segunda-feira, 15 de dezembro de 2025

Virusaperiódico (148)

 


Virusaperiódico (148)

 

No dia 11, o dia em que segundo o governo de Montenegro não houve greve geral, mas que até no Pico da Pedra o Centro de Dia fechou, de manhã deambulei por Vila Franca do Campo entre a Ribeira Nova e a Courela e de tarde, para além da continuação das minhas pesquisas, coloquei na terra com 3 dias de atraso a ervilhaca e o trigo. É uma tradição que não faz mal a ninguém, ao contrário de outras aberrações que os dinheiros públicos e o sadismo fazem com que persistem!

 

O dia 12 foi dedicado a registar memórias de 1975 e a pesquisar sobre aquele ano e o ano de 1978, na Biblioteca Pública de Ponta Delgada. Também dediquei algum tempo ao ativismo ambiental.

 

No dia 13, passei pelo Pinhal da Paz para observar o trabalho de restauro ecológico que está a ser desenvolvido pelos Amigos dos Açores e passei o resto do dia a trabalhar em dois textos que talvez verão a luz do dia em 2016, um sobre plantas e outro sobre a história recente dos Açores.

 

No domingo, dia 14, estive a colocar, em vasos, sementes de abacateiro, de castanheiro-da-austrália e de uva-do-japão. Voltei aos trabalhos do dia anterior e retomei a leitura do livro “A Vida Secreta das Árvores”. Não me canso de aprender!

 

Durante a tarde, estive a descascar algumas nozes produzidas em Vila Franca do Campo. Este ano penso que serei autossuficiente, pelo menos durante as festas que se avizinham e nas próximas.

 

No fim do dia li as primeiras páginas o livro “My Way-Diário e escritas paralelas”, da escritora vila-franquense, Natividade Ribeiro.

 

 

14 de dezembro de 2025

segunda-feira, 8 de dezembro de 2025

Virusaperiódico (146)

 


Virusaperiódico (146)

 

O dia 5 foi dedicado, de manhã, a pesquisar sobre jardins da ilha Terceira, na Biblioteca da Universidade dos Açores e, de tarde, a aprender a fazer podas em citrinos.

 

Tal como é usual, quase todos os sábados, no dia 6 andei pela Ribeira Seca de Vila Franca do Campo, em trabalhos na Ribeira Nova.

 

Para além da limpeza de umas plantas que estavam a cobrir alguns sanguinhos, foram colocadas estacas de sabugueiro e de novelão para servirem de divisória de um terreno onde comecei a fazer plantações pela primeira vez este ano. Também foram plantados vários pés de mirtilo-magenta e de pitangueira para servirem de sebe.

 

No fim do dia, ainda houve forças para ler mais algumas páginas do livro “A Vida Secreta das Árvores”.

 

Comecei o dia 7 a ler 3 textos publicados no jornal “República”, de 1975, sobre o movimento separatista nos Açores. Depois, dediquei algum tempo a tratar dos animais, a limpar as suas instalações sanitárias e a fazer outros trabalhos ditos domésticos.

 

No fim do dia, estive a ler sobre a situação da agricultura nos Açores há cerca de 50 anos. Hoje, é mais pecuária! Hoje, já não se cultiva, trigo. beterraba, chicória e o milho é para a alimentação do gado bovino.

 

No dia 8, depois de muitos anos, voltei à espeleologia. Fui indicar a alguns espeleólogos de Portugal continental a localização da Gruta do Pico da Cruz. Infelizmente não encontrei o Algar da Ribeirinha. A idade não perdoa!

 

8 de dezembro de 2025

quinta-feira, 4 de dezembro de 2025

Virusaperiódico (145)

 


Virusaperiódico (145)

 

O dia 2 de dezembro foi um dos dias mais longos de 2025.

 

Comecei o dia a fazer trabalhos no computador, prossegui na Biblioteca Pública de Ponta Delgada, onde estive a fazer pesquisas sobre jardins e alguns acontecimentos ocorridos no mês de agosto de 1978, um mês em que o bombismo e a guerra das bandeiras não esteve de ferias na ilha de São Miguel. Passei pelo Jardim José do Canto, onde tive a oportunidade de apreciar o roseiral que está muito bem arranjado. Pela primeira vez provei os pedúnculos das frutas da uva-do-japão (Hovenia dulcis). O sabor não contradiz o nome, muito doces!

 

De tarde, depois de dar o habitual passeio com o Max e com o Rex, voltei ao computador e acabei de ler o livro sobre Otelo Saraiva de Carvalho.

