terça-feira, 24 de setembro de 2019

Do arrefecimento da Terra e às alterações climáticas


Com os pés na terra (419)

Do arrefecimento da Terra e às alterações climáticas

Em janeiro de 1975, o Diário Insular, jornal de Angra do Heroísmo, publicou uma notícia provinda da Argentina, segundo a qual “a temperatura do globo terrestre desce lenta, mas gradualmente, desde 1950”.

Segundo a curta nota referida, estava prevista a “deslocação da barreira do gelo que cobriria Leninegrado (na União Soviética), Toronto (Canadá) e Glasgow (Escócia). De acordo com os meteorologistas os efeitos “desafiavam a imaginação” ou seriam “funestos”.

Uma das causas apontadas para o fenómeno era “um maior volume de poeira na atmosfera, o qual absorve o calor, tirando-o à superfície terrestre”. A maior concentração de poeira, por sua vez era atribuída às “quantidades mais elevadas de cinzas vulcânicas e a poluição por emanações procedentes do consumo industrial”.

Hoje, morto o arrefecimento está na ordem do dia a questão do aquecimento global ou melhor a temática das alterações climáticas, não havendo ninguém que não mostre preocupação com o facto, mas que simultaneamente não fique pela conversa ou melhor que esteja disposto a fazer mudanças profundas na sociedade e na vida particular. Melhor dizendo, muitas vezes pretende-se apenas alterar pequenas coisas para que tudo fique na mesma.

Embora continue a haver quem ache que está tudo normal, a esmagadora maioria da comunidade científica e diversas organizações internacionais reconhecem que as alterações climáticas que estão a ocorrer são preocupantes. De acordo com um documento da Comunidade Europeia, de 2007, dirigido a alunos das várias escolas “Ao longo do último século, a atividade humana deixou as suas marcas no ambiente e a concentração de gases com efeito de estufa na atmosfera, dos quais 80% são CO2, é agora mais elevada do que nos últimos 650 000 anos. O resultado é que a temperatura média global aumentou 0,74°C e na Europa este aumento atingiu 1°C”.

De acordo com a mesma fonte, o consumo de energia, excluindo os transportes, era responsável em 61% para o agravamento do problema, seguindo-se os transportes (21%), a agricultura (10%), os processos industriais (6%) e os resíduos (2%).

Ainda citando o referido documento, os principais impactos das alterações climáticas são: a fusão das calotes polares, o recuo dos glaciares, a subida do nível do mar, a intensificação de fenómenos climáticos extremos, como tempestades, inundações, secas e ondas de calor, e a perda de biodiversidade”.

Relativamente às alterações comportamentais que cada um pode tomar para combater as alterações climáticas, são apresentadas várias, de que destacamos, a título de exemplo as seguintes:
- Toma um duche em vez de um banho de imersão – poupas água e gastas quatro vezes menos energia.

- Não deixes a televisão, a aparelhagem de som ou o computador em modo de espera. Em média, uma televisão usa 45% da sua energia em modo de espera. Se todos os europeus evitassem utilizar o modo de espera dos equipamentos, poupariam energia suficiente para abastecer um país do tamanho da Bélgica.

- Se tens um jardim, faz a compostagem dos resíduos orgânicos da tua cozinha no jardim.

- Para pequenas distâncias, de poucos quilómetros, evita usar a tua moto ou o teu carro. Em vez disso, anda a pé ou de bicicleta!

- Consome alimentos produzidos localmente, da época. Não só é mais saudável como é melhor para o ambiente, dado que requerem menor quantidade de energia para a sua produção e transporte!

• - Come menos carne. A produção de carne provoca uma enorme quantidade de emissões de CO2.
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Teófilo Braga
Correio dos Açores, 31937, 25 de setembro de 2019, p. 14

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