Açoriano Oriental, 17 de Agosto de 2012
Texto da
Apresentação do roteiro Eco cultural de
Rosto do Cão - São Roque, de Miguel Fontes Cabral
Não venho, aqui, fazer perder o vosso
tempo a ouvir-me falar sobre um roteiro pedestre numa freguesia, São Roque, que
muitos dos presentes, como o senhor presidente da Junta de Freguesia, Gilberto
Rodrigues, meu conterrâneo de Vila Franca do Campo, ou o próprio Miguel Fontes,
autor do roteiro, conhecem melhor do que eu.
Também não vou fazer uma análise ao seu
conteúdo, texto ou ilustrações, pois considero que este roteiro não é, nem deve
ser, um cais de chegada mas sim um ponto de apoio para despertar futuras
investigações sobre o património cultural e natural da freguesia de São Roque.
Também considero que este ou qualquer outro
roteiro não é para ser lido no sofá à lareira, no inverno, ou na esplanada no
verão. Abro aqui um parêntese para afirmar que nada tenho contra a leitura, nas
situações descritas anteriormente, que sou um leitor compulsivo e para declarar
que subscrevo o seguinte pensamento do poeta e filósofo norte-americano Henry
David Thoreau: “Quantos homens têm datado o início de uma nova era das suas
vidas a partir da leitura de um livro”.
Mas o que fazer com um roteiro e com
este em especial?
Ler não chega. O mais é importante é
socorrendo-se da proposta de trajeto apresentada, fazer o percurso, parar em
cada posto, ler as descrições constantes nos roteiros e, eventualmente,
descobrir pormenores que escaparam ao autor ou que este, voluntariamente, optou
por não mencionar.
O já citado Thoreau dizia no seu livro
“A arte de caminhar” que não conseguia preservar a sua saúde e o seu espírito
se não passasse quatro horas por dia a caminhar e estranhava o facto de em
algumas profissões existirem pessoas que passavam todo o dia “sentados de
pernas cruzadas – como se as pernas fossem feitas para nos sentarmos sobre elas
e não estarmos de pé ou caminharmos sobre elas.
Para além da utilidade em termos de
saúde já mencionada, o caminhar com sentido é de vital importância em termos de
transmissão de conhecimentos. Assim, como é por demais sabido, sobretudo para
os mais novos, é mais motivadora uma imagem do que mil palavras escritas.
Espero que este roteiro escrito, pelo
Miguel Fontes, para além da sua importância para dar a conhecer São Roque a
quem nos visita seja um contributo para despertar os mais novos para a
necessidade de melhor conhecerem a sua terra e o seu património e para
motivá-los para colaborar na sua conservação.
Termino, felicitando o Miguel pela
iniciativa e dando os meus parabéns à Junta de Freguesia por ter patrocinado
este projeto de carácter cultural numa altura em que o que mais se vê por aí, mesmo
em momento de sufoco financeiro, são apoios a projetos de interesse no mínimo
duvidosos.
Como sei que o Miguel não é pessoa para
ficar parado de braços cruzados, fico à espera da sua próxima
iniciativa/projeto.
São Roque, 14 de Agosto de 2012
Teófilo Braga
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