 

À noite, estive presente em duas assembleias gerais da Associação Cultural Recreativa e Desportiva do Pico da Pedra que durou até quase às 23h 30 min. Hora a que habitualmente já estou em sono profundo.

 

Como os livros sobre política geralmente me deprimem, comecei o dia 3 a ler o livro “A Vida Secreta das Árvores”, de Peter Wohlleben e a rever um texto a propósito da Campanha “SOS Cagarro”, de 2025. O resto da manhã foi passado a fazer pesquisas em jornais de 1978. A tarde foi passada na terra, em Vila Franca do Campo, em colheitas e a limpar bananas e bananeiras.

 

O dia 4 foi totalmente preenchido com leituras no “Agricultor Michaelense” e no jornal “Luta Pela Democracia Popular” que se publicou em Ponta Delgada nos anos de 1975 e 1976, bem como com pesquisas no meu arquivo sobre o Verão Quente.

 

4 de dezembro de 2025

segunda-feira, 1 de dezembro de 2025

Os autonomistas eram progressistas?

 


Os autonomistas eram progressistas?

 

Nos Açores foram três os movimentos autonomistas: o primeiro ocorreu no final do século XIX, em 1893-94; o segundo nos anos vinte do século passado; e o terceiro teve lugar após o golpe militar de 25 de Abril de 1974.

 

O primeiro movimento autonomista surgiu numa época de crise económica, de que é exemplo o declínio da produção e exportação da laranja, que foi acompanhado da procura de alternativas quer em termos de produção agrícola quer da criação de indústrias, o que só teria viabilidade com a redução de impostos e a eliminação de obstáculos burocráticos que se colocavam à criação de indústrias e à circulação de mercadorias.

 

De acordo com João (1991-92), “a gota de água que desencadeou o movimento autonomista, em Ponta Delgada, foram as imposições tributárias sobre a produção do álcool industrial e a perspetiva de um monopólio de venda e retificação do mesmo, a nível nacional. Nas outras ilhas, em particular na Terceira, tinha havido uma grande agitação contra a uniformização da moeda, porque elevava os impostos pagos pelos açorianos”.


Este movimento, tal como os que lhe sucederam, apresentava um cunho conservador e ligado às classes mais abastadas, sendo liderado por “eminentes representantes da oligarquia fundiária micaelense, um abastado comerciante e industrial, acionistas da indústria do álcool, quadros do funcionalismo e membros de profissões liberais. Além do advogado Aristides Moreira da Mota e do médico Mont'Alverne de Sequeira, pontificavam na Comissão de Propaganda e Promotora da Autonomia nomes das mais importantes famílias da ilha de S. Miguel, como Caetano d'Andrade Albuquerque, José Maria Raposo d'Amaral, chefe dos progressistas a nível local, Pedro Jácome Correia, líder dos regeneradores, Jacinto Silveira Gago da Câmara, conde de Fonte Bela” (João, 1991-92).

 

Por sua vez, Sacuntala Miranda (1995), sobre o primeiro movimento autonomista, escreveu o seguinte: “... é um fenómeno urbano, que tem como esteio principal uma burguesia letrada que, habilmente, consegue trazer para o seu campo a aristocracia terratenente, canalizando os ressentimentos e receios desta para a batalha autonomista. O povo trabalhador, esse, largamente marginalizado da arena política, continua a reger-se pelos cânones de uma deferência ou ‘solidariedade vertical’ de Antigo Regime e a cumprir o seu destino secular, abandonando a ilha em vagas cada vez mais volumosas”.

 

O segundo movimento autonomista teve início já durante a I República, também num período de problemas económicos e financeiros provocados pela participação portuguesa na Grande Guerra. Surgiu em 1919 e prosseguiu até 1925, com ponto alto nos anos de 1922 e 1923.

 

João (1991-92) apresenta duas justificações para o surgimento deste segundo movimento autonomista: por um lado, a oposição ao programa “socializante” da República que, apesar de não se concretizar na prática, não era bem acolhido pelos mais poderosos (capitalistas, proprietários rurais, Igreja, etc.); e, por outro, pelo facto de os republicanos democráticos não terem cumprido a promessa de criação de legislação descentralizadora.

 

Tal como o primeiro movimento, este apresenta um carácter conservador, liderado por monárquicos. Entre os seus líderes destacamos Aristides Moreira da Mota, Guilherme Fischer Berquó de Poças Falcão, o conde de Albuquerque, Luiz de Bettencourt Medeiros e Câmara, António José da Silva Cabral e Francisco Carvalhal. Estes, nas eleições de 1921, escolheram para candidato a deputado António Hintze Ribeiro, monárquico ativo, seguidor de Paiva Couceiro, que participou na “Monarquia do Norte” (1919), acabando por ser preso. Depois do golpe de 1926, em 1932, aderiu à União Nacional quando Salazar apelou aos monárquicos para que abandonassem as tentativas restauracionistas, tendo sido delegado da Comissão Distrital de Ponta Delgada da União Nacional junto da Comissão Executiva.

