terça-feira, 2 de dezembro de 2008

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S.Miguel - Açores, 1 de Dezembro de 2008


Às/aos Colegas,
Auxiliares de Educação,
Alunas e Alunos.
Ao Conselho Executivo.
À Assembleia de Escola.
À Associação de Estudantes.
À Associação de Pais e Encarregados de Educação.
Da Escola Secundária Antero de Quental.


Uma pessoa para quem qualquer argumento serve para justificar qualquer decisão devia alguma vez dirigir um ministério, muito mais o da Educação, e, dirigindo-o, devia ou não de imediato ser demitida?
Um primeiro ministro que chama uma pessoa dessas para tal ministério e em todas as circunstâncias aplaude o seu desempenho, devia alguma vez ter sido primeiro ministro, e, sendo-o, devia ou não devia ser imediatamente demitido?
Se tantos têm em pensamento o que nem para si dizem, como explicam que tal demissão não tenha já ocorrido?
Mera desatenção dos portugueses? Masoquismo generalizado? Sadismo colectivo? Estóica demanda de argumentos verbais à altura da fraudulenta alocução institucional? Impossibilidade interna ao fenómeno?
Impossibilidade? Como? Se tudo se reune para que o fenómeno decorra!
Demanda de argumentos verbais? Como? Se a mais singela exposição é por demais elucidativa!
Sadismo colectivo? Como? Se tantos clamam contra a extorsão, contra a violência, contra a exploração, contra a prepotência, contra a mentira, contra a iniquidade, contra o abuso!
Masoquismo generalizado? Como? Se tantos tanto se insurgem contra quanto sofrem!
Mera desatenção? Como? Se o olhar é cada vez mais crítico e mais exigentes todos quanto a tudo!
Como ainda assim continuam a actuar semelhantes empossados?
Actuam porque a preclaridade e a exigência estão apesar de tudo aquém do suficiente para que a sua actuação seja anulada.
Actuam porque apesar de tudo ainda muitos não sofrem o que muitos já sofrem.
Actuam porque o abuso, a exploração, a violência, a extorsão, a mentira, a fraude, o erro grosseiro, são mais visíveis na vista do outro do que na vista do próprio.
Actuam, ainda, porque há um Presidente da República unha com carne com aqueles supinos emprazados.

Eu pergunto aos meus concidadãos: a soberania está nos que recebem o voto ou a soberania está nos que, com o voto, ou com a recusa do voto, legitimamente decidem?

Na Escola Secundária Antero de Quental põe-se identicamente a questão: o conselho executivo e os outros órgãos legitimados por actos eleitorais, respondem e prestam contas a quê? Ao correspondente quadro eleitoral escolar? Ou é à administração pública - e as eleições internas à escola não passam de mera fraude?
Pergunto, a propósito de fraude: uma fraude, justificada por outra fraude, deixa por isso de ser fraude?
E ainda: o defraudado, por defraudar também, anula a fraude ou mais soma à fraude?
E mais uma questão ainda: faz-se, e faz-se bem, e por bem fazer-se honra-se quem não fez, e o que fez bem ainda honrado se sente porque quem não fez lhe deu a honra de, sem o ter feito, ter a honra e o proveito da realização?!

Grato por eventual atenção,

Pedro Albergaria Leite Pacheco

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