terça-feira, 14 de novembro de 2017

Madame Curie


Madame Curie

“Madame Curie é a única pessoa a quem a celebridade não corrompeu” (Albert Einstein)
No ensino da Física e Química, muitos são os nomes de cientistas que são mencionados devido contributo para o desenvolvimento da ciência, destacando-se, de entre os que ficam na memória dos alunos, os nomes de Antoine Lavoisier, Isac Newton e Albert Einstein.

Um nome que hoje não é referido, se a memória não me atraiçoa, é o de Madame Curie que conheci quando frequentei o Externato de Vila Franca do Campo, entre os anos de 1968 e de 1972.

Sobre a sua atribulada vida, vários livros e textos foram publicados, recomendando-se a leitura da “História da Radioatividade”, de Rómulo de Carvalho, de que possuímos a terceira edição, de 1977, e “Marie Sklodowska Curie: imagens de outra face”, de Raquel Gonçalves-Maia, editado pelas Edições Colibri, em 2011.

Por ocasião do centenário do seu nascimento, por iniciativa do Presidente da República de França, realizou-se, em Paris, nos dias 24 e 25 de outubro de 1967, uma homenagem que foi relatada, pelo cientista português Prof. Mário A. Silva (1901-1977), antigo investigador do Instituto do Radio de Paris, na revista “Seara Nova”, de janeiro de 1968.

Nascida em Varsóvia, na Polónia, em 1867, filha de professores do ensino secundário, concluiu o liceu, naquela cidade, em 1883. Como o ensino universitário estava vedado às raparigas no seu país natal, a solução encontrada foi rumar a Paris, depois de ter trabalhado, segundo Raquel Gonçalves-Maia, como “governanta, perceptora de crianças e jovens mimados, excessivamente mimados.”.

Segundo vários autores, entre os quais Rómulo de Carvalho, a vida de Marie Curie em Paris, nos primeiros tempos foi muito difícil, como se pode concluir a partir do seguinte relato: “…Não tinha criada nem dinheiro para a pagar. Durante dias sucessivos comia pão e bebia chá. O frio do inverno martirizava-a, mas o combustível também saia caro e os seus três francos por dia não podiam chegar para tudo. Nem para se alumiar chegavam….A sua saúde ressentia-se, desmaiava de fraqueza, mas tinha que ser. Era preciso vencer custasse o que custasse. E venceu, como se verá.”

Apesar das difíceis condições económicas, em 1893 licenciou-se em Física e no ano seguinte em Matemática, tendo defendido a sua tese de doutoramento na Sorbonne, em 1903, sendo a primeira mulher a obter aquele grau académico em ciências naquela universidade.

Marie Curie, tal como o seu marido, Pierre Curie, que faleceu inesperadamente em 1906, dedicou a sua vida ao estudo da radioatividade e os elementos químicos, rádio e polónio, segundo Raquel Gonçalves-Maia, “saíram das suas mãos”.

Marie Curie foi a primeira mulher a receber dois prémios Nobel, o da Física, em 1903, e o da Química, em 1911.

O primeiro foi partilhado com o físico francês Henri Becquerel (1852-1908). A outra metade do prémio foi para Marie Curie e para o marido Pierre “em reconhecimento dos extraordinários serviços prestados pelas suas investigações conjuntas do fenómeno da radiação descoberto pelo Professor Henri Becquerel”

O segundo prémio foi atribuído a Marie Curie como forma de “reconhecimento dos seus serviços para o avanço da química pela descoberta dos elementos rádio e polónio, pelo isolamento do rádio e pelo estudo da natureza e compostos deste extraordinário elemento.”

Sobre a importância do labor de Marie Curie, um ministro do governo francês que foi orador na cerimónia referida acima, afirmou o seguinte: “o exemplo luminoso da sua vida ao serviço da Humanidade, nos mostra que o espírito científico, pairando acima das fronteiras nacionais, é o que verdadeiramente aproxima os povos, e os pode levar a compreenderem-se e a estimarem-se.” (Silva, 1968)

Teófilo Braga
(Correio dos Açores 31381 15 de novembro de 2017 p.13)

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