 

Em 1925, integraram a Comissão Executiva do Partido Regionalista Aristides Moreira da Mota, Luiz de Bettencourt de Medeiros Câmara, o Barão de Fonte Bela, Joaquim José Marques Moreira e Nicolau Maria Raposo d'Amaral (Menezes, 1995).

 

Nas eleições de 1925, foi eleito pelo círculo de Ponta Delgada Filomeno da Câmara Melo Cabral, que a partir de 1926 exerceu o cargo de presidente da Cruzada Nuno Álvares Pereira, movimento político nacionalista e conservador, e que participou no 28 de Maio de 1926, golpe militar que derrubou a Primeira República e levou à instauração do Estado Novo, tendo, em 17 de junho de 1926, sido nomeado ministro das Finanças.

 

Simpatizante de Mussolini e de Primo de Rivera, Filomeno da Câmara, por achar que a ditadura militar era pouco autoritária, em 1927, liderou uma intentona com o objetivo de implantar em Portugal um regime com características mais próximas do fascismo italiano.

Com a ascensão de Salazar ao poder, a contestação ao centralismo praticamente não se fez ouvir durante 48 anos, apesar de haver motivos para descontentamento, pois os velhos autonomistas foram morrendo e outros foram-se integrando no regime, como José Bruno Tavares Carreiro, que foi secretário do Governo Civil do Distrito de Ponta Delgada e chefe de gabinete do Coronel Silva Leal, Delegado Especial do Governo nos Açores, tendo sido militante da União Nacional.

 

Os movimentos autonomistas, segundo Menezes (1995), não tiveram âmbito regional, principalmente devido à desconfiança entre São Miguel e Terceira, e o segundo movimento “acreditou piamente que o aniquilamento do regime republicano seria o recurso estratégico mais adequado para a satisfação dos seus propósitos”.

 

Durante o Estado Novo, embora as ideias autonomistas se mantivessem, poucos ousaram defendê-las abertamente, pois a sua adesão ao regime sobrepunha-se. Assim, destacaram-se apenas os opositores ao salazarismo, que através da Declaração de Ponta Delgada defenderam a alteração do Estatuto dos Distritos Autónomos das Ilhas Adjacentes, traduzida na eleição democrática (sufrágio direto e universal) dos corpos diretivos das Juntas Gerais, na libertação de encargos e na obtenção de novas fontes de receita para fins de fomento.

 

Com a instauração da democracia voltam a surgir “os ideais autonomistas” e “os sonhos separatistas”. Assim, a 6 de junho de 1974 surge o MAPA que, através do Correio dos Açores, propriedade de um sócio da família Bensaude, Medeiros e Almeida, dirigido por pessoas afetadas ao antigo regime (António Gaspar Read Henriques, diretor, e Manuel Ferreira, redator), divulga o seu manifesto onde defende a autodeterminação dos Açores.

Pouco depois do golpe spinolista de 11 de março de 1975, a 18 de março (Açores: 19 de março), o MAPA suspende as suas atividades e, face ao temor da implantação de um regime comunista em Portugal, pouco depois das eleições para a Assembleia Constituinte, ganhas nos Açores pelo PSD, na semana de 28 de abril a 3 de maio, surgem as primeiras pichações da FLA em Ponta Delgada. Tanto a FLA como o MAPA eram organizações conservadoras que, da sua composição, faziam parte simpatizantes e servidores do Estado Novo e que, depois do 25 de Abril de 1974, militaram no Partido do Progresso e no Partido da Democracia Cristã.

 

Nos anos de 1974 e 1975, várias organizações políticas (MAPA, PPD, Grupo dos Onze) apresentaram projetos de estatutos para a autonomia dos Açores, que vieram a culminar no Estatuto Político-Administrativo da Região Autónoma dos Açores (Lei n.º 39/80, de 5 de agosto).

 

Ao contrário do que havia ocorrido com os primeiros dois movimentos autonomistas, que foram liderados por representantes das oligarquias locais, este terceiro movimento foi encabeçado por pessoas da classe média (João, 1991-92).

 

Bibliografia

 

João, I. (1991-92). Origem e causas dos movimentos autonomistas açorianos. Boletim do Núcleo Cultural da Horta. p.3-33.

