segunda-feira, 18 de junho de 2018
Na Feira do Livro de Lisboa e não só
Na Feira do Livro de Lisboa e não só
Este ano, concretizou-se a minha, muitos anos adiada, intensão de visitar a Feira do Livro de Lisboa.
Em jeito de balanço, afirmo que valeu a pena por vários motivos, com destaque não só para os preços reduzidos, mas sobretudo para a variedade da oferta disponível que nunca se consegue em São Miguel.
Os Açores estiveram presentes na Feira do Livro, através da Direção Regional da Cultura que disponibilizou obras de vários editores, como os Amigos dos Açores- Associação Ecológica, o Instituto Cultural de Ponta Delgada, o Instituto Açoriano de Cultura, O Núcleo Cultural da Horta, a Sociedade Afonso Chaves, a Publiçor, etc.
Através da observação das publicações disponíveis, facilmente se chega à conclusão de que continuamos um grupo de ilhas isoladas, pois o que é editado numa ilha dificilmente é disponibilizado nas outras. A título de exemplo, refiro o livro “Notícia do Archipelago dos Açores e do que há de mais importante na sua História Natural”, da autoria do médico Acúrcio Garcia Ramos cuja edição pelo Instituto Açoriano de Cultura desconhecíamos e que é fundamental para quem se interessa pelo património natural dos Açores.
Ainda no que diz respeito aos Açores, no dia 2 de junho, tive a oportunidade de assistir à apresentação dos livros “A Alma das Nossas Gentes”, de Augusto Gomes, e “Álbum Micaelense” de José de Almeida Mello, ambos com uma assistência muito reduzida.
No que diz respeito à apresentação do primeiro livro, que contou com a presença de uma neta do autor, se não foi feita uma apresentação da obra recentemente reeditada, houve o cuidado de fazer um elogio, muito merecido, ao trabalho do autor que como poucos soube registar as tradições açorianas.
Em relação ao segundo, lamenta-se a brevidade com que a obra foi lançada, cremos que, essencialmente, fruto de uma confusão de horários que levou a que o apresentador e o autor chegassem ao local com algum atraso.
Na Feira do Livro, tive também a oportunidade de assistir ao lançamento do livro “Um Projecto Libertário, sereno e racional”, da autoria do sociólogo João Freire, fundador e animador durante quatro décadas da revista que ainda hoje se publica, A Ideia.
Embora ainda não tenhamos lido o livro pelas páginas folheadas e pelas intervenções dos convidados, temos a certeza de que será muito polémico no meio libertário em virtude do autor defender a participação política dos libertários através de um partido político.
Durante a minha presença em Lisboa, tal como acontece sempre que lá me desloco, visitei o Espaço Ulmeiro, onde para além de diversas revistas e jornais antigos, tive a oportunidade de comprar o livro de Tolstoi “A próxima Revolução”, editado em 1908, o livro “A vida inquieta e gloriosa de Victor Hugo”, editado em 1965, da autoria do terceirense Jaime Brasil que era considerado “um dos maiores jornalistas portugueses” e o livro de João Gomes Esteves “ A Liga Republicana das Mulheres Portuguesas- Uma organização política e feminista (1909-1919), editado em 1991, com o apoio da Comissão para a Igualdade e para os Direitos das Mulheres.
Este último livro é muito importante não só para quem quiser estudar a história da Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e a sua luta pela igualdade de direitos para todos, homens e mulheres, mas também para quem se interessa pelo estudo da vida e da obra de duas açorianas, Alice Moderno e Maria Evelina de Sousa, que foram sócias da organização referida.
Mas, não só na Feira do Livro, nas Livrarias e nos alfarrabistas se consegue adquirir bons livros. A Feira da Ladra é um local que merece ser visitado, pois a preços muito reduzidos é possível encontrar raridades ou obras de vultos da cultura nacional e internacional.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31549, 19 de junho de 2018, pág. 12)
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