a mudar a sociedade através da educação para torná-la mais justa, mais sábia, máis universal, mais equitativa, mais compreensiva: do que se trata é adaptar a educação para que seja útil às mudanças que se estão produzindo na economia e na sociedade.”

Se é verdade que a escola não pode ignorar o mercado de trabalho, também é verdade que a escola não se pode reduzir a satisfazer os interesses das empresas privadas ou não, através da criação de mão de obra dócil e flexível.
A escola de hoje, não educa para a democracia participativa nem para a formação de cidadãos civicamente empenhados por mais disciplinas de Cidadania que se criem, pois o seu funcionamento em termos democráticos deixa muito a desejar, mesmo se falarmos em democracia representativa, de que são exemplos, a não circulação de informação por parte dos Conselhos Executivos, as deliberações dos Conselhos Pedagógicos, sem que sejam ouvidos os professores, a quase (sempre) ausência dos pais e dos alunos e as Assembleias de Escola em que os seus membros não prestam contas a ninguém. O associativismo estudantil anda pelas ruas da amargura, isto é, ou não existe ou quando existe limita-se aos períodos de campanha eleitoral, onde se copia o que de pior têm as campanhas partidárias, onde por vezes nem uma única ideia se apresenta.

Face ao exposto, como muito bem escreveu Gutiérrez, não pode ser considerado um desperdício de dinheiros públicos o papel da escola como “campo de treino para a democracia e para a cidadania democrática”.

Numa sessão a que assisti recentemente, tive a oportunidade de ouvir uma docente a mostrar a sua satisfação pelo facto de um aluno que se recusava a fazer fosse o que fosse ter mudado um pouco a sua atitude, pois ela descobriu que ele se interessava por notícias sobre touradas ou em que “houvesse muito sangue”, passando a usá-las para o motivar a aprender algo, o que havia conseguido.

Embora à primeira vista, tenha sido um sucesso que todos devemos aplaudir, fiquei muito preocupado pois, durante a apresentação de quase meia hora. nem uma palavra foi proferida sobre valores, isto é, não foram questionadas as touradas, mesmo não tomando qualquer posição a favor ou contra as mesmas e nem uma palavra sobre a violência.

Para os defensores do decrescimento, na escola e na vida diária de cada um há que alterar valores, como, por exemplo, à propriedade e ao consumo ilimitado opor o altruísmo e a redistribuição de recursos, optar pela sobriedade e pela simplicidade voluntária e recusar a manipulação e a criação de necessidades artificias pela publicidade enganosa.

Por último, a escola tem de ser convertida numa comunidade de aprendizagem, onde os alunos não sejam apenas caixas recetoras e onde todos participem na construção de uma sociedade mais justa.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31925, 11 de setembro de 2019, p.14)






quarta-feira, 4 de setembro de 2019

Em defesa da flora açoriana

O Decrescimento, esse desconhecido




O Decrescimento, esse desconhecido

“Todos os que, à esquerda, recusam abordar por este ângulo a questão duma equidade sem crescimento demonstram que, para eles, o socialismo não é senão a continuação por outros meios das relações sociais e da civilização capitalistas, do modo de vida e do modelo de consumo burguês” (André Gorz)

Há cerca de duas décadas Serge Latouche, professor emérito de Economia na Faculdade de Direito, Economia e Gestão Jean Monnet da Universidade de Paris XI, terá sido quem pela primeira vez formulou a noção de decrescimento.

No texto de hoje, darei a conhecer um pouco do conceito, baseando-me no livro de Serge Latouche, intitulado “Pequeno Tratado do Decrescimento Sereno”, publicado em 2011 pelas Edições 70, de onde extraí todas as citações,

Ao contrário de outros, como o cada vez mais desacreditado conceito de desenvolvimento sustentável que foi adotado pelos governantes, muitas vezes para justificar a tomada de medidas que constituem verdadeiros atentados ambientais e sociais, o conceito de decrescimento não tem tido grande adesão nem mesmo por parte de ambientalistas. Com efeito, estes limitam-se a repetir a noção vaga do desenvolvimento dito sustentável, a cacarejar o óbvio, isto é que é impossível crescer infinitamente num mundo finito, mas omitem que as “produções e estes consumos devem ser reduzidos …e que a lógica do crescimento sistemático em todas as direções …, bem como o nosso modo de vida, devem, portanto, ser postos em causa.”.

Politicamente onde se situam os adeptos do decrescimento? À esquerda ou à direita do espectro partidário?

Não conhecemos nenhum partido político que tenha no seu programa qualquer referência ao decrescimento. O que podemos dizer é que hoje o decrescimento é um movimento social com um símbolo muito conhecido que é o caracol e que “é forçosamente contra o capitalismo, não tanto por lhe denunciar as contradições e os limites ecológicos e sociais, mas antes de mais porque lhe põe em causa “o espírito”…O capitalismo generalizado não pode deixar de destruir o planeta tal como destruiu a sociedade e tudo o que é coletivo”.

Para Latouche “a sociedade do decrescimento não é nem um retorno ao impossível passado, nem uma acomodação ao capitalismo”. Assim, para o autor não é possível contar com a esquerda não marxista que já se acomodou ao poder/sistema, nem nos que acreditam no socialismo produtivista, pois “são duas variantes dum mesmo projecto de sociedade do crescimento baseado no desenvolvimento das forças produtivas, que se considera favorecer a marcha da humanidade em direção ao progresso”. Ainda sobre o produtivismo Latouche acrescenta que “os maoísmos, trotskismos e outros esquerdismos são tão produtivistas como os comunismos ortodoxos.”

Face ao exposto, isto é, se a direita ou a esquerda “tradicional” defendem variantes do mesmo, quem irá “liderar” a mudança que urge?

O filósofo francês Cornelius Castoriadis, citado por Latouche, receia que face a uma catástrofe mundial, o não surgimento de “um novo movimento, um redespertar do projecto democrático, a “ecologia” pode muito bem ser integrada numa ideologia neofascista”.

Termino este texto apresentando o conjunto de oito mudanças que são necessárias para a construção de uma nova sociedade: “reavaliar, reconceptualizar, reestruturar, redistribuir, relocalizar, reduzir, reutilizar e reciclar”.

Para despertar a curiosidade para a leitura do livro, termino com uma explicação do reavaliar. Sobre o assunto Latouche escreveu: “O altruísmo, a cooperação, o prazer do lazer e o ethos do jogo, a importância da vida social, o local, a autonomia, o gosto pela obra bela, o razoável e o relacional, por exemplo, deveriam substituir, respetivamente, o egoísmo, a competição desenfreada, a obsessão pelo trabalho, o consumo ilimitado, o global, a heteronomia, a eficiência produtivista, o racional e o material”.

Teófilo Braga
Correio dos Açores, 31910, 4 de setembro de 2019, p.14

https://outraspalavras.net/sem-categoria/para-compreender-o-decrescimento-sem-preconceitos/

terça-feira, 3 de setembro de 2019

domingo, 1 de setembro de 2019