terça-feira, 2 de setembro de 2025

Virusaperiódico (123)

 


Virusaperiódico (123)

 

No dia 25 fui visitar a minha “área de intervenção da reforma agrária” e regressei satisfeito. As bananeiras estão a recompor-se e algumas fruteiras prometem compensar o meu trabalho com algumas, mas infelizmente poucas, frutas. Verifiquei que as abelhas estão a trabalhar bem e se não houver nenhum azar irei colher algum mel.

 

Fiquei contente por saber que uma colega em breve irá ficar na situação de pré-reforma. Está de parabéns.

 

Dediquei o dia 26 ao ativismo ambiental, a limpar material apícola e a tirar apontamentos sobre a perseguição da PIDE a alguns açorianos.

 

Acabei de ler “A Vida de Tolstói”, de Daniel Gilles. Apesar de não ser o que esperava, isto é não fiquei satisfeito devido à pouca informação sobre o seu pensamento, valeu a pena.

 

Rei morto, rei posto, comecei a ler “A simbólica das Árvores e das Plantas”. Dele transcrevo o seguinte pensamento de Bernardo de Claraval: “Encontrarás mais nos bosques do que nos livros. As árvores e as pedras ensinar-te-ão coisas que nenhum homem poderá dizer-te”.

 

O final do mês de agosto foi para esquecer: a doença fez uma visita cá a casa.

 

No dia 30 andei pouco tempo por Vila Franca do Campo e no dia 31 retomei, algum trabalho no computador e alguma leitura sobre a ilha de São Miguel, em 1821.

 

30 de agosto de 2025

segunda-feira, 25 de agosto de 2025

Virusaperiódico (122)

 


Virusaperiódico (122)

 

Depois de um sábado em que o mau tempo me impediu de ir trabalhar na terra, em Vila Franca do Campo, comecei o domingo, dia 24 de agosto, a ler vários documentos dos arquivos da PIDE. Num deles há referência a Ernâni Pinto Basto. Não conhecendo nada da sua biografia fui pesquisar e encontrei um texto da sua autoria. Quase a terminar, li uma pérola sobre a antiga anarquista (?) que foi ministra da educação de um governo dito socialista, Maria de Lurdes Rodrigues. Segundo ele, a “Milu” estava para os professores como a filoxera para as videiras.

 

Raramente me alimento de poesia, mas algumas vezes vale a pena, como esta de Almeida Firmino:

 

Nós, na ilha

 

Falta-nos a terra,

Falta-nos o mar.

Falta-nos a voz

Com que protestar.

 

Sequestrados vamos

Adiando a viagem.

Nós, na ilha, ficamos

A ceifar coragem.

 

Grande parte do domingo foi passada a ler a biografia de Tolstói. A dado passo o autor menciona o grupo religioso “Dukhobors” que era pacifista e foi perseguido na Rússia. Meu pai que foi emigrante no Canadá durante 10 anos, a eles se referia, pois muitos dos seus membros foram bem acolhidos naquele país.

 

O livro dá conhecer o pensamento de Lenine, o chefe da Revolução Soviética sobre as ideias e práticas de Tolstoi e seus seguidores: “Um tolstoiano é um desses choramingas esgotado e histérico a quem chamam o intelectual russo, e que batendo no peito publicamente, exclama: “Sou mau, sou nojento, mas ocupo-me do aperfeiçoamento moral, não como carne e alimento-me de bolinhas de arroz”.

 

24 de agosto de 2025

sexta-feira, 22 de agosto de 2025

Virusaperiódico (121)

 


Virusaperiódico (121)

 

Depois de um sábado cansativo, seguiu-se um domingo, dia 17 de agosto, de muito descanso e alguma leitura, nomeadamente da biografia de Tolstói. Como as tradições, apenas as boas, são para continuar, foi dia de curtir cebolas.

 

No dia 18 retomei as pesquisas na Biblioteca Pública e Arquivo Regional de Ponta Delgada e, em casa, estive a selecionar materiais para nela depositar.

 

No dia 19 continuei a seleção de materiais referida, continuei a leitura da biografia de Tolstói e fiz uma pequena caminhada no litoral da cidade da Lagoa. Do que observei registo a presença de abelhas nas flores da nossa endémica vidália.

 

No dia 21 andei pelo Pópulo, por Vila Franca e pelo Pico da Pedra a fotografar e a colher alguma fruta. Comecei a organizar ficheiros sobre o ano de 1974 e 1975.

 

O dia 22 foi quase todo dedicado a organizar ficheiros sobre o ano de 1974 e 1975 e a responder a várias questões colocadas por amigos e também por desconhecidos. Não tive tempo para leituras.

 

Li, com algum atraso, que uma associação recém-criada defende a separação de resíduos para valorização energética (para queimar). Esqueceram-se do Reduzir e do Reutilizar. Modernices ou "Business as usual".

 

22 de agosto de 2025

domingo, 17 de agosto de 2025

Virusaperiódico (120)

 


Virusaperiódico (120)

 

Depois de um período de ausência, mas não de inatividade, o Virusaperiódico volta com um ditado popular que desconhecia: “Uns nascem com a dita e outros com a caganita”.

 

No dia 13, li num jornal o seguinte título: “Café, mas simples, associado a menor risco de morte”. Concluí que se beber café fico imortal. Ler jornais é saber mais?

 

Ainda no dia 13 destaco um encontro, 9 anos depois, com uma colega minha da Universidade dos Açores que terá sido uma das últimas mulheres presas pela PIDE em Portugal durante o marcelismo. Foi das poucas açorianas que resistiu ao fascismo.

 

No dia 14 continuei a leitura de uma longa biografia de Tolstói, passei pela Praia do Pópulo e pelo Miradouro do Rosto do Cão onde fotografei muitas vidálias.

 

Registo no dia 15 o comentário de um emigrante, natural de Vila Franca do Campo, a chorar por Salazar. Esqueceu-se do modo como se vivia naquela altura e da principal razão que levou muitos açorianos a emigrar, a pobreza. Hoje, são contra os imigrantes, e apoiam fascistas. Lá diz o ditado: “Quem nunca teve e chega a ter, nem o diabo o pode sofrer”.

 

O dia 16 foi um grande dia de trabalho na Courelas (limpeza de bananas e bananeiras) e na Ribeira Nova e Ladeira (arranque de infestantes). As plantas estão a pedir água e não há maneira de cair alguma chuva. Lembrei-me que no passado se realizaram, em Portugal continental, missas a pedir chuva. Terá resultado?

 

16 de agosto de 2025

quinta-feira, 14 de agosto de 2025

As plantas na medicina popular segundo Urbano de Mendonça Dias (1878-1951)

 


As plantas na medicina popular segundo Urbano de Mendonça Dias (1878-1951)

 

Numa consulta que fiz ao volume IV de “A Vila”, da autoria de Urbano de Mendonça Dias, encontrei um muito interessante capítulo intitulado “Medicina Popular”. A partir dele extrai apenas as informações relativas ao uso das plantas nos tratamentos de diversos problemas de saúde, tendo atualizado os nomes científicos.

 

Quem foi Urbano de Mendonça Dias?

 

Foi um jurista, pedagogo, escritor, etnógrafo e político conservador natural de Vila Franca do Campo.

 

Foi autor de diversos obras sobre a história dos Açores e cultura popular, de que destacamos “A vida dos nossos avós - Estudos etnográficos da vida açoriana através das suas leis gerais” e “A Vila - Publicação Histórica de Vila Franca do Campo”.

 

Talvez a sua maior obra terá sido a fundação do Instituto de Vila Franca, mais tarde designado Externato de Vila Franca do Campo, responsável pela instrução de muitos vila-franquenses depois da então denominada então escola primária.

 

As plantas na medicina popular

 

A casca da romã ou romãzeira (Punica granatum) quando tomada “em jejum, durante nove dias seguidos, cura as bronquites asmáticas.”

 

Para curar a tosse, são usadas várias plantas, como a salva (Salvia officinalis), em infusão, tal como o limão (Citrus limon), a perpétua [pode ser a perpétua-roxa (Gomphrena globosa)], a sempre-viva ou perpétua-silvestre (Helichrysum luteoalbum), o suspiro-branco (Cephalaria leucanta) e o xarope de agrião (Barbarea verna) [poderá ser o agrião-de-água (Nasturtium officinale)].

 

Com fins diuréticos, são usadas infusões de folhas de salsa (Petroselium crispum) ou de barbas de milho (Zea mays].

