quarta-feira, 21 de junho de 2017

Parque Pedagógico Recreativo Infantil Maria das Mercês Carreiro


Parque Pedagógico Recreativo Infantil Maria das Mercês Carreiro

“Os povos civilizados dependem demasiado da página impressa. Eu voltei-me para o livro do Grande Espírito, que é o conjunto da sua criação. Podeis ler uma grande parte desse livro estudando a natureza” (Tatanga Mani)

No passado dia 16 de junho, foi inaugurado, no Pico da Pedra, o Parque Pedagógico Recreativo Infantil Maria das Mercês Carreiro, uma área verde com cerca de 7 500 m2.

O espaço agora disponibilizado, pela Câmara Municipal da Ribeira Grande, à população do Pico da Pedra, sobretudo às crianças, e a todos os visitantes é a concretização de um desejo de Maria das Mercês Carreiro e dos seus filhos que fizeram a doação do terreno à referida autarquia.

Com uma ótima localização, no centro da freguesia e muito próximo da Escola do 1º Ciclo do Ensino Básico, o parque tem todas as condições para ser um precioso auxiliar a todos os docentes que queiram implementar ações de educação ambiental, estejam dispostos a livrar-se do ensino livresco e não tenham qualquer receio em derrubar os muros das salas de aula.

Não me vou alongar com referências às denominadas zonas pedagógicas, mas de entre elas destaco o anfiteatro ao ar livre que poderá ser aproveitado para aulas, realização de ações de sensibilização, apresentação de pequenas peças de teatro, atuação de grupos musicais, etc.

Numa visita, muito rápida, que fiz ao parque no dia da sua inauguração identifiquei cerca de 30 espécies de plantas diferentes pelo que o mesmo poderá ser, com algumas medidas a serem implementadas, um pequeno jardim botânico, onde para além da conservação de várias espécies, como as endémicas dos Açores, poderá ser feita a sensibilização e consciencialização para a importância das plantas para a vida humana e para os ecossistemas.

Para a formação dos visitantes e sobretudo dos picopedrenses é importante fornecer informação sobre o que os mesmos observam. Assim, sugiro que a Câmara Municipal da Ribeira Grande faça a identificação das espécies vegetais presentes com uma pequena placa com a indicação do nome científico, do nome comum, da família e da origem geográfica de cada planta. Se para a identificação será necessária a colaboração de um especialista, pelo menos para algumas espécies, pelo menos numa primeira fase as placas poderiam ser pintadas pelos alunos da Escola António Augusto da Mota Frazão.

Sobre as plantas presentes no parque, destaco a ideia acertada de manter algumas das já existentes no terreno, como os eucaliptos, os incensos, os louros, as acácias, as anoneiras e os araçazeiros e de introduzir várias espécies da flora primitiva dos Açores, como a urze, que foi usada para fazer vassouras e em tinturaria vegetal para obtenção do verde, o folhado, cuja madeira era usada no fabrico de alfaias agrícolas, a faia-da-terra, que foi muito usada em sebes e em tinturaria para a preparação de uma coloração amarela, chegando a sua madeira a ser utilizada para produzir um carvão medicinal usado como adsorvente de gases do estomago e intestinos, o azevinho, cuja madeira foi usada em obras de marcenaria e o cedro-do-mato, considerado a mais nobre “essência dos bosques dos Açores”, que foi utilizado pelos antigos na construção de igrejas, conventos e barcos e na tinturaria vegetal para obtenção do cinzento-escuro.

Entre as espécies introduzidas mais recentemente destaco a presença da estrelícia, oriunda da Árica do Sul, do ginko, um fóssil vivo de origem chinesa que é “símbolo de paz e longevidade por ter sobrevivido às explosões atómicas do Japão” e do dragoeiro, oriundo dos arquipélagos da Madeira e das Canárias.

Por último, uma chamada de atenção para uma bonita planta ornamental, a sevadilha, originária da Região Mediterrânea, que é muito comum entre nós em bermas das estradas, jardins de casas e em recreios de escolas mas que é extremamente venenosa tanto para o homem como para os animais.

Os meus parabéns à família e à autarquia que tornaram possível a concretização de um sonho.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31258, 21 de junho de 2017, p.16)

Sem comentários: