sexta-feira, 8 de março de 2019

Plantas e Jardins em exposição


Plantas e Jardins em exposição

Até ao próximo dia 1 de maio estará aberta ao público, na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada, uma exposição, comissariada pela Professora Doutora Isabel Soares de Albergaria, intitulada “Plantas e Jardins: A paixão pela horticultura ornamental na ilha de São Miguel”.

Inaugurada no passado dia 22 de fevereiro, a exposição referida, pela informação disponibilizada, merece a visita de todos os amantes de plantas e jardins, bem como dos alunos dos estabelecimentos de ensino da ilha de São Miguel.

Uma leitura atenta merece o catálogo da exposição que “é constituído por duas partes, sendo a primeira votada a um conjunto de cinco estudos versando problemáticas diversas e incidindo sobre campos disciplinares distintos, tendo as plantas e os jardins de São Miguel como denominador comum. Na segunda parte apresentam-se os textos de enquadramento dos quatro núcleos que compõem a exposição, a saber: O Conhecimento das Plantas; Encomenda e Transporte; O Cultivo e Assimilação Cultural.”

Embora todos os textos mereçam ser lidos, destaco o da autoria de Rosalina Gabriel, intitulado “Não há rosas sem espinhos: O papel dos jardins na disseminação de espécies exóticas e invasoras – 13 plantas prioritárias para controlo ou erradicação nos Açores”, que chama a atenção para o perigo da introdução de espécies que se podem tornar invasoras. Se algumas delas foram introduzidas pelos criadores dos jardins históricos no século XIX, outras são de introdução mais recente, o que é inadmissível atendendo ao conhecimento que se possui atualmente sobre o comportamento invasor de algumas delas e por serem da responsabilidade de serviços oficiais.

Outro texto de leitura obrigatória é o da autoria do madeirense Raimundo Quintal, profundo conhecedor da flora e dos jardins dos Açores, intitulado “Árvores monumentais nos jardins, parques e matas de São Miguel – Proposta de Classificação”.

Antes de fazer referência ao texto mencionado, recordo que em 2016, no Correio dos Açores, levantei um conjunto de questões relacionadas com o desequilíbrio existente entre o número de árvores classificadas em São Miguel quando comparado com o de outras ilhas.

Na altura, fiz a seguinte pergunta que terá caído em saco roto: “Não haverá em São Miguel, mais nenhuma árvore que mereça ser classificada para além das sete (12% do número total) classificadas entre as 58 existentes, nos Açores?”

No texto referido, depois de ter considerado estranho o facto de na lista das árvores classificadas constarem plantas que já não existiam, recordei a minha não compreensão pelo facto do dragoeiro existente na Escola Secundária Antero de Quental, o qual, segundo o Eng.º Ernesto Goes, é o maior da ilha de São Miguel e terá sido plantado na altura do antigo Paço, iniciado em 1587, não se encontrar classificado.

Felizmente, Raimundo Quintal, inclui o dragoeiro referido na sua proposta de classificação que “abrange 75 árvores isoladas e sete conjuntos arbóreos, que representam 37 táxones (36 espécies e uma variedade).”

De entre as espécies propostas para serem classificadas, destaco duas endémicas dos Açores, o cedro-do-mato, do Campo de Golfe das Furnas, e o pau branco, do Jardim António Borges.

Originário dos arquipélagos da Madeira e das Canárias, é proposto para classificação o til existente no Jardim José do Canto e do Brasil e Argentina, a proposta inclui a sumaúma existente no Parque de Estacionamento da Rua São Francisco Xavier e um dos exemplares existentes no Viveiro dos Serviços Florestais, nas Furnas.

Vila Franca do Campo, também, entra na lista das localidades com árvores classificadas. Com efeito, para além da classificação do eucalipto-limão existente no Jardim do Palácio de Santana, também é proposto o existente no Jardim Dr. António da Silva Cabral, na freguesia de São Pedro.

Dos conjuntos arbóreos propostos para classificação, destaco a Alameda dos Plátanos na Povoação e a dos Gincos, no Parque Terra Nostra.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 7 de março de 2019)

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