domingo, 26 de abril de 2020

A Propósito de Chernobyl: Energia Nuclear? Sim, muito obrigado!





A Propósito de Chernobyl: Energia Nuclear? Sim, muito obrigado!

«As modernas centrais eléctricas atómicas soviéticas são as mais inofensivas do ponto de vista ecológico: o problema da defesa contra a radiação, na U.R.S.S., já foi resolvido. (…) Observações feitas ao longo de muitos anos têm evidenciado que as centrais eléctricas atómicas não alteram praticamente o estado radioactivo do meio ambiente. Graças aos sistemas de protecção de várias etapas, mesmo no caso de um desastre na central, não haverá fuga de radiações». Nikolai Tikhonov (chefe do Governo Soviético, 1983).

Muitos são os livros publicados por fanáticos, que se dizem ecologistas, a combater a utilização, de energia nuclear, mesmo para fins pacíficos. Esta não é, concerteza, a minha opinião. Acho que a utilização da energia nuclear, quer para fins pacíficos quer para bélicos contribui, como veremos, para o progresso científico e cultural da nossa civilização.

Em virtude de, ainda, estarmos em cima dos acontecimentos não nos referiremos ao que se passou na União Soviética. Confiamos, aliás, na sinceridade e abertura dos dirigentes soviéticos quanto a um futuro esclarecimento do sucedido. Basta recordarmos a rapidez com que o chamado acidente foi divulgado.
Com base no livro «A Nuclearização do Mundo», editado pela Antígona, tentaremos esmagar, de uma vez para sempre (e de que maneira !), alguns dos estafados argumentos contra o nuclear.

Um dos argumentos contra o nuclear, consiste em afirmar que as centrais nucleares correm o risco de sofrerem acidentes de consequências bastante nefastas e como exemplo é apontado o que ocorreu em Three Miles Island. Quanto a nós não se tratou de acidente mas, sim, de uma pequena falha resultante de um defeito anatómico comum, aliás, no homem da sociedade prénuclear que os malditos ecologistas pretendem perpetuar.

Assim, «segundo um dos peritos desta infalível comissão (Comissão de Regulamentação Nuclear), a enfiada de erros humanos que nesse 28 de Março de 1979 perturbou inoportunamente a central, esse desastroso encadeamento de circunstâncias teve por origem a proeminente pança de um dos operadores da central, cujo exorbitante volume ocultou desgraçadamente os mostradores do controle que, se tivessem estado no seu campo de visão teriam indicado a esse operador o disfuncionamento que lhe pertencia remediar. Não duvidemos que, munidos destas informações, os especialistas não se empenhem doravante a calcular os índices de tolerância nuclear em matéria de curva abdominal, a fim de determinar o perfil ideal do operador nuclear, e seu regime alimentar esperando poder modelar directamente, com a ajuda dos seus colegas geneticistas, a morfologia do HOMO NUCLEARES perfeito…».

Os ecologistas, cambada de ignorantes, ao defenderem que a energia nuclear é poluente mais não fazem do que poluir as mentes dos mais desprevenidos. Aos seus apelos não devemos dar nenhum crédito. A nossa estima e apoio devem cair em pessoas honestas e suficientemente cultas como o é, por exemplo, o lente Vladimir Kiriline, Presidente do Comité de Estado para a Ciência e Técnica e Vice-Presidente do Conselho de Ministros da União Soviética (não sei seja foi substituído), que afirmou: «A energia nuclear parece-nos a melhor reposta para a protecção do meio ambiente». Igual consideração nos merece o então primeiro-ministro de França, Raymond Barre, que declarou: «O que é preciso é familiarizar o público com a radioactividade» ou então um perito, cujo nome desconhecemos, que a propósito de mariscos pescados nas proximidades de fugas radioactivas de La Hague declarou que estava disposto a comê-los durante um ano.

Ainda há quem não acredite nesses homens?!

Ficaríamos com um pequeno excerto do já referido livro que, por si, desmarcará não só os ecologistas como também os chamados pacifistas: «Não possuímos nós doravante, graças ao aperfeiçoamento dessas mesmas técnicas, armas chamadas «bombas de neutrões» cuja delicadeza na protecção do meio ambiente chega a deixar tudo intacto, tocante solicitude que ousarei qualificar de ecologia no melhor sentido do termo? Deste modo, se por um motivo extraordinário se produzisse uma guerra antes que a nuclearização do mundo a tivesse tornado impossível – porque absolutamente inútil, como veremos mais adiante – não apresentaria em todo o caso nenhum dos traços o seu tanto chocantes, que apresentaram as guerras do passado. Mais uma vez, a acção militar se apresenta como uma antevisão promissora de progresso, destinada a servir a vida civil; pois é uma das evidentes superioridades da energia nuclear sobre as que precederam, a ser mesmo quando modifique em profundidade a natureza das coisas, eminentemente respeitadora das aparências: nada é mais discreta que uma radiação».

Para nós, açorianos, com tantos desafios para vencer e numa «época em que se caminha para a automização integral, é necessário que os homens se aproximem cada vez mais da eficácia das máquinas», não será o peixe radioactivo um «excelente óleo lubrificante dos «robots» humanizados e dos homens robotizados»?

(Publicado no jornal “Correio dos Açores”, de  8 de Junho de 1986)

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