terça-feira, 1 de outubro de 2019

Algumas confusões sobre as alterações climáticas


Algumas confusões sobre as alterações climáticas

Numa altura em que muito se fala e escreve sobre as alterações climáticas verifica-se que existe alguma confusão sobre o fenómeno, muitas vezes por desconhecimento outras vezes para tentar tapar o sol com a peneira.

Uma das questões que é muitas vezes levantada é a de que não existem alterações climática e que o facto não está comprovado cientificamente.

Se é verdade que há sempre alguém, mesmo na comunidade científica, que tem opiniões contrárias, sobre a questão das alterações climáticas há um grupo de 2000 cientistas de todo o mundo, denominado Painel Intergovernamental para as Alterações Climáticas (IPCC), que faz investigações há mais de 25 anos e que em vários relatórios aponta para a influência da atividade humana sobre o clima e que o aquecimento global é inequívoco.

Se há quem diga que os que se preocupam com as alterações climáticas estão ao serviço ou são manipulados por algumas empresas “verdes”, que estão por aí e a fazer pela vida, podemos dizer que quem as nega ou não possui conhecimentos científicos adequados, está mal informado ou têm interesses diversos para negar a sua existência.

Uma confusão que aparece recorrentemente é associar o buraco da camada de ozono às alterações climáticas, muitas vezes considerando que estas são causadas por aquele.

Embora ambos sejam problemas relacionados com a atmosfera, as causas das alterações climáticas estão relacionadas com o excessivo aumento das emissões de gases com efeito de estufa, como o dióxido de carbono, o metano, o óxido nitroso, os clorofluorcarbonetos, etc.

O aumento das emissões de gases com efeito de estufa, deve-se, de acordo com o que se pode ler na página web da Agência Portuguesa do Ambiente, aos seguintes fatores:

“Queima de carvão, petróleo ou gás que produz CO2 e N2O;

• Abate de florestas (desflorestação): as árvores ajudam a regular o clima absorvendo o CO2 presente na atmosfera. Quando são abatidas, esse efeito benéfico desaparece e o carbono deixa de ser armazenado e permanece na atmosfera, reforçando o efeito de estufa;

• Aumento da atividade pecuária: as vacas e as ovelhas produzem grandes quantidades de CH4 durante a digestão dos alimentos;

• Utilização de fertilizantes que contêm azoto, estes produzem emissões de N2O;

• Os gases fluorados têm um efeito de aquecimento muito forte, que chega a ser 23 000 vezes superior ao do CO2. Felizmente, são libertados em pequenas quantidades e estão a ser gradualmente eliminados ao abrigo da regulamentação da UE.”

Outra confusão que ainda persiste é considerar o efeito de estufa como um problema ambiental.

De facto, ao contrário do que por vezes se afirma, o efeito de estufa é um fenómeno natural que permite que a temperatura média da terra seja de 15º Celsius. Se não houvesse efeito de estufa a temperatura seria de -18 º Celsius o que não tornava possível a vida na terra tal como ela existe.

Assim sendo, o problema não está no efeito de estufa, mas sim no seu incremento pelas atividades humanas.

No caso dos Açores, a moda das alterações climáticas está por aí e muita preocupação com as mesmas não vai passar disso mesmo.

A Região não precisa do papão das alterações climáticas para fazer alguma coisa pelo Planeta e pelos seus habitantes, basta optar por uma maior justiça social, por aproveitar melhor os seus recursos humanos e naturais, por tomar medidas eficazes para fazer com que diminuem as importações de produtos alimentares, fomentando a agricultura, nomeadamente a fruticultura e a horticultura, por gerir melhor os seus resíduos, apostando fortemente na redução da sua produção e acabar com a tentativa de criar um monstro comedor de recursos naturais, de energia e de dinheiro que é (vai ser?) a incineradora de São Miguel.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 31 943, 2 de outubro de 2019, p. 14)

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