Os docentes tiveram razões de sobra para não votar no partido do actual governo português. E tudo indica que fizeram diferença. Daí que não se estranha o semblante carregado e a atitude hostil da Ministra da Educação quando esta noite chegou ao Hotel Altis.
A ministra da Educação, Maria de Lurdes Rodrigues, brindou os jornalistas com um «chega para lá», visilmente incomodada pelos resultados destas europeias, quando chegou ao Hotel Altis, em Lisboa, quartel-general do PS, nesta noite eleitoral. A senhora adivinha o fim do seu mandato da arrogância e da prepotência.
É positivo um maior equilíbrio entre a esquerda e a direita, que os resultados das Eleições Europeias traduzem. O centro-direita reanima, o que, do ponto de vista da Educação e dos professores poderá ser bom, neste sentido:
O governo PS, que tomou medidas duras (tão neoliberais como a direita) relativamente à carreira docente, mas fomentou o laxismo no sistema no que toca às responsabilidades das famílias e dos alunos, nomeadamente no que toca aos resultados escolares e à disciplina nas escolas.
Não significa que a direita não tome as mesmas (ou até piores) medidas no que toca à carreira dos professores ou à gestão das escolas. Mas, ao menos, poderá respeitar mais os professsores, poderá valorizar o seu papel na sociedade, poderá reforçar a sua autoridade nas salas de aula. Embora, atenção, uma certa direita também seja laxista e facilitista no que toca ao ensino. Na Madeira, temos um governo de direita mas a bandalheira nas escolas e nas salas de aula é uma realidade, semelhante ao que se passa no resto do país.
A desmoralização, desvalorização e desautorização que o Ministério da Educação fez relativamente aos professores, para os denegrir publicamente e transformá-los em bodes-expiatórios da sociedade portuguesa, apenas acentuou a bandalheira que se vive hoje nas escolas, em que reina o laxismo e o facilitismo, já que os docentes, mesmo quando os outros actores envolvidos no sistema de ensino não fazem o que lhes compete (não assumem as suas responsabilidades), são o alvo a abater.
Se os estudantes são indisciplinados e revelam uma atitude negativa perante o trabalho escolar, são os professsores os responsáveis pelos resultados e pelas aprendizagens que não podem acontecer sem trabalho, rigor e disciplina por parte de quem aprende, nas salas de aulas.
Há verdades simples e de bom senso que o laxismo esqueceu: «sem o exercício da disciplina por professores e alunos não haverá apreensão do saber nem produção de conhecimento» (Daniel Sampaio, Pública de 21/05/2009). Isto é, ficam comprometidos os resultados escolares. O professsor muitas vezes não consegue ensinar porque os estudantes simplesmente não deixam. E o docente é deixado sozinho, sem autoridade, perante este estado de coisas.
Fonte: http://olhodefogo.blogspot.com/2009/06/ministra-e-politica-educativa-do-ps.html
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