terça-feira, 24 de junho de 2014

O dinamismo da Escola Primária da Ribeira Seca de Vila Franca do Campo



O dinamismo da Escola Primária da Ribeira Seca de Vila Franca do Campo
No passado domingo, dia 15 de Junho, dia em que o concelho de Vila Franca do Campo homenageou o professor Eduardo Calisto Soares de Amaral, fiquei a saber que as Escolas da Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, inauguradas em 1962, funcionaram como tal pela última vez este ano letivo.
Embora com alguma mágoa por assistir ao encerramento da escola que frequentei, não vou discutir aqui a opção tomada, que, não tenho dúvidas, estará ligada à falta de crianças existentes na freguesia. Neste texto, limitar-me-ei a relatar um pouco do que foi a referida escola para uma comunidade que não tinha qualquer outro meio de dinamização cultural e desportiva.
Fugindo à norma, a Escola Primária da Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, fruto sobretudo do dinamismo dos seus professores mais do que de diretrizes superiores, abriu-se à comunidade, a partir da década de sessenta do século passado.
Como primeiro exemplo, posso apontar a apresentação de uma revista, se não estou em erro no ano de 1965, cujo texto foi da autoria do professor Eduardo Calisto Soares de Amaral. Para além de dinamizar a cultura da localidade, onde as mulheres passavam o dia em casa e os homens não tinham qualquer alternativa às tabernas, através da venda de bilhetes aos assistentes, a escola angariou fundos para proceder a melhoramentos no edifício e para a implementação de projetos.
Fruto de trabalho de uma boa equipa constituída pelos professores Adelaide da Conceição Soares (diretora da Escola Feminina), Margarida Simas Borges, Claudete Marques, Válter Soares Ferreira e Octávio da Silva Costa e Eduardo Calisto de Amaral (Diretor da Escola Masculina), a 1 de Dezembro de 1966, foram inaugurados vários melhoramentos na escola de que se destacam um nicho dedicado a Nossa Senhora da Conceição, o arranjo dos jardins, instalações condignas para a cantina escolar e uma pequena piscina que era motivo de orgulho para todos os habitantes e de admiração para os forasteiros.
Todos os melhoramentos possíveis graças a apoios da Junta Geral do Distrito, da Câmara Municipal, do Engenheiro Luís Lopes Cabral, responsável pela orientação técnica e de particulares só aconteceram, segundo o jornal “A Vila”, graças “ao entusiamo moço dos agentes do ensino da Ribeira Seca que, em união de sentimentos, não olharam a fadigas e muito menos a comodidades pessoais para dotarem a sua escola com as comodidades que sonharam para ela que doutra forma não poderiam auferir.”
A Escola da Ribeira Seca também se destacou das demais pelas Festas Escolares anuais que realizava com programas diversificados.
Para além de trabalhos escritos e manuais “conduzidos no sentido da vida”, realizados pelos alunos ao longo do ano, em 1972, do programa constou vários números recitativos, algumas canções, uma “lição de ginástica ao espelho”, corridas diversas, saltos, jogos de miniandebol e de minibasquetebol e, como não poderia deixar de ser devido à presença da piscina, natação.
No ano em que se realizou a animada festa escolar referida anteriormente, exerciam a sua profissão nas escolas da Ribeira Seca os seguintes professores: Eduardo Calisto Amaral, Adelaide Soares, Válter Manuel Soares Ferreira, Ildebranda Matias e Ilda Cesarina Borges.
A abertura da escola à comunidade que já se iniciara nos últimos anos do antigo-regime, foi alargada, após o 25 de Abril de 1974. Com efeito, o professor Eduardo Calisto de Amaral, na qualidade de diretor da Escola da Ribeira Seca, foi pioneiro na abertura das instalações da mesma para a prática desportiva e recreativa dos jovens.
Para concretizar o mencionado, foi cedido, num dos alpendres fechados, um espaço para reuniões da Associação Desportiva e Cultural da Ribeira Seca, a primeira associação de juventude da localidade, que tinha “por objetivo unir todos aqueles que no aspeto desportivo e cultural estejam dispostos a dar o seu melhor para um engrandecimento do desporto e da cultura no nosso local”. Possuidores de uma chave da escola, os responsáveis pela associação organizavam jogos de mesa e de campo, com destaque para o voleibol e para o futebol.
Espero, em próximo número deste jornal, continuar a divulgar o trabalho desta escola em prol da cultura e da educação da juventude da localidade e do concelho.
Teófilo Braga

(Correio dos Açores, nº 30369, 25 de Junho de 2014, p.11)

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