 

Miranda, S. (1995). O Primeiro movimento Autonomista Açoriano e a Conjuntura Económica Internacional. In A Autonomia no Plano Histórico-I Centenário da Autonomia dos Açores. Ponta Delgada, Jornal de Cultura. 243-260 pp.

 

Menezes, L. (1995). A I República e o movimento autonómico. In “A Autonomia no Plano Histórico- I Centenário da Autonomia dos Açores. Ponta Delgada, Jornal de Cultura. 243-260 pp.

 

 

domingo, 30 de novembro de 2025

Virusaperiódico (144)

 


Virusaperiódico (144)

 

O dia 28 de novembro foi dedicado às flores e jardins e a muito trabalho doméstico. Comecei a leitura do livro “Otelo, o Herético”, de Carlos Matos Gomes e li algumas páginas da “Revista de História das Ideias”, sobre António Sérgio.

 

Toda a manhã do dia 29 foi passada no Pico da Pedra a cuidar do jardim, onde colhi curcuma e batata yacon. Aqui fica o que me informou a IA sobre ela: “A batata yacon é um tubérculo originário dos Andes, com sabor adocicado e textura refrescante, semelhante a uma pera ou maçã. É consumida crua ou cozida e pode ser usada em diversas receitas, como saladas, sucos, bolos e farinhas. Rica em fibras, minerais e antioxidantes, a batata yacon possui baixo índice glicêmico e pode beneficiar a saúde intestinal e o controle do açúcar no sangue.” De tarde, andei por Vila Franca onde visitei as colmeias, tendo substituído o fundo de algumas delas, e fiz algumas plantações e colheitas.

 

Pessoa amiga mandou-me a seguinte notícia: “ZERO alerta que incineração de resíduos urbanos é uma das fontes de energia mais inimigas do clima na produção de eletricidade”. Os Açores que estão na vanguarda a nível mundial no combate às alterações climáticas, no dizer dos seus governantes, fazem-no com incineradoras e com os touros da raça brava, segundo o Ventura regional. Vergonha na cara? Não há!

(https://zero.ong/noticias/zero-alerta-que-incineracao-de-residuos-urbanos-e-uma-das-fontes-de-energia-mais-inimigas-do-clima-na-producao-de-eletricidade/)

 

Terminei o dia, a investigar sobre flores e jardins e a trabalhar num projeto sobre o Verão Quente nos Açores, nomeadamente através da consulta de dois jornais: Farol da Ilhas e O Trabalhador.

 

29 de novembro de 2025

sexta-feira, 28 de novembro de 2025

quarta-feira, 26 de novembro de 2025

Virusaperiódico (143)

 



Virusaperiódico (143)

 

O dia 24 de novembro foi dedicado, de manhã, a pesquisas nas atas da Junta de Freguesia e da Assembleia de Freguesia do Pico da Pedra e à conclusão da escrita de um curto texto sobre acontecimentos ocorridos na freguesia em 1975. Naquele tempo havia mais participação popular e, portanto, mais democracia. De tarde, para além de algumas limpezas no jardim, estive a escrever sobre pessoas que nos Açores foram apaixonadas por plantas, tendo criado e ou mantido jardins, em São Miguel e no Faial.

 

Comecei o dia 25 de novembro a trabalhar sobre o Verão Quente na ilha de São Miguel que se prolongou até 1979, com muita violência gratuita sobre alguns açorianos progressistas.

 

De manhã, passei pelo Jardim José do Canto, onde observei algumas plantas que produzem frutos comestíveis e verifiquei que duas espécies desapareceram. Na Biblioteca Pública estive a fazer pesquisas sobre Carlos Dabney e sobre um relatório sobre a ilha de São Miguel, elaborado por Luís da Silva Mouzinho de Albuquerque.

 

De tarde, alterei um pouco um texto sobre o Pico da Pedra em 1975, resultado de uma pesquisa feita durante a manhã, estive a conversar com uma pessoa que está a viver na Suécia sobre jardins na ilha Terceira e soube que em breve será impressa a 3ª edição do meu livro “Plantas Usadas na Medicina Popular nos Açores”.

 

No dia 26, andei por Vila Franca do Campo, onde fui devolver algum mel às abelhas, o que restou nos quadros após a extração e plantei algumas plantas ornamentais, como massarocos e rainha-das-ervas. Também coloquei na terra alguns galhos de pera-melão.

 

Hoje, recebi a confirmação de que o escritor Dias de Melo havia sido militante do PCP. Sobre o assunto, apenas tenho a dizer que não percebo a razão de haver quem queira esconder esta sua opção. Tal como considero condenável reescrever a História, acho lamentável truncar a biografia de quem quer se seja.

 

26 de novembro de 2025