Recordando Carlos Pato
Carlos António Gago de Bulhão Pato, nasceu
a 7 de março de 1950 e faleceu no dia 11 de janeiro de 2020. Licenciado em
Economia, pelo Instituto Superior de Economia, ao longo da sua vida teve várias
atividades profissionais, não foi alheio à atividade política e teve uma
participação cívica em associações formais e movimentos informais.
Carlos Pato, que ainda hoje é recordado
positivamente por muitos dos seus alunos, foi durante muitos anos professor
contratado em várias escolas da ilha de são Miguel, como a Escola Secundária
das Laranjeiras, onde lecionou disciplinas da área da Economia e Organização de
Empresas, a Escola Gaspar Frutuoso, onde lecionou matemática e a Escola Ruy
Galvão de Carvalho, onde lecionou matemática e foi responsável pela dinamização
da biblioteca e pelas novas pedagogias ligadas à introdução da informática.
Em Angola, Carlos Pato foi consultor do Ministério
da Construção da República Popular de Angola e Diretor do Gabinete do Plano da
SONANGOL, empresa do ramo petrolífero.
Em São Miguel, para além da docência já
referida, Carlos Pato, entre outras ocupações profissionais, esteve ligado à
Secretaria Regional da Economia, onde exerceu o cargo de coordenador do
Gabinete de Apoio ao Turismo de Natureza e em Espaço Rural, foi assessor do
Secretário Regional da Economia para o Turismo Rural e de Natureza. e foi
assessor do Diretor Regional de Telecomunicações dos Açores (DRT-CTT).
No que diz
respeito ao seu envolvimento em associações formais, Carlos Pato esteve ligado
à Terra-Mar, Associação para o
Desenvolvimento Local nos Açores, onde foi diretor e entre outras atividades
prestou apoio ao desenvolvimento de iniciativas particulares na área do turismo
de natureza.
Muito
ligado ao mar, Carlos Pato, no Clube
Naval de Ponta Delgada, foi Formador e Examinador em Náutica de Recreio. Foi,
também, presidente da Associação
para a Defesa do Património Marítimo dos Açores que pretendeu voltar a por a
navegar o barco “Maria Eugénia”, uma das últimas memórias vivas da construção
naval açoriana, e transformá-lo num barco-escola.
Carlos Pato, teve um envolvimento de destaque no movimento cívico, participando
de vários grupos não formais, dando o seu generoso contributo em defesa de
causas em que acreditava. Assim, ao contrário de outros que se juntam às
iniciativas para ganhar visibilidade e as usar como trampolim, Carlos Pato, por
amor à camisola, esteve presente no Movimento SOS- Lagoas que pugnou pela
implementação de medidas para salvar da eutrofização as Lagoas das Furnas e das
Sete Cidades.
Carlos Pato também esteve ligado ao movimento que contesta a construção
de uma incineradora de resíduos sólidos na ilha de São Miguel.
Durante o Estado Novo, Carlos Pato foi um
dos subscritores da Declaração de Ponta Delgada, a plataforma eleitoral
apresentada, em 1969, por um grupo de candidatos independentes, opositores ao
regime, às eleições para deputados à Assembleia Nacional.
Aquando da organização de um Festival da
Canção por um grupo de jovens para o dia 5 de junho de 1969, a realizar num
jardim particular em Ponta Delgada, que acabaria por não ser autorizado pelas
entidades oficiais, Carlos Pato teve de ir, por três vezes, prestar declarações
à PIDE, polícia política de então. Assim, Carlos Pato foi dos poucos açorianos
que não se submeteu à paz podre da ditadura salazarista/marcelista, a qual no
dizer de Natália Correia “nem mesmo ousou graduar-se fascista”.
Mais recentemente Carlos Pato, esteve
ligado ao Movimento Tempo de Avançar, candidatura cidadã que se apresentou às
eleições legislativas de 2015, no quadro legal do partido Livre.
Teófilo Braga
(Correio dos Açores, 32077, 11 de março de
2020, p.17)
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