sexta-feira, 30 de junho de 2017

Percurso Pedestre da Serra Devassa


Percurso Pedestre da Serra Devassa

O trilho da Serra Devassa foi, desde a criação dos Amigos dos Açores (então com, a designação de Núcleo dos Açores dos Amigos da Terra- Associação Portuguesa de Ecologistas), em 1894, um dos mais visitados por aquela associação e um dos preferidos para acompanhamento de grupos escolares, não só devido à sua curta extensão mas também pela sua localização geográfica a pouca distância, cerca de 17 km, de Ponta Delgada.

Na história do trilho da Serra Devassa, destacamos o ano de 1994. Em janeiro de 1994, os Amigos dos Açores organizaram um passeio pedestre que contou com a presença de 65 pessoas, entre elas o presidente do Governo dos Açores, Doutor João Bosco da Mota Amaral. No mesmo ano, no mês de Maio, por iniciativa dos Amigos dos Açores foi publicada a primeira edição do roteiro do percurso pedestre da Serra Devassa.

No ano 2000, a 23 de setembro, realizou-se a abertura simbólica do primeiro percurso pedestre sinalizado dos Açores, o da Serra Devassa, que contou com a presença do Secretário Regional da Economia, Prof. Doutor Duarte Ponte.

Para se chegar à Serra Devassa, a partir de Ponta Delgada, aconselha-se que os interessados atravessem a freguesia da Relva, depois passem pela Covoada, pelo Pico do Carvão e pelo Muro das Nove Janelas e comecem o trilho mesmo em frente à Lagoa do Canário.

O trilho da Serra Devassa está implantado no também denominado Maciço das Lagoas que tem o ponto mais alto no Pico das Éguas, com 847 m de altitude. É neste maciço que se encontra a maior parte das lagoas de São Miguel, como a do Canário, a do Pau Pique, a Rasa, as duas das Éguas, as duas Empadadas e o Caldeirão Grande.

Antes ou depois de percorrer o trilho que é circular e que tem pouco mais de 4,5 km, recomendamos uma visita à Lagoa do Canário que está instalada numa mata de criptomérias. Nas suas margens podemos observar, em quase toda a volta, entre outras as seguintes espécies vegetais: fetos reais, queirós, malfuradas e hortênsias.

Depois da visita à Lagoa do Canário, atravessa-se a estrada e segue-se o trilho que está sinalizado e sobe-se o Pico das Éguas que foi descrito por Gaspar Frutuoso do seguinte modo: “o pico das Éguas, que por ser alto o vão buscar as éguas no Verão para seu refresco, donde cobrou o nome delas, ou (segundo outros dizem) porque o dito pico sempre foi e ainda é agora do concelho, comum a todos, pelo que por outro nome se chama a terra devassa, em que as éguas e mais gados, corridos dos outros sarrados, tem seu couto”. No cimo do Pico avista-se as duas lagoas das Éguas, a da Vaca Branca, uma das Empadadas, o Pico do Carvão, a Serra Gorda, etc. Também é possível avistar, em dia limpo de nevoeiros, alguns troços das costas norte e sul da ilha de São Miguel.

Continuando a caminhar, chega-se à Lagoa Rasa, situada a uma altitude aproximada de 800 metros, que tem cerca de 400m de comprimento por 60 de largura e uma profundidade máxima de 6 a 7 metros. As suas águas foram captadas e alimentavam uma antiga fábrica de álcool instalada em Santa Clara.

Contornando a Lagoa Rasa chega-se a uma bifurcação. Quem virar à esquerda regressa ao Ponto de Partida, quem virar à direita, depois de uma pequena descida, chega às duas Lagoas Empadadas.

As encostas da cratera onde se instalaram as lagoas estão cobertas por criptomérias, o carreiro que as circunda está bordado de azáleas e nas margens podemos observar algumas hortências, queirós e fetos reais. Nas suas águas vivem rãs, o ruivo e o lúcio, este último peixe introduzido pelos Serviços Florestais depois de 1978.

Embora fosse possível prosseguir a caminhar em direção à Lagoa do Carvão e depois ao Caldeirão Grande, sugere-se o regresso ao ponto de partida.

Por último, recomenda-se uma visita às captações de água, onde é possível encontrar algumas espécies da flora endémica e ao Miradouro da Grota do Inferno de onde se pode observar o Pico da Cruz, com 856 metros, a elevação mais alta do Maciço das Sete Cidades, a imponente Grota do Inferno, a Lagoa Azul, o povoado e a Lagoa de Santiago.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31266, 30 de junho de 2017, p. 14)

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