 

Para combater as dores de barriga são usadas infusões de poejo (Mentha pulegium), de canela (Cinnamomum verum), a casca da laranja-azeda (Citrus aurantium), urzela (Rocella fuciformis) ou usai-dela (Chenopodium ambrosioides).

 

Para curar a cobrela [herpes zóster] era usado o óleo obtido a partir da queima do trigo (Triticum aestivum) ou o limão.

 

Para curar as dores de cabeça, são enumeradas algumas partes de plantas ou frutos. Assim, um dos processos consiste “colocar uma casca de limão nas fontes e na testa ou friccionar estas mesmas partes com vinagre ou mostarda (Sinapis nigra) [Brassica nigra]”. Também pode ser, através da considerada “a mais típica medicina da Ilha”, do seguinte modo: dispõe-se “em cruz, sobre a cabeça, dous galhos de Arruda (Ructa bracteosa) [Ruta chalepensis], tostados em brazas vivas, atando-se por sobre isto um lenço, que pouco tempo depois as dores de cabeça terão desaparecido, graças a tão inofensivo medicamento.”

 

Para estancar o sangue do nariz, esmagam-se folhas de salsa e tapava-se a narina de onde provém a hemorragia.

 

No que diz respeito a problemas relacionados com o coração são usadas infusões de folhas de laranjeira ou cascas de laranjas ou cidreira (Melissa officinalis).

 

As dores de estômago são tratadas com infusões de flores de fel-da-terra (Centaurium erythraea), de macela (Chamaeamelum nobile), de agrimónia (Agrimonia eupatoria) ou de rainha-das-ervas (Tanacetum parthenium).

 

Para o tratamento de golpes, arranhões e eczemas é usada a goma da espadana (Phormium tenax) ou o suco das folhas pisadas do rabo-de-asno (Equisetum telmateia), do saião (Aeonium arboreum) e do fel-da-terra (Centaurium erythraea). No tratamento dos eczemas é usada a infusão de coquilho ou conteira (Canna indica).

 

Para a cura de hemorroidas e soltura [diarreia] é aconselhada a infusão de folhas de araçazeiro (Psidium cattleianum), de erva-do-bom-pastor (Capsella bursa-pastoris), de amoras, frutos da silva (Rubus ulmifolius) ou banhos de fava-da-cova (Parietaria judaica).

 

A colocação de um pedaço de folha de couve (Brassica oleracea) sobre um furúnculo faz com que ele rebente.

 

Para combater a solitária é polvilhada uma talhada de abóbora-menina (Cucurbita maxima) com açúcar, coloca-se no forno a assar e toma-se o suco que vai destilando. Outro processo consiste em usar o cozimento das folhas do feto-macho (Dryopteris filix-mas).

 

Entre os tratamentos para as dores de dentes, são referidos os seguintes: bochechar a infusão de papoulas (Papaver sp.) e receber vapores da infusão de alecrim (Rosmarinus officinalis).

 

No que diz respeito à inflamação da garganta um dos melhores remédios consiste no “cozimento de malvas [Malva multiflora] em água, ou melhor em leite, e gargarejado.

 

Contra as dores de ouvidos é aconselhado injetar no ouvido suco de alho (Allium sativum) assado.

 

Para debelar as febres é usada uma infusão de avenca (Adiantum capillus-veneris) ou de sabugueiro ou rosa-de-bem-fazer (Sambucus nigra).

 

A erva-molarinha (Fumaria muralis) é empregada, em infusão para amaciar a pele. Para tratar inflamações cutâneas usa-se o cozimento de violetas-roxas (Saintpaulia ionantha?)

 

Para fazer crescer o cabelo aplica-se o suco de urtiga (Urtica membranacea). Com mesmo fim, usa-se o cozimento de folhas de nogueira (Juglans regia) que também tira a caspa.

 

Os incómodos intestinais são tratados com o cozimento de folhas de nogueira ou com o cozimento de erva-piolha (Delphinium staphisagria). As bichas [lombrigas] são eliminadas usando um infuso de hortelã-pimenta (Mentha x piperita).

 

As hemorragias uterinas são tratadas com infusões de erva-do-bom-pastor (Capsella bursa-pastoris), de sempre-noiva (Polygonum aviculare), de losna (Artemisia absinthium) ou de erva-sabina (?)

 

Por último, para combater o reumatismo, são aconselhadas fricções dos infusos de folhas de gigante (Acanthus molis) ou de uma maceração de folhas de eucalipto (Eucalyptus globulus) em álcool.

 

Bibliografia

 

Braga, T. (2023). As plantas na Medicina Popular nos Açores. Ponta Delgada, Letras Lavadas.

 

Dias, U. (s/d). A Vila, volume IV. Ponta Delgada.

 

https://pt.wikipedia.org/wiki/Urbano_de_Mendon%C3%A7a_Dias

 

https://www.worldfloraonline.org/

 

domingo, 10 de agosto de 2025

Nos 158 anos do nascimento de Alice Moderno

 


Alice Moderno – Uma voz de coragem e compaixão

Hoje assinala-se o aniversário do nascimento de Alice Moderno (1867-1946), figura ímpar da cultura e da sociedade açoriana e portuguesa. Escritora, jornalista, educadora e ativista, Alice Moderno destacou-se pela sua visão progressista e pela coragem em defender causas que, à época, eram consideradas ousadas e disruptivas.

No campo dos direitos das mulheres, foi pioneira ao reivindicar a igualdade de acesso à educação, à participação política e à independência económica. A sua voz, firme e lúcida, ecoou em jornais e conferências, inspirando gerações de mulheres a questionar papéis impostos e a lutar por um lugar de plena cidadania.

Alice Moderno não se limitou, contudo, à esfera dos direitos humanos. A sua sensibilidade estendeu-se também ao mundo animal, tornando-se uma das primeiras defensoras da proteção e bem-estar dos animais em Portugal. Fundou e apoiou associações dedicadas a esta causa, alertando para a necessidade de tratar todos os seres vivos com respeito e compaixão.

O seu legado permanece vivo, lembrando-nos que a justiça social e o cuidado com todas as formas de vida são inseparáveis. Celebrar Alice Moderno é celebrar a coragem de agir, a força de pensar livremente e a ternura de proteger os mais vulneráveis — humanos ou animais.

Açores, 11 de agosto de 2025

quinta-feira, 7 de agosto de 2025

8 de agosto- Dia Internacional do Gato

 



8 de agosto- Dia Internacional do Gato

 

O dia 8 de agosto de cada ano é dedicado a homenagear os gatos, estes animais fascinantes e a sensibilizar para a importância do seu bem-estar. Criado pelo International Fund for Animal Welfare (IFAW) em 2002, o objetivo é chamar a atenção para a relação histórica entre humanos e gatos, promover a adoção responsável e incentivar cuidados adequados, enquanto se alerta para questões ambientais e de proteção animal.

 

Com a criação deste dia, pretende-se valorizar o papel dos gatos como animais de companhia, promover campanhas de adoção e esterilização para evitar o abandono e a sobrepopulação, sensibilizar para os direitos e necessidades destes animais e alertar para os impactos ambientais de populações de gatos não controladas.

Ter um gato em casa traz inúmeros benefícios, como:

·         Companhia e afeto – Apesar da sua fama de independentes, muitos gatos são extremamente carinhosos.

·         Redução de stress – Estudos mostram que interagir com gatos pode diminuir a ansiedade e baixar a pressão arterial.

·         Controle de pragas – Caçam pequenos insetos e roedores.

 

Contudo, os gatos domésticos com acesso livre ao exterior podem representar uma ameaça significativa para aves, pequenos mamíferos e répteis. Em várias regiões do mundo, são considerados uma das espécies invasoras mais prejudiciais para a biodiversidade. Por isso, é essencial, esterilizá-los para controlar a população e mantê-los dentro de casa ou em espaços seguros.

 

O Coletivo Alice Moderno, alerta para o facto de o abandono de animais srt um problema grave e cruel. Um gato doméstico depende do seu tutor para alimentação, abrigo, cuidados veterinários e carinho. Ao adotar, assume-se um compromisso para toda a vida.

 

O Coletivo Alice Moderno considera que o Dia Internacional do Gato é, acima de tudo, um convite para amar, proteger e respeitar estes pequenos felinos – e lembrar que o seu bem-estar está nas mãos de todos nós.

 

Açores, 8 de agosto de 2025