domingo, 16 de outubro de 2022

MEMÓRIA HISTÓRICA A PRESERVAR

MEMÓRIA HISTÓRICA A PRESERVAR

A denominada esquerda revolucionária, que desempenhou em Portugal um papel importante nos anos de 1960-70, constituiu um fenómeno comum a nível global, designadamente na Europa e na América Latina, fruto do dissídio sino-soviético, da experiência cubana, da Revolução Cultural Chinesa, da rebelião planetária da juventude em 1968 e da crescente afirmação do Terceiro Mundo.

Em Portugal, essa dinâmica internacional cruzou-se com a eternização da guerra colonial e do regime de Salazar-Caetano. A sua expressão plural em cerca de duas dezenas de grupos e movimentos foi particularmente intensa na denúncia do colonialismo e na oposição à guerra colonial, sendo incontestável o seu contributo, nos últimos anos do regime da ditadura, para erosão da ditadura, na solidariedade com os movimentos de libertação das colónias.

Com o 25 de Abril, cujo cinquentenário se comemora em breve, contribuiu para o fim da guerra colonial e para o subsequente processo de descolonização. No processo revolucionário que se seguiu, a sua presença foi incontornável nas movimentações de massas, nas fábricas, nos bairros e quartéis e na paisagem política. Coube à esquerda revolucionária portuguesa a única representação parlamentar no quadro da Europa capitalista. Mesmo encerrado o processo revolucionário de 1974-75 1974-74, nos anos subsequentes, a sua presença manteve-se, só vindo a declinar após a queda do Muro de Berlim.

Os historiadores e outros cientistas sociais necessitam de documentos para poder estudar o passado. Nos arquivos nacionais encontra-se atualmente apenas uma pequena parte do património documental destes partidos e movimentos, que, em benefício da memória colectiva futura, é preciso preservar.

Apelamos aos particulares, antigos dirigentes e militantes que disponham ainda de documentação dessas organizações a que pertenceram que a depositem ou doem ao Centro de Documentação 25 de Abril, instituição pública idónea, prestigiada e com provas dadas na salvaguarda dos materiais de memória, para que sejam disponibilizados à consulta pela comunidade científica e por todos os interessados, evitando assim que se perca tão frágil acervo nas imprevisíveis circunstâncias do desenrolar do tempo.

Este é o apelo que fazemos, enquanto estudiosos dos temas da esquerda revolucionária, antigos dirigentes e militantes de organizações dessa área política.

SUBSCRITORES
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Amélia Resende
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Ana Gomes
Ana Sofia Ferreira
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Carlos Marques
Carlos Maurício
Constantino Piçarra
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Fernando Rosas
João Madeira
José Alves
José Manuel Lopes Cordeiro
José Neves
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Manuel Monteiro
Manuel Raposo
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Marcelo Novello
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Miguel Perez
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Rui Jacinto
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