quarta-feira, 11 de março de 2020



Recordando Carlos Pato
Carlos António Gago de Bulhão Pato, nasceu a 7 de março de 1950 e faleceu no dia 11 de janeiro de 2020. Licenciado em Economia, pelo Instituto Superior de Economia, ao longo da sua vida teve várias atividades profissionais, não foi alheio à atividade política e teve uma participação cívica em associações formais e movimentos informais.

Carlos Pato, que ainda hoje é recordado positivamente por muitos dos seus alunos, foi durante muitos anos professor contratado em várias escolas da ilha de são Miguel, como a Escola Secundária das Laranjeiras, onde lecionou disciplinas da área da Economia e Organização de Empresas, a Escola Gaspar Frutuoso, onde lecionou matemática e a Escola Ruy Galvão de Carvalho, onde lecionou matemática e foi responsável pela dinamização da biblioteca e pelas novas pedagogias ligadas à introdução da informática.

Em Angola, Carlos Pato foi consultor do Ministério da Construção da República Popular de Angola e Diretor do Gabinete do Plano da SONANGOL, empresa do ramo petrolífero.

Em São Miguel, para além da docência já referida, Carlos Pato, entre outras ocupações profissionais, esteve ligado à Secretaria Regional da Economia, onde exerceu o cargo de coordenador do Gabinete de Apoio ao Turismo de Natureza e em Espaço Rural, foi assessor do Secretário Regional da Economia para o Turismo Rural e de Natureza. e foi assessor do Diretor Regional de Telecomunicações dos Açores (DRT-CTT).

No que diz respeito ao seu envolvimento em associações formais, Carlos Pato esteve ligado à Terra-Mar, Associação para o Desenvolvimento Local nos Açores, onde foi diretor e entre outras atividades prestou apoio ao desenvolvimento de iniciativas particulares na área do turismo de natureza.

Muito ligado ao mar, Carlos Pato, no Clube Naval de Ponta Delgada, foi Formador e Examinador em Náutica de Recreio. Foi, também, presidente da Associação para a Defesa do Património Marítimo dos Açores que pretendeu voltar a por a navegar o barco “Maria Eugénia”, uma das últimas memórias vivas da construção naval açoriana, e transformá-lo num barco-escola.

Carlos Pato, teve um envolvimento de destaque no movimento cívico, participando de vários grupos não formais, dando o seu generoso contributo em defesa de causas em que acreditava. Assim, ao contrário de outros que se juntam às iniciativas para ganhar visibilidade e as usar como trampolim, Carlos Pato, por amor à camisola, esteve presente no Movimento SOS- Lagoas que pugnou pela implementação de medidas para salvar da eutrofização as Lagoas das Furnas e das Sete Cidades.

Carlos Pato também esteve ligado ao movimento que contesta a construção de uma incineradora de resíduos sólidos na ilha de São Miguel.

Durante o Estado Novo, Carlos Pato foi um dos subscritores da Declaração de Ponta Delgada, a plataforma eleitoral apresentada, em 1969, por um grupo de candidatos independentes, opositores ao regime, às eleições para deputados à Assembleia Nacional.

Aquando da organização de um Festival da Canção por um grupo de jovens para o dia 5 de junho de 1969, a realizar num jardim particular em Ponta Delgada, que acabaria por não ser autorizado pelas entidades oficiais, Carlos Pato teve de ir, por três vezes, prestar declarações à PIDE, polícia política de então. Assim, Carlos Pato foi dos poucos açorianos que não se submeteu à paz podre da ditadura salazarista/marcelista, a qual no dizer de Natália Correia “nem mesmo ousou graduar-se fascista”.

Mais recentemente Carlos Pato, esteve ligado ao Movimento Tempo de Avançar, candidatura cidadã que se apresentou às eleições legislativas de 2015, no quadro legal do partido Livre.

Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32077, 11 de março de 2020, p.17)

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